— Por que não ficamos aqui mesmo? Está bom aqui.
Ele retirou a mão de sua calça e a olhou sério, o semblante fechado, pensativo. Óbvio que não.
— Ficar aqui para quê? - mexeu a cabeça — Tanto seus irmãos vão voltar da casa dos amigos como o sofá é apertado para nós dois. Não dá pra ficar aqui.
— E já não estamos aqui de boa? - ficou vermelha.
— E por acaso acha bom trocar carícias em um sofá? É isso que é ficar de boa pra você? - ele deu um sorriso de lado.
Ela
Ela entendia que ele pensava diferente, só não sabia porquê e isso a magoava tanto. Ela não era uma tonta, apenas tinham ideias diferentes, mas não queria que ele se perdesse ou estragasse o que tinham começado. Se ele a entendesse isso poderia mudar.— Gustavo... Só quero que você entenda o que eu...— Não! - levantou a mão — Se você acha que seguir o velho conto de caça e caçador vai funcionar comigo, está muito enganada. Não tenho tempo e nem quero ter para isso. Esse jogo já passa por minha vida há tempos e não quero repetir. Me afastei de onde morava por isso também. Pode tirar o cavalo da chuva, não vou participar.— Já disse
Gustavo acordou e de novo seu despertador enchia o quarto pequeno da cabana com o barulho irritante do bip. Ou talvez ele estivesse se irritando com tudo.Estava muito chateado, talvez mesmo ainda com raiva e decepcionado. Só que precisava definir bem o motivo da raiva e por quem.Sentou depressa, pegou o pequeno aparelho barulhento e o jogou contra a parede com força, que se partiu caindo no chão. Pronto, o som irritante parou de vez. Suspirou fundo mexendo no cabelo desalinhado pelo pouco sono da noite anterior em que ficou horas olhando para o teto de madeira escura pensando no que tinha acontecido na casa de Beatriz.Estava se sentindo muito frustrado de novo. Com ele e com ela. Com tudo na verda
E ela o tentava muito, não dava pra negar, mas ele não queria ficar só de namorinho, não tinha idade pra isso e nunca foi disso. Tinha que falar com ela e resolver o impasse para tudo voltar ao normal.S[o que antes seria bom um banho para acordar as ideias. Se fosse voltar a se envolver com ela teria que manter a calma. Não dava pra ir depressa. E ele era acostumado a ser assim.Se enfiou embaixo do chuveiro e deixou a água morna descer pelo corpo. As imagens dela não saíam de sua cabeça. Seu sorriso e também a surpresa em seu rosto quando ele a deixou de forma abrupta. Sabia que a tinha magoado e isso era o que mais o incomodava agora. Iria corrigir isso, se ela deixasse, c
— Bem, então vá comer logo e se passar lá na Beatriz, não esquece de ir lá em casa está bem?— Pode deixar, não esqueço - trocou outro beijo com ela.Suzana lhe dera uma boa desculpa para aparecer mais tarde na casa de Beatriz e aproveitar para falar com ela. Usaria isso como descupa para estar por lá.Entrou e fez o pedido, indo para uma mesa perto da janela maior, onde podia ver o movimento lá fora. Como das outras vezes estava tudo muito bom e o café quentinho o ajudou a ter mais ânimo. Já quase no final de sua refeição ele ouviu chamarem seu nome e olhou para trás. Por sorte já ia mesmo levantar.
— Isso é verdade - disse Bruno.Ela sabia que os irmãos estavam certos. Ela mesma já notara isso em sua personalidade, mas ainda assim, gostava muito dele.— Eu sei... - coçou a testa — Só que eu acho melhor mesmo dar um tempo - suspirou — Vai que ele decidide que morar em Torres não serve pra ele? E aí? Se eu me envolver com ele e depois me dá o fora? Melhor assim. Deixa ele pensar bem.— E por que você não parece estar bem com isso? - Bruno largou o carretel e levantou.— Ah... Porque é chato... Foi chato na hora - segurou a vontade de chorar — Eu cheguei mesmo a pensar que... Talvez... Sei lá - largou a caixa — Dei
Ela tinha uma lista onde tudo o que era preciso fazer na casa era marcado depois de pronto para não se perderem. Desde que começaram a fazer uma reforma em partes a casa vinha melhorando. Logo estaria tudo certinho e novo em folha. Teriam mais tempo para curtir a casa reformada e sem preocupações.Não dava pra fazer tudo logo porque seria um custo muito alto, mas aos poucos iam fazendo dos mais urgentes até o mais simples. Algumas coisas menores, fáceis de arrumar, eles mesmos faziam ou então chamavam alguém para o conserto e quando pagavam o serviço iam para outra tarefa.Era prazeroso cuidar da casa onde viveram felizes ao lado dos pais antes de tudo acontecer. Mas agora era a casa deles e tinham que prezar isso também, cuidando bem do imóvel. Nos tempos atuais,
— E por que não o deixou falar mais? De repente poderiam se acertar. Ele me parecia mesmo arrependido.— É melhor assim - jogou o cabelo para trás — Não acho que seja bom perder mais o tempo dele - suspirou pegando o tecido jogado no sofá — E nem o meu. Vou ajudar a Bianca agora - saiu tentando se convencer de que fez o certo.Ela continuou o que estava fazendo antes, no pequeno ateliê, sem querer parar para pensar no que ele poderia ter lhe dito. Ele só queria um caso e ela não iria ceder, não era isso o que queria. Não foi criada dessa forma e se sentia bem seguindo o que acreditava. Cada um na sua.E depois, quando ele se enchesse dela ou até mesmo da cidade, como ela ficaria?
— Ah, eu tenho que manter a forma - gesticulou — E não como essas porcarias.— No entato fala muitas, não é? - Acácia disse parando ao lado de Beatriz.— Desculpe? - se fez de ofendida.— Está desculpada, por agora - Acácia olhou de cima até embaixo e respondeu rindo — Se não vai comprar nenhuma, “porcaria”, favor sair da fila que meus clientes estão esperando a vez deles e você só atrapalha - abanou a mão.Margô arregalu os olhos e saiu rápido de cara fechada mexendo no cabelo. Beatriz não segurou o riso.— Menina, o que foi isso