O caminho até o endereço de Erick custaria por volta de quatro horas, ela não desejava perder todo esse tempo, principalmente porque pensava que teria que retornar para ajudar sua amiga. Seriam horas preciosas.
Sem dúvida seria mais persuasiva estando cara a cara, porém uma ligação se mostrou muito mais prática. Cláudia ligava pela terceira vez. O garoto parecia avesso às ligações também, não atendia. E foram mais cinco, até ela voltar a pedir a ajuda de Júlia. Conseguiu o número da esposa do rapaz e ligou para ela. Na primeira ligação, Olívia atendeu. Hora de fazer uso de todas as informações passadas pela amiga, a loira já imaginava que Erick não a atenderia se ela simplesmente pedisse para falar com ele.
— Boa tarde, senhora. Meu nome é Cláudia, lig
O tempo correu rápido, trazendo mais leituras e interesse à Cláudia. Aventurar-se por terrenos conspiratórios exigia paciência e uma visão que cobrava facilidade para ignorar o absurdo. O problema surgia quando algo começava a fazer sentido...Apesar das primeiras informações nada confiáveis, dúvidas foram plantadas aos poucos, principalmente quando as palavras de Erick passaram a ser consideradas uma possibilidade.A loira sentiu-se uma grande tola por cogitar que poderia sim estar acontecendo o inimaginável, porém, haviam detalhes sórdidos que ameaçavam apresentar certa credibilidade.Há mais de um século atrás, em 1910, no Brasil, eventos históricos aconteciam como quase sempre acontecem. A "Revolta da Chibata" e vitórias importantes para o público cristão foram as que mais interessaram a empresária. O último mostrou-se como o mais importante para aquele momento, ganhando uma ligação não muito esclarecida ao que ela buscava.Em
Por muito tempo ele havia fugido, agora o destino cobrava uma ação.Erick foi até o quarto da filha e viu que Olívia zelava pelo seu sono. A menina agora dormia tranquilamente. A morena de cabelos cacheados mantinha-se debruçada sobre as grades laterais do berço. O quarto estava afundado em uma penumbra parcial, enquanto luzes estreladas de um abajur decorativo giravam iluminando o teto e as paredes. Era bom pra conquistar uma tranquilidade que eles precisavam.Erick admirou a mulher e sorriu pela filha. Olívia sentiu a presença do marido, olhou em direção à porta entreaberta. Ela sorriu ao vê-lo sorrir. Gostava de imaginar o que se passava na cabeça dele quando esses momentos aconteciam, deveria ser algo bom e ela estaria envolvida.
Sentia-se tentada a tocar mais uma vez na ferida aberta. Conteve-se. A pele cortada sempre reclamava pelo toque, por isso Giovanna apenas encarou seu antebraço . O símbolo recém talhado era a maior prova de toda a loucura que estava vivendo.Ainda presa em um quarto, também sentia-se insegura, sem muitas opções para confiar. Tinha que se apegar às palavras de Matheus, era tudo o que lhe restava. E infelizmente isso significava passar a acreditar no inacreditável…— Então ela realmente enxergou. — Sebastião tomou um gole de whisky, recebendo os olhares de todos reunidos no salão. Seus olhos castanhos seguiram na direção de Matheus. O rapaz, sentindo a mãe encará-lo, assentiu sem muitas emoções.
A madrugada havia chegado. Nem Giovanna ou Matheus conseguiam fechar seus olhos. Da sacada da suíte, a morena mantinha seus dedos firmes à arma, sentindo os olhos incansáveis do noivo vigiando suas costas.Ela fitou a obscuridade maldita daquele lugar, algo que se estendia sem fim pelo território dos Albuquerque. Era assombroso. Enlouquecedor. Mas a psicóloga já não se importava, já havia desistido de questionar sua sanidade. Giovanna se sentia louca sim. De pé, recebeu o acalanto dos ventos que bagunçaram seus cabelos cacheados. Ela apertou com força a pistola na mão direita e olhou por cima de seu ombro, tentando encontrar os olhos que tanto lhe provocavam desconfianças e incômodo.— Ainda certo sobre o que fará com Felícia? — A per
No centro do salão, rodeada por aquela família macabra, Cláudia confiou plenamente em Erick. Aquela família era realmente demoníaca. A loira sentiu a energia pesada que pairava naquele lugar. E os olhares… Os olhares dos próprios humanos ali presentes eram mais assustadores que os das estátuas de pedra. Então ela pensou na arma escondida no cós de sua calça e em Erick tendo que ser cauteloso para se infiltrar no local. Por mais que o garoto desejasse aparecer já atirando e matando todos, ela teve a certeza de que não seria a melhor opção. Sentiu-se feliz por convencê-lo.Cláudia procurou Matheus, evitando tocar no assunto das estátuas.— Onde está seu filho?— L&
“Estamos trancadas no quarto. Não tem como fugir daqui.” Esta foi a mensagem que Cláudia enviou para Erick, isso depois de horas se passarem e Matheus não retornar. Ele continuava em meio à família, cuidando dos preparativos. As amigas haviam conversado muito nesse meio tempo, e pouco a pouco o desespero e as desconfianças se enraizaram mais profundamente. No andar de baixo um som diferente se manifestou. Eram vozes e mais vozes, palavras incompreensíveis. Um forte cheiro de incenso subiu inebriante e enjoativo, mesclado a um odor discreto de morte. Chegara o meio dia, o ritual para ressuscitar William havia começado. “Qual quarto?” “O principal, o que dá vista vista direta para a piscina." “E para a árvore dos enforcados…” — O rapaz pensou
A criatura maldita saltou contra Nilton. O homem foi ao chão, sendo derrubado pelo corpo que pesava pouco se comparado ao dele. Logo o Albuquerque aprendeu que nada limita as ações de alguém que não possui limites nem alma. William era um servo da gula agora e sem ninguém para guiá-lo, estava sem controle. O desalmado era forte como um demônio poderoso e nele habitavam a força do Inferno, enquanto sua mente carecia de raciocínio. Ele só queria devorar.Todos assistiram os dentes do desalmado arrancarem parte da bochecha esquerda do homem. O grito de dor trouxe angústia aos demais.— Tirem isso de cima de mim. — Nilton implorou aos berros, lutando contra a criatura, percebendo o quanto era fraco diante a uma vítima de seus próprios desejos. Ma
O corpo dela tremia, por todo o nervosismo e pelo sangue que não parava de perder. Giovanna não ouvira as palavras do demônio, não sabia que a criatura que adorava espalhar mentiras, dessa vez falava uma verdade. A psicóloga não sabia que estava grávida, que carregava a cria de uma besta que havia sido gerada naquela casa. Mas naquele exato instante isso não fazia diferença. Ela já estava ligada aquele lugar maldito, mas de uma maneira que nenhum daqueles seres profanos desejavam. Enxergar o mal te concede maneiras de se afastar dele. E afastar-se de toda aquela podridão poderia ser possível e por um lugar em que ela não desejava mais visitar.A intuição é uma lógica sem lógica, um instinto nato, que quando mesclado a sua percepção, pode formar uma ótima dupla. A