— E espero que seja compreendido - ela apontou.
Beatriz entrou nesse instante na cozinha e franziu os olhos ao ver os três calados. Eles pareciam sérios demais e o silêncio era estranho.
— Credo... Aconteceu algo em minha ausência? - colocou a mão na cintura — Vocês falaram besteiras?
— Não, ao contrário - Gustavo respondeu.
— Nadica de nada - Bianca riu — A gente só estava se conhecendo. Né mesmo?
— Isso aí - ele riu também — Seus irmãos só estavam me falando sobre as coisas... Aqui na cidade. Sabe como é...
Quando Gustavo saiu da cabana pela manhã, viu um grupo de garotas entrando na propriedade, carregando material de limpeza. Agora já era tarde, quase noite e ele ainda não tinha visto Beatriz na fazenda.Ele tinha acordado logo cedo e começado a fazer pesquisas sobre lugares á venda e também saiu para almoçar no centro e conhecer um pouco o movimento da cidade.Pegou uns panfletos com divulgação de algumas lojas. Desde que chegara só tinha saído duas vezes e sempre com Margô ao seu lado e ela só o levava a lugares que para ele não eram novidade.Lojas cheias de coisas caras ele conhecia aos montes e fora isso o clube que ela o levou também não oferecia nada de dif
Já tinham passado por quatro lojas, mas Beatriz tinha comprado poucos ornamentos e não quis comprar uma árvore de natal sem antes ver o preço em outro lugar.— Eu sempre dou uma volta por aí, no mínimo em três locais diferentes para comparar.— No mínimo? Sério? - fez uma careta e ela riu.— Não se preocupe, só vou entrar em mais uma, prometo - o puxou — Depois podemos ir embora.Ela não parecia notar que as pessoas ficavam observando quando eles passavam e quando ela o puxou pelo braço, uma senhora que olhava a prateleira, cutucou a garota que estava ao lado para ela olhar també
— Exato, nem perguntou -a abriu as mãos — Como saberia? E você estava acompanhado. Eu me lembro.Ele também lembrava bem. Estava com Margô que ficou no carro e ainda fez piada sobre ele tê-la confundido com um rapaz.Marta os chamou e eles foram até o fundo da loja onde ele havia deixado o estacionado e Gustavo conseguiu com a ajuda do funcionário, guardar sem problema a caixa comprida da árvore que seria montada depois com toda calma.Não foi tão difícil como ela pensou que seria. Foi apenas baixar o banco um pouco para apoiar a caixa e pronto, deu certinho.E ele achou engraçado ver que ela nem pensou qu
— Não sei como essas coisas acontecem - Beatriz disse, puxando um cordão — Todo ano é sempre assim. Depois que a gente usa a decoração, nós guardamos tudo com cuidado e quando vamos usar de novo no ano seguinte, tem um monte de luzes queimadas - levantou o cordão de luzes coloridas emaranhado — E embola tudo... Meu Deus...Só pode ser magia - riu.— Me deixe tentar separar - ele pegou o cordão da mão dela — Eu posso ter sorte de principiante.— Ok.Seus dedos se tocaram e ele sentiu pequenos choques. A olhou sem poder segurar um sorriso ao sentir um calor gostoso de sua mão pequena e macia. Para distrair a mente disso ele desviou o olh
— Eu gosto muito da época do Natal - ela suspirou — Me traz boas lembranças e também tudo fica mais bonito, mais calmo. As pessoas parecem que ficam mais emotivas e menos ranzinzas - mexeu em uma bola dourada — As cores e brilhos enchem as ruas e as casas e tudo fica mais bonito – mexeu o ombro — Isso dá mais ânimo, ainda que as coisas não estejam boas ou que não mudem de imediato, mas é importante sentir que está bem e ter esperança de melhora.— Você é emocional demais - disse sério.—É... Acho que sou sim. Acho que o Natal é simbólico - deu de ombros de novo — É mais do que só gastar em compras, mesmo tendo essa função básica. É só olhar pe
— Parece que cada um tem uma veia artística para algo diferente. Devem aproveitar.— Eu gosto de me dedicar a alguns projetos diferentes, mas o que mais me falta é tempo. Quando dá, eu faço um pouco mais.E realmente ela usava mais seus finais de semana para se dedicar a trabalhos que gostava e para ajudar os irmãos, porque durante a semana tinha as obrigações da casa e também o trabalho na pequena agência de serviços de limpeza e isso lhe tomava boa parte do dia.Quando conseguia um feriado ou um tempinho extra, ia em asilos ou orfanatos para ajdar.Quando chegava ainda com energia para algo ou ideias novas, se trancava no quartinho onde usava como ateliê e de
— Está certa - ele riu assentindo — É difícil se manter fora do que está na moda. A mídia consegue manipular e empurra coisa nova todo dia em cima de nós. E muitas nem precisamos.— Isso não é moda - ela balançou a cabeça — É vício. As pessoas compram coisas todos os dias e a maioria nem sabe porque está comprando e ás vezes nem percebe. Só saem por aí como robôs. Se não preciso de algo não tenho porque comprar.— Aprendeu com nossa mãe - Bruno se jogou no sofá.— É verdade. E com o pai também. Tem muita coisa que nossos pais faziam que eu repito. Se dá certo, porque mudar
Uma pancada de algo que caía vindo do quarto onde Bianca estava trabalhando lhe despertou para a situação e achou melhor parar por enquanto antes que fossem pegos. Quando se afastou ela não entendeu e o olhou desconfiada.— Seus irmãos - apontou para cima e na direção do corredor.— Oh, meu Deus... - cobriu o rosto com as mãos — É verdade... Eu acabei me esquecendo deles em casa - disse sem jeito.— Tudo bem - riu e beijou-a rápido — A gente vai ter tempo para mais em outra oportunidade.Só então ela se tocou que tinha feito algo que nunca fizera antes e com um estranho. Dentro de su