4 meses depois...
Andei pelas prateleiras da livraria da Cat – que agora era minha também -, conferindo se não havia nada fora do lugar. Como costume, estava tudo como gostávamos de deixar. Naquele horário da tarde o movimento era baixo, muitas pessoas ainda estavam trabalhando. Observei que havia apenas dois adolescentes usando os computadores e uma mulher tomando um café, então aproveitei para me sentar numa das confortáveis poltronas do espaço de leitura. Sair da casa da minha mãe com Catarina foi uma das melhores coisas que nós duas fizemos, sem dúvida. Agora ocupávamos um apartamento no- Claro que eu quero me casar, mas não com você. O som das palavras ficaram fazendo eco para dentro do meu cérebro, penetrando meu ser. Me senti encolhendo gradativamente diante do par de olhos que me encaravam com um intensidade – antes irritada- e agora, claramente aliviada. Por alguns instantes, um surto de arrependimento me tomou, por ter entrado numa discussão sobre as flores do grande dia logo após um dia estressante de trabalho. - Você não está falando sério. – falei baixinho fechando a agenda repleta de compromissos sobre o dia do casamento. - Estou. – e ele se jogou no sofá, afrouxando a gravata. Claramente aliviado por estar falando sobre isso. Eu não conseguia me mover do lado
- Mas que maldito. – disse Brenda colocando os pés no encosto do sofá, cruzados na altura dos tornozelos. Ela colocou a garrafa de vinho que pegamos no estoque da minha mãe no chão, entre nós duas. Eu estou deitada no chão, espalhada no tapete escuro da sala. – E esta maldita Vivian. – acrescentou rancorosa minutos depois. Isso me fez pensar de novo na Vivian sempre impecável. Desde o primeiro dia que a vi, lá na casa dos pais de Eduardo. Filha dos amigos mais íntimos da família, irmã do melhor amigo do Eduardo. Sempre enfurnada lá, sempre bajulando. Eu, jovem e insegura, me senti ameaçada pe
No sábado à noite, Brenda teve um encontro. Ela sempre tinha vários encontros, mas geralmente não chegavam a se repetir mais de três vezes com a mesma pessoa. E não porque os homens fugiam dela ou ela se envolvia com um tipo cafajeste, na maior parte dos casos a Brenda é que acabava se desinteressando de seus pares por algum motivo ou outro. - Posso desmarcar. – ela me disse, escolhendo entre um brinco de argolas e um de pedras – Não é nada especial, na verdade. É o primeiro encontro. - Não. – respondi sentando na cama, embora eu estivesse mesmo meio deprimida por ficar sozinha – E você está buscando defeitos no rapaz? – s
Acordei com as risadas de Catarina e Brenda vindo da cozinha, um som capaz de me tirar um sorriso. Levantei e as encontrei lutando com uma forma de biscoitos fumegantes.- Bom dia. – falei encostando o quadril no balcão da cozinha. - Oi! – Cat respondeu, animada como sempre – Estávamos testando essa receita, mas só sobrou essa forma. - Sua irmã é um desastre. - Brenda disse com um gesto dramático para o chão, repleto de biscoitos. - Bem sei eu. – sorri me sentando ao lado das duas. Era reconfortante ter as duas por perto logo cedo, o café d
- Até que enfim. – minha mãe me disse quando cheguei em casa segunda-feira de manhã, logo depois da Brenda sair do apartamento um tanto tensa na missão de deixar alguém cuidando da loja, e após um domingo feliz ao lado dela e da minha irmã. – Você conversou com o Eduardo? – senti a leveza das últimas horas ir se esvaindo de mim lentamente. - Não, mãe. – respondi arrastando minha mala até meu quarto. - Alice, você precisa ligar para ele! – ela me seguiu, gesticulando e aumentando o tom de voz. – Esse casamento ia fazer a sua vida, você ia ter total tranquilidade.&nb
- Quando essa viagem sai? – perguntei à Cat pelo celular, logo depois que consegui sair do restaurante, tentando não olhar o Eduardo novamente. - Nossa. – Catarina riu do outro lado – Pouco tempo, se a Brenda estiver de acordo. Onde você está? - Saindo de um restaurante. – respondi acelerando os passos – Seria gentil da sua parte passar a noite em casa. – falei firmemente e Cat apenas concordou – Vou pensar numa forma de Brenda se ajeitar logo. – acrescentei antes de desligar e buscar o número da minha amiga na agenda. - Estou enrolada. – ela disse sem nem m
O resto da semana passou de uma forma estressante pois, tanto Catarina quanto Brenda – que aceitou sair no fim de semana e parecia ter amolecido com a nossa conversa –, estavam ocupadas demais com seus negócios. Minha mãe passou o tempo todo livre deixando claro o quanto ela achava absurdo eu sair quando o Eduardo estava por ai, começando a desfilar com outra. A fofoca parecia, enfim, ter se espalhado e eu precisava me esquivar de telefonemas indesejados e campainhas insistentes. Pessoas que pareciam se condoer da minha situação, mas estavam apenas querendo observar a situação de perto. Parecia mais sensato ficar trancada no quarto, em meio as malas de viagem e as caixas, que aind
- Ela parece uma criança com essa câmera. – Brenda comentou enquanto nós duas andávamos juntas pelo parque. Conseguíamos ver Catarina abaixando e levantando em busca de suas fotos perfeitas. - Com certeza. – confirmei, olhando o parque cheio ao nosso redor. Haviam muitas crianças com os pais e alguns adolescentes aproveitando a noite de sábado nos tradicionais brinquedos. - Vamos esperar aqui. – Brenda apontou um banco. Atrás de nós estava a imensa roda-gigante, cheia de luzes. – Te achei muito para baixo antes de sairmos. – ela comentou suavemente.