Entendi o ponto e concordo que seria mais O som de batidas firmes na porta ecoou pelo apartamento silencioso. Valéria estava no sofá, ainda em seu vestido de apresentação, os pensamentos girando em um turbilhão. Ela não esperava ninguém, especialmente àquela hora. Franziu a testa ao se aproximar da porta.Quando abriu, o ar pareceu desaparecer de seus pulmões. Felipe estava ali, tão próximo que ela quase podia sentir o calor dele. Ele usava um terno impecável, mas seus olhos estavam intensos, determinados.— O que você está fazendo aqui? — Perguntou ela, surpresa, mas mantendo um tom defensivo.Felipe cruzou os braços, os ombros tensos.— Precisamos conversar. — Disse ele, sem rodeios.Valéria piscou, sentindo uma mistura de emoções. Ela tentou fechar a porta, mas ele a segurou, sem forçar, mas sem recuar.— Valéria, não faça isso. Você pode me odiar, mas não pode fugir de mim agora. — Disse ele, sua voz baixa, mas cheia de firmeza.Ela suspirou, recuando e deixando espaço para ele e
Valéria recuou um passo, tentando recuperar o fôlego e processar o que acabara de acontecer. O olhar de Felipe estava fixo no dela, intenso, carregado de emoção, e ela sabia que não podia mais negar o que sentia.— Felipe... — Começou, mas a voz dela falhou por um instante. Não havia mais o que dizer. Tudo estava claro entre eles.Ele deu um passo à frente, a mão estendendo-se levemente, hesitante, mas cheio de determinação.— Eu sei que você já entendeu tudo, Valéria. Que não foi o que pareceu, que não houve intenção de te magoar. Mas agora não se trata do passado. Se trata de nós... e do que ainda somos. — Ele falou baixo, mas cada palavra carregava um peso que ela sentiu profundamente.Ela respirou fundo, tentando manter o controle sobre si mesma, mas o calor da presença dele era avassalador.— E o que nós somos, Felipe? — Perguntou, com a voz quase um sussurro.Ele deu mais um passo, a mão pousando delicadamente no braço dela, o toque enviando uma onda elétrica por seu corpo.— Nó
Na manhã seguinte, a luz suave do sol vienense iluminava o quarto onde Felipe e Valéria ainda estavam deitados. Ele acordou antes dela, observando-a em silêncio, como se quisesse guardar aquele momento para sempre.Quando ela finalmente abriu os olhos, ele sorriu, inclinando-se para beijá-la suavemente na testa.— Bom dia. — Disse ele, sua voz rouca e calorosa.Valéria sorriu levemente, ainda ajustando-se à realidade de que Felipe estava ali, com ela.— Bom dia. — Respondeu, sua voz suave.Por alguns instantes, ficaram em silêncio, apenas apreciando a presença um do outro. Mas Valéria, sempre prática, quebrou o momento.— E Sofia? — Perguntou, virando-se para encará-lo. — Como você vai explicar para ela... tudo isso?Felipe suspirou, mas manteve o olhar firme.— Eu vou conversar com Sofia hoje. Não se preocupe, Valéria. Ela vai entender. — Disse ele, segurando a mão dela. — O mais importante agora é você. Nós. O resto se ajeita.Ela assentiu, tentando confiar nas palavras dele, mas ai
Valéria havia acabado de descobrir a traição. Gustavo, o homem com quem ela planejava seu futuro, estava com outra. Ela não teve tempo para processar a dor. Não podia chorar, não agora. Lara já a esperava. Elas tinham uma apresentação no The Velvet Room, o pub elegante e sofisticado de Rafael, amigo de Lara. A música, por mais difícil que fosse naquele momento, seria sua única fuga. O silêncio no carro pesava. A imagem de Gustavo com outra mulher não saía de sua cabeça. Mas Valéria sabia que não podia desmoronar agora. Quando chegaram ao The Velvet Room, o ambiente acolhedor a envolveu. As luzes suaves refletiam nas paredes de madeira escura e nos detalhes de couro. Era um lugar elegante, feito para noites especiais. O som abafado das conversas e o tilintar de copos ecoavam pelo ar, criando uma atmosfera refinada. Rafael as esperava logo na entrada, sorrindo. — Vocês chegaram na hora! O palco está pronto — disse ele, cumprimentando-as. Valéria forçou um sorriso. Tu
Valéria ainda sentia o efeito do vinho e o peso das emoções. Felipe a observava de perto. Ele fez um sinal para que ela o seguisse. Caminharam em silêncio até o carro de Felipe, um veículo elegante e discreto, assim como ele. Felipe abriu a porta para Valéria, que entrou no carro, ainda refletindo sobre o que estava acontecendo. O ar frio da noite clareou sua mente, mas ela sabia que aquilo era uma fuga. Não havia como voltar atrás. Felipe entrou no carro e ligou o motor. O som suave do veículo combinava com a tensão entre eles. Sem falar, ele deu a partida. As ruas passavam rápido, mas o silêncio no carro estava carregado de uma energia latente. Valéria olhava pela janela, tentando focar em outra coisa, mas sua mente sempre voltava para Felipe. A cada segundo, a tensão entre eles crescia. Chegaram ao Grand Hotel. Felipe não seguiu para a entrada principal. Ele entrou no estacionamento subterrâneo. Valéria percebeu que ele já tinha tudo sob controle. Não precisariam pas
Valéria despertou cedo, antes mesmo do sol iluminar completamente o quarto. O corpo seminu ao seu lado era o de Felipe. Ele estava de bruços, com o lençol enrolado nas pernas. A luz suave do amanhecer destacava seus traços. Ela o observou por um momento, admirando a tranquilidade dele. Em seguida, levantou-se silenciosamente. Vestiu-se com cuidado e, antes de sair, lançou um último olhar para ele. A noite havia sido intensa, sem arrependimentos, mas algo dentro dela havia mudado. De volta em casa, Valéria tomou um banho rápido. A água quente ajudava a limpar o corpo e a mente. Ao tomar seu café preto, seus pensamentos voltaram a Gustavo. A lembrança dele ainda a afetava, mas o que aconteceu com Felipe não era uma preocupação. Ela olhou para o relógio. Eram 9 horas. Tinha um ensaio marcado com Gabriel, um de seus alunos, para a apresentação especial de aniversário da avó dele. Sem mais reflexões, decidiu que era hora de ir para o estúdio. No Studio Allegro, Valéria
Valéria chegou à mansão pouco depois do pôr do sol. A entrada iluminada destacava a arquitetura imponente e a sofisticação do lugar. Ao descer do táxi, ela contemplou o jardim exuberante que cercava a mansão, um verdadeiro testemunho do luxo da família. Ao entrar, Valéria foi envolvida pela atmosfera elegante. O salão principal estava decorado com flores frescas, e uma música suave preenchia o ambiente. Ela sentiu um leve nervosismo misturado com a determinação de apoiar Gabriel. Quando Gabriel a avistou, seus olhos brilharam de alegria. Ele correu até Valéria e a envolveu em um abraço caloroso. — Professora Valéria! — exclamou Gabriel, sorridente. — Que bom que você veio! Valéria retribuiu o abraço com um sorriso. — É um prazer estar aqui, Gabriel. Parabéns pelo ensaio. Você fez um trabalho maravilhoso. Gabriel, orgulhoso, a conduziu para conhecer sua família. Ele apresentou Valéria à mãe, Sônia, e à avó, Helena, que celebrava seu aniversário. — Mãe, avó, esta é a profes
Dentro do banheiro, Felipe a encostou contra a parede, seus olhos fixos nos dela, carregados de preocupação e tensão. — Você está bem? — perguntou ele, olhando para o pulso de Valéria, que estava vermelho por causa de Gustavo. Valéria respirou fundo, ainda sentindo o choque de tudo o que estava acontecendo. — Eu... estou bem — respondeu, sua voz trêmula. Felipe a olhou mais profundamente, como se quisesse ter certeza. Seus olhos examinaram o rosto dela, buscando sinais de que algo estava errado. — Quem é ele? — perguntou Felipe, sua voz mais grave, controlando a raiva. Valéria hesitou, o coração acelerado, antes de responder. — É Gustavo... meu ex. Felipe permaneceu em silêncio por um momento. Valéria podia sentir a tensão em seu corpo. Ele não disse nada imediatamente, mas sua expressão ficou ainda mais séria. A proximidade entre os dois no espaço fechado aumentava a intensidade do momento. — Ele te machucou? — perguntou Felipe, aproximando-se um pouco mais, seu olhar fixo no