Serena Smith
— Serena. Parabéns! — James entra com um sorriso nos lábios, não sei porque isso me deixa intrigada. Eu conheço bem aquele olhar, é o mesmo que Violet faz quando faz alguma merda e quer ajuda.
— Diga de uma vez o que quer! — Levanto da cadeira amarrando o laço do meu robe e o encaro.
James é um rapaz jovem, acho que deve ter a minha idade, chego a pensar por qual motivo ele trabalha neste lugar, mas chego à conclusão que isso não é da minha conta, se está aqui é porque precisa.
Ele se aproxima sentando na minha frente e com os olhos suplicantes diz:— Eu não pediria isso se não fosse urgente. O senhor Giuseppe está resolvendo um assunto e temos um cliente muito importante que deixou claro que deseja um show particular seu, uma dança na sala Vip.
Encaro James intensamente. O Giuseppe deixou claro que eu não realizava esse tipo de dança. Umedeço os lábios ouvindo a súplica atentamente, sei exatamente o que acontece na sala Vip e numa dança privada. Cruzo os braços contra o corpo e digo:
— Sinto muito James, eu não vou!
— Serena! Eu suplico. — Implora, segurando meu pulso.
— Eu não faço programa, James. O contrato é claro, apenas uma dança em troca de sua segurança. Você sabe disso.
— Eu jamais pediria se não fosse sério, ele não forçará nada.
— Argh! Claro que não…— Respondo mostrando desacreditar naquelas palavras
— Por favor! — James insiste.
Encaro o homem nos olhos e percebo aflição. Por Deus, preciso ajudá-lo, mas irei barganhar. Com um sorriso nos lábios, pergunto:
— O que eu ganho com isso?
James sempre me tratou bem, não tenho motivos para desconfiar dele, mesmo que eu não seja de confiar cegamente em ninguém. “Confie desconfiando”, é como meu falecido pai me ensinou.
— O que você quer? — Sorrio maliciosa, tenho que ser esperta. Não demoro a refletir, já sei exatamente o que pedir.
— Uma dança extra, no domingo. — Peço sem hesitação, nos finais de semana, principalmente aos domingos, a boate fica lotada, são os dias de maior fluxo dos clientes.
Uma dança no começo e outra no final da noite, vai me fazer ganhar um bom dinheiro. Dançar nesses dias, compensa bem mais do que durante a semana, tanto que apenas as dançarinas mais antigas conseguem entrar na escala do final de semana. James hesita.
— Negócio fechado? —Pergunto sem dar outra opção.
O homem geme descontente, acabei rindo do seu estado.
— Negócio fechado, pequena ruiva. — Ele me provoca, sabe que odeio quando me subestimam. Ele adentra o camarim indo até uma porta de fantasias mais solicitadas, retornando com uma peça cor de rosa, franzo o cenho bem desgostosa, detesto essa cor. — Vai usar esse look aqui.
Coloca sob meu peito, choramingo inconformada e digo:
— É sério isso? — Pergunto incrédula.
— Sala 01, não demore.
Suspiro fundo, troco a roupa e sigo até a sala. Sei que a sala 01 é destinada a clientes importantes e com dinheiro. Sinto um frio na barriga com medo do que vem por ai, mas preciso pensar na grana que vou conseguir no show de domingo.
Conforme me aproximo do quarto, o nervosismo vai aumentando. Nunca dancei para homem algum antes, não numa dança privada. Sinto o ar ficar denso, está difícil de respirar, paro uns segundos e tento controlar minha ansiedade.
— Força Serena, é apenas uma dança!
Com o coração disparado, deslizo a mão pela maçaneta, abrindo a porta devagar. Um arrepio percorre meu corpo ao me deparar com o mesmo loiro que me observava no salão. Ele parecia concentrado, impaciente, arrisco até em dizer um pouco tenso, mas relaxou ao me ver.
Um sorriso malicioso se forma em seus lábios e sinto meu rosto queimar quando percebo o quanto ele aprecia a roupa que visto. M*****a hora em que concordei com isso.
— Olá. Meu nome é Vittorio.. — ele diz, quase atropelando as palavras, o que me faz sorrir por dentro.
— Muito prazer, Fênix. — Respondo tentando manter a compostura, embora um turbilhão de sensações me invada. As meninas disseram que homens como ele, não se importam com nomes. Não sei o que acontece, mas por algum motivo, meu coração b**e mais rápido, minhas mãos tremem enquanto tento me concentrar apenas na minha apresentação.
— O que posso fazer por você hoje, Vittorio?
Vittorio Moretti O cômodo estava do jeito que eu me lembrava. O sofá de couro, o lustre moderado, o perfume sutil espalhado pelo ambiente. Tudo estava em perfeita ordem, mas minha mente estava longe da calmaria. Meu corpo pulsava em antecipação. A simples ideia de tê-la tão perto o fazia ferver de desejo.Não demorou até a porta se abrir lentamente.Ela entrou e a visão me deixou sem ar.Fênix usava um traje sensual de bailarina, um corpete justo destacando a cintura fina, meias delicadas que cobriam as coxas torneadas e sandálias douradas que realçaram suas longas pernas. Ela era uma mistura de pureza e pecado.Por incrível que pareça, senti algo que não sentia há muito tempo, nervosismo.Ela se aproximou devagar, como um predador cauteloso. Havia hesitação em seus olhos, mas também algo que me intrigava. Após nos apresentarmos, ela foi direta:— O que posso fazer por você hoje, Vittorio?— Dance para mim.--- Foi a única coisa que me veio à cabeça naquele momento. Minha voz saiu r
Quando James suplicou que eu fosse até a tal sala VIP, não imaginei que poderia perder a minha virgindade. Eu ainda não acredito no que quase aconteceu. Eu ia me entregar a um maldito desconhecido! Foi por muito pouco... Corro até o camarim no final do corredor, visto meu casaco preto junto do capuz felpudo e mal amarro os cadarços do coturno, preciso sair daqui urgentemente. Abro a porta dando de cara com várias pessoas que pouco ligam se estou ali ou não. Aqui é um lugar seguro, sei que estaria tecnicamente protegida, mas estou nessa situação por descuido próprio. — Como você é burra, Serena. – Resmungo comigo mesma. Fui ingênua, estúpida, deixei-me levar por aqueles malditos olhos azuis, quase fiz uma grande besteira. Preciso ir embora e esquecer o que aconteceu aqui, ou pelo menos tentar. Chegando em casa abro a porta e dou graças a Deus por nem meu tio, nem a Violet estarem. Caminho a passos rápidos até o meu quarto e entro no banheiro. Tomo um banho gelado na tentativa de
Dou o recado e fico aguardando. Aquela ruiva é astuciosa, provocante, já chega com sua língua afiada e na minha primeira investida já me empurra dizendo não ser uma prostituta. Se fosse outra, teria cometido um erro com essa ação, mas como é ela, abri uma inusitada exceção, mesmo sem saber porquê. Como eu não presto, começo um jogo de sedução e, felizmente, ela entra no jogo. Seu jeito sexy de dançar me deixa sem saber como reagir. Não hesitei em puxar o seu corpo e beijar os seus lábios tão convidativos. Tinha certeza que aquele beijo seria a minha maldição. Sempre tive regras no sexo, uma delas é:Nada de beijos e nada de toques. Não sei o que aconteceu, mas quando vi aqueles lábios carnudos sendo massacrados por ela… não consegui me conter. Sentir sua língua se enroscando na minha numa dança erótica…aquilo me deixou em êxtase. O gosto doce de seus lábios me deixou inebriadoEla me tocou e eu não senti o que geralmente sinto quando outras mulheres me tocam. Pelo contrário, eu apre
A porta abriu-se abruptamente, como se tivesse sido empurrada por uma rajada de vento gelado, trazendo consigo uma presença que fez o quarto mergulhar em um silêncio sufocante. Serena, envolta no delicado robe de seda que ainda exalava o perfume de Vittorio, ergueu o olhar na expectativa de ver o homem que fazia seu coração disparar, mas não era ele.O desconhecido que ali estava, carregava uma aura de ameaça. Alto, magro, com feições rígidas e olhos que pareciam conter o peso de segredos sombrios, ele entrou sem hesitar, sua postura transbordava autoridade. Serena recuou instintivamente, mas manteve a voz firme, mesmo que um nó de apreensão apertasse sua garganta.— Quem é você para invadir meu quarto? Meu esposo logo estará de volta. — ela disparou, tentando esconder a vulnerabilidade que ameaçava transparecer. A palavra "esposo" saiu de seus lábios como um escudo, uma tentativa desesperada de se proteger. O homem apenas riu. — uma risada seca, carregada de deboche que reverberou
Vittorio MoretiOs primeiros raios de sol mal tocavam o horizonte. O quarto era o reflexo do caos contido na mente de Vittorio Moretti. A fumaça do cigarro se misturava ao cheiro amadeirado do uísque em seu copo, criando uma atmosfera tão densa quanto os pensamentos que o perseguiam. Ele encarava o espelho com intensidade, como se tentasse desvendar os próprios demônios.— Cosa manca alla mia vita ? O que está faltando na minha vida ? — Ele debruça sobre a pia respirando fundo — Non so nemmeno cosa sia...Nem eu mesmo sei o que é isso...Um homem como Vittorio, Don aos dezesseis anos, não deveria se permitir fraquezas. Ele era o poder em sua forma mais crua, um líder temido e respeitado, cuja reputação atravessava oceanos. Seu corpo, coberto por tatuagens e cicatrizes, era o retrato de sua história, vitórias e perdas, tudo marcado na carne. Mas naquele instante, diante de sua própria imagem, uma sombra de dúvidas pairava em seus olhos.O som da porta do quarto se abrindo o trouxe de vo
Serena SmithAlgumas pessoas dizem que a dor nos fortalece. Para mim, ela só me despedaça ainda mais.A chuva não cessa enquanto permaneço ali, parada, diante de duas lápides. O cheiro de terra molhada e flores murchas inunda os meus sentidos, mesmo eu mal conseguindo respirar. Tudo parece surreal, como um pesadelo do qual não consigo acordar. Acabo de enterrar meus pais.A mão firme de meu tio Charles repousa sobre o meu ombro, quente e pesada, como uma âncora. Ele nada diz, não é preciso. Sua presença já carrega o peso da sua dor, mesmo que nenhuma lágrima escorra pelo seu rosto endurecido. Ele é um homem quebrado, assim como eu.Eu ainda não sei como seguir em frente. Espero encontrar um caminho em breve…Seis meses depois— Eu já disse que não tenho como pagar essa merrda! — grito ao celular, minha voz está trêmula de frustração. — Passe minha bolsa para outra pessoa, que inferno!Encerro a ligação, antes que ouça outra negativa da mulher do outro lado da linha. O meu celular voa
O Homem AmaldiçoadoAmar deveria ser um presente divino, mas para mim foi uma maldição.Eu amei uma mulher que jamais poderia ser minha. Durante anos, assisti Brianna viver, florescer e sorrir nos braços de outro homem. E o que fiz? Sorri de volta, mesmo quando cada sorriso seu rasgava o meu peito. Afinal, amar não deveria ser sobre posse, e sim sobre liberdade.De longe, torci para que ela nunca conhecesse a dor, nunca sentisse a crueldade do mundo como eu sentia. Renunciar ao amor que nutria por ela foi a minha penitência e a vida seguiu seu curso. Pelo menos, era isso que eu dizia a mim mesmo. Até agora.Quando as garotas do turno entram no camarim, preparadas para mais uma noite, eu não esperava ver um fantasma do passado atravessar a porta, mas lá estava ela, tão parecida com Brianna que meu coração quase parou. Exceto que esta não é Brianna e sim, Serena.Boate Coliseu - Chicago— Giuseppe. — A voz dela é confiante, embora seus olhos a entreguem. Há algo perturbador e vulnerável
Boate Coliseu - ChicagoO cheiro de tabaco, perfume caro, álcool e luxúria pairavam no ar da boate de maneira pesada, inconfundível. O ambiente estava mergulhado na penumbra, com luzes neon pulsando como se acompanhassem as batidas de corações desesperados.— Pela sua cara, Don, posso imaginar as perversões que estão rondando na sua mente. — Alonso soltou a frase entre um trago do cigarro e o sorriso de escárnio estampado no rosto.Sorri de volta, mas o brilho nos meus olhos revelava algo mais sombrio.— Você não imagina, Alonso. Preciso de uma ninfeta fogosa para aplacar essa raiva que me corrói. Hoje, faltou pouco para matar aquele playboyzinho metido a mafioso.Arrastei os dedos pelos primeiros botões da minha camisa de seda preta, abrindo-os lentamente, enquanto a fumaça do meu cigarro se dissipava no ar.— Como assim, Don? — Alonso riu, balançando a cabeça. — Você praticamente colocou uma arma na boca do filho dele e ainda o chamou de viado. O que esperava?Ri junto, mas sem humo