- Até que enfim. – minha mãe me disse quando cheguei em casa segunda-feira de manhã, logo depois da Brenda sair do apartamento um tanto tensa na missão de deixar alguém cuidando da loja, e após um domingo feliz ao lado dela e da minha irmã. – Você conversou com o Eduardo? – senti a leveza das últimas horas ir se esvaindo de mim lentamente. - Não, mãe. – respondi arrastando minha mala até meu quarto. - Alice, você precisa ligar para ele! – ela me seguiu, gesticulando e aumentando o tom de voz. – Esse casamento ia fazer a sua vida, você ia ter total tranquilidade.&nb
- Quando essa viagem sai? – perguntei à Cat pelo celular, logo depois que consegui sair do restaurante, tentando não olhar o Eduardo novamente. - Nossa. – Catarina riu do outro lado – Pouco tempo, se a Brenda estiver de acordo. Onde você está? - Saindo de um restaurante. – respondi acelerando os passos – Seria gentil da sua parte passar a noite em casa. – falei firmemente e Cat apenas concordou – Vou pensar numa forma de Brenda se ajeitar logo. – acrescentei antes de desligar e buscar o número da minha amiga na agenda. - Estou enrolada. – ela disse sem nem m
O resto da semana passou de uma forma estressante pois, tanto Catarina quanto Brenda – que aceitou sair no fim de semana e parecia ter amolecido com a nossa conversa –, estavam ocupadas demais com seus negócios. Minha mãe passou o tempo todo livre deixando claro o quanto ela achava absurdo eu sair quando o Eduardo estava por ai, começando a desfilar com outra. A fofoca parecia, enfim, ter se espalhado e eu precisava me esquivar de telefonemas indesejados e campainhas insistentes. Pessoas que pareciam se condoer da minha situação, mas estavam apenas querendo observar a situação de perto. Parecia mais sensato ficar trancada no quarto, em meio as malas de viagem e as caixas, que aind
- Ela parece uma criança com essa câmera. – Brenda comentou enquanto nós duas andávamos juntas pelo parque. Conseguíamos ver Catarina abaixando e levantando em busca de suas fotos perfeitas. - Com certeza. – confirmei, olhando o parque cheio ao nosso redor. Haviam muitas crianças com os pais e alguns adolescentes aproveitando a noite de sábado nos tradicionais brinquedos. - Vamos esperar aqui. – Brenda apontou um banco. Atrás de nós estava a imensa roda-gigante, cheia de luzes. – Te achei muito para baixo antes de sairmos. – ela comentou suavemente.
A manhã seguinte estava chovendo, o que não ajudou no humor da Brenda – que não parava de repetir que não gostava de andar no mato – e no meu – que passei boa parte da noite tentando descobrir como me orientar e estava morrendo de sono. Cat não se alterou nem um pouco com isso, e após o café da manhã na mesma lanchonete próxima ao hotel, estávamos seguindo viagem. A chuva batia nas janelas, me deixando sonolenta, e em alguns momentos fiquei em dúvida se dormi ou não. Cheguei até a ter alguns sonhos confusos, todos relacionados ao casamento.&nbs
- Será que essa chuva não vai parar? – finalmente, depois de dois dias de chuva sem trégua, o humor de Cat começou a variar. Ela olhava pela janela da cozinha o céu completamente coberto de nuvens. - Não estou achando tão ruim. – Brenda disse, deitada no sofá da sala repleto de almofadas e travesseiros, com o celular nas mãos. - Vamos esperar mais um pouco. – tentei confortá-la com uma mão nos ombros. Sua expressão era tremendamente desapontada. Nos juntamos à Brenda no ambiente aconchegante da sala, ouvindo o tamborilar insistente das go
Quando Brenda levantou na manhã seguinte, eu estava espionando a casa vizinha por uma fresta na janela da cozinha. - Oi? – ela perguntou parando ao meu lado e tentando ver o que estou observando. Nada, na verdade. Não vi nenhum sinal do homem da noite anterior. - Nada. – fechei a janela – Só parou de chover. Brenda sentou na mesa e se serviu do café que fiz, depois observou o celular por alguns minutos com uma expressão melancólica. - O que foi? – me sentei ao seu lado, percebendo que h
Na manhã seguinte acordei perturbada por ter sonhado com o vizinho. Assim que abri os olhos, desorientada, e senti os contornos do sonho se perderem, me coloquei de pé e olhei o relógio. Era muito cedo e eu sabia que Cat e Brenda ainda estavam dormindo, então abri a porta do quarto e saí em silêncio para a varanda dos fundos. Alguns minutos de ar fresco e sol da manhã me fariam bem com toda certeza. O arrepio que percorreu a minha coluna foi o primeiro sinal de que não estava sozinha. Arregalei os olhos em busca do que estava errado e, então, vi justamente o vizinho parado ao lado do nosso tanque. O susto foi tão grande que eu balancei.&