— Se Mayra não ameaçasse destruir minha imagem, eu daria toda a assistência, proteção e tudo o que meu filho precisasse, mas não me casaria com ela. Eu me casaria com você. — Ele a olhou intensamente, e Cecília sentiu o peso e a sinceridade daquelas palavras. Ela sorriu, um pouco incrédula. — Casar comigo? Duvido. Eu, uma garota que veio de um mundo tão diferente do seu? — perguntou, rindo suavemente. Ele retribuiu o sorriso, puxando-a para mais perto. — Claro que me casaria, se estivesse apaixonado como estou por você. Bastou te ver algumas vezes, beijar você, sentir você, para que isso acontecesse. — A voz dele era um sussurro carregado de intensidade. Cecília suspirou, olhando-o com carinho, enquanto acariciava seu rosto. — Gael, vamos embora. Eu quero buscar minha filha e voltar para a casa dos meus avós. Eles devem estar muito preocupados. — Havia um toque de urgência em sua voz, misturado com o desejo de cuidar de quem amava. Gael assentiu, uma expressão de arrepend
Cecília sorriu, abraçando a família, enquanto Gael observava a cena com respeito. Ele sabia que aquele momento era precioso para eles e se sentia um intruso, mas também sabia que precisava se desculpar. Ele respirou fundo, aproximando-se dos avós de Cecília, que o olharam com desconfiança, mas com uma disposição para ouvir. — Eu queria pedir desculpas — começou ele, a voz carregada de sinceridade. — Sei que o que fiz foi errado e que assustei vocês. Estava confuso e tomado pela raiva, mas isso não justifica ter tirado Bia de vocês dessa forma. O avô de Cecília olhou-o por um momento, em silêncio, antes de assentir levemente. — Nós só queremos o bem de nossa neta e da bisneta. Que essa menina tenha um lar seguro e cheio de amor — respondeu o avô, em um tom calmo, mas firme. Gael suspirou, os olhos fixos na paisagem do morro ao lado de Cecília, enquanto o sol começava a se pôr sobre as casas apertadas e o barulho da comunidade se aquietava. Havia um silêncio tenso entre eles,
Dias depois, o encontro foi marcado na casa dos avós de Gael. Cecília chegou de mãos dadas com Bia, que observava o ambiente ao redor com o olhar curioso de uma criança. Assim que entrou, Cecília percebeu o contraste gritante entre aquele lugar elegante e o mundo em que vivia: móveis requintados, fotos da família Ferraz nas paredes, tudo transmitindo um ar de imponência e tradição. Mesmo assim, ela ergueu a cabeça e deu um passo à frente, orgulhosa e firme. Os avós de Gael a observavam com olhares avaliadores, mas quando seus olhos pousaram sobre a pequena Bia, eles não conseguiram esconder a surpresa. A menina possuía traços que remetiam à família Ferraz: os olhos inquisitivos de Gael, a expressão que lembrava os ancestrais daquela linhagem. Bia, alheia à tensão no ambiente, sorriu com inocência, e o gesto infantil pareceu suavizar por um instante os semblantes rígidos dos avós. Bia olhou para a avó de Gael, curiosa, e ofereceu-lhe um sorriso doce. O semblante da senhora se suavi
Mesmo Gael optando por registrar Bia sem ter feito o exame de DNA, o que deixou Cecília ainda mais apaixonada por ele por essa demonstração de confiança, ela fez questão de fazer o exame mesmo assim. Queria provar para os avós dele e, principalmente, para Mayra que não era uma golpista mentirosa como pensavam e que Bia era realmente filha de Gael. Quando o resultado saiu, Gael marcou de ir ao apartamento onde ela agora residia para abrir o envelope. Para Cecília, ela já sabia com certeza que Bia era sua filha, mas, se ele ainda tinha alguma dúvida, aquele exame deixaria claro que ele era o pai, sem sombras de dúvida, da pequena Beatriz. Assim chegou ao apartamento, Gael segurava o envelope do teste de DNA nas mãos como se fosse um peso insuportável. Mesmo optando por acreditar em Cecília, ele era constantemente atormentado pela sombra da dúvida, alimentada por Mayra, sua avó e o dossiê que ainda o assombrava. Cada passo em direção ao apartamento de Cecília parecia puxá-lo mais
Gael respirava pesadamente, tentando processar o turbilhão de emoções que tomava conta dele. O exame de DNA parecia ter destruído tudo o que ele acreditava sobre Cecília e a pequena Beatriz. Mesmo assim, ele não conseguia entender como aquela menina tinha traços tão semelhantes aos seus, com olhos tão parecidos com os da sua mãe. — Eu só não entendo como ela pode ter olhos tão parecidos com os meus e traços tão semelhantes à minha mãe se não é minha filha — murmurou, a voz cheia de mágoa e confusão. Cecília, sentindo-se ferida e humilhada pelas acusações dele, deixou um sorriso sarcástico surgir em seus lábios. Aproximou-se dele com um brilho desafiador nos olhos, querendo feri-lo tanto quanto ele a machucava. — Vai ver que, enquanto eu transava com o Lucas ou com qualquer um que seja o pai dela, pensei em você no momento em que a fizemos. — A voz dela saiu como veneno, as palavras projetadas para atingir o coração dele. Gael a olhou com uma raiva crescente e, incapaz de se con
Gael Ferraz caminhava lentamente pela orla de Copacabana, mas mal percebia o mar, o céu, ou as pessoas ao seu redor. Aquele dia, que se repetia todos os anos como uma maldição, trazia com ele uma dor sufocante, uma lembrança impossível de apagar. Era o aniversário da morte de sua mãe.Diferente de todos os outros dias, hoje ele decidira dispensar seus seguranças. Precisava ficar sozinho, sentir o peso da solidão que sempre o acompanhou, mesmo em meio à fortuna, aos negócios milionários e à bajulação constante daqueles que o cercavam. Hoje, nada disso importava. O CEO bilionário, sempre visto como frio e implacável, voltará a ser Gael, o garoto que, aos nove anos, viu sua mãe ser brutalmente assassinada diante de seus olhos. A lembrança era tão vívida que o fazia estremecer. Ele conseguia ver com clareza o minúsculo apartamento onde viviam, o cheiro de cigarro e álcool impregnado nas paredes, e sua mãe, que sempre fazia o possível para protegê-lo. Ela era uma prostituta, e por isso a
O sangue começou a escorrer rapidamente, e Gael se viu congelado por um breve momento. A visão do sangue trouxe de volta lembranças de sua mãe, a poça vermelha ao redor de sua cabeça, o desespero de não poder fazer nada. Ele mal conseguia processar o que acontecia à sua volta, sentindo o corpo fraquejar. A dor física misturava-se com o trauma emocional. De repente, uma voz forte e firme o trouxe de volta à realidade.___Fica calmo, senhor, você está ferido. Vou levá-lo para um pronto-socorro.Era um policial que, ao testemunhar parte da confusão, correu até ele enquanto seu parceiro perseguia o assaltante. O policial rapidamente pressionou o ferimento no braço de Gael com um pano, tentando estancar o sangue.___ Você vai ficar bem, só precisa de cuidados médicos.Gael, ainda em choque, mal conseguiu responder. Ele foi colocado na viatura e, com as sirenes ligadas, levado diretamente para o hospital. No hospital, Gael foi encaminhado para a emergência, onde médicos e enfermeiros c
___Correto, senhor. Mas a médica de plantão está em uma cirurgia de emergência. Se ainda não notou, este é um hospital público, onde a escassez de médicos é grande, e na maioria das vezes o médico que estiver presente tem que priorizar os casos com riscos maiores. — disse ela, tentando se manter o mais educada e paciente possível, e depois continuou.___Portanto, ou me deixa cuidar do seu ferimento ou terá que usar todo seu dinheiro e poder para ser atendido em um lugar mais de acordo com seu status. A frustração de Cecília era palpável. Ela havia tido uma manhã difícil, enfrentando não apenas o comportamento arrogante de Gael, mas também o desrespeito de um jovem bêbado, filho de papai, que havia passado a mão nela. Ela relevou, sabendo que o rapaz estava fora de si, mas a amargura do momento ainda a afetava.___Você me deu uma boa ideia. É isso que vou fazer — disse Gael, com um olhar de superioridade. No entanto, ao tentar pegar o celular do bolso, esqueceu-se do braço ferido e e