Ivy chegou em Bocas Del Toro depois de pegar um barco táxi. Achou a experiência divertida e engraçada, a bela paisagem com ares caribenhos ajudou a se livrar do cansaço da longa viagem. Tinha saído de Toronto, fazendo uma escala na Costa Rica e só depois pousando no Panamá. A exclusividade do evento de lançamento do carro novo da Hanson já demonstrava que público atendia só pela escolha do local. O acesso não era dos mais baratos e ela estava custeada pela emissora, então quem tinha dinheiro para frequentar aquele tipo de evento, era bem de vida.
Não demorou muito e ela já estava fazendo o check-in e o credenciamento para o evento no luxuoso hotel, totalmente reservado para o lançamento do novo carro da Hanson Motors. Conseguiu descansar um pouco quando se instalou no hotel, no quarto com grandes janelas e com vista para a praia. Aproveitou para enviar fotografar a vista e fazer inveja para a irmã, postando em suas abandonadas redes sociais, que só viam uma foto nova a cada seis meses.Ivy colocou seu álbum favorito da Ariana Grande para tocar e começou a se arrumar no banheiro espaçoso. Não teria muito o que fazer com o cabelo castanho longo recém iluminado e sendo sincera, ele estava até cooperando, ficando ondulado. O que a frustrou foi ter que se demorar tanto cobrindo suas olheiras, que ficavam escuras num tom perto do roxo, coisa que particularmente ela detestava, por ser branca demais, ao menos ouvir sua diva a ajudava a fazer mais rápido.Escolheu um vestido rosé longo, com decote em V e deixou os cabelos soltos. Katy havia informado que a festa seria no final da tarde, algo um tanto informal, então que ela se vestisse com uma peça coringa e vestido seria a melhor escolha. Em seus pés estavam sandálias baixas pretas e sua boca estava pintada com um batom coral. Havia ganhado algum peso na época de faculdade, o que a ajudou a melhorar a aparência, pois era muito magra quando adolescente, as vezes correndo risco de estar abaixo do peso e a verdade era que pela pouca altura, qualquer quilo a mais era bem vindo, fazendo seus sessenta e quatro quilos parecem bons. Esfregou os pulsos, para fixar mais seu perfume.— Celular, agenda, carteira… — Enumerar os itens em voz alta, vendo que a agenda não conseguiria levar por causa da bolsa pequena. O jeito seria usar seu celular para fotos, anotações e possíveis gravações, caso a organização da festa não disponibilizasse imagens oficiais. Houve um período de sua carreira que possuía dois celulares, um pessoal e um profissional. Era importunada por pessoas que trocavam notícias por dinheiro e dependendo do tipo de matéria, era melhor ter um aparelho que pudesse ser descartado a qualquer momento. Deu certo durante um tempo, mas acabava sempre deixando o aparelho de trabalho em qualquer lugar e ela percebeu que centrar tudo num único local iria agilizar os seus processos.No elevador, viu outros jornalistas. Reconhecia colegas de profissão de longe: sempre com celulares nas mãos, trocando mensagens e avaliando notícias que chegavam, com os dedos rolando pelas telas de seus celulares com agilidade. Chegou rapidamente no andar de baixo e a música era animada. Todo o salão estava cheio e já era possível ver o carro, uma obra prima aos seus olhos. Preto com detalhes em vermelho, lustroso, estava com as portas abertas e várias pessoas ao redor, observando como se ele fosse uma celebridade.Naquela noite, era mesmo, pois custava muitos milhares de dólares, pelo que suas pesquisas sobre carros de luxo haviam de confirmado.— Aceita uma bebida? — Perguntou um dos garçons que andavam pelo salão, num inglês com o sotaque fofo da língua espanhola, erguendo a bandeja para que a moça escolhesse seu drink.— Todos contém álcool? — ela era fraca para bebidas e como estava ali a trabalho, não achava certo consumir por diversão, como quando saia com Katy.— Não este vermelho — o garçom explicou em seu inglês com sotaque que Ivy continuou achando lindo de ouvir. — É uma batida de cereja com energético.Ivy ficou um pouco receosa ao pegar a bebida, pois era alérgica a morangos. Pegou a taça refinada com o drink e cheirou. Não havia sinais da fruta. Tomou um gole e era nítido o sabor de cereja. — Gracias! — respondeu na língua nativa do local, fazendo o garçom sorrir para ela.Aproximou-se do carro que estava localizado em uma plataforma giratória para fazer um pequeno vídeo, mas voz feminina soou no salão em inglês e depois em espanhol, avisando que seria iniciada a coletiva de imprensa, fazendo a jornalista apressar o passo, para pegar uma boa cadeira mais à frente no grande salão. Para o azar dela, só as cadeiras mais atrás estavam vagas e pelo jeito, alguns ficariam em pé. Assentou-se e olhou para os lugares vagos na mesa, onde só haviam duas cadeiras principais. Só seriam dois representantes? Agora estava sentindo-se um pouco culpada, pois não havia pesquisado nada de antemão sobre os proprietários da Hanson, não entendia de carros e tentou compensar isso por causa do comentário babaca de Kevin e mesmo assim, sua pesquisa tinha ficado incompleta, pelo que percebia.Um homem com cabelos claros, alto e bem vestido com calça social, camisa vermelha e colete cinza entrou e se sentou em uma das cadeiras, iniciando o burburinho entre os jornalistas.— Você sabe quem é aquele homem? — Perguntou para uma moça ruiva que estava sentada ao seu lado. Diferente dela, essa vestia um conjunto de saia e blazer e o cabelo parecia tão preso e apertado num coque, que puxava a raiz preta que já estava aparente.— Você não sabe? — Olhou Ivy como se fosse uma imbecil. — É Samuel Brown, um dos donos da Hanson. Como veio para um evento onde nem sabe quem é o anfitrião? — Ela deu um olhar de desgosto ao crachá que Ivy tinha ao redor do pescoço, onde estava escrito nome de sua emissora. — Enfim, ele é rico, bem sucedido e está perto de se casar, infelizmente não comigo, porque convenhamos — apontou para onde Samuel estava — ele poderia ser meu Chris Evans pessoal. Só não é mais gato que o sócio... — Concluiu a ruiva, com um sorriso conspirador, indicando a mesa onde Ivy percebeu, com sua visão periférica, que alguém tinha chegado.Ivy olhou pra mesa e arregalou seus olhos. O outro sócio chegou e sentou-se ao lado de Samuel.Um homem bonito como aquele não era difícil de reconhecer: Era Noah!Droga, ele era ainda mais lindo do que eu lembrava!Tinha certeza de que era ele, estava de jeans e camisa de seda preta, que contrastava perfeitamente com seus olhos azuis límpidos. Samuel, o outro cara que deveria ser mais um figurão da montadora, levantou e eles se abraçaram. Formavam uma dupla e tanto aos olhos e o moreno parecia ter dito algo para o loiro, que riu longamente. Voltaram a sentar e Samuel bateu no microfone com o dedo, testando o som, o que chamou a atenção de todos os jornalistas, fotógrafos e demais convidados presentes. Iria começar a coletiva do grande lançamento automotivo. — Boa noite! Sou Sam Brown. — Ele nem deveria ficar dizendo aquilo, mas a moça ficou feliz por ter feito, já que era uma desavisada de plantão e deixou passar algo super simples como verificar quem eram os donos da empresa. — Sócio proprietário Hanson Motors! É um prazer que todos tenham vindo prestigiar o evento do mais novo lançamento, o Kronos. — Disse com uma voz clara e firme, característica de um homem que sabe impor sua presença.
— Olha, eu sei que você me ajudou naquele dia e que agora nos encontramos outra vez — ela apontou com a taça o que tinha ao redor — e ser o anfitrião deste evento, mas eu não quero sair com você, Senhor Schneider. — Talvez até quisesse em outro momento, mas a abordagem na coletiva tinha sido péssima. Como seria levada a sério no ambiente de trabalho se ele tinha convidado-a na frente dos colegas? Aquilo não pegaria bem no meio dos fofoqueiros profissionais que eram os outros jornalistas.Por cima do ombro dele, via os colegas com os olhos direcionados para a dupla Ele riu do que ela disse e foi um som grave e bonito. Mesmo de salto baixo, Ivy só batia perto do queixo dele. O cheio do homem chegou até ela, outra coisa que sua memória não fazia jus, além da aparência. Noah era mesmo uma presença marcante. — Não te convidei pra sair comigo, Senhorita Lewis. Ofereci uma exclusiva para a sua matéria, por causa de Jeremiah. — Ele comentou, referindo-se ao dono da Chankin News pelo prime
A jornalista decidiu não pensar muito sobre como seria o encontro no dia seguinte e virou a noite aprendendo sobre motores de carros esportivos e quase não se levantou com tempo o suficiente para se arrumar para encontrar com Noah para a exclusiva, na manhã seguinte. Quando se levantou, pegou o celular na mesa de cabeceira, sentido a brisa que vinha da janela aberta lhe refrescando e ao notar que estava atrasada, deu um pulo da cama. Sabia que ele poderia levar a entrevista com outras intenções, mas Ivy apareceria com tantas perguntas que ele ficaria com a garganta seca por falar demais. Daria seu máximo para fazer um trabalho excelente e o resto… deixaria que ele tomasse a iniciativa. Tomou banho rapidamente e após, colocou sua mala sobre a cama. Achou em meio suas roupas um vestido floral lindíssimo, de alças finas e renda, presente de quando Carl havia ido ao Hawaii com sua namorada. Em Toronto, nunca houve ocasião para usar, mas naquele momento poderia passar uma ideia errad
O vento brincava com os cabelos de Ivy enquanto Noah passeava rápido pelas ruas de Boca Del Toro. O carro rugia debaixo deles e ela sentia seu coração pulsando ao saber que estavam rápidos, mas sequer na metade da potência que o Kronos tinha. — Cuidado! — Ivy gritou, vendo a curva estreita da qual eles se aproximavam. As mãos dela apertaram os bancos de couro e a jornalista sentiu o cinto de segurança lhe apertar fixar no lugar quando Noah diminuiu a velocidade, mesmo que gradativamente. — Quer colocar uma música? — ele perguntou com um sorriso brincalhão, tranquilo ao dirigir algo que tinha projetado. Era muito claro para ela como Noah confiava naquele carro, como um produto que ele mesmo assinou. — Eu não sei se conseguiria… — a verdade era que seu estômago estava embrulhado da quantidade de comida que degustaram junto do nervosismo por estarem indo tão rápido e as pessoas parecem tão pequenas nas ruas estreitas. Tudo passava num borrão e ela se sentia como em Velozes e Furiosos
Ao bater a porta de seu apartamento, Ivy suspirou de cansaço. Estava moída das tantas horas de viagem a mais que fez por conta do mau tempo em sua primeira conexão. Não existia nada como a sensação de estar em casa, dormir na sua cama e tomar banho no seu banheiro. Iria gastar ao menos uma hora dentro de sua banheira, para relaxar todos os músculos tensos depois de tanto tempo dentro sem dormir.Estava tudo exatamente como ela deixou quando saiu para sua viagem para Boca Del Toro, o que era um alívio. Tirou seus sapatos e sentou no sofá, passando a mão no cabelo em um gesto habitual.Essa viagem aconteceu mesmo?Quando estava saindo do hotel, viu Noah no deck, de roupas trocadas e esperando por ela.— Você não achou mesmo que eu iria te deixar ir sozinha, não é? — ele perguntou, dando um sorriso ao notar como a pegou de surpresa.Foram juntos até o porto e ele queria se certificar que Ivy iria pegar o barco em segurança. Eles quase se beijaram em despedida, mas não estavam sozinhos
Ivy apagou as luzes fortes de seu quarto e deitou em sua cama macia, enfim, deixando seu corpo relaxar, percebendo que estava realmente cansada do dia cheio que teve. Mal tinha chegado de viagem e a visita da amiga não a deixou descansar como gostaria. A jornalista ficou até tarde dando colo para Katy e depois de um grande pote de sorvete de creme, apesar do frio na cidade, a amiga começou a contar que foi de surpresa até o estúdio de tatuagem que Victor tinha no centro da cidade e enquanto ela gravava alguns vídeos para o perfil profissional dele, chegaram algumas notificações de uma menina, perguntando se o encontro deles ia dar certo. Katy contou que saiu dizendo que ia ao banheiro para ver o que era aquilo. E depois de trancar a porta, abriu a conversa e o idiota, como ela disse, sequer tinha colocado senha no aplicativo de mensagens anônimo, onde vinha paquerando a garota há semanas, para o choque de Katy, que conseguiu segurar a raiva de quase jogar o celular dele no aparelho sa
— Ivy, acorda! — sentiu um cutucão no braço e abriu os olhos, sentindo-se desnorteada e a luz que vinha da janela a fez cobrir os olhos por instinto. Estava dormindo tão bem que nem lembrava que havia companhia em sua casa.— Só mais cinco minutinhos, Katy… — pediu, a voz preguiçosa, exatamente como ela se sentia.— Amiga, eu já vim aqui desligar o seu alarme chato que você já colocou no modo soneca duas vezes e vi uma mensagem de um tal de Noah. — ela comentou, com os cabelos presos de qualquer jeito e o rosto com sinais do chororô da noite anterior — Quem é esse cara, hein? — Katy perguntou, sentando na cama de Ivy, usando um pijama que tinha pegado emprestado da amiga na noite anterior. A jornalista abriu os olhos sem vontade alguma e notou a amiga já com uma xícara de café nas mãos, enchendo seu quarto com o cheiro delicioso — Que fofoca é essa que você não está me contando? Ivy esticou os braços sobre a cabeça, sentindo as costas mais relaxadas por dormir em sua cama depoi
Ivy entrou na sala de reuniões no dia seguinte, onde seus novos “filhotes” como Katy os batizou, estavam esperando por ela. Quando abriu a porta, a dupla se levantou num salto e a jornalista teve de prender o riso por conta da expressão de susto que ambos tinham em seus rostos.— Bom dia, pessoal! Sou Ivy Lewis, editora e vou supervisionar vocês durante o período que estagiarem aqui na Chankin News. — Apresentou-se para os estudantes que iriam trabalhar na emissora durante todo o próximo semestre e com a possibilidade de continuarem lá por mais um ano e meio caso fossem bem. A seleção era bem rigorosa e estar no grupo seleto de estagiários de uma emissora como aquela não era qualquer coisa para o currículo de um estudante de jornalismo. A emissora era muito exigente no tocante de funcionários qualificados, mesmo que aqueles tivessem lá para aprender e o currículo de ambos era muito bom. — Espero que seja uma experiência que possa contribuir para a carreira profissional de vocês e s