— Eu gosto muito da época do Natal - ela suspirou — Me traz boas lembranças e também tudo fica mais bonito, mais calmo. As pessoas parecem que ficam mais emotivas e menos ranzinzas - mexeu em uma bola dourada — As cores e brilhos enchem as ruas e as casas e tudo fica mais bonito – mexeu o ombro — Isso dá mais ânimo, ainda que as coisas não estejam boas ou que não mudem de imediato, mas é importante sentir que está bem e ter esperança de melhora.
— Você é emocional demais - disse sério.
—É... Acho que sou sim. Acho que o Natal é simbólico - deu de ombros de novo — É mais do que só gastar em compras, mesmo tendo essa função básica. É só olhar pe
— Parece que cada um tem uma veia artística para algo diferente. Devem aproveitar.— Eu gosto de me dedicar a alguns projetos diferentes, mas o que mais me falta é tempo. Quando dá, eu faço um pouco mais.E realmente ela usava mais seus finais de semana para se dedicar a trabalhos que gostava e para ajudar os irmãos, porque durante a semana tinha as obrigações da casa e também o trabalho na pequena agência de serviços de limpeza e isso lhe tomava boa parte do dia.Quando conseguia um feriado ou um tempinho extra, ia em asilos ou orfanatos para ajdar.Quando chegava ainda com energia para algo ou ideias novas, se trancava no quartinho onde usava como ateliê e de
— Está certa - ele riu assentindo — É difícil se manter fora do que está na moda. A mídia consegue manipular e empurra coisa nova todo dia em cima de nós. E muitas nem precisamos.— Isso não é moda - ela balançou a cabeça — É vício. As pessoas compram coisas todos os dias e a maioria nem sabe porque está comprando e ás vezes nem percebe. Só saem por aí como robôs. Se não preciso de algo não tenho porque comprar.— Aprendeu com nossa mãe - Bruno se jogou no sofá.— É verdade. E com o pai também. Tem muita coisa que nossos pais faziam que eu repito. Se dá certo, porque mudar
Uma pancada de algo que caía vindo do quarto onde Bianca estava trabalhando lhe despertou para a situação e achou melhor parar por enquanto antes que fossem pegos. Quando se afastou ela não entendeu e o olhou desconfiada.— Seus irmãos - apontou para cima e na direção do corredor.— Oh, meu Deus... - cobriu o rosto com as mãos — É verdade... Eu acabei me esquecendo deles em casa - disse sem jeito.— Tudo bem - riu e beijou-a rápido — A gente vai ter tempo para mais em outra oportunidade.Só então ela se tocou que tinha feito algo que nunca fizera antes e com um estranho. Dentro de su
Gustavo só acordou quando o som insistente do despertador gritou próximo ao seu ouvido. Se virou com um resmungo alto, xingou e bateu a mão com força em cima do aparelho que silenciou.Ele abriu um olho ainda resmungando e verificou a hora. Pouco mais de sete da manhã e ele tinha acertado que iria tomar o café na casa de Beatriz. Ele nunca tinha passado da hora, mas se sentia cansado quando chegou e ficou ainda enrolando na cama, pensando no que tinha feito na casa dela.Sentou e esticou os braços, depois estalou o pescoço. Estava um pouco dolorido porque dormira com o travesseiro dobrado. Tentou ler para pegar no sono após chegar da casa dela e ficar ainda pensando neles juntos e elevou o travesseiro, deitan
— Você é curioso além da conta - Bianca o repreendeu.— Ah, nada demais - apertou o lábio —Tenho um almoço marcado e acho que vou pesquisar mais alguns lugares por aqui depois.— E você vai almoçar onde?— Meu Deus... Garoto - Beatriz lhe deu um tapa na mão.— Na casa da Margô... Você lembra? - olhou para ela. Não deveria ter falado — A garota que estava comigo naquela noite do atoleiro.E como ela lembrava. Margô era muito conhecida e uma metidinha a besta que adorava exibir seus namorados e sua riqueza pela cidade. A família dela era uma das mais antigas da cidade e se
Ele gostava de uma boa conversa que não fosse apenas sobre o preço das bolsas, o sapato novo, o corte de cabelo da moda ou o lançamento de um perfume.Durante todo o tempo ele tentou não fazer comparações, mas foi quase impossível. Margô era muito afetada. Até para andar ela fazia charme para chamar atenção. Poderia ser uma ótima e divertida amiga, mas com certeza não poderia ser alguém para se levar a sério.As opiniões dela chegavam a ser infantis ás vezes. Dava para perceber que o pai não aceitava seu comportamento, mas por educação não dizia nada.— Foi bom conhecer você, Gustavo. Espero vê-lo mais vezes – estendeu a mã
Para ela escolheu uma correntinha delicada, como a via. Era de ouro e tinha um pingente pequeno no centro de flor e o miolo da flor era uma pedrinha vermelha. Para Bruno escolheu um par de tênis de cor preta com a ajuda de uma vendedora da loja. E para Bianca escolheu um estojo com canetas variadas para pintura em tecido que vinha com modelos pré-prontos.Foi até curioso porque quando ela lhe questionou sobre o número do tênis, ele não fazia ideia. Quando disse que seria para um novo amigo e citou o nome sem querer a vendedora sorriu e disse que conhecia a família.Claro, talvez toda a cidade os conhecesse. Ela lhe disse que já havia vendido sapatos para eles e soube certinho qual ele iria g
Todos os momentos entre eles até ali ela estava achando perfeito. Queria que isso crescesse. Só que não dependia só dela.Poucas vezes quando questionado, ele foi fundo ao falar em seu modo de viver, mas o pouco que soube lhe dizia que apesar da cara fechada na maioria das vezes e da cicatriz que lhe marcava o rosto, era um homem bom e que já havia passado por grandes problemas no passado.E era algo difícil alguém dizer que não tinha marcas em sua vida. Muitas vezes as pessoas sofriam caladas.E ela também se abriu um pouco para ele, não muito para não encher a paciência dele que parecia ser curta. Até gostou que se interessou por suas ideias e deu apoio para Bianca criar as bonecas que doava e vendia e ele