Na manhã seguinte acordei perturbada por ter sonhado com o vizinho. Assim que abri os olhos, desorientada, e senti os contornos do sonho se perderem, me coloquei de pé e olhei o relógio.
Era muito cedo e eu sabia que Cat e Brenda ainda estavam dormindo, então abri a porta do quarto e saí em silêncio para a varanda dos fundos. Alguns minutos de ar fresco e sol da manhã me fariam bem com toda certeza. O arrepio que percorreu a minha coluna foi o primeiro sinal de que não estava sozinha. Arregalei os olhos em busca do que estava errado e, então, vi justamente o vizinho parado ao lado do nosso tanque. O susto foi tão grande que eu balancei. &- Qual é, Alice! – Cat riu enquanto nós três jantávamos na varanda dos fundos – Confessa, vai! - Para com isso. – disse irritada, desejando que ela falasse mais baixo. - Como ele era? – Brenda se inclinou na nossa direção. Pelo menos ela falou baixo. - Moreno, cabelos lisos um pouco crescidos e uns olhos meio puxadinhos nos cantos. – Cat descreveu e não pude deixar de pensar que era uma boa descrição. - Hum... – Brenda me lançou um olhar malicioso.
Tirei e coloquei roupas, sem achar que nada era apropriado. Pensava em Bernardo e ficava cada vez mais nervosa. - Vista isso. – Brenda entrou com um vestido vermelho – E chega. – acrescentou como um alerta. Eu coloquei o vestido, feliz por encontrar algo que parecia adequado para o momento. O comprimento não era longo demais, mas também não muito curto para me deixar desconfortável. - Ficou ótimo. – Cat garantiu escolhendo uma corrente dourada para meu pescoço que ficaria exposto pelo decote do vestido.
Me movi, sentindo que a luz do sol batia no meu rosto, mas não queria abrir os olhos, então virei na cama e meu corpo encontrou uma pele quente e macia. Naquele instante minha mente foi inundada de lembranças da noite anterior, me despertando por completo. Depois de beijar Bernardo intensamente, nós trocamos um olhar intenso e demorado. Não precisou que ele dissesse palavra alguma para que eu entendesse que ele queria seguir adiante tanto quanto eu. Deixamos a praça aos tropeços e voltamos direto para a casa dele. Não acendemos nenhuma luz e, já no primeiro cômodo, Bernardo voltou a me beijar lenta e profundamente.&nbs
Assim que Alice saiu, fechei a porta ainda perdido com seu estranho comportamento. Pelo meu entendimento, tivemos uma ótima noite juntos, desde de o jantar até o momento em que resolvemos seguir para a minha casa. Eu pretendia preparar um café da manhã caprichado, até mesmo antes que ela se levantasse, e levar até a cama. Não pensei que Alice poderia acordar antes e agir de modo tão estranho, como se estivesse tentando fugir sem que eu notasse. Fazia muito tempo que eu não tinha companhia para nada, mas a dela era tão agradável que eu planejei prolongar o máximo possível a separação. Talvez curtir mais aquele dia juntos, da mesma forma t
Já era tarde da noite quando escutei sons abafados na casa ao lado e me levantei da cama para espiar através da cortina do quarto. Elas não tinham embora, afinal. Voltei para a cama, mas o sono parecia ter me abandonado. Os pensamentos surgiam na minha cabeça sorrateiramente, me levando para um tempo onde eu vivia uma realidade completamente diferente. Alguns anos antes eu havia sido um homem casado. Nós morávamos ali, naquela casa que sonhei e planejei para nós durante todo o nosso noivado. Durante muito tempo eu imaginava escutar a voz de Eliza quando ela não estava mais ali, me chamando,
Durante a semana seguinte, passei o tempo livre entre as aulas e os cuidados com os jardins espreitando a casa ao lado. Sabia que Alice e suas companheiras não tinham ido embora, mas não via qualquer sinal delas. Quando, finalmente, chegou a noite de quarta-feira, estava decidido a procurá-la. Apesar de sua reação estranha, poderia ser que estivesse esperando uma posição minha, principalmente porque Alice havia sido rejeitada pelo noivo pouco tempo antes. Eu não queria que ela pensasse que eu a estava rejeitando também. Toquei a campainha e quem abriu a porta foi Brenda, que me sorriu, apesar da expressão de espanto.&
Receber Alice me deixava nervoso. Teria sido muito mais fácil levá-la para algum lugar, mas eu sentia o desejo de ter intimidade entre nós. O silêncio e nossas conversas, apenas. Espiei pela janela da cozinha enquanto finalizava o jantar e a vi conversando com Brenda e Catarina. Sabia que em instantes ela viria para minha casa, estava empolgado com isso, ansiando pelo momento que ficaríamos a sós. Notei um clima tenso no ar entre as três, e novamente me perguntei se estavam brigadas. Eu tinha a impressão de que eram muito próximas e carinhosas umas com as outras, então não era possível que algo não estivesse acontecendo.&nb
Passamos o fim de semana todo no quarto, saindo apenas para tomar banho e comer. Fazia muito tempo que eu não passava tanto tempo assim com alguém, mas me sentia ótimo e cheio de energia. Alice também parecia bem, completamente tranquila e a vontade. - Seu café também é bom. – ela sorriu, vestindo apenas uma de minhas camisas. O sol da manhã de domingo entrava pela cozinha, dando um ar caseiro ao ambiente, e eu observava o quanto ela ficava linda daquele jeito, sem nenhum tipo de arrumação. - Que bom que estou passando no teste de qualidade. – eu a beijei suavement