Vittorio se aproximou, segurando a arma e colocando-a na boca de Lorenzo, forçando-o a se ajoelhar diante dele. Serena se agarrou ainda mais a Armand, fechando os olhos enquanto o corpo dela tremia. Não conseguia acreditar que, durante todo esse tempo, esteve afastada do único homem que amou por causa de uma mentira. Vittorio sempre foi intenso em seus sentimentos. Quando estavam juntos, ele sempre foi sincero.
“Por que não conversou com ele? Como pôde ser tão ingênua?” — seus pensamentos foram interrompidos por um grito na sala.
— Stai zitto, figlio di puttana! {cale a boca seu filho de uma puta!} — Com
No CativeiroLorenzo estava imobilizado em uma cadeira de metal no centro de uma sala fria e mal iluminada. Seus braços amarrados firmemente nas laterais, a boca obstruída por uma mordaça apertada e os olhos cobertos por uma venda negra. Cada músculo do seu corpo tremia, não apenas pelo frio do ambiente, mas pelo medo que o consumia. Ele sabia do que Vittorio era capaz. Conhecia muito bem a fama sádica do Don e o terror que espalhava entre seus inimigos.A porta rangeu ao ser aberta, o som ecoando pela sala vazia. Lorenzo, imediatamente, sentiu a mudança na atmosfera. Uma aura pesada e sombria preencheu o local, deixando o ar quase irrespirável. Passos lentos e calculados se aproximaram dele e logo a venda foi arrancada de seus olhos. A luz pálida da única lâmpada pendurada no teto, re
A festa continuou tranquila e para Aurora, nada poderia ser melhor do que aquele momento. Ela estava sendo paparicada por suas duas mães. Embora feliz na Itália, a garotinha sabia da verdade e jamais esqueceria sua mãe, irmãos e povo. Afinal, ela era uma Demetriou e a princesa da máfia grega.O salão estava decorado com balões coloridos, mesas enfeitadas com tons alegres e uma energia contagiante de risos e conversas. A festa de aniversário continuava, o local transbordava alegria infantil. Quando Vittorio chegou, o som da música animada e das gargalhadas das crianças o envolveram imediatamente, mas foi a visão ao longe que parou seu coração.Ali, no centro da festa, Matteo estava cercado pelos amigos, rindo e correndo de um lado para o outro c
O futuroO sol da manhã se espalhava sobre o campo aberto, iluminando o espaço onde Matteo, com seus doze anos, estava completamente focado no treinamento.O menino, vestindo um uniforme simples, já carregava a postura e a determinação de alguém muito além da sua idade. Seus cabelos loiros estavam bagunçados pelo esforço e gotas de suor brilhavam em sua testa enquanto ele mantinha os olhos fixos em Luca e Alonso, seus treinadores e mentores.Luca, com sua postura firme e olhar observador, estava de pé ao lado de um conjunto de alvos improvisados. Ele gesticulava um bastão de madeira, enquanto explicava a próxima etapa do treinamento.— Alguns anos depoisO sol do meio-dia brilhava intensamente sobre o campo de treinamento, onde Matteo, com dezessete anos, já demonstrava toda a força e habilidade que vinha praticando desde pequeno. Seu corpo já formado refletia o resultado de anos de disciplina e dedicação.Agora, ele era o herdeiro incontestável da Cosa Nostra e sua presença dominava o ambiente, impondo respeito e admiração a todos ao redor.Aurora, agora com 15 anos, estava sentada em uma pequena mureta próxima, os olhos fixos em cada movimento dele. Seu rosto carregava um brilho de encantamento difícil de esconder. Ela observava atentamente enquanto Matteo treinava, o jeito como seus músculos se moviam com precisão e força, a maneira como ele mantinhaCAPÍTULO CXV
O som dos saltos de Serena ecoava pelos corredores da sede da máfia, seu vestido preto justo moldava cada curva do seu corpo enquanto sua postura exalava poder e perigo.Ela não precisava de escolta, não precisava de proteção. Serena Moretti era a dona daquele império tanto quanto o marido mas, naquele momento, o sangue que corria em suas veias fervia.Ao entrar na sala principal, seus olhos azuis como o gelo encontraram imediatamente a cena que a fez enxergar vermelho.Vittorio estava sentado atrás da grande mesa de carvalho, com os olhos fixos nos gráficos das vendas de ecstasy nas boates que dominavam a cidade. Estava concentrado e focado nas informações que apareciam na tela de seu computador. Ao seu lado, debruçada sobre a mesa, havia uma mulher. Serena já tinha visto aquela mulher antes e a maneira que ela olhava para o seu marido. Notou o decote generoso da blusa que usava, enquanto a voz melosa sussurrava informações sobre os números.— Então, Don,os lucros têm sido bastante
Serena MorettiO beijo de Vitório foi lento, profundo e irrevogável.Era sempre assim. Como se cada vez que seus lábios tocavam os meus, ele reivindicasse o que sempre foi dele.Eu me deixava levar, me entregava sem reservas, porque a verdade era simples: eu era dele tanto quanto ele era meu e quando se afastou, seus olhos azuis continuavam cravados nos meus.Eu conhecia aquele olhar.Não era apenas desejo, não era apenas amor.Era posse.E, pior… era ciúme.Cruzei os braços e arqueei uma sobrancelha. A porta abriu-se abruptamente, como se tivesse sido empurrada por uma rajada de vento gelado, trazendo consigo uma presença que fez o quarto mergulhar em um silêncio sufocante. Serena, envolta no delicado robe de seda que ainda exalava o perfume de Vittorio, ergueu o olhar na expectativa de ver o homem que fazia seu coração disparar, mas não era ele.O desconhecido que ali estava, carregava uma aura de ameaça. Alto, magro, com feições rígidas e olhos que pareciam conter o peso de segredos sombrios, ele entrou sem hesitar, sua postura transbordava autoridade. Serena recuou instintivamente, mas manteve a voz firme, mesmo que um nó de apreensão apertasse sua garganta.— Quem é você para invadir meu quarto? Meu esposo logo estará de volta. — ela disparou, tentando esconder a vulnerabilidade que ameaçava transparecer. A palavra "esposo" saiu de seus lábios como um escudo, uma tentativa desesperada de se proteger. O homem apenas riu. — uma risada seca, carregada de deboche que reverberou PRÓLOGO
Vittorio MoretiOs primeiros raios de sol mal tocavam o horizonte. O quarto era o reflexo do caos contido na mente de Vittorio Moretti. A fumaça do cigarro se misturava ao cheiro amadeirado do uísque em seu copo, criando uma atmosfera tão densa quanto os pensamentos que o perseguiam. Ele encarava o espelho com intensidade, como se tentasse desvendar os próprios demônios.— Cosa manca alla mia vita ? O que está faltando na minha vida ? — Ele debruça sobre a pia respirando fundo — Non so nemmeno cosa sia...Nem eu mesmo sei o que é isso...Um homem como Vittorio, Don aos dezesseis anos, não deveria se permitir fraquezas. Ele era o poder em sua forma mais crua, um líder temido e respeitado, cuja reputação atravessava oceanos. Seu corpo, coberto por tatuagens e cicatrizes, era o retrato de sua história, vitórias e perdas, tudo marcado na carne. Mas naquele instante, diante de sua própria imagem, uma sombra de dúvidas pairava em seus olhos.O som da porta do quarto se abrindo o trouxe de vo