No centro do salão, rodeada por aquela família macabra, Cláudia confiou plenamente em Erick. Aquela família era realmente demoníaca. A loira sentiu a energia pesada que pairava naquele lugar. E os olhares… Os olhares dos próprios humanos ali presentes eram mais assustadores que os das estátuas de pedra. Então ela pensou na arma escondida no cós de sua calça e em Erick tendo que ser cauteloso para se infiltrar no local. Por mais que o garoto desejasse aparecer já atirando e matando todos, ela teve a certeza de que não seria a melhor opção. Sentiu-se feliz por convencê-lo.
Cláudia procurou Matheus, evitando tocar no assunto das estátuas.
— Onde está seu filho?
— L&
“Estamos trancadas no quarto. Não tem como fugir daqui.” Esta foi a mensagem que Cláudia enviou para Erick, isso depois de horas se passarem e Matheus não retornar. Ele continuava em meio à família, cuidando dos preparativos. As amigas haviam conversado muito nesse meio tempo, e pouco a pouco o desespero e as desconfianças se enraizaram mais profundamente. No andar de baixo um som diferente se manifestou. Eram vozes e mais vozes, palavras incompreensíveis. Um forte cheiro de incenso subiu inebriante e enjoativo, mesclado a um odor discreto de morte. Chegara o meio dia, o ritual para ressuscitar William havia começado. “Qual quarto?” “O principal, o que dá vista vista direta para a piscina." “E para a árvore dos enforcados…” — O rapaz pensou
A criatura maldita saltou contra Nilton. O homem foi ao chão, sendo derrubado pelo corpo que pesava pouco se comparado ao dele. Logo o Albuquerque aprendeu que nada limita as ações de alguém que não possui limites nem alma. William era um servo da gula agora e sem ninguém para guiá-lo, estava sem controle. O desalmado era forte como um demônio poderoso e nele habitavam a força do Inferno, enquanto sua mente carecia de raciocínio. Ele só queria devorar.Todos assistiram os dentes do desalmado arrancarem parte da bochecha esquerda do homem. O grito de dor trouxe angústia aos demais.— Tirem isso de cima de mim. — Nilton implorou aos berros, lutando contra a criatura, percebendo o quanto era fraco diante a uma vítima de seus próprios desejos. Ma
O corpo dela tremia, por todo o nervosismo e pelo sangue que não parava de perder. Giovanna não ouvira as palavras do demônio, não sabia que a criatura que adorava espalhar mentiras, dessa vez falava uma verdade. A psicóloga não sabia que estava grávida, que carregava a cria de uma besta que havia sido gerada naquela casa. Mas naquele exato instante isso não fazia diferença. Ela já estava ligada aquele lugar maldito, mas de uma maneira que nenhum daqueles seres profanos desejavam. Enxergar o mal te concede maneiras de se afastar dele. E afastar-se de toda aquela podridão poderia ser possível e por um lugar em que ela não desejava mais visitar.A intuição é uma lógica sem lógica, um instinto nato, que quando mesclado a sua percepção, pode formar uma ótima dupla. A
Primeiro o clarão cegante cortou o céu, impondo-se com uma potência assustadora, iluminando de maneira vertiginosa um pequeno pedaço do mundo. Poucos segundos depois, um estrondoso trovão explodiu, fazendo estremecer o solo, vibrando nos tímpanos daqueles que puderam se desesperar pelo seu rompante. Tudo a partir de então resumiu-se a escuridão e águas. Naquele começo de tarde, o céu convertera-se em negritude e desabava em um dilúvio. A noite mais escura havia caído precipitadamente.A chuva havia surpreendido a muitos, iniciando-se de forma inesperada, e mesmo depois de meia hora não mostrava nenhuma intenção de abrandar. A tempestade torrencial em poucos minutos começou a provocar inundações, trazendo inquietude ao peito daqueles que se viam aprisionados à fúria das águas. Envoltos pelo cenário que beirava ao caótico estavam Giovanna e
Ainda que a contragosto a bela morena já havia subido, deixando Matheus a se recordar de como ela parara nos últimos degraus da escada. Giovanna olhou para o rapaz com seus olhos escuros e tentadores, como se o chamasse pela última vez, dando-lhe uma última oportunidade para que mudasse de ideia. Foi ignorada e desistiu, desaparecendo em meio à negritude, deixando o noivo a sós com seus fantasmas.O filho mais novo dos Albuquerque permanecia no centro do salão. Inquieto e ao mesmo tempo imóvel. Com a pouca iluminação que conquistava pela sua própria lanterna, conseguia enxergar apenas o vazio. Era estranho. Pelo que se lembrava, e se lembrava muito bem, todo aquele lugar no passado estava abarrotado de bizarrices. Uma mobília que o assombrava e o fazia correr para qualquer cômodo seguinte. Quando era criança e um arrepio estranho lhe subi
O silêncio da noite trazia o sussurro das sombras. Era algo discreto, quase inaudível, carregando consigo toda energia pesada que brotava nos confins malditos daquela mansão assombrada. Matheus e Giovanna dormiam. O começo do sono para ele foi inquieto. As lembranças eram traumáticas ao ponto de obrigarem o atormentado rapaz a retomar o consumo de remédios que há muito tinha abandonado. Foram dois comprimidos fortes e em poucos minutos sua mente simplesmente apagou, entregando-se ao sono profundo e sem sonhos. Foi assim que Matheus passou a dormir, pesado como uma pedra, mas feliz por não ter seu sono interrompido a cada barulho estranho ou a cada manifestar sobrenatural da sua casa de pesadelos.O caso de Giovanna era o oposto e com certeza seu noivo a invejaria. A bela morena nunca apresentava problemas com o sono e, para sua sort
Tudo estava acontecendo muito mais rápido do que ele temera. Agora Matheus carregava uma de suas pinturas malditas, ela aterrorizava sua noiva e não havia se passado nem mesmo um dia completo para que os pesadelos começassem. Pensando sobre isso, com o quadro nos braços e conseguindo driblar toda dificuldade de uma descida, o rapaz seguia pelos últimos degraus da escada e se encaminhava rumo ao porão. Os pés estavam descalços, a calça larga do pijama cinza era a única peça que vestia. Ele tentava não permanecer irritado. Felizmente a manhã estava morna e aconchegante, infelizmente ele também se culpava pela discussão.Forçando-se a se apegar aos seus planos mais otimistas, Matheus recordava que seria questão de apenas uma semana para que ele e Giovanna se tornassem oficialmente um casal. O rapaz queria que tudo fosse tranquilo
A lista perdida em algum canto precisou ser refeita, o banho em dupla carregou qualquer vestígio de mau humor para o ralo. Tudo estava bem agora, Matheus e Giovanna eram mais uma vez o que costumavam ser: um casal cúmplice e muito apaixonado. Ele estava de pé ao lado de seu carro, pronto para sair. Por mais que precisasse fazer isso, ainda abraçava a noiva pelo pescoço, admirando a bela paisagem do lugar. O rapaz ignorava sua morena tentando se afastar daquele abraço.— Tá me sufocando. — Ela disse em meio a sorrisos, desistindo por breves segundos de tirar os braços do amado de sobre si. Abraçou forte aquele amor, mostrando o quanto estava feliz por ter de volta quem conhecia.— Amor saudável não sufoca, protege… — Foi a resposta dele enquanto a libertava apó