Eles riram juntos e, de repente, o ambiente pareceu mais leve. A tensão que Lara sentia por ter falado demais começou a se dissipar, e o clima entre os dois ficou mais descontraído.— Sorte no trabalho, azar no amor, é assim que dizem, né? — Lara comentou, pegando a taça de vinho de volta.Rafael ergueu uma sobrancelha, curioso. — Azar no amor, hein? Por quê? Alguém por aqui tá com azar?Lara deu de ombros, tentando parecer indiferente. — Ah, quem sabe... Mas e você, Rafael? Como estão as coisas do seu lado?Rafael riu, balançando a cabeça. — Não tenho muito do que reclamar. Mas e você, Lara? Tá feliz?Ela desviou o olhar, pensando por um segundo. — Acho que sim... Quer dizer, tô feliz com o que tá acontecendo com a Val, com o estúdio. Só que... sei lá. Tem horas que sinto que falta algo.Rafael inclinou-se levemente para frente. — Falta algo?Lara hesitou, os olhos encontrando os dele. O clima entre eles estava diferente. As luzes suaves do bar, o som ao fundo, o vinho. Tudo contribu
Felipe desligou o telefone após a ligação com Rafael e não hesitou. Pegou o celular e discou para Heitor, direto e firme.— Heitor, preciso de todos os documentos sobre o Sr. Bittencourt. Tudo que você encontrou até agora. Mande pra mim o mais rápido possível — ordenou, sua voz carregada de determinação.Heitor respondeu rapidamente, sem rodeios. — Claro, Felipe. Vou enviar. Mas isso pode gerar complicações.— Eu sei — respondeu Felipe secamente. — Já passou da hora de encerrar essa história.Sem mais discussões, Felipe encerrou a chamada. O Sr. Bittencourt estava por trás das ameaças, e Felipe sabia que o confronto era inevitável.Decidido, ele foi direto ao estúdio de Valéria. O caminho até lá era familiar, mas a tensão em seu peito era diferente dessa vez. A frustração pulsava em suas veias, misturada com raiva e preocupação. Valéria continuava a se afastar, e ele já estava cansado de ser empurrado para longe.Ao chegar no estúdio, Felipe entrou sem aviso, ignorando os olhares curi
Valéria havia acabado de descobrir a traição. Gustavo, o homem com quem ela planejava seu futuro, estava com outra. Ela não teve tempo para processar a dor. Não podia chorar, não agora. Lara já a esperava. Elas tinham uma apresentação no The Velvet Room, o pub elegante e sofisticado de Rafael, amigo de Lara. A música, por mais difícil que fosse naquele momento, seria sua única fuga. O silêncio no carro pesava. A imagem de Gustavo com outra mulher não saía de sua cabeça. Mas Valéria sabia que não podia desmoronar agora. Quando chegaram ao The Velvet Room, o ambiente acolhedor a envolveu. As luzes suaves refletiam nas paredes de madeira escura e nos detalhes de couro. Era um lugar elegante, feito para noites especiais. O som abafado das conversas e o tilintar de copos ecoavam pelo ar, criando uma atmosfera refinada. Rafael as esperava logo na entrada, sorrindo. — Vocês chegaram na hora! O palco está pronto — disse ele, cumprimentando-as. Valéria forçou um sorriso. Tu
Valéria ainda sentia o efeito do vinho e o peso das emoções. Felipe a observava de perto. Ele fez um sinal para que ela o seguisse. Caminharam em silêncio até o carro de Felipe, um veículo elegante e discreto, assim como ele. Felipe abriu a porta para Valéria, que entrou no carro, ainda refletindo sobre o que estava acontecendo. O ar frio da noite clareou sua mente, mas ela sabia que aquilo era uma fuga. Não havia como voltar atrás. Felipe entrou no carro e ligou o motor. O som suave do veículo combinava com a tensão entre eles. Sem falar, ele deu a partida. As ruas passavam rápido, mas o silêncio no carro estava carregado de uma energia latente. Valéria olhava pela janela, tentando focar em outra coisa, mas sua mente sempre voltava para Felipe. A cada segundo, a tensão entre eles crescia. Chegaram ao Grand Hotel. Felipe não seguiu para a entrada principal. Ele entrou no estacionamento subterrâneo. Valéria percebeu que ele já tinha tudo sob controle. Não precisariam pas
Valéria despertou cedo, antes mesmo do sol iluminar completamente o quarto. O corpo seminu ao seu lado era o de Felipe. Ele estava de bruços, com o lençol enrolado nas pernas. A luz suave do amanhecer destacava seus traços. Ela o observou por um momento, admirando a tranquilidade dele. Em seguida, levantou-se silenciosamente. Vestiu-se com cuidado e, antes de sair, lançou um último olhar para ele. A noite havia sido intensa, sem arrependimentos, mas algo dentro dela havia mudado. De volta em casa, Valéria tomou um banho rápido. A água quente ajudava a limpar o corpo e a mente. Ao tomar seu café preto, seus pensamentos voltaram a Gustavo. A lembrança dele ainda a afetava, mas o que aconteceu com Felipe não era uma preocupação. Ela olhou para o relógio. Eram 9 horas. Tinha um ensaio marcado com Gabriel, um de seus alunos, para a apresentação especial de aniversário da avó dele. Sem mais reflexões, decidiu que era hora de ir para o estúdio. No Studio Allegro, Valéria
Valéria chegou à mansão pouco depois do pôr do sol. A entrada iluminada destacava a arquitetura imponente e a sofisticação do lugar. Ao descer do táxi, ela contemplou o jardim exuberante que cercava a mansão, um verdadeiro testemunho do luxo da família. Ao entrar, Valéria foi envolvida pela atmosfera elegante. O salão principal estava decorado com flores frescas, e uma música suave preenchia o ambiente. Ela sentiu um leve nervosismo misturado com a determinação de apoiar Gabriel. Quando Gabriel a avistou, seus olhos brilharam de alegria. Ele correu até Valéria e a envolveu em um abraço caloroso. — Professora Valéria! — exclamou Gabriel, sorridente. — Que bom que você veio! Valéria retribuiu o abraço com um sorriso. — É um prazer estar aqui, Gabriel. Parabéns pelo ensaio. Você fez um trabalho maravilhoso. Gabriel, orgulhoso, a conduziu para conhecer sua família. Ele apresentou Valéria à mãe, Sônia, e à avó, Helena, que celebrava seu aniversário. — Mãe, avó, esta é a profes
Dentro do banheiro, Felipe a encostou contra a parede, seus olhos fixos nos dela, carregados de preocupação e tensão. — Você está bem? — perguntou ele, olhando para o pulso de Valéria, que estava vermelho por causa de Gustavo. Valéria respirou fundo, ainda sentindo o choque de tudo o que estava acontecendo. — Eu... estou bem — respondeu, sua voz trêmula. Felipe a olhou mais profundamente, como se quisesse ter certeza. Seus olhos examinaram o rosto dela, buscando sinais de que algo estava errado. — Quem é ele? — perguntou Felipe, sua voz mais grave, controlando a raiva. Valéria hesitou, o coração acelerado, antes de responder. — É Gustavo... meu ex. Felipe permaneceu em silêncio por um momento. Valéria podia sentir a tensão em seu corpo. Ele não disse nada imediatamente, mas sua expressão ficou ainda mais séria. A proximidade entre os dois no espaço fechado aumentava a intensidade do momento. — Ele te machucou? — perguntou Felipe, aproximando-se um pouco mais, seu olhar fixo no
Valéria apertava o celular entre as mãos, frustrada com a demora do aplicativo de transporte. A cada tentativa frustrada, sua impaciência aumentava. Ela suspirou, passando a mão pelo cabelo. Sentiu o ar frio da noite tocando seu rosto, esfriando suas bochechas. De repente, uma voz familiar interrompeu seus pensamentos. — Está com problemas para conseguir um táxi? — Felipe apareceu ao seu lado, com a expressão calma, mas os olhos curiosos. Ela se virou rapidamente. Vê-lo ali despertava um misto de sensações. — Sim — respondeu, tentando disfarçar o desconforto. — Parece que vai demorar. Felipe olhou para o celular na mão dela e depois para a rua deserta. Ele sorriu, o mesmo sorriso que Valéria conhecia bem demais. — Posso te oferecer uma carona — disse, a voz suave, mas firme. — A essa hora, é complicado conseguir transporte por aqui. Ela hesitou. A lembrança da noite anterior ainda queimava na sua mente. Foi algo casual, sem compromisso. Agora, ali estava ele, oferecendo uma so