A porta já estava entreaberta e Beatriz bateu de leve.
— Oi! Bom dia! – aguardou — Tem alguém aqui? Eu vim para fazer a limpeza da cabana.
Ela bateu na porta de novo e abriu devagar olhando para dentro. Não houve resposta ao seu chamado. Mas ela tinha que completar o serviço. Olhou na lateral, mas não viu nenhum carro.
Então a cabana ainda estava vazia. Talvez o novo inquilino ainda não tivesse feito toda a mudança e ela teria tempo para fazer uma boa limpeza antes que chegasse.
Entrou pela cozinha e viu que algumas caixas estavam em um canto perto de um aquecedor, um casaco estava pendurado atrás da porta, duas malas em cima do tapete e umas
Pediu conselho a pessoas mais velhas e lhe disseram como agir. Ela compareceu junto com os irmãos para falar com a juíza, que foi compreensiva e lhe deu uma chance de provar que poderia cuidar de si mesma e dos irmãos.Eles ficaram sob observação durante um ano e ela correu para se ajustar á nova situação. Tudo o que não podia aceitar era que a afastassem de seus irmãos. E de tempos em tempos aparecia algum oficial enviado pela juíza para verificar como as coisas estavam indo. Ela conseguiu algumas casas e comércios para limpar e assumiu o papel de sua mãe dentro e fora de casa. As pessoas a ajudavam. Nunca mentiu sobre sua situação e explicava o motivo de precisar da faxina. Por sorte muitos ajudavam. Era uma troca.
Sentiu algo ao tocar sua pele. Observou como era bonita.O cabelo foi o que logo chamou sua atenção. Era de um castanho forte, escuro e deixava alguns fios escaparem da longa trança que o prendia. Era bem longo.Os olhos castanhos estavam arregalados e expressavam surpresa e raiva. A boca bem feita e bicuda era de um vermelho natural, ela não estava usando batom. Era magra, parecia frágil também. Tinha a cintura fina e pernas compridas, mas não era muito alta. A cabeça dela só chegava até seu ombro. Tinha que erguer o rosto para olhar para ele.Ele gostou de suas curvas, pelo menos o que dava para ver naquela roupa sem graça. E era bem feminina, mesmo com aquela cara de
E o olhar dela lhe mostrava isso. Estava assustada.“Porra! Dessa vez exagerei.”— Eu... Foi mal, eu sinto muito... De verdade.Ele se aproximou dela e esticou a mão, mas quando ela não a segurou, viu que tinha mesmo passado do limite e nem ele entendia porque tinha agido assim.Criou coragem e pegou sua mão, mesmo com receio de levar outra bofetada. A puxou e devagar ela deixou que ele a abraçasse e ficou quieta enquanto ele alisava seus cabelos.Beatriz nem se lembrava da última vez que tinha sido abraçada e confortada. A não ser por seus irmãos.
Beatriz ainda estava um pouco nervosa quando entrou na rua de sua casa. Ela saiu rápido da fazenda, dirigindo quase como uma boneca, dura e travada no banco.Sua cabeça cheia só pensava em chegar logo e se enfiar em casa, onde ficaria mais tranquila e onde poderia se salvar das loucuras do mundo. Ou pelo menos do mais recente maluco que chegara em sua vida.Foi tudo tão inesperado e aconteceu tão rápido e estranho que ela precisava ficar quieta em seu cantinho, em seu quarto, para analisar e pensar direito no que tinha acontecido. O homem era fora da casinha com certeza.Tinha um modo muito impulsivo de agir e parecia achar que estava sempre certo.Ela estava mais confusa com sua
Em poucos meses ele faria vinte anos e tinha interesse em estudar ciência da computação, que era algo que estava dando muitas oportunidades atualmente. Tinha vários interesses, mesmo sendo um diferente do outro.Mas o que importava é que ele estava pensando em seu futuro e estava se organizando cada vez mais.Bianca tinha muito jeito com bonecas e sempre que podia estava no quarto que usavam como escritório e estúdio fazendo alguma com em algum modelo diferente. E ela começava a ter sucesso com suas bonecas. Duas lojas do centro tinham comprados algumas, o que lhe rendeu um bom dinheiro e agora ela tinha recebido outra encomenda.Aos poucos as pessoas iam conhecendo o seu trabalho. Isso a deixava animada. E ela também ficava feliz pelo sucesso da irmã.
Era até engraçado o modo deles de cuidar dela.— Você não precisa se preocupar em ir bater em ninguém - ela riu — E o Humberto estava lá na hora. O cara entendeu.Pelo menos ela esperava que tivesse entendido.— É bom mesmo - apontou — Não me importo de dar um chega pra lá em ninguém. E esse engano não te causou problemas na fazenda?— Graças a Deus, não - coçou a cabeça — Foi bem chato na hora, confesso, mas foi só um mal entendido mesmo.— E não houve mais nada depois disso? - Bianca franziu a testa — Humberto não reclamou c
— Ah, vou sim - se virou e saiu andando — O vizinho da frente já está na janela de olho no movimento aqui. E não quero que fiquem falando. Entre de uma vez!Meio perdido, Bruno abriu espaço para Gustavo entrar e depois fechou a porta, enquanto Bianca seguia atrás dele. Ela analisou o homem rápido e viu que suas roupas eram caras e de marca.— Você é de fora, né? - ela meneou a cabeça.—Sou sim - ele parou — Cheguei há poucos dias emTorres.— Vocês vão ficar aí na sala? - Beatriz disse alto.Ela seguiu para a cozinha carregando as flores. Se quisessem eles que fossem
Gustavo sentiu vontade de rir e ficou sem ação diante desse interesse genuíno deles. Nem se lembrava de quando alguém quis mesmo saber de saúde. E se queriam, geralmente era só para saber se não haveria algum tipo de prejuízo relacionado a eles.— Não, está tudo bem. Infelizmente eu sofri um acidente de carro há um tempo atrás e foi muito grave - esfregou as mãos nas coxas, relutante em contar — Quase morri na verdade e fiquei com alguns problemas como sequelas e ainda estou me recuperando. É isso.— Nossa, eu sinto muito. Deve ter sido horrível - Beatriz o encarou preocupada, recordando o acidente que matou sua mãe.— Bem, foi um período muito difí