Já tinham passado por quatro lojas, mas Beatriz tinha comprado poucos ornamentos e não quis comprar uma árvore de natal sem antes ver o preço em outro lugar.
— Eu sempre dou uma volta por aí, no mínimo em três locais diferentes para comparar.
— No mínimo? Sério? - fez uma careta e ela riu.
— Não se preocupe, só vou entrar em mais uma, prometo - o puxou — Depois podemos ir embora.
Ela não parecia notar que as pessoas ficavam observando quando eles passavam e quando ela o puxou pelo braço, uma senhora que olhava a prateleira, cutucou a garota que estava ao lado para ela olhar també
— Exato, nem perguntou -a abriu as mãos — Como saberia? E você estava acompanhado. Eu me lembro.Ele também lembrava bem. Estava com Margô que ficou no carro e ainda fez piada sobre ele tê-la confundido com um rapaz.Marta os chamou e eles foram até o fundo da loja onde ele havia deixado o estacionado e Gustavo conseguiu com a ajuda do funcionário, guardar sem problema a caixa comprida da árvore que seria montada depois com toda calma.Não foi tão difícil como ela pensou que seria. Foi apenas baixar o banco um pouco para apoiar a caixa e pronto, deu certinho.E ele achou engraçado ver que ela nem pensou qu
— Não sei como essas coisas acontecem - Beatriz disse, puxando um cordão — Todo ano é sempre assim. Depois que a gente usa a decoração, nós guardamos tudo com cuidado e quando vamos usar de novo no ano seguinte, tem um monte de luzes queimadas - levantou o cordão de luzes coloridas emaranhado — E embola tudo... Meu Deus...Só pode ser magia - riu.— Me deixe tentar separar - ele pegou o cordão da mão dela — Eu posso ter sorte de principiante.— Ok.Seus dedos se tocaram e ele sentiu pequenos choques. A olhou sem poder segurar um sorriso ao sentir um calor gostoso de sua mão pequena e macia. Para distrair a mente disso ele desviou o olh
— Eu gosto muito da época do Natal - ela suspirou — Me traz boas lembranças e também tudo fica mais bonito, mais calmo. As pessoas parecem que ficam mais emotivas e menos ranzinzas - mexeu em uma bola dourada — As cores e brilhos enchem as ruas e as casas e tudo fica mais bonito – mexeu o ombro — Isso dá mais ânimo, ainda que as coisas não estejam boas ou que não mudem de imediato, mas é importante sentir que está bem e ter esperança de melhora.— Você é emocional demais - disse sério.—É... Acho que sou sim. Acho que o Natal é simbólico - deu de ombros de novo — É mais do que só gastar em compras, mesmo tendo essa função básica. É só olhar pe
— Parece que cada um tem uma veia artística para algo diferente. Devem aproveitar.— Eu gosto de me dedicar a alguns projetos diferentes, mas o que mais me falta é tempo. Quando dá, eu faço um pouco mais.E realmente ela usava mais seus finais de semana para se dedicar a trabalhos que gostava e para ajudar os irmãos, porque durante a semana tinha as obrigações da casa e também o trabalho na pequena agência de serviços de limpeza e isso lhe tomava boa parte do dia.Quando conseguia um feriado ou um tempinho extra, ia em asilos ou orfanatos para ajdar.Quando chegava ainda com energia para algo ou ideias novas, se trancava no quartinho onde usava como ateliê e de
— Está certa - ele riu assentindo — É difícil se manter fora do que está na moda. A mídia consegue manipular e empurra coisa nova todo dia em cima de nós. E muitas nem precisamos.— Isso não é moda - ela balançou a cabeça — É vício. As pessoas compram coisas todos os dias e a maioria nem sabe porque está comprando e ás vezes nem percebe. Só saem por aí como robôs. Se não preciso de algo não tenho porque comprar.— Aprendeu com nossa mãe - Bruno se jogou no sofá.— É verdade. E com o pai também. Tem muita coisa que nossos pais faziam que eu repito. Se dá certo, porque mudar
Uma pancada de algo que caía vindo do quarto onde Bianca estava trabalhando lhe despertou para a situação e achou melhor parar por enquanto antes que fossem pegos. Quando se afastou ela não entendeu e o olhou desconfiada.— Seus irmãos - apontou para cima e na direção do corredor.— Oh, meu Deus... - cobriu o rosto com as mãos — É verdade... Eu acabei me esquecendo deles em casa - disse sem jeito.— Tudo bem - riu e beijou-a rápido — A gente vai ter tempo para mais em outra oportunidade.Só então ela se tocou que tinha feito algo que nunca fizera antes e com um estranho. Dentro de su
Gustavo só acordou quando o som insistente do despertador gritou próximo ao seu ouvido. Se virou com um resmungo alto, xingou e bateu a mão com força em cima do aparelho que silenciou.Ele abriu um olho ainda resmungando e verificou a hora. Pouco mais de sete da manhã e ele tinha acertado que iria tomar o café na casa de Beatriz. Ele nunca tinha passado da hora, mas se sentia cansado quando chegou e ficou ainda enrolando na cama, pensando no que tinha feito na casa dela.Sentou e esticou os braços, depois estalou o pescoço. Estava um pouco dolorido porque dormira com o travesseiro dobrado. Tentou ler para pegar no sono após chegar da casa dela e ficar ainda pensando neles juntos e elevou o travesseiro, deitan
— Você é curioso além da conta - Bianca o repreendeu.— Ah, nada demais - apertou o lábio —Tenho um almoço marcado e acho que vou pesquisar mais alguns lugares por aqui depois.— E você vai almoçar onde?— Meu Deus... Garoto - Beatriz lhe deu um tapa na mão.— Na casa da Margô... Você lembra? - olhou para ela. Não deveria ter falado — A garota que estava comigo naquela noite do atoleiro.E como ela lembrava. Margô era muito conhecida e uma metidinha a besta que adorava exibir seus namorados e sua riqueza pela cidade. A família dela era uma das mais antigas da cidade e se