Tirou as luvas grossas e acariciou seu rosto, correndo o dedo sobre a cicatriz que lhe marcava o rosto e a alma também. Ela conseguia entender seu sofrimento no começo, mas ele ainda não tinha compreendido que só ele poderia mudar agora.
— ... E eu vivi anos com medo do futuro e quando consegui chegar a um ponto onde ninguém mais poderia me machucar, onde eu nunca mais teria medo do que viria, eu me fechei para as pessoas - abaixou a cabeça — Sempre tive amantes, mas nunca tive um amor de verdade. As mulheres só queriam minha posição e meu dinheiro. Não a mim.
— Mas nem todas são assim, Gustavo. Você não pode colocar todas no mesmo nível - recostou a cabeça no banco.
— E
Gustavo esperou ansioso pela resposta.— Amanhã é um outro dia - ela disse, ainda pensativa e levantou o rosto. — Sim... Acho que a gente pode ficar juntos novamente.Ele ficou tão aliviado com essa resposta que a espremeu entre os braços. — Obrigado, carinho - alisou seu rosto — Você tirou um peso de cima de meus ombros - sorriu. — Eu estava com receio de que não me aceitasse de volta.— Eu aceito... Desde que você entenda mesmo que eu não vou mudar meu jeito e nem vou transar com você antes de me sentir confortável e segura, tudo bem? - ergueu a mão — E não venha me acusar de novo de ficar te provo
— Não é bom comer a essa hora, porque já está tarde, mas como é Ano Novo, tudo bem.Já era quase duas horas da madrugada. Desde que saíram da praça e acabaram ali o tempo correu sem nem perceberem. Ela pegou uma torta de chocolate com cobertura de chantilly e cortou uma fatia para cada um. Passou o pratinho com o garfo para ele.— Uau, muito gostosa a torta. Essa foi você quem fez? - mordeu um pedaço.— Foi sim - sorriu por ele ter gostado. — Dessa vez eu não deixei o Bruno fazer as sobremesas. Estava animada e queria ocupar o tempo. Assim passava mais depressa.Ele cobriu e apertou sua mão. Entendeu que ela queria se ocupar para não
Mas não tinha importância, ele poderia repetir depois. Com certeza isso era um indício de que as coisas voltavam a caminhar do jeito certo. Ela não iria relaxar em seus braços se não se sentisse segura.Sorriu sabendo que ela lhe dava mais um voto de confiança. Recostou a cabeça para trás e ficou pensando na noite.Ele acabou adormecendo também enquanto observava as luzes da árvore que piscavam coloridas. Que ele se recordava, essa era a primeira vez em sua vida que se sentia tão bem e relaxado dessa forma. Talvez pelo ambiente quente e aconchegante da sala, pelo sentimento de mais um ano que começava, por ter se aberto com ela. Não sabia bem qual o
Quando Gustavo se mexeu na cama, ele sentiu uma dor fina que vinha de suas costas e descia por suas pernas.— Ah, que merda... - se esticou — Deus... Ai... - espreguiçou devagar o corpo e sentiu outra fisgada.Ele sentou com calma, devagar, mexeu as mãos, os pés, a cabeça. Foi movimentando todo o corpo para esticar os músculos e as articulações. Ele ter passado da hora de tomar o remédio e ainda ficar andando de um lado para outro a noite anterior, prejudicou sua perna e dormir torto no sofá da casa de Beatriz, só fez mal para suas costas. Estava todo dolorido agora.— Nossa, eu par
O homem quis lhe pagar por ter devolvido, mas ele pediu que comprasse um remédio para dor. Explicou o que sentia. O professor foi com ele, comprou o remédio e ainda lhe comprou um lanche depois. Estava envergonhado, é claro, mas não iria negar a ajuda porque estava desesperado com o dente doendo muito.O homem insistiu em levá-lo a um dentista e ele acabou cedendo, indo em uma clínica pública de atendimento para pessoas carentes que não podiam pagar. Fizeram um tratamento e sua boca ficou boa. Depois disso ele nunca mais descuidou dos dentes e fez um tratamento caríssimo logo que pôde pagar.Ele ainda ficou amigo do professor e ia vê-lo na escola sempre que passava por p
Ela não iria mudar seu modo de ser só para agradá-lo. Se iriam ser um casal, poderiam tomar decisões juntos e entrar em acordo sobre certas coisas, mas sobre sexo ela não iria se jogar na cama com ele por mais que estivesse atraída. Antes precisava confiar e se sentir bem para isso. Não queria se arrepender depois, se desse um passo sem pensar só porque queria satisfazê-lo.Pelo menos estavam começando um novo relacionamento, em um novo ano juntos e em acordo com os sentimentos. Tinham conversado bem sobre essas coisas. Ela lhe daria toda atenção possível, mas esperava receber o mesmo. E respeito por seu modo de ser. E mais que isso, queria retribui&ccedi
Gustavo se sentiu realmente bem quando voltou á casa de Beatriz naquele dia primeiro. Os irmãos dela não perguntaram e nem comentaram nada sobre os acontecimentos anteriores a ele ter se afastado e nem se tocou no nome de Margô.Eles almoçaram, conversaram enquanto descansavam e depois foram dar uma olhada na parte do fundo do terreno, onde Bruno mantinha uma plantação pequena de girassóis e uma casinha de madeira, onde ele guardava as ferramentas e servia de depósito para outras tralhas.A casinha estava precisando de uma reforma, nada grande, apenas para melhorar e reforçar a aparência. Eles conversaram um pouco e os irmãos aceitaram que ele comprasse tinta para a madeira e algumas coisas
— Se guardar assim solto, no natal que vem vai estar tudo embolado de novo e vai estragar.— A gente desfaz como sempre... Dãaa....— Vai queimar o pisca, Bruno - Bianca pegou da mão dele.— Então guarda você, chata - fez careta.Foi algo que ele nunca pensou em presenciar e gostou de estar ali dividindo aquele momento íntimo com eles. Se sentia acolhido pela família e passou a retirar com cuidado os enfeites de cima da árvore.— Tem que guardar as partes da árvore com cuidado para não ficarem tortas ou quebrar - Beatriz explicou.— Sim, senhora - el