— Ah, eu tenho que manter a forma - gesticulou — E não como essas porcarias.
— No entato fala muitas, não é? - Acácia disse parando ao lado de Beatriz.
— Desculpe? - se fez de ofendida.
— Está desculpada, por agora - Acácia olhou de cima até embaixo e respondeu rindo — Se não vai comprar nenhuma, “porcaria”, favor sair da fila que meus clientes estão esperando a vez deles e você só atrapalha - abanou a mão.
Margô arregalu os olhos e saiu rápido de cara fechada mexendo no cabelo. Beatriz não segurou o riso.
— Menina, o que foi isso
Ainda teve ideias novas que anotou no caderno que Bianca deixava sempre á mão para quando surgisse algo novo. Era de grande ajuda porque assim não esquecia do que queria ou da nova ideia. Ela também era assim. Desde pequena tinha essa mania de escrever bastante e tinha vários cadernos com suas ideias escritas espalhadas pela casa. Até na cozinha, para o caso de querer criar alguma receita. E isso ajudava muito.Bruno ria disso e dizia que era viciada em cadernos, mas acabou pegando sua mania também e viu como era bom e facilitava a vida. E agora então, que ela estava envolvida em um novo projeto, um caderno por perto era necessário.Apertou o botão da máquina de costur
Não quis nem mesmo olhar para ver se ela ainda estava na cozinha. Apenas entrou na van de trabalho e saiu rápido de volta para casa. Não voltaria a fazer nenhum serviço naquela casa, mesmo que o pagamento fosse o triplo.Não valia a pena!*******Beatriz se sentiu muito magoada e ofendida.Ela nunca tinha dirigido sua velha van tão rápido assim, ansiosa para chegar logo em casa e se enfiar embaixo do chuveiro. Seu corpo estava frio, mas não pela neve ou pelo vento que soprava, mas sim pela raiva e tristeza de saber que Gustavo não perdera tempo e já estava realmente com Margô.
Ela era sem dúvida muito bonita e dona de um charme que atraía a muitos, mas esse tipo de charme ele já tivera demais e estava cansado dessa repetição. Viu que muitos ali estavam curiosos sobre eles serem ou não um casal e tentou deixar claro que não, que eram apenas amigos, apesar do esforço dela em mostrar o contrário.A casa era muito bonita, lembrava um pouco uma de suas propriedades que tinha colocado à venda, porém em um estilo mais casa do campo. Era muito bonita, moderna por dentro e com bastante flores em vasos decorados que faziam uma bonita decoração e muitas obras de artes, algumas bem antigas. Com certeza era uma família muito rica de
De repente esse pensamento o deixou com raiva. Não deveria haver essa separação. Ele já tinha estado do outro lado e sabia bem como era. E não gostava desse tipo de separação.Beatriz era uma boa pessoa e tinha uma vida organizada dentro do que ela podia fazer e de tudo o que já tinha aconteceido em sua vida e na da família. Eles também poderiam muito bem, estar ali no meio deles sem problemas.— O que foi? - ela o encarou.— Nada - pegou a taça que o garçom ofereceu — Vamos sentar um pouco? Já rodei demais pelo salão.— Vamos sim, tem uma mesa ali - apontou.
— E por acaso você não tem problemas? - fez cara de deboche — Acha que eu dou atenção a todos? Não perco meu tempo - se inclinou — Você deveria se sentir privilegiado, meu bem. Aposto como o seu tipo deve ser como aquela retardada, pobretona da Beatriz, com quem andou esses dias.— Cuidado. Não fale sobre ela - ficou sério.— Ela é só mais uma coitada sem classe. Os pais nunca tiveram dinheiro e ela também nunca vai ter - cruzou o braços com raiva — E eu fiz questão dela saber que nós estamos juntos, assim não fica dúvida na cabeça oca dela, para o caso de achar que tem chance contra mim - jogou o cabelo — Você vai ver que a melhor opção aqui na cidade sou eu, querido. N
Até que era muito bonito realmente. Ele não fazia a menor ideia de quando as decorações eram retiradas. Nunca se importou com esses detalhes. Mas, não era de todo culpado. A vida dele antes não tinha sido fácil e passou batido por essas coisas.Ele a viu do outro lado, parou e sorriu. Beatriz estava mais um pouco à frente com um grupo de pessoas e conversava animada com eles. Nem o viu chegar.Estava muito bonita e parecia uma menina com o cabelo trançado de lado caindo pelo grosso casaco vermelho escuro que ia até seus joelhos. Usava luvas e botas grossas pelo frio e na cabeça um gorro igual ao do velhino Noel. Nas orelhas pequenos brincos que balançavam quando ela ria. Tinha outra energia.
— Isso eu entendi - se ajeitou olhando em volta — Mas, você não deveria estar com... Outra pessoa? - procurou por Margô.— Não, não deveria - ele ficou sério. — E não quero falar sobre isso também.Ela poderia até perguntar mais coisas, era seu direito, só que não estava com esse tipo de curiosidade agora e queria ver o fogos que ainda estouravam no céu. Ela se virou e levantou o rosto para olhar para o céu iluminado com as cores dos fogos. Gustavo passou os braços em volta de seu corpo e a segurou apertado.Enquanto ela olhava concentrada para os fogos, ele descansou a cabeça em seu ombro e começou a falar baixin
Tirou as luvas grossas e acariciou seu rosto, correndo o dedo sobre a cicatriz que lhe marcava o rosto e a alma também. Ela conseguia entender seu sofrimento no começo, mas ele ainda não tinha compreendido que só ele poderia mudar agora.— ... E eu vivi anos com medo do futuro e quando consegui chegar a um ponto onde ninguém mais poderia me machucar, onde eu nunca mais teria medo do que viria, eu me fechei para as pessoas - abaixou a cabeça — Sempre tive amantes, mas nunca tive um amor de verdade. As mulheres só queriam minha posição e meu dinheiro. Não a mim.— Mas nem todas são assim, Gustavo. Você não pode colocar todas no mesmo nível - recostou a cabeça no banco.— E