Ao chegarmos à Alcateia Avalora, Grifis estava saindo. Ao me ver, ficou radiante.— Ália, você voltou! Prometo nunca mais...— Cale a boca. Não viemos por você. Chame Giselle! — Tarasa interrompeu, gritando.Giselle, grávida, surgiu por trás de Grifis.Sorrindo, provocou: — Luna, veio ver o nascimento do nosso filho?Ignorando-a, mirei meu arco nela. — Giselle, por que você vem enviando lírios para o nosso castelo há três anos, mas desde que engravidou, vem enviando violetas?— É porque não queria inalar o veneno dos lírios e machucar seu bebê?Giselle hesitou. — Não sei do que está falando...Com os olhos marejados, gritei: — Foi você quem matou meus filhos!Vendo minha certeza e emoção, Giselle correu para trás de Grifis.Mas ele não a protegeu. Arrastou-a e deu-lhe um tapa. — Como ousa machucar nossos filhos?Levantei meu arco, pronta para vingar meus filhos. Giselle, em pânico, gritou: — Alfa, salve-me! Estou grávida do seu filho!Minha flecha foi detida por Grifis. Ele, em agonia
Grifis cumpriu a promessa de entregar o minério, mas não de uma vez. Alegando falta de transporte, mandava apenas pequenas quantidades.— Tudo são desculpas! Claro que é para te ver! — Tarasa reclamou. — Ele poderia mandar outra pessoa, mas vem pessoalmente?Não me importei. Não me comovia mais. Se quisesse me agradar, que enviasse o corpo de Giselle.Mas, de algum modo, Giselle adiou o parto além da data prevista.Essas semanas, Grifis, envergonhado, não ousou aparecer, mandando cartas dizendo que o bebê de Giselle estava subdesenvolvido.Com Estelán, observei Giselle de longe. Ele confirmou que não era barriga falsa.Quanto ao atraso, pode ser efeito de medicamentos que prolongam a gestação.— Esses medicamentos não duram muito. — Disse Estelán. — Em dez dias, o bebê deve nascer.A previsão de Estelán estava certa: no nono dia, Giselle entrou em trabalho de parto.Quando o trabalho começou, Grifis mandou me avisar. Corri para confrontar minha inimiga.Mas ao chegar, o bebê já tinha
Grifis, com o bebê nos braços, me alcançou ao embarcar. — Ália, espere!— O que foi? — Sentei na carruagem, olhando-o de cima, sem vontade de conversar.— Ália, veja o bebê. Tão adorável. Sei que sempre quis ser mãe. Não pode... deixar o passado e criá-lo comigo? — Grifis implorou.Chocada com sua desfaçatez, respondi: — Grifis, para mim, ele não é adorável, mas prova da sua traição. Não há mais volta.E parti, com Grifis tentando me seguir, mas o choro do bebê o deteve.Durante o ano seguinte, Grifis ocasionalmente visitava a Alcateia Lumina, mas eu sempre o evitava.Um ano depois, ao comprar com Estelán, encontrei Grifis.— Ália, você vai se casar com ele? — Ao nos separarmos nas compras, Grifis me surpreendeu.Estava sujo, olhos avermelhados, sem a antiga elegância.— Com quem? Com ele?— Com aquele rapaz de cabelo vermelho. Vi vocês comprando alianças. Não é seu companheiro destinado?Fiquei sem palavras. Além de não ter relação com Estelán, Grifis não tinha o direito de questio
Suas palavras absurdas me fizeram desabafar:— Não pense que todos são como você, Grifis. Estelán vai se casar com Tarasa. Só ajudei a escolher as alianças.— Nem todos são como você. Mesmo atraída pelo destino, sei que não posso amar Estelán.— Grifis, não nos conhecemos. Eu não sabia que você me trairia. E você achava que eu faria o mesmo.Olhei para ele, perplexo. — Não somos compatíveis.Depois disso, Tarasa me disse que Grifis nunca mais apareceu na Alcateia Lumina.Logo, soube que, por sua embriaguez, foi deposto. Agora, vagava com o filho, um renegado.— Ouvi que agora, com mãos e pés quebrados, vive de esmolas! — Tarasa relatou, satisfeita.Apenas sorri, sem me alegrar. Para mim, ele era um estranho.Uma semana depois, o casamento de Tarasa e Estelán ocorreu.Ao vê-la de vestido branco, radiante, hesitei, mas a questionei:— Tarasa, tem certeza de que quer se casar com Estelán? Ele não é seu companheiro destinado...Senti-me culpada, pois Estelán deveria ser meu companheiro. Me
No caminho de volta ao castelo, esbarrei sem querer em alguém, mas nem me dei conta de pedir desculpas. Segui em frente, com a mente distante.Na minha cabeça, não conseguia parar de pensar na cena que acabara de presenciar. Aquele homem que me tratava como um tesouro, tão carinhosamente, estava planejando retirar meu útero.Mas ele sabia que meu maior sonho sempre foi ter meu próprio filho!Algumas jovens na rua me lançaram olhares de admiração.— Essa é a Luna da nossa Alcateia Avalora, aquela por quem o alfa abandonou sua companheira destinada.— Ouvi dizer que o alfa convocou os melhores curandeiros do país para cuidar dela quando adoeceu, e até subiu uma montanha prestes a entrar em erupção para conseguir ervas para ela!Antigamente, esses comentários me enchiam de alegria. Agora, sinto um nó na garganta, de tanta vergonha, que quase me faz chorar.Ainda estava na entrada do castelo quando ouvi Grifis gritar furioso lá dentro: — Vocês são um bando de inúteis! Como deixam alguém de
Giselle, com flores nas mãos, nos cumprimentou respeitosamente. — Alfa, Luna, vim trazer as flores de hoje.Ao vê-la, minha mente viajou três anos no passado.Naquela época, Grifis e eu tínhamos acabado de atingir a maioridade. Crescemos juntos, nos amávamos e fomos juntos procurar a Deusa da Lua.Esperávamos receber a bênção mais sagrada, mas a Deusa apontou outra mulher como a companheira de Grifis: Giselle.Grifis ficou furioso, recusou-se a aceitar o contrato com Giselle e puxou minha mão para irmos embora. Mas Giselle nos impediu. Ela se ajoelhou, dizendo que era uma órfã sem ninguém no mundo e que não esperava ser a companheira do alfa, apenas pedia um lugar para ficar.Sempre fui mole, e acabei convencendo Grifis a aceitá-la, arranjando uma posição para ela na floricultura da cidade.Desde então, Grifis sempre franzia a testa ao vê-la e evitava sair do quarto quando Giselle vinha lhe dar flores.Eu me orgulhava da fidelidade de Grifis e até sugeri que ele fosse mais amigável com
Levantei a cabeça. — Há quanto tempo vocês estão juntos?Ela sorriu triunfante. — Três anos. Você sabe, somos almas gêmeas predestinadas. Ele não resistiu por muito tempo.Ela se inclinou e sussurrou no meu ouvido: — Você não sabe, mas nossa primeira vez foi na sua cama.Mordi o lábio para não ceder ao meu instinto e atacá-la.Ela continuou com seu deboche. — Naquela época, ele estava tão arrependido que entregou todas as joias para você guardar. Você achava que era prova de amor, que piada.— Dois anos atrás, quando você perdeu o bebê, suas empregadas não conseguiram encontrá-lo em lugar nenhum. Adivinha onde ele estava? Na minha cama!— Então, se for esperta, saia do caminho e devolva o título de Luna da Alcateia Avalora para mim!Ao ouvir isso, lembrei do dia em que quase morri de dor após o aborto.As empregadas, em desespero, procuraram Grifis por toda a cidade, mas ele estava em outra cama.Minha expressão se apagou, e Giselle ficou ainda mais satisfeita. Com as mãos na cintura,
Por fim, ele chamou Giselle e fez a mesma pergunta. Relutante, ela disse: — Só o vi quando entreguei as flores ontem, não tivemos muito contato.Mas seu olhar desafiador me dizia o contrário.Quando todos saíram, Grifis relaxou e segurou minha mão. — Ália, agora acredita em mim? Só tenho olhos para você.Retirei minha mão, sem querer proximidade.Grifis, desapontado, lembrou-se de algo. — Ália, amanhã vou a uma celebração em outra alcateia, não poderei ficar com você.Amanhã? O dia do casamento com Giselle, certo?Ele me entregou uma caixa. — É um comunicador que encomendei à curandeira. Mesmo de longe, podemos ouvir a voz um do outro. Sempre que sentir saudade, pode me chamar.Aceitei, mas sem reação.Grifis, com um olhar culpado, parecia inquieto. — Ália, não quero me afastar de você. Talvez eu não devesse ir...Sorri. — Não é importante? Pode mesmo faltar?Mesmo assim, Grifis partiu no horário. Antes de sair, perguntou ansioso: — Vai me esperar em casa, não é?Apenas sorri, dizendo