Beatriz ainda estava um pouco nervosa quando entrou na rua de sua casa. Ela saiu rápido da fazenda, dirigindo quase como uma boneca, dura e travada no banco.
Sua cabeça cheia só pensava em chegar logo e se enfiar em casa, onde ficaria mais tranquila e onde poderia se salvar das loucuras do mundo. Ou pelo menos do mais recente maluco que chegara em sua vida.
Foi tudo tão inesperado e aconteceu tão rápido e estranho que ela precisava ficar quieta em seu cantinho, em seu quarto, para analisar e pensar direito no que tinha acontecido.
O homem era fora da casinha com certeza.Tinha um modo muito impulsivo de agir e parecia achar que estava sempre certo.
Ela estava mais confusa com sua
Em poucos meses ele faria vinte anos e tinha interesse em estudar ciência da computação, que era algo que estava dando muitas oportunidades atualmente. Tinha vários interesses, mesmo sendo um diferente do outro.Mas o que importava é que ele estava pensando em seu futuro e estava se organizando cada vez mais.Bianca tinha muito jeito com bonecas e sempre que podia estava no quarto que usavam como escritório e estúdio fazendo alguma com em algum modelo diferente. E ela começava a ter sucesso com suas bonecas. Duas lojas do centro tinham comprados algumas, o que lhe rendeu um bom dinheiro e agora ela tinha recebido outra encomenda.Aos poucos as pessoas iam conhecendo o seu trabalho. Isso a deixava animada. E ela também ficava feliz pelo sucesso da irmã.
Era até engraçado o modo deles de cuidar dela.— Você não precisa se preocupar em ir bater em ninguém - ela riu — E o Humberto estava lá na hora. O cara entendeu.Pelo menos ela esperava que tivesse entendido.— É bom mesmo - apontou — Não me importo de dar um chega pra lá em ninguém. E esse engano não te causou problemas na fazenda?— Graças a Deus, não - coçou a cabeça — Foi bem chato na hora, confesso, mas foi só um mal entendido mesmo.— E não houve mais nada depois disso? - Bianca franziu a testa — Humberto não reclamou c
— Ah, vou sim - se virou e saiu andando — O vizinho da frente já está na janela de olho no movimento aqui. E não quero que fiquem falando. Entre de uma vez!Meio perdido, Bruno abriu espaço para Gustavo entrar e depois fechou a porta, enquanto Bianca seguia atrás dele. Ela analisou o homem rápido e viu que suas roupas eram caras e de marca.— Você é de fora, né? - ela meneou a cabeça.—Sou sim - ele parou — Cheguei há poucos dias emTorres.— Vocês vão ficar aí na sala? - Beatriz disse alto.Ela seguiu para a cozinha carregando as flores. Se quisessem eles que fossem
Gustavo sentiu vontade de rir e ficou sem ação diante desse interesse genuíno deles. Nem se lembrava de quando alguém quis mesmo saber de saúde. E se queriam, geralmente era só para saber se não haveria algum tipo de prejuízo relacionado a eles.— Não, está tudo bem. Infelizmente eu sofri um acidente de carro há um tempo atrás e foi muito grave - esfregou as mãos nas coxas, relutante em contar — Quase morri na verdade e fiquei com alguns problemas como sequelas e ainda estou me recuperando. É isso.— Nossa, eu sinto muito. Deve ter sido horrível - Beatriz o encarou preocupada, recordando o acidente que matou sua mãe.— Bem, foi um período muito difí
Isso só o fazia perder o interesse. Nunca gostou das mesmas coisas que os outros. E se fosse se envolver com alguém ela teria que se destacar das outras. Nunca se contentou com o mesmo da maioria. De que adianta ter uma pessoa ao lado se ela é um robô que segue as tendências?O que queria era conhecer uma garota diferente, mas nem ali estava escapando. Até Morgô que logo se pendurou em seu braço era mais do mesmo. Aliás, ela queria ser assim. Uma pena, era muito bonita, mas sem conteúdo.Quando terminaram de jantar, os irmãos levantaram e começaram a organizar a louça, cada um fazendo algo e ele ficou sem jeito de ficar ali parado.— Eu posso ajudar em
— E espero que seja compreendido - ela apontou.Beatriz entrou nesse instante na cozinha e franziu os olhos ao ver os três calados. Eles pareciam sérios demais e o silêncio era estranho.— Credo... Aconteceu algo em minha ausência? - colocou a mão na cintura — Vocês falaram besteiras?— Não, ao contrário - Gustavo respondeu.— Nadica de nada - Bianca riu — A gente só estava se conhecendo. Né mesmo? — Isso aí - ele riu também — Seus irmãos só estavam me falando sobre as coisas... Aqui na cidade. Sabe como é...
Quando Gustavo saiu da cabana pela manhã, viu um grupo de garotas entrando na propriedade, carregando material de limpeza. Agora já era tarde, quase noite e ele ainda não tinha visto Beatriz na fazenda.Ele tinha acordado logo cedo e começado a fazer pesquisas sobre lugares á venda e também saiu para almoçar no centro e conhecer um pouco o movimento da cidade.Pegou uns panfletos com divulgação de algumas lojas. Desde que chegara só tinha saído duas vezes e sempre com Margô ao seu lado e ela só o levava a lugares que para ele não eram novidade.Lojas cheias de coisas caras ele conhecia aos montes e fora isso o clube que ela o levou também não oferecia nada de dif
Já tinham passado por quatro lojas, mas Beatriz tinha comprado poucos ornamentos e não quis comprar uma árvore de natal sem antes ver o preço em outro lugar.— Eu sempre dou uma volta por aí, no mínimo em três locais diferentes para comparar.— No mínimo? Sério? - fez uma careta e ela riu.— Não se preocupe, só vou entrar em mais uma, prometo - o puxou — Depois podemos ir embora.Ela não parecia notar que as pessoas ficavam observando quando eles passavam e quando ela o puxou pelo braço, uma senhora que olhava a prateleira, cutucou a garota que estava ao lado para ela olhar també