— Olha, eu sei que você me ajudou naquele dia e que agora nos encontramos outra vez — ela apontou com a taça o que tinha ao redor — e ser o anfitrião deste evento, mas eu não quero sair com você, Senhor Schneider. — Talvez até quisesse em outro momento, mas a abordagem na coletiva tinha sido péssima. Como seria levada a sério no ambiente de trabalho se ele tinha convidado-a na frente dos colegas? Aquilo não pegaria bem no meio dos fofoqueiros profissionais que eram os outros jornalistas.
Por cima do ombro dele, via os colegas com os olhos direcionados para a duplaEle riu do que ela disse e foi um som grave e bonito. Mesmo de salto baixo, Ivy só batia perto do queixo dele. O cheio do homem chegou até ela, outra coisa que sua memória não fazia jus, além da aparência. Noah era mesmo uma presença marcante.
— Não te convidei pra sair comigo, Senhorita Lewis. Ofereci uma exclusiva para a sua matéria, por causa de Jeremiah. — Ele comentou, referindo-se ao dono da Chankin News pelo primeiro nome.
— Conhece meu chefe? — Ela estava desconfiada e um pouco desapontada por ele não ter confirmado que queria ficar a sós com Ivy.
— Ele é um amigo da minha família, fui pessoalmente convidar a Chankin para o evento, por isso nos encontramos naquele dia. — Ele tomou um gole de seu drink, um whisky bem escuro e que parecia ser caro.
— Ahn, bom... — Ivy agora sentia-se menos raivosa — Uma volta rapidinha no seu carro com você? — Perguntou, tomando um gole de sua bebida. Percebeu o que deu a entender quando Noah ergueu a sobrancelha escura e seus olhos transpareciam um tom mais desejoso. Ivy engasgou com o drink, tossindo e isso a deixou mais vermelha do que sabia que estava. — E-eu... não quis dizer isso, enfim, não. A gente não ia dar rapid… Não! Você entendeu! — Sentia-se patética por parecer pouco articulada e ter a língua solta, falando uma besteira daquelas logo depois de deixar claro que não tinha interesse.
Talvez fosse o universo, mostrando que aquilo não tinha cabimento.
Noah riu outra vez, um som grave vindo do peito. Ele alisou a barba cheia e bem aparada que deixava seu rosto ainda mais bonito. Ela percebeu que ele tinha dedos longos e harmoniosos.
Por que tudo nele parecia simplesmente lindo?A solteirice de Ivy estava fazendo-a reparar demais nele.
— E por que não?
— Eu farei a exclusiva — respondeu ela, sentindo mais calor do que antes. — Mas poderia ser com o Senhor Brown também. — Talvez fosse até melhor, para ter mais informações do que as que gravou durante a coletiva.
Soou como uma desculpa bem fajuta para não ficar sozinha com ele e Noah sorriu, iluminando o ambiente.
— Sam viaja hoje à noite para os Estados Unidos. Por que não sobre sair comigo? — Questionou o engenheiro, erguendo uma das sobrancelhas escuras.
— Estou nesse lugar para cobrir o evento. Não mesclo trabalho com a minha vida pessoal — explicou de forma rasa. Estava sozinha havia quase dois anos e desde o ex, não sentia-se interessada por ninguém. Até agora. — Eu vou sair com você, pela entrevista. — Deixou claro, dando um outro gole longo em sua bebida para evitar falar mais bobagem. — Então gostaria que também fosse profissional.
Se aparecesse em alguma foto com Noah, sabia que Kevin iria fazer de tudo para prejudicá-la na emissora, porque ele sabia que Ivy estava cotada para o cargo dele, era só ele dar uma brecha e ela era muito mais competente que Kevin.
— E que horas acaba o seu turno de trabalho? — Mesmo o homem sendo mais charmoso do que ela estava acostumada, ele ter qualquer conexão com seu chefe ligava um alerta em Ivy. Nem estava mais irritada pela pequena troca de provocações que teve com ele, mas as pequenas borboletas em seu estômago indicavam que estava sentindo outra coisa.
— Quando meus pés tocarem solo canadense, sinto em dizer. — E ela sentia um pouco, sim. — Aliás, seu blazer ainda está comigo, como não sabia como te encontrar, não pude devolver antes.
— Ótimo, então me passa seu contato que eu vou buscar na sua casa, próxima sexta, às oito — ele tirou o celular do bolso da calça, desbloqueando a tela e estendendo para Ivy — ou você quer ter o trabalho de ir na minha casa deixar?
Foi a vez de Ivy rir. Fazia tempo que não tinha uma conversa daquela e estava gostando. Gostando muito mais do que deveria.
— Essa é a sua melhor cantada pra conseguir meu telefone? — questionou, e ele mal sabia que ela tinha alguns cartões na bolsa com todos os seus contatos.
O flerte aberto vindo de Noah estava fazendo bem para a autoestima dela, Ivy não podia negar, mas sabia que não iria pegar bem aceitar o convite dele com todas aquelas pessoas ali, principalmente por assinar a produção final da matéria sobre a montadora dele.
— Um homem luta com as armas que tem! Podemos almoçar amanhã no restaurante do hotel e depois sair com o Kronos — ele propôs. — Onze é um bom horário?
— Eu topo, acho que será...
— Com licença! — interrompeu uma voz que Ivy já tinha ouvido naquela mesma noite. — Senhor Scheider, poderia responder umas perguntas? — A jornalista ruiva com a raiz do cabelo crescida se aproximou dele, dando um longo olhar para Ivy antes de parar ao lado de Noah. — Meu nome é Alice Hobermam e eu represento o Daily Channel!
— Eu já estou dando informações para a Senhorita Lewis, Senhorita Hobermam. Tenho certeza de que meu sócio pode contribuir para a sua reportagem sobre nosso lançamento. — Disse Noah, com um tom completamente diferente do que falava com Ivy, deixando claro que estava ocupado, com o celular ainda na mão.
— As minhas inquietações eram sobre questões mais hidráulicas. Acho que só você poderia me ajudar. — Alice fez um biquinho idiota e pousando a mão causalmente no braço de Noah. Pelo jeito, outras não tinham o mesmo problema em misturar diversão e ofício.
— Vou cumprimentar um conhecido, com licença!
Era o momento perfeito para Ivy sair dali. Não poderia monopolizar um dos anfitriões da noite também. O restante do evento foi tranquilo e quando pareceu elegante o suficiente para ir embora sem ser a primeira, ela foi para seu quarto, jogando as sandálias pelo chão, indo em direção ao computador que tinha levado consigo.
Ivy ficou se perguntando porque não recebeu de forma melhor o interesse de Noah, enquanto removia sua maquiagem. Se fosse algo casual ou não, ele parecia um homem interessante de se conhecer. Havia pensado nele durante dias e não estava aprofundando sua possibilidade de sanar sua curiosidade, mesmo não tendo sido das mais simpáticas como ele como Alice fora
A verdade foi que o timing não foi dos melhores. E ela acabou não dando seu contato pessoal para ele. Como faria para ele acha-la?
Essa preocupação acabou sendo em vão, quando, antes de dormir, Ivy ouviu alguém bater na porta de sua suíte e ao ir atender, ela reparou que havia um pedaço de papel dobrado no chão.
Hoje nossa conversa foi interrompida, mas amanhã, às onze, te espero no restaurante do hotel para almoçar comigo. Abaixo, é o meu telefone para confirmar a sua presença. Apenas pela entrevista, claro. N.S.— Só trabalho, hein?! — Ivy riu sozinha, enquanto pegava seu telefone e adicionava o contato de Noah, respondendo logo em seguida o recado dele pelo aplicativo de mensagens instantâneas:Estou ansiosa para almoçar com você (só por trabalho, claro).IvyEla sabia que era mentira. Um homem como Noah não tinha como ser só trabalho.
E se ela fosse sincera de verdade consigo mesma, não iria para o encontro só pensando que seria trabalho.
Como seria encontrar com Noah naquele lugar paradisíaco?
Oi! Que legal que vamos embarcar na história de Ivy e Noah! eles são personagens incríveis e espero muito que gostem desse livro! Por favor, é importante que você comente se tá achando bacana, o que gosta mais, seus momentos favoritos... isso me anima a escrever e postar ainda mais regularmente! E claro, não esquece de colocar na sua biblioteca, pra receber os caps novos! Beijos! Ava
A jornalista decidiu não pensar muito sobre como seria o encontro no dia seguinte e virou a noite aprendendo sobre motores de carros esportivos e quase não se levantou com tempo o suficiente para se arrumar para encontrar com Noah para a exclusiva, na manhã seguinte. Quando se levantou, pegou o celular na mesa de cabeceira, sentido a brisa que vinha da janela aberta lhe refrescando e ao notar que estava atrasada, deu um pulo da cama. Sabia que ele poderia levar a entrevista com outras intenções, mas Ivy apareceria com tantas perguntas que ele ficaria com a garganta seca por falar demais. Daria seu máximo para fazer um trabalho excelente e o resto… deixaria que ele tomasse a iniciativa. Tomou banho rapidamente e após, colocou sua mala sobre a cama. Achou em meio suas roupas um vestido floral lindíssimo, de alças finas e renda, presente de quando Carl havia ido ao Hawaii com sua namorada. Em Toronto, nunca houve ocasião para usar, mas naquele momento poderia passar uma ideia errad
O vento brincava com os cabelos de Ivy enquanto Noah passeava rápido pelas ruas de Boca Del Toro. O carro rugia debaixo deles e ela sentia seu coração pulsando ao saber que estavam rápidos, mas sequer na metade da potência que o Kronos tinha. — Cuidado! — Ivy gritou, vendo a curva estreita da qual eles se aproximavam. As mãos dela apertaram os bancos de couro e a jornalista sentiu o cinto de segurança lhe apertar fixar no lugar quando Noah diminuiu a velocidade, mesmo que gradativamente. — Quer colocar uma música? — ele perguntou com um sorriso brincalhão, tranquilo ao dirigir algo que tinha projetado. Era muito claro para ela como Noah confiava naquele carro, como um produto que ele mesmo assinou. — Eu não sei se conseguiria… — a verdade era que seu estômago estava embrulhado da quantidade de comida que degustaram junto do nervosismo por estarem indo tão rápido e as pessoas parecem tão pequenas nas ruas estreitas. Tudo passava num borrão e ela se sentia como em Velozes e Furiosos
Ao bater a porta de seu apartamento, Ivy suspirou de cansaço. Estava moída das tantas horas de viagem a mais que fez por conta do mau tempo em sua primeira conexão. Não existia nada como a sensação de estar em casa, dormir na sua cama e tomar banho no seu banheiro. Iria gastar ao menos uma hora dentro de sua banheira, para relaxar todos os músculos tensos depois de tanto tempo dentro sem dormir.Estava tudo exatamente como ela deixou quando saiu para sua viagem para Boca Del Toro, o que era um alívio. Tirou seus sapatos e sentou no sofá, passando a mão no cabelo em um gesto habitual.Essa viagem aconteceu mesmo?Quando estava saindo do hotel, viu Noah no deck, de roupas trocadas e esperando por ela.— Você não achou mesmo que eu iria te deixar ir sozinha, não é? — ele perguntou, dando um sorriso ao notar como a pegou de surpresa.Foram juntos até o porto e ele queria se certificar que Ivy iria pegar o barco em segurança. Eles quase se beijaram em despedida, mas não estavam sozinhos
Ivy apagou as luzes fortes de seu quarto e deitou em sua cama macia, enfim, deixando seu corpo relaxar, percebendo que estava realmente cansada do dia cheio que teve. Mal tinha chegado de viagem e a visita da amiga não a deixou descansar como gostaria. A jornalista ficou até tarde dando colo para Katy e depois de um grande pote de sorvete de creme, apesar do frio na cidade, a amiga começou a contar que foi de surpresa até o estúdio de tatuagem que Victor tinha no centro da cidade e enquanto ela gravava alguns vídeos para o perfil profissional dele, chegaram algumas notificações de uma menina, perguntando se o encontro deles ia dar certo. Katy contou que saiu dizendo que ia ao banheiro para ver o que era aquilo. E depois de trancar a porta, abriu a conversa e o idiota, como ela disse, sequer tinha colocado senha no aplicativo de mensagens anônimo, onde vinha paquerando a garota há semanas, para o choque de Katy, que conseguiu segurar a raiva de quase jogar o celular dele no aparelho sa
— Ivy, acorda! — sentiu um cutucão no braço e abriu os olhos, sentindo-se desnorteada e a luz que vinha da janela a fez cobrir os olhos por instinto. Estava dormindo tão bem que nem lembrava que havia companhia em sua casa.— Só mais cinco minutinhos, Katy… — pediu, a voz preguiçosa, exatamente como ela se sentia.— Amiga, eu já vim aqui desligar o seu alarme chato que você já colocou no modo soneca duas vezes e vi uma mensagem de um tal de Noah. — ela comentou, com os cabelos presos de qualquer jeito e o rosto com sinais do chororô da noite anterior — Quem é esse cara, hein? — Katy perguntou, sentando na cama de Ivy, usando um pijama que tinha pegado emprestado da amiga na noite anterior. A jornalista abriu os olhos sem vontade alguma e notou a amiga já com uma xícara de café nas mãos, enchendo seu quarto com o cheiro delicioso — Que fofoca é essa que você não está me contando? Ivy esticou os braços sobre a cabeça, sentindo as costas mais relaxadas por dormir em sua cama depoi
Ivy entrou na sala de reuniões no dia seguinte, onde seus novos “filhotes” como Katy os batizou, estavam esperando por ela. Quando abriu a porta, a dupla se levantou num salto e a jornalista teve de prender o riso por conta da expressão de susto que ambos tinham em seus rostos.— Bom dia, pessoal! Sou Ivy Lewis, editora e vou supervisionar vocês durante o período que estagiarem aqui na Chankin News. — Apresentou-se para os estudantes que iriam trabalhar na emissora durante todo o próximo semestre e com a possibilidade de continuarem lá por mais um ano e meio caso fossem bem. A seleção era bem rigorosa e estar no grupo seleto de estagiários de uma emissora como aquela não era qualquer coisa para o currículo de um estudante de jornalismo. A emissora era muito exigente no tocante de funcionários qualificados, mesmo que aqueles tivessem lá para aprender e o currículo de ambos era muito bom. — Espero que seja uma experiência que possa contribuir para a carreira profissional de vocês e s
Ivy já estava em casa, de toalha, pronta para entrar no banho quente depois que chegou em casa na sexta à noite. O restante da semana tinha passado rápido com ela ajudando na adaptação de Kim e Marco, além de continuar seus trabalhos como editora. Prendeu os cabelos longos com uma liga e foi até sua suíte preparar um banho relaxante. Escolheu alguns sais perfumados que tinha ganhado de Katy, que estava até dando em cima de Marco por esses dias na redação, parecendo mais do que disposta a esquecer Victor. Antes de chegar em casa naquela sexta, Ivy fora com Katy no apartamento de Victor, depois do expediente na emissora, para dar apoio moral para a amiga, que buscou todas as suas coisas na casa do ex-namorado. Elas entraram no imóvel usando a chave reserva que Katy tinha e após juntarem todas as coisas dela, com algumas indo direto para o saco de lixo, como retratos dela e de Victor que ainda estavam decorando o local, foram de metrô para casa, com Ivy sentindo ainda mais falta de seu c
— Onde nós vamos? — Perguntou Ivy para Noah, depois que ele abriu a porta do carro para ela e também adentrou o veículo. Ela colocou o cinto de segurança e o CEO ligou o carro olhando para trás e dando a ré com agilidade. Algumas pessoas na calçada olhavam o modelo com certa inveja. Era um lançamento de luxo, afinal, mesmo que a cidade de Toronto fosse uma metrópole, o design daquele carro era muito bonito e chamativo. — Vamos comer em um dos meus lugares favoritos. Fica a uns 45 minutos daqui. — Disse ele, avançando com o veículo. — Se você fosse em um carro comum e dentro da lei. Todavia, nós vamos chegar lá mais rápido. — Como assim? — Ivy percebeu que o interior do carro era todo em couro preto e com algumas luzes de led. Não era o mesmo veículo que eles andaram em Bocas Del Toro. — Nós temos que testar este daqui, depois das alterações que eu fiz. Se não em Bocas, que seja aqui em Toronto mesmo. — Disse tocando a marcha e os olhos de Ivy viram os ponteiros em 100 km/h. —