Ela aproveitou a calma depois de comerem enquanto estavam ainda na cozinha e revelou que Margô a tinha procurado dois dias antes do casamento.
— O que? - ficou surpreso — Que diabos ela queria agora? Pelo amor de Deus...
— Calma - levantou a mão — Na verdade ela só queria me pedir desculpas por tudo, inclusive do passado - torceu a boca — Ao que parece o acontecido no restaurante chegou ao ouvido do pai dela e eles tiveram uma grande discussão.
— E o que houve com ela?
— Bem, parece que o pai dela deu uma chance para ela mudar ou irá sofrer as consequências - mexeu o ombro — Ele disse que ela vai ter que provar que merece a heran&ccedi
Sua noite já estava bem sem graça, apesar das tentativas de Margô de atrair sua atenção o tempo todo. E agora estava ficando pior ainda, era só o que faltava para deixar sua noite mais sem graça do que já estava. Ficar atolado no meio da estrada.Margô era bonita, educada até, mas era tão fresquinha e cheia de manias que ele já tinha se arrependido de ter aceitado o convite para sair com ela vinte minutos depois de chegarem á festa na casa de um amigo dela. Só tinha aceitado para ficar mais por dentro de como aconteciam as coisas ali na cidade.Ele tinha se mudado há poucos dias para Torres e estava em um hotel próximo do centro, assim ficava mais fácil de caminhar pelo local e ver como tudo funcionava ali
Gustavo bateu os pés olhando com uma careta para os sapatos. Beatriz recebeu neve até no rosto e cuspiu, limpando o queixo e batendo na roupa para cair a sujeira mais grossa.Gustavo bateu a mão pelo sobretudo buscando a carteira para dar um agrado de ajuda ao rapaz pelo esforço.— Não é necessário pagar nada, Gustavo – a voz feminina veio de dentro do carro — Valeu pela ajuda. Agradecemos, mas temos que ir . Vamos Gustavo. Boa noite.Beatriz suspirou. Já tinha ideia de quem seria.A voz fina e melosa era fácil de reconhecer. Pertencia a Margô Fontenele. A riquinha esnobe e mimada. É claro que seria ela.
Poderia até dizer que isso era uma piada de mau gosto.E é claro que isso só poderia acontecer com ela. Quando contasse aos irmãos com certeza iriam rir e depois reclamar por ela não ter pedido ajuda em troca.Até que ela era uma pessoa positiva, apesar de tudo o que já tinha passado na vida, mesmo jovem como era. Só que de vez em quando ficava desanimada com a demora em algumas coisas para aconter.Estava acostumada a esperar o momento de cada coisa acontecer, mas isso não queria dizer que ficava tranquila sempre. Já tinha imaginado tantas coisas boas para ela e os irmãos, mas elas aconteciam devagar e nem sempre da mesma forma como planejara.Mas continuava positiva. F
Não era de todo mentira, porém não era de todo verdade. Estava mesmo cansado e querendo deitar, mas era só uma horinha de diferença. Isso não o afetava em nada. Só queria descansar os ouvidos da baboseira dela e tomar seus remédios.— Poxa, que pena - inclinou a cabeça. — Gostaria tanto de continuar nosso papo. você promete que continuamos nossa conversa um outro dia? Pode ser amanhã, o que acha?— Claro, podemos sim, mas não amanhã - mexeu a cabeça como se concordasse. Só que não."Sai logo desse carro, porra, que saco”.Ela ainda tentava mais uma vez o convencer a sair e ficar c
Ele até admitia que estava insuportável, mas a dor no corpo, o incômodo de ter que usar aquela cadeira de rodas e a quantidade de remédios lhe dava uma sensação desagradável de vida perdida. De não ter ninguém de verdade ao seu lado.Foi a primeira vez que ele sentiu solidão de verdade e entendeu o quanto isso é desagradável e machuca. Descobrir que não tinha pessoas que o queriam de verdade por quem ele era e não pelo que representava, era muito difícil e entendeu que uma mudança seria necessária. Ele não confiava nas pessoas, nunca confiou na verdade, mas ver que elas não se importavam com ele por nada, foi dolorido.Apesar de um pouco chato ás vezes, mand&
Deixou com uma excelente imobiliária a responsabilidade de vender seus terrenos e também ficou com apenas três carros. A Mercedez, um Porsche e a Ferrari preta que era sua favorita. Para coisas mais pesadas, ficou com uma pick-up. Não iria precisar dos outros.E a bem da vontade, pouco os usava por causa de seu tempo que era mais dedicado ao trabalho. Outras pessoas iriam aproveitar mais.Se ele queria mudar de vida, então a maioria das coisas que ele tinha antes, quando pensava diferente, não seriam mais necessárias e também não as daria de mão beijada a ninguém. Não tinha sido fácil conseguir o que juntou durante os anos. Nada na sua vida tinha vindo com facilidade. Não seria tonto ou hipócr
Em pesquisas quando estava deitado na cama do hospital, ele tinha visto em uma revista uma propaganda sobre um local pitoresco que estava sendo muito falado por causa da época de Natal que se aproximava. Depois viu uma reportagem em um jornal da noite sobre o mesmo lugar, mostrando a decoração da cidade que tinha sido feita em sua maioria pelos moradores do lugar.Não era ligado em datas festivas, mas ficou interessado ao ver as luzes que piscavam bonitas. E depois buscou na internet mais informações sobre a região e acabou gostando do que viu.Não era uma cidade grande, isso já o interessou. Estava um pouco cansado, mesmo antes do acidente, de tantas cidades cheias de barulho, gente de um lado para outro, a falta de educação e tudo mais dos grandes centros.<
A porta já estava entreaberta e Beatriz bateu de leve.— Oi! Bom dia! – aguardou — Tem alguém aqui? Eu vim para fazer a limpeza da cabana.Ela bateu na porta de novo e abriu devagar olhando para dentro. Não houve resposta ao seu chamado. Mas ela tinha que completar o serviço. Olhou na lateral, mas não viu nenhum carro.Então a cabana ainda estava vazia. Talvez o novo inquilino ainda não tivesse feito toda a mudança e ela teria tempo para fazer uma boa limpeza antes que chegasse.Entrou pela cozinha e viu que algumas caixas estavam em um canto perto de um aquecedor, um casaco estava pendurado atrás da porta, duas malas em cima do tapete e umas