Tinha certeza de que era ele, estava de jeans e camisa de seda preta, que contrastava perfeitamente com seus olhos azuis límpidos. Samuel, o outro cara que deveria ser mais um figurão da montadora, levantou e eles se abraçaram. Formavam uma dupla e tanto aos olhos e o moreno parecia ter dito algo para o loiro, que riu longamente. Voltaram a sentar e Samuel bateu no microfone com o dedo, testando o som, o que chamou a atenção de todos os jornalistas, fotógrafos e demais convidados presentes. Iria começar a coletiva do grande lançamento automotivo.
— Boa noite! Sou Sam Brown. — Ele nem deveria ficar dizendo aquilo, mas a moça ficou feliz por ter feito, já que era uma desavisada de plantão e deixou passar algo super simples como verificar quem eram os donos da empresa. — Sócio proprietário Hanson Motors! É um prazer que todos tenham vindo prestigiar o evento do mais novo lançamento, o Kronos. — Disse com uma voz clara e firme, característica de um homem que sabe impor sua presença. Deveria ter mais de pouco mais de 30 anos, assim como Noah. Todo o salão estava com olhos e ouvidos bem abertos, para todas as informações possíveis. A Hanson Motors era conhecida por ser uma montadora de carros de versões limitadas e do mais alto luxo. E esse evento era ainda mais exclusivo.
— Olá, boa noite! — o moreno tomou a palavra e começou a se apresentar. — Meu nome é Noah Schneider, junto do Sam também sou sócio proprietário da Hanson. Sou engenheiro automobilístico e designer da montadora. É um prazer receber todos aqui. Sam e eu esperamos que estejam bem instalados, mas quem não estaria nesse hotel incrível? — Brincou, fazendo alguns rirem. A voz dele era tudo aquilo o que Ivy não conseguia esquecer. — Podem começar as perguntas!
Todos os presentes, exceto a ela, levantaram a mão e tentaram chamar a atenção para si, para poderem perguntar. Ivy ainda estava surpresa. Agora entendia o porquê de ele não precisar do blazer de volta. Ele era rico. Bem rico. Milionário.
— Você. — Aponto Noah para um rapaz que usava óculos e estava de terno, sentado na segunda fileira. Ele levantou num pulo e aparentava já estar com a pergunta na ponta da língua.
— Ricardo Montana, CNB Channel. Como o designer principal, qual foi a sua inspiração para o design do Kronos? Eu estava vendo o carro antes da coletiva e ele tem uma frente muito feroz, o que já segue um pouco a linha dos esportivos que a Hanson produz. A frente é uma verdadeira inovação com 6 faróis. De onde veio essa ideia?
— Ele segue um pouco do conceito, apenas na parte traseira do design, por causa da velocidade máxima. Que nesse caso são mil duzentos e cinquenta cavalos. É uma questão hidráulica. Gosto de animais ferozes e minha inspiração veio quando estava vendo um filme de terror com aranhas. — Falou parecendo sincero, fazendo todos gargalharem. — A inspiração vem de lugares estranhos em alguns momentos e tudo faz parte do processo de criação.
— Obrigado!
— Próximo! — Disse Samuel. Uma moça perguntou, só que a pergunta foi feita em francês. Por ser canadense, Ivy sabia falar francês, mas o sotaque dela era diferente. Era algo sobre os investimentos na linha de montagem. Samuel respondeu em francês também, surpreendendo algumas pessoas no salão. Vy entendeu que eles eram bem seletivos aos escolherem funcionários, já que produziam para pessoas também seletas.
Muitas perguntas seguiram e a jornalista ficou impressionada com a desenvoltura de ambos para responderem com naturalidade tantas questões, dando uma aula de gestão e engenharia. Dominavam perfeitamente o tema, não só sobre o carro como também sobre o mercado de produção e marketing.
— Mais alguma pergunta? — Falou Noah, olhando o relógio no pulso, pois o tempo já estava avançado.
Ivy levantou a mão e ele apontou para ela. Os olhos de Noah fixaram-na na moça e ela não deixou de encarar o homem, mesmo que por um breve instante. A expressão em seu rosto mudou e um sorriso apareceu. Parecia contente.
A sua pergunta era mais uma curiosidade própria do que algo que seria colocado em seu texto de cobertura do evento.
— Ivy Lewis, Chankin News. Quando pensou no Kronos, como imaginou a sensação dele pronto e você dirigindo? Você já deve ter testado o carro, certo?
— Bem, eu sempre sou o primeiro a dirigir os carros que produzo. É meio que um batismo. Entretanto, esse ainda não tive a oportunidade de sair por alguma cidade pra ver o desempenho dele. Fazemos os nossos carros para aparições públicas e cidades, não apenas para colecionadores guardarem em suas garagens.
A morena rebateu de pronto:
— Deve dirigir bem então para controlar automóveis que chegam em velocidades como 300Km/H. Então como vai saber se ele é realmente bom? – Assim que perguntou, sentiu suas bochechas esquentarem. Assim que perguntou com certa ironia, chamando a atenção. Alguns jornalistas não conseguiram segurar o riso e outros ficaram chocados com a ousadia da jovem.
— Porquê você não vem dar uma volta comigo aqui por Bocas Del Toro e tira as suas conclusões? O tempo aqui é bem melhor do que em Toronto, não acha?
Ivy ouviu o assobio que Sam deu, enquanto encarava o rosto de Noah sem esboçar reação. O sorriso que ele dava era presunçoso.
Se ela ainda tinha alguma dúvida se ele se lembrava dela, não ficou nenhuma.
— Achei que você fosse engenheiro e não meteorologista! — Odiou o tom de birra, mas amou a surpresa a surpresa no rosto dele.
— Tenho olhos funcionais e adoro observar coisas bonitas! — Comentou olhando pra ela. — Principalmente nos dias chuvosos... Por isso sou designer.
Ivy ergueu umas das sobrancelhas para o sorrisinho sarcástico do homem. — Sei! — Bufou, sentando-se sem agradecer a oportunidade de perguntar. Algumas pessoas riram, fazendo a mulher apertar os dedos em torno de seu celular de raiva.
Odiava que rissem dela ou não a levassem a sério.
— Bem... Agora vamos todos aproveitar o coquetel. Obrigado pela participação e boa noite. — Encerrou Sam, levantando-se como Noah, para sair da pequena bancada.
— Acho que você vai ter uma chance de ter informações exclusivas da montadora, se montar direitinho... — Comentou a ruiva que dera as informações no início saírem da área da coletiva.
— Seria o meu sonho um homem daqueles me chamando pra dar uma voltinha?! — Reclamou um jornalista perto dela, passando a mão na barba e se abanando com seu bloco de anotações.
— Ele não estava falando sério.
— Acha mesmo? Pois pra mim, pareceu bem sério. Tudo bem, então, se você não quiser, eu quero. — Piscou um olho para Ivy ao se afastar, fazendo questão de rebolar sua bundinha magra em direção a Noah, que prestava mais esclarecimentos sobre o Kronos.
Ivy saiu do salão da coletiva de imprensa, indo na direção contrária. Se essa mulher viesse falar mais coisas pra ela, perderia a educação. Odiava insinuações que questionassem sua moral no trabalho. Ela nunca precisou fazer tramas para seguir trabalhando como jornalista, mesmo que fosse comum colegas de profissão pagarem investigadores, subornar pessoas e fazer acordos com bandidos por informações exclusivas.
Aproximou-se da mesa de bebidas e pegou um outro drink, dessa vez sabia que tinha álcool pelo cheiro. Dessa vez estava precisando, pra evitar ir até lá e sacudir o homem pelo colarinho da camisa bonita.
— E então, você aceita dar uma volta? — Ouviu atrás de si a voz de Noah. Girou e ele estava próximo, olhando para ela com um sorriso.
Oi! Que legal que vamos embarcar na história de Ivy e Noah! eles são personagens incríveis e espero muito que gostem desse livro! Por favor, é importante que você comente se tá achando bacana, o que gosta mais, seus momentos favoritos... isso me anima a escrever e postar ainda mais regularmente! E claro, não esquece de colocar na sua biblioteca, pra receber os caps novos! Beijos! Ava
— Olha, eu sei que você me ajudou naquele dia e que agora nos encontramos outra vez — ela apontou com a taça o que tinha ao redor — e ser o anfitrião deste evento, mas eu não quero sair com você, Senhor Schneider. — Talvez até quisesse em outro momento, mas a abordagem na coletiva tinha sido péssima. Como seria levada a sério no ambiente de trabalho se ele tinha convidado-a na frente dos colegas? Aquilo não pegaria bem no meio dos fofoqueiros profissionais que eram os outros jornalistas.Por cima do ombro dele, via os colegas com os olhos direcionados para a dupla Ele riu do que ela disse e foi um som grave e bonito. Mesmo de salto baixo, Ivy só batia perto do queixo dele. O cheio do homem chegou até ela, outra coisa que sua memória não fazia jus, além da aparência. Noah era mesmo uma presença marcante. — Não te convidei pra sair comigo, Senhorita Lewis. Ofereci uma exclusiva para a sua matéria, por causa de Jeremiah. — Ele comentou, referindo-se ao dono da Chankin News pelo prime
A jornalista decidiu não pensar muito sobre como seria o encontro no dia seguinte e virou a noite aprendendo sobre motores de carros esportivos e quase não se levantou com tempo o suficiente para se arrumar para encontrar com Noah para a exclusiva, na manhã seguinte. Quando se levantou, pegou o celular na mesa de cabeceira, sentido a brisa que vinha da janela aberta lhe refrescando e ao notar que estava atrasada, deu um pulo da cama. Sabia que ele poderia levar a entrevista com outras intenções, mas Ivy apareceria com tantas perguntas que ele ficaria com a garganta seca por falar demais. Daria seu máximo para fazer um trabalho excelente e o resto… deixaria que ele tomasse a iniciativa. Tomou banho rapidamente e após, colocou sua mala sobre a cama. Achou em meio suas roupas um vestido floral lindíssimo, de alças finas e renda, presente de quando Carl havia ido ao Hawaii com sua namorada. Em Toronto, nunca houve ocasião para usar, mas naquele momento poderia passar uma ideia errad
O vento brincava com os cabelos de Ivy enquanto Noah passeava rápido pelas ruas de Boca Del Toro. O carro rugia debaixo deles e ela sentia seu coração pulsando ao saber que estavam rápidos, mas sequer na metade da potência que o Kronos tinha. — Cuidado! — Ivy gritou, vendo a curva estreita da qual eles se aproximavam. As mãos dela apertaram os bancos de couro e a jornalista sentiu o cinto de segurança lhe apertar fixar no lugar quando Noah diminuiu a velocidade, mesmo que gradativamente. — Quer colocar uma música? — ele perguntou com um sorriso brincalhão, tranquilo ao dirigir algo que tinha projetado. Era muito claro para ela como Noah confiava naquele carro, como um produto que ele mesmo assinou. — Eu não sei se conseguiria… — a verdade era que seu estômago estava embrulhado da quantidade de comida que degustaram junto do nervosismo por estarem indo tão rápido e as pessoas parecem tão pequenas nas ruas estreitas. Tudo passava num borrão e ela se sentia como em Velozes e Furiosos
Ao bater a porta de seu apartamento, Ivy suspirou de cansaço. Estava moída das tantas horas de viagem a mais que fez por conta do mau tempo em sua primeira conexão. Não existia nada como a sensação de estar em casa, dormir na sua cama e tomar banho no seu banheiro. Iria gastar ao menos uma hora dentro de sua banheira, para relaxar todos os músculos tensos depois de tanto tempo dentro sem dormir.Estava tudo exatamente como ela deixou quando saiu para sua viagem para Boca Del Toro, o que era um alívio. Tirou seus sapatos e sentou no sofá, passando a mão no cabelo em um gesto habitual.Essa viagem aconteceu mesmo?Quando estava saindo do hotel, viu Noah no deck, de roupas trocadas e esperando por ela.— Você não achou mesmo que eu iria te deixar ir sozinha, não é? — ele perguntou, dando um sorriso ao notar como a pegou de surpresa.Foram juntos até o porto e ele queria se certificar que Ivy iria pegar o barco em segurança. Eles quase se beijaram em despedida, mas não estavam sozinhos
Ivy apagou as luzes fortes de seu quarto e deitou em sua cama macia, enfim, deixando seu corpo relaxar, percebendo que estava realmente cansada do dia cheio que teve. Mal tinha chegado de viagem e a visita da amiga não a deixou descansar como gostaria. A jornalista ficou até tarde dando colo para Katy e depois de um grande pote de sorvete de creme, apesar do frio na cidade, a amiga começou a contar que foi de surpresa até o estúdio de tatuagem que Victor tinha no centro da cidade e enquanto ela gravava alguns vídeos para o perfil profissional dele, chegaram algumas notificações de uma menina, perguntando se o encontro deles ia dar certo. Katy contou que saiu dizendo que ia ao banheiro para ver o que era aquilo. E depois de trancar a porta, abriu a conversa e o idiota, como ela disse, sequer tinha colocado senha no aplicativo de mensagens anônimo, onde vinha paquerando a garota há semanas, para o choque de Katy, que conseguiu segurar a raiva de quase jogar o celular dele no aparelho sa
— Ivy, acorda! — sentiu um cutucão no braço e abriu os olhos, sentindo-se desnorteada e a luz que vinha da janela a fez cobrir os olhos por instinto. Estava dormindo tão bem que nem lembrava que havia companhia em sua casa.— Só mais cinco minutinhos, Katy… — pediu, a voz preguiçosa, exatamente como ela se sentia.— Amiga, eu já vim aqui desligar o seu alarme chato que você já colocou no modo soneca duas vezes e vi uma mensagem de um tal de Noah. — ela comentou, com os cabelos presos de qualquer jeito e o rosto com sinais do chororô da noite anterior — Quem é esse cara, hein? — Katy perguntou, sentando na cama de Ivy, usando um pijama que tinha pegado emprestado da amiga na noite anterior. A jornalista abriu os olhos sem vontade alguma e notou a amiga já com uma xícara de café nas mãos, enchendo seu quarto com o cheiro delicioso — Que fofoca é essa que você não está me contando? Ivy esticou os braços sobre a cabeça, sentindo as costas mais relaxadas por dormir em sua cama depoi
Ivy entrou na sala de reuniões no dia seguinte, onde seus novos “filhotes” como Katy os batizou, estavam esperando por ela. Quando abriu a porta, a dupla se levantou num salto e a jornalista teve de prender o riso por conta da expressão de susto que ambos tinham em seus rostos.— Bom dia, pessoal! Sou Ivy Lewis, editora e vou supervisionar vocês durante o período que estagiarem aqui na Chankin News. — Apresentou-se para os estudantes que iriam trabalhar na emissora durante todo o próximo semestre e com a possibilidade de continuarem lá por mais um ano e meio caso fossem bem. A seleção era bem rigorosa e estar no grupo seleto de estagiários de uma emissora como aquela não era qualquer coisa para o currículo de um estudante de jornalismo. A emissora era muito exigente no tocante de funcionários qualificados, mesmo que aqueles tivessem lá para aprender e o currículo de ambos era muito bom. — Espero que seja uma experiência que possa contribuir para a carreira profissional de vocês e s
Ivy já estava em casa, de toalha, pronta para entrar no banho quente depois que chegou em casa na sexta à noite. O restante da semana tinha passado rápido com ela ajudando na adaptação de Kim e Marco, além de continuar seus trabalhos como editora. Prendeu os cabelos longos com uma liga e foi até sua suíte preparar um banho relaxante. Escolheu alguns sais perfumados que tinha ganhado de Katy, que estava até dando em cima de Marco por esses dias na redação, parecendo mais do que disposta a esquecer Victor. Antes de chegar em casa naquela sexta, Ivy fora com Katy no apartamento de Victor, depois do expediente na emissora, para dar apoio moral para a amiga, que buscou todas as suas coisas na casa do ex-namorado. Elas entraram no imóvel usando a chave reserva que Katy tinha e após juntarem todas as coisas dela, com algumas indo direto para o saco de lixo, como retratos dela e de Victor que ainda estavam decorando o local, foram de metrô para casa, com Ivy sentindo ainda mais falta de seu c