Me movi, sentindo que a luz do sol batia no meu rosto, mas não queria abrir os olhos, então virei na cama e meu corpo encontrou uma pele quente e macia. Naquele instante minha mente foi inundada de lembranças da noite anterior, me despertando por completo.
Depois de beijar Bernardo intensamente, nós trocamos um olhar intenso e demorado. Não precisou que ele dissesse palavra alguma para que eu entendesse que ele queria seguir adiante tanto quanto eu. Deixamos a praça aos tropeços e voltamos direto para a casa dele. Não acendemos nenhuma luz e, já no primeiro cômodo, Bernardo voltou a me beijar lenta e profundamente. &nbsAssim que Alice saiu, fechei a porta ainda perdido com seu estranho comportamento. Pelo meu entendimento, tivemos uma ótima noite juntos, desde de o jantar até o momento em que resolvemos seguir para a minha casa. Eu pretendia preparar um café da manhã caprichado, até mesmo antes que ela se levantasse, e levar até a cama. Não pensei que Alice poderia acordar antes e agir de modo tão estranho, como se estivesse tentando fugir sem que eu notasse. Fazia muito tempo que eu não tinha companhia para nada, mas a dela era tão agradável que eu planejei prolongar o máximo possível a separação. Talvez curtir mais aquele dia juntos, da mesma forma t
Já era tarde da noite quando escutei sons abafados na casa ao lado e me levantei da cama para espiar através da cortina do quarto. Elas não tinham embora, afinal. Voltei para a cama, mas o sono parecia ter me abandonado. Os pensamentos surgiam na minha cabeça sorrateiramente, me levando para um tempo onde eu vivia uma realidade completamente diferente. Alguns anos antes eu havia sido um homem casado. Nós morávamos ali, naquela casa que sonhei e planejei para nós durante todo o nosso noivado. Durante muito tempo eu imaginava escutar a voz de Eliza quando ela não estava mais ali, me chamando,
Durante a semana seguinte, passei o tempo livre entre as aulas e os cuidados com os jardins espreitando a casa ao lado. Sabia que Alice e suas companheiras não tinham ido embora, mas não via qualquer sinal delas. Quando, finalmente, chegou a noite de quarta-feira, estava decidido a procurá-la. Apesar de sua reação estranha, poderia ser que estivesse esperando uma posição minha, principalmente porque Alice havia sido rejeitada pelo noivo pouco tempo antes. Eu não queria que ela pensasse que eu a estava rejeitando também. Toquei a campainha e quem abriu a porta foi Brenda, que me sorriu, apesar da expressão de espanto.&
Receber Alice me deixava nervoso. Teria sido muito mais fácil levá-la para algum lugar, mas eu sentia o desejo de ter intimidade entre nós. O silêncio e nossas conversas, apenas. Espiei pela janela da cozinha enquanto finalizava o jantar e a vi conversando com Brenda e Catarina. Sabia que em instantes ela viria para minha casa, estava empolgado com isso, ansiando pelo momento que ficaríamos a sós. Notei um clima tenso no ar entre as três, e novamente me perguntei se estavam brigadas. Eu tinha a impressão de que eram muito próximas e carinhosas umas com as outras, então não era possível que algo não estivesse acontecendo.&nb
Passamos o fim de semana todo no quarto, saindo apenas para tomar banho e comer. Fazia muito tempo que eu não passava tanto tempo assim com alguém, mas me sentia ótimo e cheio de energia. Alice também parecia bem, completamente tranquila e a vontade. - Seu café também é bom. – ela sorriu, vestindo apenas uma de minhas camisas. O sol da manhã de domingo entrava pela cozinha, dando um ar caseiro ao ambiente, e eu observava o quanto ela ficava linda daquele jeito, sem nenhum tipo de arrumação. - Que bom que estou passando no teste de qualidade. – eu a beijei suavement
Jantar sozinho foi muito estranho depois de ter Alice tanto tempo seguido comigo. Eu pensava em nós dois juntos e a imagem me fazia sorrir, mesmo que o final tivesse sido conturbado. Havia me esquecido de como era boa a rotina com alguém, de como era bom dormir acompanhado e acordar e ver a outra pessoa adormecida em seus braços. Aqueles poucos momentos despertaram uma parte de mim que estava há muito tempo hibernando. Lancei um olhar pela janela, querendo muito saber o que estava acontecendo, o que Eduardo dizia à Alice, que explicações poderia inventar depois do tal “pressionado pelo casamento”.&
Conforme os quilômetros foram aumentando a distância entre Bernardo e eu, senti um aperto no peito. Quando ele acordasse e percebesse que eu tinha ido embora, ia pensar que tudo que aconteceu foi uma aventura da minha parte ou então uma forma que encontrei de ferir Eduardo. Não era verdade, mas já estava tarde demais para dizer alguma coisa. Talvez eu devesse ter deixado algum bilhete com uma explicação, por menor e confusa que fosse, apenas para ele saber que eu não banalizava a situação e como aqueles momentos juntos foram importantes para mim. - Você está bem? – Cat me olhou pelo retrovisor com uma expressão preocupada. Nós nos desentende
4 meses depois... Andei pelas prateleiras da livraria da Cat – que agora era minha também -, conferindo se não havia nada fora do lugar. Como costume, estava tudo como gostávamos de deixar. Naquele horário da tarde o movimento era baixo, muitas pessoas ainda estavam trabalhando. Observei que havia apenas dois adolescentes usando os computadores e uma mulher tomando um café, então aproveitei para me sentar numa das confortáveis poltronas do espaço de leitura. Sair da casa da minha mãe com Catarina foi uma das melhores coisas que nós duas fizemos, sem dúvida. Agora ocupávamos um apartamento no