Capítulo 08

O vento brincava com os cabelos de Ivy enquanto Noah passeava rápido pelas ruas de Boca Del Toro. O carro rugia debaixo deles e ela sentia seu coração pulsando ao saber que estavam rápidos, mas sequer na metade da potência que o Kronos tinha.

Cuidado! Ivy gritou, vendo a curva estreita da qual eles se aproximavam. As mãos dela apertaram os bancos de couro e a jornalista sentiu o cinto de segurança lhe apertar fixar no lugar quando Noah diminuiu a velocidade, mesmo que gradativamente. 

— Quer colocar uma música?  — ele perguntou com um sorriso brincalhão, tranquilo ao dirigir algo que tinha projetado. Era muito claro para ela como Noah confiava naquele carro, como um produto que ele mesmo assinou.

— Eu não sei se conseguiria… — a verdade era que seu estômago estava embrulhado da quantidade de comida que degustaram junto do nervosismo por estarem indo tão rápido e as pessoas parecem tão pequenas nas ruas estreitas. Tudo passava num borrão e ela se sentia como em Velozes e Furiosos, sem a parte do glamour, claro. 

Noah olhou para o rosto Ivy e o que viu o fez desacelerar ainda mais, parando o carro esportivo na estrada mais afastada da beira-mar, com menos hotéis e grandes lotes de casa. Sequer tinha trânsito na via e estacionar no acostamento foi bem rápido. 

— Desculpe, acho que foi muito rápido para a sua primeira vez num esportivo — 

pediu, desligando o veículo e virando o corpo para onde ela estava. A jornalista abriu o próprio cinto, sentindo o coração desacelerar à medida que tomava longas respirações, acalmando o estômago revolto.

Noah saiu do Kronos e deu a volta, abrindo a porta do lado onde ela estava e estendendo a mão para que Ivy saísse. Após hesitar um pouco, ela pôs sua mão delicada na mão grande que ele tinha e o calor dos dedos de Noah aqueceram Ivy. Ela saiu e ergueu um pouco o rosto, olhando para o empresário, encarando seu rosto bonito e os olhos tão marcantes. 

O espaço que ele havia dado antes diminuiu e a ela não se sentiu acuada por ele, encantada por seu cheiro e a proximidade de Noah.

—  Você está muito enjoada? —  a voz dele soou baixa, mais grave do que o som que ela ouviu durante todo o almoço e Ivy se sentiu poderosa por causar algum efeito nele, já que ele causava muito efeito nela.

— Quer saber se eu vou vomitar em você caso tente me beijar? —  brincou, mas se arrependeu assim que ele estreitou os olhos e abaixou a cabeça para perto dela, deixando o espaço para Ivy menor e ela estava gostando daquilo bem mais do que deveria.

—  Não eram apenas negócios, senhorita Lewis? —  questionou, pegando uma mecha do cabelo dela que o vento estava balançando e colocando a outra mão no carro, estendendo o braço para deixá-la encurralada entre duas feras.

—  Não achei que eram só negócios em momento nenhum… eu… vejo como você me olha e —  ela mordeu o lábio, e os olhos azuis de Noah foram até sua boca carnuda. —  Sempre tinha alguém ao redor e agora…

A jornalista colocou a mão sobre o peito dele, torcendo que não se arrependesse de lhe dar aquela liberdade, mas aquele homem vinha nublando seus pensamentos. 

—  Então, se eu te beijar, não vai sair na matéria?

—  Tem algumas notícias que a gente não espalha —  ela respondeu, dando a dica que Noah precisava para se abaixar e tocar seus lábios nos dele.

A mão de  Noah entrelaçou no cabelo de Ivy, segurando-a firme enquanto provava sua boca. Os lábios dela eram macios e seu sabor era melhor do que qualquer coisa que o homem já havia sentido.

Ela não resistiu e o abraçou, passando seus braços pelo pescoço dele e o trazendo para mais perto, tendo o corpo forte dele apertando a mulher contra o carro, fazendo-a se sentir quente.

Para ela, beijar nunca tinha sido daquele jeito e quando ele afastou os lábios para beijar seu queixo, descendo para o pescoço, Ivy não conseguiu segurar um suspiro satisfeito ao sentir a barba macia lhe causando cócegas. 

Ela queria assumir para si mesma que era a carência de passar tanto tempo sem ter algum contato com o sexo masculino, mas sabia que não era esse o caso. Era algo nele que a estava tirando do eixo apenas com um único beijo e aquilo era bastante perigoso para seu coração com pouca confiança no amor. 

Ivy puxou Noah novamente em direção a sua boca e mordeu o lábio dele, sentindo o aperto em seu cabelo se tornar mais firme. Ele poderia ter começado o beijo, mas ela o encerrou, dando selinhos da boca dele e trazendo seus dedos até o rosto dele, onde Noah a olhava, num tipo de encanto que ela nunca viu no rosto de homem nenhum. 

— Olha, eu sei que acabamos de nos conhecer, mas eu não sou um moleque. Eu quero saber mais de você. —  Disse Noah para Ivy, tocando o lábio dela inchado com a ponta do dedo.  —  Até onde você me deixar descobrir. Por quê você estava relutante antes?

Ele falava com seriedade e aquilo a surpreendeu. Noah nunca foi do tipo de homem que não brincava com os sentimentos dos outros. Sua ex brincou com os dele e prometeu para si mesmo que jamais iria fazer isso com alguém. 

—  Eu tenho o meu trabalho, Noah —  ela começou, sem saber se ele era louco ou se sentia lisonjeada por ele também ter sentido aquela conexão que ela sentia  — e isso aqui, não pode atrapalhar, entende? Eu sou discreta e quero continuar assim, ao menos até entregar a matéria que eu vim produzir —  completou, quando o vou franzir o cenho. 

Não era por ele, mas por todo o contexto em que estavam.

— Vou passar duas semanas viajando até voltar para Toronto. Nós podemos manter contato e quando eu voltar, sairmos para jantar? — perguntou ele e depois deu uma risadinha. — Sendo sincero, minha vontade agora é de não ir mais. —  Disse ele, beijando Ivy novamente e ela sabia que para provar aquele beijo de novo, iria esperar ansiosa.

— Acho que você tem que ir. Trabalhou tanto nesse projeto, imagino que esse é o momento mais legal. Mostrar e poder se orgulhar do produto final — argumentou com sensatez. — quando você voltar… eu ainda vou estar lá. Podemos nos encontrar.  — Vou voar até a CIvy  com Samuel e depois Europa. Alguns salões de carros. Só questão de divulgação. Coisa de no máximo duas semanas.

— Não estou com tanta pressa assim. —  Brincou Ivy, sentindo um pouco tímida de repente, por ele não ser algo apenas naquela viagem e por se animar ao vislumbrar que eles juntos em sua cidade. —  Tudo bem, talvez só um pouco de pressa… —  concordou quando Noah voltou a beijar seu pescoço e a tomou num outro longo beijo.

— É melhor a gente voltar antes que eu faça uma besteira por causa dessa sua boca viciante.

Ivy deu uma risada, sentindo suas bochechas ficarem quentes. 

—  Você pode me deixar na porta do Hotel? Seria melhor a gente entrar separado. Eu não quero a minha vida numa capa de revista de fofoca.  E acredite, pra isso acontecer seria muito rápido — Ele acenou e alguns carinhos depois, entraram dentro do carro para voltarem.

Noah compreendeu o que ela queria dizer, era um homem muito rico. Conhecido por seu trabalho e sucesso no mundo dos negócios, por fazer seu nome e o de Samuel, em trabalho conjunto, grandes no ramo automotivo, aos 31 anos já tinha uma fortuna grandiosa, sem contar que também era herdeiro único de seus pais, atuantes no ramo imobiliário mundial Chamar a atenção para si foi algo que sempre evitou. Nunca foi muito fã da mídia, o que era irônico, estando aos beijos uma jornalista.

— Chegamos no local de perigo —  Disse ele, parando de andar com Ivy, já na garagem de onde estavam hospedados.  Estavam perto da entrada do hotel, mas não haviam muitas pessoas, também já estava escurecendo. —  Lá dentro tem jornalistas demais pro meu gosto.

Ele se virou para o lado de Ivy e a moça percebeu que sair dali seria uma tarefa difícil.

— Tem uma jornalista aqui fora também —  brincou a moça, passando os braços ao redor do pescoço dele, sentindo-se grata pelo carro esportivo não ser tão pequeno.

— Só que nessa eu confio. O máximo que ela poderia usar pra me destruir era dizer que eu beijo mal. Eu ficaria realmente ofendido.

Ivy riu.

— Acho que ela não conseguiria mentir tão descaradamente assim.

Eles se beijaram mais uma vez, agora com gosto de saudade e Noah apertou seus braços ao redor dela. Ficaram naquele momento íntimo por algum tempo até se separarem.

— Quando você chegar em Toronto, me manda uma mensagem.

—  Quer ver a matéria antes de ser publicada? — ela ofereceu, sabendo que o contato que ele queria ela muito além disso.

— A minha secretária vai receber e ela me encaminhar se algo for ofensivo. 

— Da minha parte, só vou dizer coisas boas, mesmo o jornalismo sendo imparcial. —  ela prometeu com um sorriso, sabendo que daria o seu melhor para escrever uma matéria ao nível daquele lançamento exclusivo. —  Quando você estiver na CIvy  também me manda uma mensagem. —  Ivy queria notícias dele e sabia que se ele desse um sumiço, sentiria-se mal. 

—  Não se preocupe. Você vai ter. Não vou sair da sua vista, senhora Lewis. —  Disse Noah, dando um último beijo nos lábios dela uma última vez. —  Damas primeiro. 

Do carro, ele a viu caminhar pelo estacionamento, e ela olhou para trás e sorriu, dando um tchauzinho para Noah, que a observava com os olhos fixos. Ivy conseguia sentir que ele a encarava, mas foi forte para evitar olhar para trás e vê-lo dentro do Kronos, mas não forte o suficiente para evitar o sorriso pregado em seu rosto no trajeto até seu quarto e durante todo o caminho de volta para casa.

O que estaria reservado para eles quando Noah chegasse em Toronto?

Ava Martínez

Enfim, o beijo!!! Estão gostando?

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