— Você é curioso além da conta - Bianca o repreendeu.
— Ah, nada demais - apertou o lábio —Tenho um almoço marcado e acho que vou pesquisar mais alguns lugares por aqui depois.
— E você vai almoçar onde?
— Meu Deus... Garoto - Beatriz lhe deu um tapa na mão.
— Na casa da Margô... Você lembra? - olhou para ela. Não deveria ter falado — A garota que estava comigo naquela noite do atoleiro.
E como ela lembrava. Margô era muito conhecida e uma metidinha a besta que adorava exibir seus namorados e sua riqueza pela cidade. A família dela era uma das mais antigas da cidade e se
Ele gostava de uma boa conversa que não fosse apenas sobre o preço das bolsas, o sapato novo, o corte de cabelo da moda ou o lançamento de um perfume.Durante todo o tempo ele tentou não fazer comparações, mas foi quase impossível. Margô era muito afetada. Até para andar ela fazia charme para chamar atenção. Poderia ser uma ótima e divertida amiga, mas com certeza não poderia ser alguém para se levar a sério.As opiniões dela chegavam a ser infantis ás vezes. Dava para perceber que o pai não aceitava seu comportamento, mas por educação não dizia nada.— Foi bom conhecer você, Gustavo. Espero vê-lo mais vezes – estendeu a mã
Para ela escolheu uma correntinha delicada, como a via. Era de ouro e tinha um pingente pequeno no centro de flor e o miolo da flor era uma pedrinha vermelha. Para Bruno escolheu um par de tênis de cor preta com a ajuda de uma vendedora da loja. E para Bianca escolheu um estojo com canetas variadas para pintura em tecido que vinha com modelos pré-prontos.Foi até curioso porque quando ela lhe questionou sobre o número do tênis, ele não fazia ideia. Quando disse que seria para um novo amigo e citou o nome sem querer a vendedora sorriu e disse que conhecia a família.Claro, talvez toda a cidade os conhecesse. Ela lhe disse que já havia vendido sapatos para eles e soube certinho qual ele iria g
Todos os momentos entre eles até ali ela estava achando perfeito. Queria que isso crescesse. Só que não dependia só dela.Poucas vezes quando questionado, ele foi fundo ao falar em seu modo de viver, mas o pouco que soube lhe dizia que apesar da cara fechada na maioria das vezes e da cicatriz que lhe marcava o rosto, era um homem bom e que já havia passado por grandes problemas no passado.E era algo difícil alguém dizer que não tinha marcas em sua vida. Muitas vezes as pessoas sofriam caladas.E ela também se abriu um pouco para ele, não muito para não encher a paciência dele que parecia ser curta. Até gostou que se interessou por suas ideias e deu apoio para Bianca criar as bonecas que doava e vendia e ele
— Sabe bem que aquela ali não dá ponto sem nó.— Pior que sei... E como sei - torceu a boca de novo.Por duas vezes já tivera aborrecimentos com Margô. Não era uma pessoa muito fácil de lidar e ela fazia questão de ser antipática, pelo menos para seu lado.Certa vez tinha sido em uma padaria no centro quando estava em uma fila e ela chegou passando na frente de todos os que estavam lá. Quase deu briga. E cismou que tinha sido ela quem reclamou de sua falta de respeito, quando na realidade foi uma senhora bem á frente.De outra vez foi quando ela fazia um serviço de limpeza na casa de amigos de seus pais e ela chegou junto com a amiga, já falando
— Isso é verdade, mas, pense nisso. Podem ter muito sucesso com isso. Eu seria cliente fixa - saiu rindo.Ela ficou mais uns minutinhos de papo com o grupo e depois se despediu. Tinha que voltar pra casa.*******— Gostei da bolsa. Vou ligar depois para agradecer.Bianca recebeu os dois pacotes que ela tinha trazido do centro espírita. Os amigos não esqueceram nem de Bruno e enviaram presentes para ele também. Para Bianca uma bolsa, um caderno de anotações decorado e uma sacola cheia de revistas com modelos de bonecas de pano pa
— O que você ganhou, Be? - ela mostrou o presente na caixinha — Uau, muito bonito. Parece a sua cara mesmo. E parece caro.— Então, eu acertei mesmo? - ele fez uma cara engraçada pelo comentário de Bruno.— Com certeza - Bianca respondeu.— Eu amei - ela retirou a correntinha da caixinha — Me ajuda a fechar, quero usar agora.Gustavo passou a corrente pelo pescoço dela e seus dedos tocaram sua pele quando apertou o fecho. Ela correu para se olhar no espelho do banheiro social e voltou com um sorriso enorme, tocando a pequena jóia.— Eu amei, muito obrigada! - segurou o pingente.
Beatriz notou que Gustavo começava a mancar mais pesado e se preocupou. Talvez ela não devesse ter inventado de sair com ele naneve para entregar os presentes. Sua feição estava fechada e poderia até estar com dor.— Acho melhor a gente sentar um pouco quando chegarmos, assim descansamos.— Olha, eu não quero que fique com pena de mim tá legal... Não sou um maldito aleijado. Posso andar - disse aborrecido.— Nossa... E falar sem pensar também, né? - ela se espantou — Eu só quis aliviar um pouco. Você me parece incomodado... E não acho que seja aleijado e menos ainda maldito... Me desculpe, foi só uma preocupação -
No momento em que ele a puxou pela mão e segurou seu rosto para um beijo lento e demorado, ela esqueceu de pensar. Quase esqueceu até de respirar.Não tinha como fazer isso sentindo o gosto da boca dele e o modo como seu corpo se acendia enquanto ele acariciava seu rosto com os dedos. Ficava emocionada pelo seu carinho.Gustavo estava ansioso por este momento em que ficaria sozinho com ela. Seu corpo lhe pedia para se unir ao dela.O modo suave como ele começou o beijo a levou a recordar de um filme antigo onde o mocinho se declarava para a mocinha e depois a beijava assim. Sua mente viajava para seus filmes românticos. Estava se sentindo encantada com aquilo. E era Natal. Estava tudo perfeito!