— E por acaso você não tem problemas? - fez cara de deboche — Acha que eu dou atenção a todos? Não perco meu tempo - se inclinou — Você deveria se sentir privilegiado, meu bem. Aposto como o seu tipo deve ser como aquela retardada, pobretona da Beatriz, com quem andou esses dias.
— Cuidado. Não fale sobre ela - ficou sério.
— Ela é só mais uma coitada sem classe. Os pais nunca tiveram dinheiro e ela também nunca vai ter - cruzou o braços com raiva — E eu fiz questão dela saber que nós estamos juntos, assim não fica dúvida na cabeça oca dela, para o caso de achar que tem chance contra mim - jogou o cabelo — Você vai ver que a melhor opção aqui na cidade sou eu, querido. N
Até que era muito bonito realmente. Ele não fazia a menor ideia de quando as decorações eram retiradas. Nunca se importou com esses detalhes. Mas, não era de todo culpado. A vida dele antes não tinha sido fácil e passou batido por essas coisas.Ele a viu do outro lado, parou e sorriu. Beatriz estava mais um pouco à frente com um grupo de pessoas e conversava animada com eles. Nem o viu chegar.Estava muito bonita e parecia uma menina com o cabelo trançado de lado caindo pelo grosso casaco vermelho escuro que ia até seus joelhos. Usava luvas e botas grossas pelo frio e na cabeça um gorro igual ao do velhino Noel. Nas orelhas pequenos brincos que balançavam quando ela ria. Tinha outra energia.
— Isso eu entendi - se ajeitou olhando em volta — Mas, você não deveria estar com... Outra pessoa? - procurou por Margô.— Não, não deveria - ele ficou sério. — E não quero falar sobre isso também.Ela poderia até perguntar mais coisas, era seu direito, só que não estava com esse tipo de curiosidade agora e queria ver o fogos que ainda estouravam no céu. Ela se virou e levantou o rosto para olhar para o céu iluminado com as cores dos fogos. Gustavo passou os braços em volta de seu corpo e a segurou apertado.Enquanto ela olhava concentrada para os fogos, ele descansou a cabeça em seu ombro e começou a falar baixin
Tirou as luvas grossas e acariciou seu rosto, correndo o dedo sobre a cicatriz que lhe marcava o rosto e a alma também. Ela conseguia entender seu sofrimento no começo, mas ele ainda não tinha compreendido que só ele poderia mudar agora.— ... E eu vivi anos com medo do futuro e quando consegui chegar a um ponto onde ninguém mais poderia me machucar, onde eu nunca mais teria medo do que viria, eu me fechei para as pessoas - abaixou a cabeça — Sempre tive amantes, mas nunca tive um amor de verdade. As mulheres só queriam minha posição e meu dinheiro. Não a mim.— Mas nem todas são assim, Gustavo. Você não pode colocar todas no mesmo nível - recostou a cabeça no banco.— E
Gustavo esperou ansioso pela resposta.— Amanhã é um outro dia - ela disse, ainda pensativa e levantou o rosto. — Sim... Acho que a gente pode ficar juntos novamente.Ele ficou tão aliviado com essa resposta que a espremeu entre os braços. — Obrigado, carinho - alisou seu rosto — Você tirou um peso de cima de meus ombros - sorriu. — Eu estava com receio de que não me aceitasse de volta.— Eu aceito... Desde que você entenda mesmo que eu não vou mudar meu jeito e nem vou transar com você antes de me sentir confortável e segura, tudo bem? - ergueu a mão — E não venha me acusar de novo de ficar te provo
— Não é bom comer a essa hora, porque já está tarde, mas como é Ano Novo, tudo bem.Já era quase duas horas da madrugada. Desde que saíram da praça e acabaram ali o tempo correu sem nem perceberem. Ela pegou uma torta de chocolate com cobertura de chantilly e cortou uma fatia para cada um. Passou o pratinho com o garfo para ele.— Uau, muito gostosa a torta. Essa foi você quem fez? - mordeu um pedaço.— Foi sim - sorriu por ele ter gostado. — Dessa vez eu não deixei o Bruno fazer as sobremesas. Estava animada e queria ocupar o tempo. Assim passava mais depressa.Ele cobriu e apertou sua mão. Entendeu que ela queria se ocupar para não
Mas não tinha importância, ele poderia repetir depois. Com certeza isso era um indício de que as coisas voltavam a caminhar do jeito certo. Ela não iria relaxar em seus braços se não se sentisse segura.Sorriu sabendo que ela lhe dava mais um voto de confiança. Recostou a cabeça para trás e ficou pensando na noite.Ele acabou adormecendo também enquanto observava as luzes da árvore que piscavam coloridas. Que ele se recordava, essa era a primeira vez em sua vida que se sentia tão bem e relaxado dessa forma. Talvez pelo ambiente quente e aconchegante da sala, pelo sentimento de mais um ano que começava, por ter se aberto com ela. Não sabia bem qual o
Quando Gustavo se mexeu na cama, ele sentiu uma dor fina que vinha de suas costas e descia por suas pernas.— Ah, que merda... - se esticou — Deus... Ai... - espreguiçou devagar o corpo e sentiu outra fisgada.Ele sentou com calma, devagar, mexeu as mãos, os pés, a cabeça. Foi movimentando todo o corpo para esticar os músculos e as articulações. Ele ter passado da hora de tomar o remédio e ainda ficar andando de um lado para outro a noite anterior, prejudicou sua perna e dormir torto no sofá da casa de Beatriz, só fez mal para suas costas. Estava todo dolorido agora.— Nossa, eu par
O homem quis lhe pagar por ter devolvido, mas ele pediu que comprasse um remédio para dor. Explicou o que sentia. O professor foi com ele, comprou o remédio e ainda lhe comprou um lanche depois. Estava envergonhado, é claro, mas não iria negar a ajuda porque estava desesperado com o dente doendo muito.O homem insistiu em levá-lo a um dentista e ele acabou cedendo, indo em uma clínica pública de atendimento para pessoas carentes que não podiam pagar. Fizeram um tratamento e sua boca ficou boa. Depois disso ele nunca mais descuidou dos dentes e fez um tratamento caríssimo logo que pôde pagar.Ele ainda ficou amigo do professor e ia vê-lo na escola sempre que passava por p