CAPÍTULO IV

Boate Coliseu - Chicago

O cheiro de tabaco, perfume caro, álcool e luxúria pairavam no ar da boate de maneira pesada, inconfundível. O ambiente estava mergulhado na penumbra, com luzes neon pulsando como se acompanhassem as batidas de corações desesperados.

— Pela sua cara, Don, posso imaginar as perversões que estão rondando na sua mente. — Alonso soltou a frase entre um trago do cigarro e o sorriso de escárnio estampado no rosto.

Sorri de volta, mas o brilho nos meus olhos revelava algo mais sombrio.

— Você não imagina, Alonso. Preciso de uma ninfeta fogosa para aplacar essa raiva que me corrói. Hoje, faltou pouco para matar aquele playboyzinho metido a mafioso.

Arrastei os dedos pelos primeiros botões da minha camisa de seda preta, abrindo-os lentamente, enquanto a fumaça do meu cigarro se dissipava no ar.

— Como assim, Don? — Alonso riu, balançando a cabeça. — Você praticamente colocou uma arma na boca do filho dele e ainda o chamou de viado. O que esperava?

Ri junto, mas sem humor.

— Nada do que falei é mentira. — rebati com frieza. — O moleque é um fracassado, eu só quis colocá-lo em seu devido lugar. Confesso que a minha vontade era arrancar o seu sangue com minhas próprias mãos. Nada me dá mais prazer do que ver o líquido carmesim jorrando...

Alonso riu novamente, mas já não estava prestando atenção. Eu estava concentrado no ambiente à minha volta. Em um lugar como este, nunca podemos baixar a guarda.

Adentramos a área VIP. A música alta fazia o chão vibrar, enquanto garotas semi nuas dançavam no palco em plataformas iluminadas. O Coliseu, como sempre, era um belo refúgio para satisfação dos prazeres carnais, mas naquela noite, algo parecia diferente.

O ambiente estava carregado de tensão. Meus olhos percorriam cada canto, atentos, até que o albino de sempre, James, se aproximou com sua típica expressão respeitosa.

— Alguma novidade? — perguntei sem tirar os olhos da movimentação.

— Don, temos meninas novas. Inclusive temos uma novata, hoje será sua  quinta noite de apresentação, será daqui a pouco. Como sabe, nomes são proibidos, apenas corpos e números.

Assenti com desinteresse, tragando mais um cigarro. Nada naquela noite parecia ser capaz de prender minha atenção por muito tempo. Até que...

Uma voz masculina ecoou alto pelo salão, cortando o burburinho:

— Oh, my God! Who’s that woman?

Meu olhar voltou-se para o palco.

Ali, no centro da atenção de todos, havia uma mulher de cabelos ruivos ondulados que desciam até a cintura, moldando um rosto de traços exóticos e intensos. 

Suas curvas eram perfeitas, seu corpo se movia como uma promessa proibida. Ela usava um vestido preto justo, fazendo contraste com um véu vermelho que parecia flutuar ao ritmo de seus passos.

Ela não era apenas uma dançarina. Ela não apenas dançava. Ela dominava.

Os homens ao redor estavam em um frenesi, gritando, jogando dinheiro no palco antes mesmo que ela tirasse qualquer peça de roupa. Os flashes de luz destacavam cada curva, cada movimento sensual.

— Fênix. — O nome saiu do locutor como um sussurro carregado de reverência, mas para mim, soou como um desafio. Por que seu nome foi anunciado? 

Aquela mulher me hipnotizava.  Havia algo por trás de seus olhos, um mistério que eu não conseguia decifrar. Esse tipo de situação me deixava louco.

Senti uma raiva irracional borbulhar no meu peito quando percebi os olhares lascivos dos outros homens sobre ela. Alguns eram tão descarados que se masturbaram ali mesmo. Aquilo me irritava de uma forma que eu não conseguia explicar.

— Ela tem que ser minha… — murmurei, mais para mim mesmo do que para Alonso ou Luca.

Levantei-me de forma impulsiva, movido por um desejo que parecia mais uma necessidade primitiva. Caminhei até James, que estava afastado, observando de longe.

— Eu a quero, James. — Minha voz saiu firme, sem espaço para argumentações.

O albino me olhou com um misto de nervosismo e pesar.

— Don, ela só dança, não faz esse tipo de programa, temos outras garotas…

Engoli em seco, sentindo a irritação crescer como fogo. Fechei os botões da camisa e me aproximei mais, apertando seu ombro com força.

— Você não entendeu. Eu disse... EU A QUERO.

James hesitou, desviando o olhar, mas não respondeu.

Por trás dele, as luzes no palco mudaram e os movimentos de Fênix se intensificaram. Sua dança parecia me desafiar diretamente, como se ela soubesse que eu a observava.

Havia algo naquela mulher. Algo que me congelou no lugar. Não era medo, nem submissão. Era algo muito mais perigoso.

Senti o peso de uma pergunta não dita. Quem era Fênix?

Eu não sabia, mas naquela noite, estava disposto a descobrir.

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