Durante a semana seguinte, passei o tempo livre entre as aulas e os cuidados com os jardins espreitando a casa ao lado. Sabia que Alice e suas companheiras não tinham ido embora, mas não via qualquer sinal delas.
Quando, finalmente, chegou a noite de quarta-feira, estava decidido a procurá-la. Apesar de sua reação estranha, poderia ser que estivesse esperando uma posição minha, principalmente porque Alice havia sido rejeitada pelo noivo pouco tempo antes. Eu não queria que ela pensasse que eu a estava rejeitando também. Toquei a campainha e quem abriu a porta foi Brenda, que me sorriu, apesar da expressão de espanto. &Receber Alice me deixava nervoso. Teria sido muito mais fácil levá-la para algum lugar, mas eu sentia o desejo de ter intimidade entre nós. O silêncio e nossas conversas, apenas. Espiei pela janela da cozinha enquanto finalizava o jantar e a vi conversando com Brenda e Catarina. Sabia que em instantes ela viria para minha casa, estava empolgado com isso, ansiando pelo momento que ficaríamos a sós. Notei um clima tenso no ar entre as três, e novamente me perguntei se estavam brigadas. Eu tinha a impressão de que eram muito próximas e carinhosas umas com as outras, então não era possível que algo não estivesse acontecendo.&nb
Passamos o fim de semana todo no quarto, saindo apenas para tomar banho e comer. Fazia muito tempo que eu não passava tanto tempo assim com alguém, mas me sentia ótimo e cheio de energia. Alice também parecia bem, completamente tranquila e a vontade. - Seu café também é bom. – ela sorriu, vestindo apenas uma de minhas camisas. O sol da manhã de domingo entrava pela cozinha, dando um ar caseiro ao ambiente, e eu observava o quanto ela ficava linda daquele jeito, sem nenhum tipo de arrumação. - Que bom que estou passando no teste de qualidade. – eu a beijei suavement
Jantar sozinho foi muito estranho depois de ter Alice tanto tempo seguido comigo. Eu pensava em nós dois juntos e a imagem me fazia sorrir, mesmo que o final tivesse sido conturbado. Havia me esquecido de como era boa a rotina com alguém, de como era bom dormir acompanhado e acordar e ver a outra pessoa adormecida em seus braços. Aqueles poucos momentos despertaram uma parte de mim que estava há muito tempo hibernando. Lancei um olhar pela janela, querendo muito saber o que estava acontecendo, o que Eduardo dizia à Alice, que explicações poderia inventar depois do tal “pressionado pelo casamento”.&
Conforme os quilômetros foram aumentando a distância entre Bernardo e eu, senti um aperto no peito. Quando ele acordasse e percebesse que eu tinha ido embora, ia pensar que tudo que aconteceu foi uma aventura da minha parte ou então uma forma que encontrei de ferir Eduardo. Não era verdade, mas já estava tarde demais para dizer alguma coisa. Talvez eu devesse ter deixado algum bilhete com uma explicação, por menor e confusa que fosse, apenas para ele saber que eu não banalizava a situação e como aqueles momentos juntos foram importantes para mim. - Você está bem? – Cat me olhou pelo retrovisor com uma expressão preocupada. Nós nos desentende
4 meses depois... Andei pelas prateleiras da livraria da Cat – que agora era minha também -, conferindo se não havia nada fora do lugar. Como costume, estava tudo como gostávamos de deixar. Naquele horário da tarde o movimento era baixo, muitas pessoas ainda estavam trabalhando. Observei que havia apenas dois adolescentes usando os computadores e uma mulher tomando um café, então aproveitei para me sentar numa das confortáveis poltronas do espaço de leitura. Sair da casa da minha mãe com Catarina foi uma das melhores coisas que nós duas fizemos, sem dúvida. Agora ocupávamos um apartamento no
- Claro que eu quero me casar, mas não com você. O som das palavras ficaram fazendo eco para dentro do meu cérebro, penetrando meu ser. Me senti encolhendo gradativamente diante do par de olhos que me encaravam com um intensidade – antes irritada- e agora, claramente aliviada. Por alguns instantes, um surto de arrependimento me tomou, por ter entrado numa discussão sobre as flores do grande dia logo após um dia estressante de trabalho. - Você não está falando sério. – falei baixinho fechando a agenda repleta de compromissos sobre o dia do casamento. - Estou. – e ele se jogou no sofá, afrouxando a gravata. Claramente aliviado por estar falando sobre isso. Eu não conseguia me mover do lado
- Mas que maldito. – disse Brenda colocando os pés no encosto do sofá, cruzados na altura dos tornozelos. Ela colocou a garrafa de vinho que pegamos no estoque da minha mãe no chão, entre nós duas. Eu estou deitada no chão, espalhada no tapete escuro da sala. – E esta maldita Vivian. – acrescentou rancorosa minutos depois. Isso me fez pensar de novo na Vivian sempre impecável. Desde o primeiro dia que a vi, lá na casa dos pais de Eduardo. Filha dos amigos mais íntimos da família, irmã do melhor amigo do Eduardo. Sempre enfurnada lá, sempre bajulando. Eu, jovem e insegura, me senti ameaçada pe
No sábado à noite, Brenda teve um encontro. Ela sempre tinha vários encontros, mas geralmente não chegavam a se repetir mais de três vezes com a mesma pessoa. E não porque os homens fugiam dela ou ela se envolvia com um tipo cafajeste, na maior parte dos casos a Brenda é que acabava se desinteressando de seus pares por algum motivo ou outro. - Posso desmarcar. – ela me disse, escolhendo entre um brinco de argolas e um de pedras – Não é nada especial, na verdade. É o primeiro encontro. - Não. – respondi sentando na cama, embora eu estivesse mesmo meio deprimida por ficar sozinha – E você está buscando defeitos no rapaz? – s