A nova baba

Capítulo 5

Segundo as instruções da senhora chefe da matriz, precisei usar uma nova vestimenta, além de uma coleção completa da mesma, só que com cores diversas. Não ganhei sapatos como o previsto, portanto ela olhou desagradavelmente para os meus pés.

— Assinou o contrato, Safira?

O secretário chegou na sala de reuniões executivas.

— Assinei, mas a parte de viver para sempre me deixou perplexa.

Sorri ao vê-lo sorrir. 

A senhora se despediu meio enfezada com a nossa interação. 

— O que aconteceu com ela hoje? — questionou ele coçando a cabeça.

— Nada não. — falei balançando o corpo arrumando as mangas estilo balonê.

— Já comeu? 

Parei olhando-o.

— Como é?

— Perguntei se já almoçou.

— Mas por que?

— Estou te chamando para comer no espaço reservado para os clientes, será minha convidada. Estou com fome, me acompanha?

Ofereceu a mão amiga e fiquei em dúvida, além de sem graça.

— Não se acanhe com o meu pedido. — Abriu mais o sorriso. — Quero te passar os últimos detalhes com a senhorita.

Respirei fundo reagindo de maneira positiva.

***

Durante o almoço requintado do hotel, pude perceber olhares raivosos sobre a minha pessoa.

— Algumas pessoas não conseguem disfarçar a inveja. — comentou ele ao observar em volta. — Coma, não esquente sua cabeça. Vai começar daqui a pouco, e depois será a babá dele praticamente vinte e quatro horas por dia.

— Valerá a pena, aquela criança é muito fofa.

Abriu um sorrisinho a por o alface na boca.

— Como sabe? Por acaso já o viu antes?

Olhei-o em desespero quando seu olhar se fixou fortemente no meu rosto. Chegou a forçar a vista. 

De repente cuspi a verdura na sua cara.

— Ah, desculpe. 

Peguei o pano e comecei a limpar, mas ele rindo pegou da minha mão e se limpou sozinho.

— Tudo bem, pode deixar comigo. E então, conhece o pequeno príncipe?

— Não… — Embromei. — Afinal, todos os bebês são uma fofura, não é mesmo?

— Tem razão.

— Então senhor secretário…

— Solano.

— O quê?

— Meu nome, pode me chamar por ele de hoje em diante.

— Ah sim. Aliás bonito nome. Me responde uma coisa?

— Até duas ou mais, quantas quiser, senhorita. 

Sempre com aquele sorriso meigo ao falar com a minha pessoa.

— Por que o senhor… — Ele me advertiu com um olhar. — Perdão, por que você é tão legal comigo?

— E por que motivo eu não seria?

Sua resposta não foi satisfatória, e deixei isso bem estampado no meu rosto. 

Beberiquei um gole de suco de laranja.

— Gosto de você.

Cuspi novamente sujando seus óculos pequenos e quadrados.

Espantada corri para ajudá-lo, mas o homem de roupas caras apenas rejeitou. Tirou o acessório e começou a limpá-lo, sorrindo consigo mesmo.

— Solano… 

— Ouvir meu nome assim tão suavemente me fez recordar de uma pessoa.

— Quem?

— Não importa, pode voltar a comer. A refeição vai esfriar.

Contrariada por achar que ele havia se aberto demais com uma mera desconhecida, voltei a encher a boca com os mexilhões cozidos.

***

Meu primeiro dia cuidando do príncipe na suíte presidencial ocorreu de vento e polpa, o menino era muito bonzinho. Só acordava para tomar a mamadeira, e quando estava incomodado com a fralda. Fora isso, interagia pouco porque dormia muito.

Dias depois…

À noite preparei uma comida caseira, não ia pedir feed food.

A porta da suíte foi aberta, e logo o dono de todo esse hotel chegou na cozinha.

— Não precisava cozinhar, nem sabia que tinha algo na geladeira para comer.

— Sente-se e coma comigo senhor.

Ajeitei os óculos, reparando que ele tentava disfarçar algo.

— Hein…

Avancei soltando da colher de silicone. De imediato cheguei nele, pegando naqueles ombros largos. Sua expressão não mudava, nem para espanto. Parecia ter bebido, mas não ao ponto de ficar bêbado. Só lesado mesmo.

— Isso aqui não pode mais acontecer.

— O quê?

Fiquei na ponta das minhas sandálias na tentativa infundada de conseguir alcançá-lo.

— Abaixa. — Ordenei.

Sr.Drummond engole em seco ao se inclinar o suficiente para se alinhar certinho na altura do meu rosto.

— Que corte é esse daqui? 

— Não foi nada eu apenas… — Ele tentou de reerguer mas fui rápida ao puxá-lo, assustando-o dessa vez.

— Sua mãozinha é forte, senhorita Safira. 

Tirei a pomada de assadura do seu filho do bolso.

— Não vai aplicar isso na minha testa.

— Vou sim, e fica quieto aí.

— Ok, vai querer me bater?

— Se for preciso sim, não pode sair socando alguns caras. Pega mal para a sua reputação. 

Passei naquele corte notando o quanto aquele par de olhos escuros observava meticulosamente minha face. 

— Você foi a anja que a minha Ernes disse que viria?

— O quê?

O CEO se ergueu de supetão, endireitando a coluna. 

Dei alguns passos para trás.

— Perdão , poderia remover os óculos?

Avançou e mandei que parasse.

— Porque ficam incomodados com eles?

Voltei a cozinhar, só que dessa vez super bicuda. 

— Foi mal, continua o que está fazendo. Fique à vontade.

Pela manhã…

Encontrei um café da manhã arrumado sobre a mesa, onde um lindo empresário se sentava. Ele sorriu de canto de boca, revelando uma charmosa covinha. 

O que aconteceu com ele?

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