CAPÍTULO III

O Homem Amaldiçoado

Amar deveria ser um presente divino, mas para mim foi uma maldição.

Eu amei uma mulher que jamais poderia ser minha. Durante anos, assisti Brianna viver, florescer e sorrir nos braços de outro homem. E o que fiz? Sorri de volta, mesmo quando cada sorriso seu rasgava o meu peito. Afinal, amar não deveria ser sobre posse, e sim sobre liberdade.

De longe, torci para que ela nunca conhecesse a dor, nunca sentisse a crueldade do mundo como eu sentia. Renunciar ao amor que nutria por ela foi a minha penitência e a vida seguiu seu curso. Pelo menos, era isso que eu dizia a mim mesmo. Até agora.

Quando as garotas do turno entram no camarim, preparadas para mais uma noite, eu não esperava ver um fantasma do passado atravessar a porta, mas lá estava ela, tão parecida com Brianna que meu coração quase parou. Exceto que esta não é Brianna e sim, Serena.

Boate Coliseu - Chicago

— Giuseppe. — A voz dela é confiante, embora seus olhos a entreguem. Há algo perturbador e vulnerável ali.

São 13h, a luz do dia inunda a boate quando a porta se abre. Ela avança sem hesitar, decidida a não recuar. Erguendo a sobrancelha, apoio o queixo nas mãos e faço sinal para que ela continue.

— Preciso de um favor seu.

O pedido é tão direto que não consigo evitar uma gargalhada. Poucas pessoas ousam me abordar assim.

— Um favor? — repito, com sarcasmo. Faço um sinal para James. — Traga um suco para a garotinha.

— Eu não sou uma garotinha! — ela retruca irritada, sem perder o foco.

James sai em silêncio, deixando-nos sozinhos. Eu cruzo os dedos, observando-a com cuidado.

— Meus pêsames pela sua família. — digo, quebrando o gelo com um toque de ironia.

Ela cerra os olhos, percebendo a provocação.

— O que diabos você quer, senhorita Smith?

— Preciso de um emprego. — responde firme, sem rodeios.

Minhas sobrancelhas se erguem. A filha de Brianna está aqui, pedindo trabalho na boate? Isso só pode ser piada.

— O que eu teria a ver com isso, criança?

— Eu não sou criança, tenho dezenove anos! — ela rebate, cruzando os braços.

Não aguento e bufo. A idade dela é o que menos importa, é irrelevante. Brianna sempre será a sombra entre nós dois. Não sou ingênuo, jamais permitirei trabalhar em um ambiente como este.

— Eu não sou um santo, mas aqui não é lugar para você. Isso não é caridade, garota. Diga quanto você precisa e eu te dou o dinheiro.

— Não! — A raiva em sua voz é genuína. — Não quero esmola nem caridade.

Ela se inclina e me encara de igual para igual.

— Eu só quero dançar. Não quero fazer programa nem nada disso. Só preciso de uma oportunidade. Se você realmente amou minha mãe, vai me ajudar!

A lembrança de Brianna cai como uma bomba. O peso de tudo que ficou enterrado no passado volta com força.

— Serena, saia daqui. Em respeito a memória da sua mãe, vou tentar arranjar outra coisa para você.

— Não quero outra coisa — ela insiste, os olhos brilhando de determinação. — Quero resolver minha vida sozinha.

— Serena...

— Por favor — ela implora, sua voz finalmente cedendo ao desespero.

O silêncio que se segue é quase insuportável. A filha da mulher que amei agora está aqui me encarando, me desafiando, pedindo por algo que sei que não deveria dar.

Mas há algo em seus olhos. Algo que me faz recuar em minha decisão.

Vittorio Moretti

Poucas coisas me irritam mais do que lidar com incompetentes. Infelizmente, hoje foi um dia cheio deles. Mafiosos americanos com nenhuma fibra moral e um apego ridículo por dinheiro fácil.

— Esses idiotas… — murmuro, enquanto Alonso Ferrari, meu braço direito, tenta me acalmar.

Estou em Chicago há semanas, lidando com uma confusão que não deveria ser minha, mas hoje à noite, vou esquecer tudo isso.

Há uma boate de striptease aqui que conheço bem. Um lugar com um certo glamour, onde as mulheres são exatamente o que preciso para aliviar o peso do dia.

Quando entramos no Coliseu, algo no ar parecia diferente. Não sei se era a expectativa ou apenas o cheiro do uísque no ar.

Eu nem imaginava que a noite estava prestes a se tornar muito mais interessante.

Continue lendo no Buenovela
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Digitalize o código para ler no App