O vento brincava com os cabelos de Ivy enquanto Noah passeava rápido pelas ruas de Boca Del Toro. O carro rugia debaixo deles e ela sentia seu coração pulsando ao saber que estavam rápidos, mas sequer na metade da potência que o Kronos tinha.
— Cuidado! — Ivy gritou, vendo a curva estreita da qual eles se aproximavam. As mãos dela apertaram os bancos de couro e a jornalista sentiu o cinto de segurança lhe apertar fixar no lugar quando Noah diminuiu a velocidade, mesmo que gradativamente.— Quer colocar uma música? — ele perguntou com um sorriso brincalhão, tranquilo ao dirigir algo que tinha projetado. Era muito claro para ela como Noah confiava naquele carro, como um produto que ele mesmo assinou.
— Eu não sei se conseguiria… — a verdade era que seu estômago estava embrulhado da quantidade de comida que degustaram junto do nervosismo por estarem indo tão rápido e as pessoas parecem tão pequenas nas ruas estreitas. Tudo passava num borrão e ela se sentia como em Velozes e Furiosos, sem a parte do glamour, claro.
Noah olhou para o rosto Ivy e o que viu o fez desacelerar ainda mais, parando o carro esportivo na estrada mais afastada da beira-mar, com menos hotéis e grandes lotes de casa. Sequer tinha trânsito na via e estacionar no acostamento foi bem rápido.
— Desculpe, acho que foi muito rápido para a sua primeira vez num esportivo —
pediu, desligando o veículo e virando o corpo para onde ela estava. A jornalista abriu o próprio cinto, sentindo o coração desacelerar à medida que tomava longas respirações, acalmando o estômago revolto.
Noah saiu do Kronos e deu a volta, abrindo a porta do lado onde ela estava e estendendo a mão para que Ivy saísse. Após hesitar um pouco, ela pôs sua mão delicada na mão grande que ele tinha e o calor dos dedos de Noah aqueceram Ivy. Ela saiu e ergueu um pouco o rosto, olhando para o empresário, encarando seu rosto bonito e os olhos tão marcantes.O espaço que ele havia dado antes diminuiu e a ela não se sentiu acuada por ele, encantada por seu cheiro e a proximidade de Noah.
— Você está muito enjoada? — a voz dele soou baixa, mais grave do que o som que ela ouviu durante todo o almoço e Ivy se sentiu poderosa por causar algum efeito nele, já que ele causava muito efeito nela.— Quer saber se eu vou vomitar em você caso tente me beijar? — brincou, mas se arrependeu assim que ele estreitou os olhos e abaixou a cabeça para perto dela, deixando o espaço para Ivy menor e ela estava gostando daquilo bem mais do que deveria.
— Não eram apenas negócios, senhorita Lewis? — questionou, pegando uma mecha do cabelo dela que o vento estava balançando e colocando a outra mão no carro, estendendo o braço para deixá-la encurralada entre duas feras.— Não achei que eram só negócios em momento nenhum… eu… vejo como você me olha e — ela mordeu o lábio, e os olhos azuis de Noah foram até sua boca carnuda. — Sempre tinha alguém ao redor e agora… A jornalista colocou a mão sobre o peito dele, torcendo que não se arrependesse de lhe dar aquela liberdade, mas aquele homem vinha nublando seus pensamentos.— Então, se eu te beijar, não vai sair na matéria?
— Tem algumas notícias que a gente não espalha — ela respondeu, dando a dica que Noah precisava para se abaixar e tocar seus lábios nos dele.A mão de Noah entrelaçou no cabelo de Ivy, segurando-a firme enquanto provava sua boca. Os lábios dela eram macios e seu sabor era melhor do que qualquer coisa que o homem já havia sentido.
Ela não resistiu e o abraçou, passando seus braços pelo pescoço dele e o trazendo para mais perto, tendo o corpo forte dele apertando a mulher contra o carro, fazendo-a se sentir quente.
Para ela, beijar nunca tinha sido daquele jeito e quando ele afastou os lábios para beijar seu queixo, descendo para o pescoço, Ivy não conseguiu segurar um suspiro satisfeito ao sentir a barba macia lhe causando cócegas.
Ela queria assumir para si mesma que era a carência de passar tanto tempo sem ter algum contato com o sexo masculino, mas sabia que não era esse o caso. Era algo nele que a estava tirando do eixo apenas com um único beijo e aquilo era bastante perigoso para seu coração com pouca confiança no amor.
Ivy puxou Noah novamente em direção a sua boca e mordeu o lábio dele, sentindo o aperto em seu cabelo se tornar mais firme. Ele poderia ter começado o beijo, mas ela o encerrou, dando selinhos da boca dele e trazendo seus dedos até o rosto dele, onde Noah a olhava, num tipo de encanto que ela nunca viu no rosto de homem nenhum.
— Olha, eu sei que acabamos de nos conhecer, mas eu não sou um moleque. Eu quero saber mais de você. — Disse Noah para Ivy, tocando o lábio dela inchado com a ponta do dedo. — Até onde você me deixar descobrir. Por quê você estava relutante antes?
Ele falava com seriedade e aquilo a surpreendeu. Noah nunca foi do tipo de homem que não brincava com os sentimentos dos outros. Sua ex brincou com os dele e prometeu para si mesmo que jamais iria fazer isso com alguém.
— Eu tenho o meu trabalho, Noah — ela começou, sem saber se ele era louco ou se sentia lisonjeada por ele também ter sentido aquela conexão que ela sentia — e isso aqui, não pode atrapalhar, entende? Eu sou discreta e quero continuar assim, ao menos até entregar a matéria que eu vim produzir — completou, quando o vou franzir o cenho.
Não era por ele, mas por todo o contexto em que estavam.
— Vou passar duas semanas viajando até voltar para Toronto. Nós podemos manter contato e quando eu voltar, sairmos para jantar? — perguntou ele e depois deu uma risadinha. — Sendo sincero, minha vontade agora é de não ir mais. — Disse ele, beijando Ivy novamente e ela sabia que para provar aquele beijo de novo, iria esperar ansiosa.
— Acho que você tem que ir. Trabalhou tanto nesse projeto, imagino que esse é o momento mais legal. Mostrar e poder se orgulhar do produto final — argumentou com sensatez. — quando você voltar… eu ainda vou estar lá. Podemos nos encontrar. — Vou voar até a CIvy com Samuel e depois Europa. Alguns salões de carros. Só questão de divulgação. Coisa de no máximo duas semanas.
— Não estou com tanta pressa assim. — Brincou Ivy, sentindo um pouco tímida de repente, por ele não ser algo apenas naquela viagem e por se animar ao vislumbrar que eles juntos em sua cidade. — Tudo bem, talvez só um pouco de pressa… — concordou quando Noah voltou a beijar seu pescoço e a tomou num outro longo beijo.
— É melhor a gente voltar antes que eu faça uma besteira por causa dessa sua boca viciante.
Ivy deu uma risada, sentindo suas bochechas ficarem quentes.— Você pode me deixar na porta do Hotel? Seria melhor a gente entrar separado. Eu não quero a minha vida numa capa de revista de fofoca. E acredite, pra isso acontecer seria muito rápido — Ele acenou e alguns carinhos depois, entraram dentro do carro para voltarem.
Noah compreendeu o que ela queria dizer, era um homem muito rico. Conhecido por seu trabalho e sucesso no mundo dos negócios, por fazer seu nome e o de Samuel, em trabalho conjunto, grandes no ramo automotivo, aos 31 anos já tinha uma fortuna grandiosa, sem contar que também era herdeiro único de seus pais, atuantes no ramo imobiliário mundial Chamar a atenção para si foi algo que sempre evitou. Nunca foi muito fã da mídia, o que era irônico, estando aos beijos uma jornalista.
— Chegamos no local de perigo — Disse ele, parando de andar com Ivy, já na garagem de onde estavam hospedados. Estavam perto da entrada do hotel, mas não haviam muitas pessoas, também já estava escurecendo. — Lá dentro tem jornalistas demais pro meu gosto.
Ele se virou para o lado de Ivy e a moça percebeu que sair dali seria uma tarefa difícil.
— Tem uma jornalista aqui fora também — brincou a moça, passando os braços ao redor do pescoço dele, sentindo-se grata pelo carro esportivo não ser tão pequeno.
— Só que nessa eu confio. O máximo que ela poderia usar pra me destruir era dizer que eu beijo mal. Eu ficaria realmente ofendido.
Ivy riu.
— Acho que ela não conseguiria mentir tão descaradamente assim.
Eles se beijaram mais uma vez, agora com gosto de saudade e Noah apertou seus braços ao redor dela. Ficaram naquele momento íntimo por algum tempo até se separarem.
— Quando você chegar em Toronto, me manda uma mensagem.
— Quer ver a matéria antes de ser publicada? — ela ofereceu, sabendo que o contato que ele queria ela muito além disso.— A minha secretária vai receber e ela me encaminhar se algo for ofensivo.
— Da minha parte, só vou dizer coisas boas, mesmo o jornalismo sendo imparcial. — ela prometeu com um sorriso, sabendo que daria o seu melhor para escrever uma matéria ao nível daquele lançamento exclusivo. — Quando você estiver na CIvy também me manda uma mensagem. — Ivy queria notícias dele e sabia que se ele desse um sumiço, sentiria-se mal.
— Não se preocupe. Você vai ter. Não vou sair da sua vista, senhora Lewis. — Disse Noah, dando um último beijo nos lábios dela uma última vez. — Damas primeiro.
Do carro, ele a viu caminhar pelo estacionamento, e ela olhou para trás e sorriu, dando um tchauzinho para Noah, que a observava com os olhos fixos. Ivy conseguia sentir que ele a encarava, mas foi forte para evitar olhar para trás e vê-lo dentro do Kronos, mas não forte o suficiente para evitar o sorriso pregado em seu rosto no trajeto até seu quarto e durante todo o caminho de volta para casa.
O que estaria reservado para eles quando Noah chegasse em Toronto?
Enfim, o beijo!!! Estão gostando?
Ao bater a porta de seu apartamento, Ivy suspirou de cansaço. Estava moída das tantas horas de viagem a mais que fez por conta do mau tempo em sua primeira conexão. Não existia nada como a sensação de estar em casa, dormir na sua cama e tomar banho no seu banheiro. Iria gastar ao menos uma hora dentro de sua banheira, para relaxar todos os músculos tensos depois de tanto tempo dentro sem dormir.Estava tudo exatamente como ela deixou quando saiu para sua viagem para Boca Del Toro, o que era um alívio. Tirou seus sapatos e sentou no sofá, passando a mão no cabelo em um gesto habitual.Essa viagem aconteceu mesmo?Quando estava saindo do hotel, viu Noah no deck, de roupas trocadas e esperando por ela.— Você não achou mesmo que eu iria te deixar ir sozinha, não é? — ele perguntou, dando um sorriso ao notar como a pegou de surpresa.Foram juntos até o porto e ele queria se certificar que Ivy iria pegar o barco em segurança. Eles quase se beijaram em despedida, mas não estavam sozinhos
Ivy apagou as luzes fortes de seu quarto e deitou em sua cama macia, enfim, deixando seu corpo relaxar, percebendo que estava realmente cansada do dia cheio que teve. Mal tinha chegado de viagem e a visita da amiga não a deixou descansar como gostaria. A jornalista ficou até tarde dando colo para Katy e depois de um grande pote de sorvete de creme, apesar do frio na cidade, a amiga começou a contar que foi de surpresa até o estúdio de tatuagem que Victor tinha no centro da cidade e enquanto ela gravava alguns vídeos para o perfil profissional dele, chegaram algumas notificações de uma menina, perguntando se o encontro deles ia dar certo. Katy contou que saiu dizendo que ia ao banheiro para ver o que era aquilo. E depois de trancar a porta, abriu a conversa e o idiota, como ela disse, sequer tinha colocado senha no aplicativo de mensagens anônimo, onde vinha paquerando a garota há semanas, para o choque de Katy, que conseguiu segurar a raiva de quase jogar o celular dele no aparelho sa
— Ivy, acorda! — sentiu um cutucão no braço e abriu os olhos, sentindo-se desnorteada e a luz que vinha da janela a fez cobrir os olhos por instinto. Estava dormindo tão bem que nem lembrava que havia companhia em sua casa.— Só mais cinco minutinhos, Katy… — pediu, a voz preguiçosa, exatamente como ela se sentia.— Amiga, eu já vim aqui desligar o seu alarme chato que você já colocou no modo soneca duas vezes e vi uma mensagem de um tal de Noah. — ela comentou, com os cabelos presos de qualquer jeito e o rosto com sinais do chororô da noite anterior — Quem é esse cara, hein? — Katy perguntou, sentando na cama de Ivy, usando um pijama que tinha pegado emprestado da amiga na noite anterior. A jornalista abriu os olhos sem vontade alguma e notou a amiga já com uma xícara de café nas mãos, enchendo seu quarto com o cheiro delicioso — Que fofoca é essa que você não está me contando? Ivy esticou os braços sobre a cabeça, sentindo as costas mais relaxadas por dormir em sua cama depoi
Ivy entrou na sala de reuniões no dia seguinte, onde seus novos “filhotes” como Katy os batizou, estavam esperando por ela. Quando abriu a porta, a dupla se levantou num salto e a jornalista teve de prender o riso por conta da expressão de susto que ambos tinham em seus rostos.— Bom dia, pessoal! Sou Ivy Lewis, editora e vou supervisionar vocês durante o período que estagiarem aqui na Chankin News. — Apresentou-se para os estudantes que iriam trabalhar na emissora durante todo o próximo semestre e com a possibilidade de continuarem lá por mais um ano e meio caso fossem bem. A seleção era bem rigorosa e estar no grupo seleto de estagiários de uma emissora como aquela não era qualquer coisa para o currículo de um estudante de jornalismo. A emissora era muito exigente no tocante de funcionários qualificados, mesmo que aqueles tivessem lá para aprender e o currículo de ambos era muito bom. — Espero que seja uma experiência que possa contribuir para a carreira profissional de vocês e s
Ivy já estava em casa, de toalha, pronta para entrar no banho quente depois que chegou em casa na sexta à noite. O restante da semana tinha passado rápido com ela ajudando na adaptação de Kim e Marco, além de continuar seus trabalhos como editora. Prendeu os cabelos longos com uma liga e foi até sua suíte preparar um banho relaxante. Escolheu alguns sais perfumados que tinha ganhado de Katy, que estava até dando em cima de Marco por esses dias na redação, parecendo mais do que disposta a esquecer Victor. Antes de chegar em casa naquela sexta, Ivy fora com Katy no apartamento de Victor, depois do expediente na emissora, para dar apoio moral para a amiga, que buscou todas as suas coisas na casa do ex-namorado. Elas entraram no imóvel usando a chave reserva que Katy tinha e após juntarem todas as coisas dela, com algumas indo direto para o saco de lixo, como retratos dela e de Victor que ainda estavam decorando o local, foram de metrô para casa, com Ivy sentindo ainda mais falta de seu c
— Onde nós vamos? — Perguntou Ivy para Noah, depois que ele abriu a porta do carro para ela e também adentrou o veículo. Ela colocou o cinto de segurança e o CEO ligou o carro olhando para trás e dando a ré com agilidade. Algumas pessoas na calçada olhavam o modelo com certa inveja. Era um lançamento de luxo, afinal, mesmo que a cidade de Toronto fosse uma metrópole, o design daquele carro era muito bonito e chamativo. — Vamos comer em um dos meus lugares favoritos. Fica a uns 45 minutos daqui. — Disse ele, avançando com o veículo. — Se você fosse em um carro comum e dentro da lei. Todavia, nós vamos chegar lá mais rápido. — Como assim? — Ivy percebeu que o interior do carro era todo em couro preto e com algumas luzes de led. Não era o mesmo veículo que eles andaram em Bocas Del Toro. — Nós temos que testar este daqui, depois das alterações que eu fiz. Se não em Bocas, que seja aqui em Toronto mesmo. — Disse tocando a marcha e os olhos de Ivy viram os ponteiros em 100 km/h. —
Noah estava despertando com um suave toque em seu rosto. Os dedos delicados estavam traçando as linhas do seu nariz, depois dos olhos, das sobrancelhas e acariciavam sua barba cheia com cuidado. Estava aconchegante e quentinho, mesmo depois do banho que eles compartilharam, com o casal fazendo brincadeiras e Ivy insistindo que Noah secasse o cabelo que ele afirmou secar sozinho. Ele abriu os olhos e viu ela, a mulher que não saia de sua cabeça, deitada sobre o peito dele, bem perto, mas ainda não o suficiente, se comparado com o quanto ele desejou a presença de Ivy nas últimas semanas. — Eu te acordei, não foi? — ela o perguntou, retirando a mão do rosto dele e colocando debaixo do queixo, olhando-o com aqueles as orbes amendoadas que o encantaram desde a primeira vez. — Também dormi um pouquinho. — Não exatamente — o homem deu um grande bocejo e com a mão que estava livre, coçou os olhos. — Eu não preciso de muito sono para ficar novinho em folha e é muito bom te ver e não só so
— Ele é um dos estagiários que eu falei pra você que estou supervisionado. Acho que só quis ser gentil — Falou e o abraçou, escondendo seu rosto no peito forte do homem, ele estava com a musculatura tensa por conta de tantas horas de avião. Com um suspiro, ele a abraçou de volta e o encaixe deles era muito natural. — Segunda eu vou pedir a ele pra não comentar que te viu aqui, a matéria acabou de sair, era bom… esperar um pouco. — Ivy procurou o rosto de Noah, querendo ver a reação dele sobre aquele tema. — Não me importo da gente fazer do seu jeito, mas espero que isso não nos atrapalhe de circularmos juntos. Não sou nenhum adolescente que precisa namorar escondido, mesmo que um pouco de aventura não faça mal a ninguém — foi a vez dele dar uma piscadinha para ela e o olhos azuis que Noah tinha talvez estivessem se transformando na cor favorita dela.— Não vai, mas nós podemos ser discretos. Por um instante achei que fosse alguma emergência! — Comentou a jornalista em tom de bri