No caminho de volta ao castelo, esbarrei sem querer em alguém, mas nem me dei conta de pedir desculpas. Segui em frente, com a mente distante.Na minha cabeça, não conseguia parar de pensar na cena que acabara de presenciar. Aquele homem que me tratava como um tesouro, tão carinhosamente, estava planejando retirar meu útero.Mas ele sabia que meu maior sonho sempre foi ter meu próprio filho!Algumas jovens na rua me lançaram olhares de admiração.— Essa é a Luna da nossa Alcateia Avalora, aquela por quem o alfa abandonou sua companheira destinada.— Ouvi dizer que o alfa convocou os melhores curandeiros do país para cuidar dela quando adoeceu, e até subiu uma montanha prestes a entrar em erupção para conseguir ervas para ela!Antigamente, esses comentários me enchiam de alegria. Agora, sinto um nó na garganta, de tanta vergonha, que quase me faz chorar.Ainda estava na entrada do castelo quando ouvi Grifis gritar furioso lá dentro: — Vocês são um bando de inúteis! Como deixam alguém de
Giselle, com flores nas mãos, nos cumprimentou respeitosamente. — Alfa, Luna, vim trazer as flores de hoje.Ao vê-la, minha mente viajou três anos no passado.Naquela época, Grifis e eu tínhamos acabado de atingir a maioridade. Crescemos juntos, nos amávamos e fomos juntos procurar a Deusa da Lua.Esperávamos receber a bênção mais sagrada, mas a Deusa apontou outra mulher como a companheira de Grifis: Giselle.Grifis ficou furioso, recusou-se a aceitar o contrato com Giselle e puxou minha mão para irmos embora. Mas Giselle nos impediu. Ela se ajoelhou, dizendo que era uma órfã sem ninguém no mundo e que não esperava ser a companheira do alfa, apenas pedia um lugar para ficar.Sempre fui mole, e acabei convencendo Grifis a aceitá-la, arranjando uma posição para ela na floricultura da cidade.Desde então, Grifis sempre franzia a testa ao vê-la e evitava sair do quarto quando Giselle vinha lhe dar flores.Eu me orgulhava da fidelidade de Grifis e até sugeri que ele fosse mais amigável com
Levantei a cabeça. — Há quanto tempo vocês estão juntos?Ela sorriu triunfante. — Três anos. Você sabe, somos almas gêmeas predestinadas. Ele não resistiu por muito tempo.Ela se inclinou e sussurrou no meu ouvido: — Você não sabe, mas nossa primeira vez foi na sua cama.Mordi o lábio para não ceder ao meu instinto e atacá-la.Ela continuou com seu deboche. — Naquela época, ele estava tão arrependido que entregou todas as joias para você guardar. Você achava que era prova de amor, que piada.— Dois anos atrás, quando você perdeu o bebê, suas empregadas não conseguiram encontrá-lo em lugar nenhum. Adivinha onde ele estava? Na minha cama!— Então, se for esperta, saia do caminho e devolva o título de Luna da Alcateia Avalora para mim!Ao ouvir isso, lembrei do dia em que quase morri de dor após o aborto.As empregadas, em desespero, procuraram Grifis por toda a cidade, mas ele estava em outra cama.Minha expressão se apagou, e Giselle ficou ainda mais satisfeita. Com as mãos na cintura,
Por fim, ele chamou Giselle e fez a mesma pergunta. Relutante, ela disse: — Só o vi quando entreguei as flores ontem, não tivemos muito contato.Mas seu olhar desafiador me dizia o contrário.Quando todos saíram, Grifis relaxou e segurou minha mão. — Ália, agora acredita em mim? Só tenho olhos para você.Retirei minha mão, sem querer proximidade.Grifis, desapontado, lembrou-se de algo. — Ália, amanhã vou a uma celebração em outra alcateia, não poderei ficar com você.Amanhã? O dia do casamento com Giselle, certo?Ele me entregou uma caixa. — É um comunicador que encomendei à curandeira. Mesmo de longe, podemos ouvir a voz um do outro. Sempre que sentir saudade, pode me chamar.Aceitei, mas sem reação.Grifis, com um olhar culpado, parecia inquieto. — Ália, não quero me afastar de você. Talvez eu não devesse ir...Sorri. — Não é importante? Pode mesmo faltar?Mesmo assim, Grifis partiu no horário. Antes de sair, perguntou ansioso: — Vai me esperar em casa, não é?Apenas sorri, dizendo
— Ália, onde você está? — Grifis procurava por todo o castelo, mas não me encontrava em lugar algum.De repente, lembrou do comunicador. Fez um feitiço, mas o encontrou no criado-mudo.Não só o comunicador ficou, como todos os presentes dele.Isso encheu Grifis de medo.Ele então chamou uma empregada. — Onde a Ália foi encontrada quando desmaiou?— Senhor, ela estava no canto da floricultura, desmaiada.A confirmação deixou Grifis sem forças, desabando numa cadeira.— Senhor, por que voltou? A cerimônia foi interrompida! — Giselle, que o seguira, o alcançou e reclamou.Ao ver a causa de sua perda, Grifis ficou furioso, quase atacando Giselle. — Por que você me seduziu na floricultura?— Agora que a Ália sabe de nós, ela foi embora. O que faço agora?— Alfa, calma. Estou grávida do seu filho. — Giselle, quase sufocada, conseguiu dizer.Pensando na criança, Grifis a soltou.Giselle, assustada, mas contente com minha fuga, pensou que poderia se tornar a Luna da Alcateia Avalora.Mas su
Tarasa ficou encantada com minha chegada, mas furiosa ao saber do que passei, querendo confrontar Grifis imediatamente.Eu a impedi. Se ela fosse, ele descobriria onde eu estava.Ainda não queria vê-lo.Tarasa entendeu. Arranjou uma bela casa para mim, um pequeno castelo à beira-mar.Todos os dias, ao abrir a porta, eu via o mar azul, e meu ânimo melhorava.Tarasa, vendo minha recuperação, pediu que eu a acompanhasse como tradutora em negociações internacionais.Meu pai era embaixador da Alcateia Avalora, e na infância viajei com ele, aprendendo vários idiomas.Aceitei, querendo retribuir sua ajuda.Mal sabia eu que encontraríamos Grifis logo ao sair da cidade.— Por que não o impediram? Eu não disse para o barrar? — Tarasa gritou furiosa com seus subordinados.Só então percebi que Grifis já sabia onde eu estava, mas não conseguia entrar na Alcateia Lumina.Dias atrás, ameaçou atacar a alcateia se não pudesse me ver.Confiante na fortaleza da Alcateia Lumina, Tarasa não cedeu, mas tem
Para evitar que eu ficasse deprimida, Tarasa me levou a lugares belíssimos, e aos poucos recuperei a paz.Um dia, fomos à Alcateia Artheton. Tarasa recusou o convite para um banquete, preferindo me levar a uma cabana secreta nos arredores.Ela estava animada. — Este curandeiro é famoso. Dizem que ressuscita mortos e é especialista em doenças femininas.— Quem sabe ele consegue restaurar seu útero.Ri da ideia, mas não quis desperdiçar sua boa intenção, então a acompanhei.Para minha surpresa, o curandeiro era Estelán, um jovem lobo de cabelos vermelhos.Senti-me constrangida, pois aos 18 anos, a Deusa da Lua não só apontou Giselle como a companheira de Grifis, mas previu meu destino ligado a Estelán.Lembro-me do cabelo vermelho marcante de Estelán, mas ele, imerso em ervas, não me notou.Assim como agora, focado no diagnóstico, sem reconhecer quem eu era.— Infelizmente, seu útero foi removido. — Estelán anunciou calmamente.— Para restaurá-lo, seria necessário um transplante, mas já
Ao chegarmos à Alcateia Avalora, Grifis estava saindo. Ao me ver, ficou radiante.— Ália, você voltou! Prometo nunca mais...— Cale a boca. Não viemos por você. Chame Giselle! — Tarasa interrompeu, gritando.Giselle, grávida, surgiu por trás de Grifis.Sorrindo, provocou: — Luna, veio ver o nascimento do nosso filho?Ignorando-a, mirei meu arco nela. — Giselle, por que você vem enviando lírios para o nosso castelo há três anos, mas desde que engravidou, vem enviando violetas?— É porque não queria inalar o veneno dos lírios e machucar seu bebê?Giselle hesitou. — Não sei do que está falando...Com os olhos marejados, gritei: — Foi você quem matou meus filhos!Vendo minha certeza e emoção, Giselle correu para trás de Grifis.Mas ele não a protegeu. Arrastou-a e deu-lhe um tapa. — Como ousa machucar nossos filhos?Levantei meu arco, pronta para vingar meus filhos. Giselle, em pânico, gritou: — Alfa, salve-me! Estou grávida do seu filho!Minha flecha foi detida por Grifis. Ele, em agonia