Pediu conselho a pessoas mais velhas e lhe disseram como agir. Ela compareceu junto com os irmãos para falar com a juíza, que foi compreensiva e lhe deu uma chance de provar que poderia cuidar de si mesma e dos irmãos.
Eles ficaram sob observação durante um ano e ela correu para se ajustar á nova situação. Tudo o que não podia aceitar era que a afastassem de seus irmãos. E de tempos em tempos aparecia algum oficial enviado pela juíza para verificar como as coisas estavam indo.
Ela conseguiu algumas casas e comércios para limpar e assumiu o papel de sua mãe dentro e fora de casa. As pessoas a ajudavam. Nunca mentiu sobre sua situação e explicava o motivo de precisar da faxina. Por sorte muitos ajudavam. Era uma troca.
Sentiu algo ao tocar sua pele. Observou como era bonita.O cabelo foi o que logo chamou sua atenção. Era de um castanho forte, escuro e deixava alguns fios escaparem da longa trança que o prendia. Era bem longo.Os olhos castanhos estavam arregalados e expressavam surpresa e raiva. A boca bem feita e bicuda era de um vermelho natural, ela não estava usando batom. Era magra, parecia frágil também. Tinha a cintura fina e pernas compridas, mas não era muito alta. A cabeça dela só chegava até seu ombro. Tinha que erguer o rosto para olhar para ele.Ele gostou de suas curvas, pelo menos o que dava para ver naquela roupa sem graça. E era bem feminina, mesmo com aquela cara de
E o olhar dela lhe mostrava isso. Estava assustada.“Porra! Dessa vez exagerei.”— Eu... Foi mal, eu sinto muito... De verdade.Ele se aproximou dela e esticou a mão, mas quando ela não a segurou, viu que tinha mesmo passado do limite e nem ele entendia porque tinha agido assim.Criou coragem e pegou sua mão, mesmo com receio de levar outra bofetada. A puxou e devagar ela deixou que ele a abraçasse e ficou quieta enquanto ele alisava seus cabelos.Beatriz nem se lembrava da última vez que tinha sido abraçada e confortada. A não ser por seus irmãos.
Beatriz ainda estava um pouco nervosa quando entrou na rua de sua casa. Ela saiu rápido da fazenda, dirigindo quase como uma boneca, dura e travada no banco.Sua cabeça cheia só pensava em chegar logo e se enfiar em casa, onde ficaria mais tranquila e onde poderia se salvar das loucuras do mundo. Ou pelo menos do mais recente maluco que chegara em sua vida.Foi tudo tão inesperado e aconteceu tão rápido e estranho que ela precisava ficar quieta em seu cantinho, em seu quarto, para analisar e pensar direito no que tinha acontecido. O homem era fora da casinha com certeza.Tinha um modo muito impulsivo de agir e parecia achar que estava sempre certo.Ela estava mais confusa com sua
Em poucos meses ele faria vinte anos e tinha interesse em estudar ciência da computação, que era algo que estava dando muitas oportunidades atualmente. Tinha vários interesses, mesmo sendo um diferente do outro.Mas o que importava é que ele estava pensando em seu futuro e estava se organizando cada vez mais.Bianca tinha muito jeito com bonecas e sempre que podia estava no quarto que usavam como escritório e estúdio fazendo alguma com em algum modelo diferente. E ela começava a ter sucesso com suas bonecas. Duas lojas do centro tinham comprados algumas, o que lhe rendeu um bom dinheiro e agora ela tinha recebido outra encomenda.Aos poucos as pessoas iam conhecendo o seu trabalho. Isso a deixava animada. E ela também ficava feliz pelo sucesso da irmã.
Era até engraçado o modo deles de cuidar dela.— Você não precisa se preocupar em ir bater em ninguém - ela riu — E o Humberto estava lá na hora. O cara entendeu.Pelo menos ela esperava que tivesse entendido.— É bom mesmo - apontou — Não me importo de dar um chega pra lá em ninguém. E esse engano não te causou problemas na fazenda?— Graças a Deus, não - coçou a cabeça — Foi bem chato na hora, confesso, mas foi só um mal entendido mesmo.— E não houve mais nada depois disso? - Bianca franziu a testa — Humberto não reclamou c
— Ah, vou sim - se virou e saiu andando — O vizinho da frente já está na janela de olho no movimento aqui. E não quero que fiquem falando. Entre de uma vez!Meio perdido, Bruno abriu espaço para Gustavo entrar e depois fechou a porta, enquanto Bianca seguia atrás dele. Ela analisou o homem rápido e viu que suas roupas eram caras e de marca.— Você é de fora, né? - ela meneou a cabeça.—Sou sim - ele parou — Cheguei há poucos dias emTorres.— Vocês vão ficar aí na sala? - Beatriz disse alto.Ela seguiu para a cozinha carregando as flores. Se quisessem eles que fossem
Gustavo sentiu vontade de rir e ficou sem ação diante desse interesse genuíno deles. Nem se lembrava de quando alguém quis mesmo saber de saúde. E se queriam, geralmente era só para saber se não haveria algum tipo de prejuízo relacionado a eles.— Não, está tudo bem. Infelizmente eu sofri um acidente de carro há um tempo atrás e foi muito grave - esfregou as mãos nas coxas, relutante em contar — Quase morri na verdade e fiquei com alguns problemas como sequelas e ainda estou me recuperando. É isso.— Nossa, eu sinto muito. Deve ter sido horrível - Beatriz o encarou preocupada, recordando o acidente que matou sua mãe.— Bem, foi um período muito difí
Isso só o fazia perder o interesse. Nunca gostou das mesmas coisas que os outros. E se fosse se envolver com alguém ela teria que se destacar das outras. Nunca se contentou com o mesmo da maioria. De que adianta ter uma pessoa ao lado se ela é um robô que segue as tendências?O que queria era conhecer uma garota diferente, mas nem ali estava escapando. Até Morgô que logo se pendurou em seu braço era mais do mesmo. Aliás, ela queria ser assim. Uma pena, era muito bonita, mas sem conteúdo.Quando terminaram de jantar, os irmãos levantaram e começaram a organizar a louça, cada um fazendo algo e ele ficou sem jeito de ficar ali parado.— Eu posso ajudar em