Eu cresci com Grífis, o Alfa da Alcateia Avalora, e todos diziam que eu era a mulher mais sortuda do Reino de Muria. Por mim, ele rejeitou a companheira destinada que a Deusa da Lua lhe designou, e declarou ao mundo inteiro que eu era seu único amor. Mas, após perder nosso filho, eu o surpreendi sussurrando para a médica bruxa da Alcateia: — Dê remédios para a Luna dormir e remova seu útero... Ela nunca mais deve engravidar. Em seguida, acariciou a barriga de outra mulher e ordenou: — Dê a ela os melhores tonificantes. Quero que ela tenha o filho mais forte e inteligente. Era Giselle, a verdadeira companheira que a Deusa da Lua lhe destinara. Grífis ainda avisou a todos, com voz gelada: — Mantenham isso em segredo da Luna. E cuidem bem da saúde dela... ou vocês pagarão caro. Meu coração se partiu. O homem que jurou me amar mais que a própria vida, traiu-me. Então, eu desapareci sem uma palavra, deixando-o com sua compaheira destinada. Mas ele me encontrou e disse, com os olhos mortos: — Desde que você foi embora... perdi a capacidade de amar.
Ler maisSuas palavras absurdas me fizeram desabafar:— Não pense que todos são como você, Grifis. Estelán vai se casar com Tarasa. Só ajudei a escolher as alianças.— Nem todos são como você. Mesmo atraída pelo destino, sei que não posso amar Estelán.— Grifis, não nos conhecemos. Eu não sabia que você me trairia. E você achava que eu faria o mesmo.Olhei para ele, perplexo. — Não somos compatíveis.Depois disso, Tarasa me disse que Grifis nunca mais apareceu na Alcateia Lumina.Logo, soube que, por sua embriaguez, foi deposto. Agora, vagava com o filho, um renegado.— Ouvi que agora, com mãos e pés quebrados, vive de esmolas! — Tarasa relatou, satisfeita.Apenas sorri, sem me alegrar. Para mim, ele era um estranho.Uma semana depois, o casamento de Tarasa e Estelán ocorreu.Ao vê-la de vestido branco, radiante, hesitei, mas a questionei:— Tarasa, tem certeza de que quer se casar com Estelán? Ele não é seu companheiro destinado...Senti-me culpada, pois Estelán deveria ser meu companheiro. Me
Grifis, com o bebê nos braços, me alcançou ao embarcar. — Ália, espere!— O que foi? — Sentei na carruagem, olhando-o de cima, sem vontade de conversar.— Ália, veja o bebê. Tão adorável. Sei que sempre quis ser mãe. Não pode... deixar o passado e criá-lo comigo? — Grifis implorou.Chocada com sua desfaçatez, respondi: — Grifis, para mim, ele não é adorável, mas prova da sua traição. Não há mais volta.E parti, com Grifis tentando me seguir, mas o choro do bebê o deteve.Durante o ano seguinte, Grifis ocasionalmente visitava a Alcateia Lumina, mas eu sempre o evitava.Um ano depois, ao comprar com Estelán, encontrei Grifis.— Ália, você vai se casar com ele? — Ao nos separarmos nas compras, Grifis me surpreendeu.Estava sujo, olhos avermelhados, sem a antiga elegância.— Com quem? Com ele?— Com aquele rapaz de cabelo vermelho. Vi vocês comprando alianças. Não é seu companheiro destinado?Fiquei sem palavras. Além de não ter relação com Estelán, Grifis não tinha o direito de questio
Grifis cumpriu a promessa de entregar o minério, mas não de uma vez. Alegando falta de transporte, mandava apenas pequenas quantidades.— Tudo são desculpas! Claro que é para te ver! — Tarasa reclamou. — Ele poderia mandar outra pessoa, mas vem pessoalmente?Não me importei. Não me comovia mais. Se quisesse me agradar, que enviasse o corpo de Giselle.Mas, de algum modo, Giselle adiou o parto além da data prevista.Essas semanas, Grifis, envergonhado, não ousou aparecer, mandando cartas dizendo que o bebê de Giselle estava subdesenvolvido.Com Estelán, observei Giselle de longe. Ele confirmou que não era barriga falsa.Quanto ao atraso, pode ser efeito de medicamentos que prolongam a gestação.— Esses medicamentos não duram muito. — Disse Estelán. — Em dez dias, o bebê deve nascer.A previsão de Estelán estava certa: no nono dia, Giselle entrou em trabalho de parto.Quando o trabalho começou, Grifis mandou me avisar. Corri para confrontar minha inimiga.Mas ao chegar, o bebê já tinha
Ao chegarmos à Alcateia Avalora, Grifis estava saindo. Ao me ver, ficou radiante.— Ália, você voltou! Prometo nunca mais...— Cale a boca. Não viemos por você. Chame Giselle! — Tarasa interrompeu, gritando.Giselle, grávida, surgiu por trás de Grifis.Sorrindo, provocou: — Luna, veio ver o nascimento do nosso filho?Ignorando-a, mirei meu arco nela. — Giselle, por que você vem enviando lírios para o nosso castelo há três anos, mas desde que engravidou, vem enviando violetas?— É porque não queria inalar o veneno dos lírios e machucar seu bebê?Giselle hesitou. — Não sei do que está falando...Com os olhos marejados, gritei: — Foi você quem matou meus filhos!Vendo minha certeza e emoção, Giselle correu para trás de Grifis.Mas ele não a protegeu. Arrastou-a e deu-lhe um tapa. — Como ousa machucar nossos filhos?Levantei meu arco, pronta para vingar meus filhos. Giselle, em pânico, gritou: — Alfa, salve-me! Estou grávida do seu filho!Minha flecha foi detida por Grifis. Ele, em agonia
Para evitar que eu ficasse deprimida, Tarasa me levou a lugares belíssimos, e aos poucos recuperei a paz.Um dia, fomos à Alcateia Artheton. Tarasa recusou o convite para um banquete, preferindo me levar a uma cabana secreta nos arredores.Ela estava animada. — Este curandeiro é famoso. Dizem que ressuscita mortos e é especialista em doenças femininas.— Quem sabe ele consegue restaurar seu útero.Ri da ideia, mas não quis desperdiçar sua boa intenção, então a acompanhei.Para minha surpresa, o curandeiro era Estelán, um jovem lobo de cabelos vermelhos.Senti-me constrangida, pois aos 18 anos, a Deusa da Lua não só apontou Giselle como a companheira de Grifis, mas previu meu destino ligado a Estelán.Lembro-me do cabelo vermelho marcante de Estelán, mas ele, imerso em ervas, não me notou.Assim como agora, focado no diagnóstico, sem reconhecer quem eu era.— Infelizmente, seu útero foi removido. — Estelán anunciou calmamente.— Para restaurá-lo, seria necessário um transplante, mas já
Tarasa ficou encantada com minha chegada, mas furiosa ao saber do que passei, querendo confrontar Grifis imediatamente.Eu a impedi. Se ela fosse, ele descobriria onde eu estava.Ainda não queria vê-lo.Tarasa entendeu. Arranjou uma bela casa para mim, um pequeno castelo à beira-mar.Todos os dias, ao abrir a porta, eu via o mar azul, e meu ânimo melhorava.Tarasa, vendo minha recuperação, pediu que eu a acompanhasse como tradutora em negociações internacionais.Meu pai era embaixador da Alcateia Avalora, e na infância viajei com ele, aprendendo vários idiomas.Aceitei, querendo retribuir sua ajuda.Mal sabia eu que encontraríamos Grifis logo ao sair da cidade.— Por que não o impediram? Eu não disse para o barrar? — Tarasa gritou furiosa com seus subordinados.Só então percebi que Grifis já sabia onde eu estava, mas não conseguia entrar na Alcateia Lumina.Dias atrás, ameaçou atacar a alcateia se não pudesse me ver.Confiante na fortaleza da Alcateia Lumina, Tarasa não cedeu, mas tem
— Ália, onde você está? — Grifis procurava por todo o castelo, mas não me encontrava em lugar algum.De repente, lembrou do comunicador. Fez um feitiço, mas o encontrou no criado-mudo.Não só o comunicador ficou, como todos os presentes dele.Isso encheu Grifis de medo.Ele então chamou uma empregada. — Onde a Ália foi encontrada quando desmaiou?— Senhor, ela estava no canto da floricultura, desmaiada.A confirmação deixou Grifis sem forças, desabando numa cadeira.— Senhor, por que voltou? A cerimônia foi interrompida! — Giselle, que o seguira, o alcançou e reclamou.Ao ver a causa de sua perda, Grifis ficou furioso, quase atacando Giselle. — Por que você me seduziu na floricultura?— Agora que a Ália sabe de nós, ela foi embora. O que faço agora?— Alfa, calma. Estou grávida do seu filho. — Giselle, quase sufocada, conseguiu dizer.Pensando na criança, Grifis a soltou.Giselle, assustada, mas contente com minha fuga, pensou que poderia se tornar a Luna da Alcateia Avalora.Mas su
Por fim, ele chamou Giselle e fez a mesma pergunta. Relutante, ela disse: — Só o vi quando entreguei as flores ontem, não tivemos muito contato.Mas seu olhar desafiador me dizia o contrário.Quando todos saíram, Grifis relaxou e segurou minha mão. — Ália, agora acredita em mim? Só tenho olhos para você.Retirei minha mão, sem querer proximidade.Grifis, desapontado, lembrou-se de algo. — Ália, amanhã vou a uma celebração em outra alcateia, não poderei ficar com você.Amanhã? O dia do casamento com Giselle, certo?Ele me entregou uma caixa. — É um comunicador que encomendei à curandeira. Mesmo de longe, podemos ouvir a voz um do outro. Sempre que sentir saudade, pode me chamar.Aceitei, mas sem reação.Grifis, com um olhar culpado, parecia inquieto. — Ália, não quero me afastar de você. Talvez eu não devesse ir...Sorri. — Não é importante? Pode mesmo faltar?Mesmo assim, Grifis partiu no horário. Antes de sair, perguntou ansioso: — Vai me esperar em casa, não é?Apenas sorri, dizendo
Levantei a cabeça. — Há quanto tempo vocês estão juntos?Ela sorriu triunfante. — Três anos. Você sabe, somos almas gêmeas predestinadas. Ele não resistiu por muito tempo.Ela se inclinou e sussurrou no meu ouvido: — Você não sabe, mas nossa primeira vez foi na sua cama.Mordi o lábio para não ceder ao meu instinto e atacá-la.Ela continuou com seu deboche. — Naquela época, ele estava tão arrependido que entregou todas as joias para você guardar. Você achava que era prova de amor, que piada.— Dois anos atrás, quando você perdeu o bebê, suas empregadas não conseguiram encontrá-lo em lugar nenhum. Adivinha onde ele estava? Na minha cama!— Então, se for esperta, saia do caminho e devolva o título de Luna da Alcateia Avalora para mim!Ao ouvir isso, lembrei do dia em que quase morri de dor após o aborto.As empregadas, em desespero, procuraram Grifis por toda a cidade, mas ele estava em outra cama.Minha expressão se apagou, e Giselle ficou ainda mais satisfeita. Com as mãos na cintura,