— Sabe bem que aquela ali não dá ponto sem nó.
— Pior que sei... E como sei - torceu a boca de novo.
Por duas vezes já tivera aborrecimentos com Margô. Não era uma pessoa muito fácil de lidar e ela fazia questão de ser antipática, pelo menos para seu lado.
Certa vez tinha sido em uma padaria no centro quando estava em uma fila e ela chegou passando na frente de todos os que estavam lá. Quase deu briga. E cismou que tinha sido ela quem reclamou de sua falta de respeito, quando na realidade foi uma senhora bem á frente.
De outra vez foi quando ela fazia um serviço de limpeza na casa de amigos de seus pais e ela chegou junto com a amiga, já falando
— Isso é verdade, mas, pense nisso. Podem ter muito sucesso com isso. Eu seria cliente fixa - saiu rindo.Ela ficou mais uns minutinhos de papo com o grupo e depois se despediu. Tinha que voltar pra casa.*******— Gostei da bolsa. Vou ligar depois para agradecer.Bianca recebeu os dois pacotes que ela tinha trazido do centro espírita. Os amigos não esqueceram nem de Bruno e enviaram presentes para ele também. Para Bianca uma bolsa, um caderno de anotações decorado e uma sacola cheia de revistas com modelos de bonecas de pano pa
— O que você ganhou, Be? - ela mostrou o presente na caixinha — Uau, muito bonito. Parece a sua cara mesmo. E parece caro.— Então, eu acertei mesmo? - ele fez uma cara engraçada pelo comentário de Bruno.— Com certeza - Bianca respondeu.— Eu amei - ela retirou a correntinha da caixinha — Me ajuda a fechar, quero usar agora.Gustavo passou a corrente pelo pescoço dela e seus dedos tocaram sua pele quando apertou o fecho. Ela correu para se olhar no espelho do banheiro social e voltou com um sorriso enorme, tocando a pequena jóia.— Eu amei, muito obrigada! - segurou o pingente.
Beatriz notou que Gustavo começava a mancar mais pesado e se preocupou. Talvez ela não devesse ter inventado de sair com ele naneve para entregar os presentes. Sua feição estava fechada e poderia até estar com dor.— Acho melhor a gente sentar um pouco quando chegarmos, assim descansamos.— Olha, eu não quero que fique com pena de mim tá legal... Não sou um maldito aleijado. Posso andar - disse aborrecido.— Nossa... E falar sem pensar também, né? - ela se espantou — Eu só quis aliviar um pouco. Você me parece incomodado... E não acho que seja aleijado e menos ainda maldito... Me desculpe, foi só uma preocupação -
No momento em que ele a puxou pela mão e segurou seu rosto para um beijo lento e demorado, ela esqueceu de pensar. Quase esqueceu até de respirar.Não tinha como fazer isso sentindo o gosto da boca dele e o modo como seu corpo se acendia enquanto ele acariciava seu rosto com os dedos. Ficava emocionada pelo seu carinho.Gustavo estava ansioso por este momento em que ficaria sozinho com ela. Seu corpo lhe pedia para se unir ao dela.O modo suave como ele começou o beijo a levou a recordar de um filme antigo onde o mocinho se declarava para a mocinha e depois a beijava assim. Sua mente viajava para seus filmes românticos. Estava se sentindo encantada com aquilo. E era Natal. Estava tudo perfeito!
— Por que não ficamos aqui mesmo? Está bom aqui.Ele retirou a mão de sua calça e a olhou sério, o semblante fechado, pensativo. Óbvio que não.— Ficar aqui para quê? - mexeu a cabeça — Tanto seus irmãos vão voltar da casa dos amigos como o sofá é apertado para nós dois. Não dá pra ficar aqui.— E já não estamos aqui de boa? - ficou vermelha.— E por acaso acha bom trocar carícias em um sofá? É isso que é ficar de boa pra você? - ele deu um sorriso de lado.Ela
Ela entendia que ele pensava diferente, só não sabia porquê e isso a magoava tanto. Ela não era uma tonta, apenas tinham ideias diferentes, mas não queria que ele se perdesse ou estragasse o que tinham começado. Se ele a entendesse isso poderia mudar.— Gustavo... Só quero que você entenda o que eu...— Não! - levantou a mão — Se você acha que seguir o velho conto de caça e caçador vai funcionar comigo, está muito enganada. Não tenho tempo e nem quero ter para isso. Esse jogo já passa por minha vida há tempos e não quero repetir. Me afastei de onde morava por isso também. Pode tirar o cavalo da chuva, não vou participar.— Já disse
Gustavo acordou e de novo seu despertador enchia o quarto pequeno da cabana com o barulho irritante do bip. Ou talvez ele estivesse se irritando com tudo.Estava muito chateado, talvez mesmo ainda com raiva e decepcionado. Só que precisava definir bem o motivo da raiva e por quem.Sentou depressa, pegou o pequeno aparelho barulhento e o jogou contra a parede com força, que se partiu caindo no chão. Pronto, o som irritante parou de vez. Suspirou fundo mexendo no cabelo desalinhado pelo pouco sono da noite anterior em que ficou horas olhando para o teto de madeira escura pensando no que tinha acontecido na casa de Beatriz.Estava se sentindo muito frustrado de novo. Com ele e com ela. Com tudo na verda
E ela o tentava muito, não dava pra negar, mas ele não queria ficar só de namorinho, não tinha idade pra isso e nunca foi disso. Tinha que falar com ela e resolver o impasse para tudo voltar ao normal.S[o que antes seria bom um banho para acordar as ideias. Se fosse voltar a se envolver com ela teria que manter a calma. Não dava pra ir depressa. E ele era acostumado a ser assim.Se enfiou embaixo do chuveiro e deixou a água morna descer pelo corpo. As imagens dela não saíam de sua cabeça. Seu sorriso e também a surpresa em seu rosto quando ele a deixou de forma abrupta. Sabia que a tinha magoado e isso era o que mais o incomodava agora. Iria corrigir isso, se ela deixasse, c