A manhã seguinte estava chovendo, o que não ajudou no humor da Brenda – que não parava de repetir que não gostava de andar no mato – e no meu – que passei boa parte da noite tentando descobrir como me orientar e estava morrendo de sono.
Cat não se alterou nem um pouco com isso, e após o café da manhã na mesma lanchonete próxima ao hotel, estávamos seguindo viagem. A chuva batia nas janelas, me deixando sonolenta, e em alguns momentos fiquei em dúvida se dormi ou não. Cheguei até a ter alguns sonhos confusos, todos relacionados ao casamento. &nbs- Será que essa chuva não vai parar? – finalmente, depois de dois dias de chuva sem trégua, o humor de Cat começou a variar. Ela olhava pela janela da cozinha o céu completamente coberto de nuvens. - Não estou achando tão ruim. – Brenda disse, deitada no sofá da sala repleto de almofadas e travesseiros, com o celular nas mãos. - Vamos esperar mais um pouco. – tentei confortá-la com uma mão nos ombros. Sua expressão era tremendamente desapontada. Nos juntamos à Brenda no ambiente aconchegante da sala, ouvindo o tamborilar insistente das go
Quando Brenda levantou na manhã seguinte, eu estava espionando a casa vizinha por uma fresta na janela da cozinha. - Oi? – ela perguntou parando ao meu lado e tentando ver o que estou observando. Nada, na verdade. Não vi nenhum sinal do homem da noite anterior. - Nada. – fechei a janela – Só parou de chover. Brenda sentou na mesa e se serviu do café que fiz, depois observou o celular por alguns minutos com uma expressão melancólica. - O que foi? – me sentei ao seu lado, percebendo que h
Na manhã seguinte acordei perturbada por ter sonhado com o vizinho. Assim que abri os olhos, desorientada, e senti os contornos do sonho se perderem, me coloquei de pé e olhei o relógio. Era muito cedo e eu sabia que Cat e Brenda ainda estavam dormindo, então abri a porta do quarto e saí em silêncio para a varanda dos fundos. Alguns minutos de ar fresco e sol da manhã me fariam bem com toda certeza. O arrepio que percorreu a minha coluna foi o primeiro sinal de que não estava sozinha. Arregalei os olhos em busca do que estava errado e, então, vi justamente o vizinho parado ao lado do nosso tanque. O susto foi tão grande que eu balancei.&
- Qual é, Alice! – Cat riu enquanto nós três jantávamos na varanda dos fundos – Confessa, vai! - Para com isso. – disse irritada, desejando que ela falasse mais baixo. - Como ele era? – Brenda se inclinou na nossa direção. Pelo menos ela falou baixo. - Moreno, cabelos lisos um pouco crescidos e uns olhos meio puxadinhos nos cantos. – Cat descreveu e não pude deixar de pensar que era uma boa descrição. - Hum... – Brenda me lançou um olhar malicioso.
Tirei e coloquei roupas, sem achar que nada era apropriado. Pensava em Bernardo e ficava cada vez mais nervosa. - Vista isso. – Brenda entrou com um vestido vermelho – E chega. – acrescentou como um alerta. Eu coloquei o vestido, feliz por encontrar algo que parecia adequado para o momento. O comprimento não era longo demais, mas também não muito curto para me deixar desconfortável. - Ficou ótimo. – Cat garantiu escolhendo uma corrente dourada para meu pescoço que ficaria exposto pelo decote do vestido.
Me movi, sentindo que a luz do sol batia no meu rosto, mas não queria abrir os olhos, então virei na cama e meu corpo encontrou uma pele quente e macia. Naquele instante minha mente foi inundada de lembranças da noite anterior, me despertando por completo. Depois de beijar Bernardo intensamente, nós trocamos um olhar intenso e demorado. Não precisou que ele dissesse palavra alguma para que eu entendesse que ele queria seguir adiante tanto quanto eu. Deixamos a praça aos tropeços e voltamos direto para a casa dele. Não acendemos nenhuma luz e, já no primeiro cômodo, Bernardo voltou a me beijar lenta e profundamente.&nbs
Assim que Alice saiu, fechei a porta ainda perdido com seu estranho comportamento. Pelo meu entendimento, tivemos uma ótima noite juntos, desde de o jantar até o momento em que resolvemos seguir para a minha casa. Eu pretendia preparar um café da manhã caprichado, até mesmo antes que ela se levantasse, e levar até a cama. Não pensei que Alice poderia acordar antes e agir de modo tão estranho, como se estivesse tentando fugir sem que eu notasse. Fazia muito tempo que eu não tinha companhia para nada, mas a dela era tão agradável que eu planejei prolongar o máximo possível a separação. Talvez curtir mais aquele dia juntos, da mesma forma t
Já era tarde da noite quando escutei sons abafados na casa ao lado e me levantei da cama para espiar através da cortina do quarto. Elas não tinham embora, afinal. Voltei para a cama, mas o sono parecia ter me abandonado. Os pensamentos surgiam na minha cabeça sorrateiramente, me levando para um tempo onde eu vivia uma realidade completamente diferente. Alguns anos antes eu havia sido um homem casado. Nós morávamos ali, naquela casa que sonhei e planejei para nós durante todo o nosso noivado. Durante muito tempo eu imaginava escutar a voz de Eliza quando ela não estava mais ali, me chamando,