Enquanto Heitor organizava os papéis, a porta da sala se abriu, revelando Felipe. Ele entrou sem dizer uma palavra, seus olhos focados em Valéria, que tentou se manter calma. — Vejo que já começaram sem mim — disse Felipe, controlado, aproximando-se da mesa e acenando para Heitor. — Estávamos finalizando alguns detalhes sobre o estúdio — respondeu Heitor, tentando aliviar o clima. — Valéria quer discutir a forma como isso vai ser resolvido. Felipe olhou diretamente para Valéria, com a expressão fechada. — Discutir o quê, exatamente? Valéria respirou fundo, decidida a resolver. — Eu já disse a Heitor que quero pagar pelo estúdio. Agradeço por tudo, mas não posso aceitar isso como um presente. Felipe ficou em silêncio por alguns segundos, analisando-a. — Fiz isso para facilitar sua vida — disse ele, a voz baixa, porém intensa. — Achei que seria mais fácil para você focar no que importa. — Eu entendo — disse Valéria, mantendo a firmeza. — Mas se aceitar o estúdio sem pagar, vou me
Após a festa de lançamento do documentário, Valéria ainda sentia a agitação dos eventos recentes.O sucesso da produção era indiscutível, e com ele, uma nova onda de atenção surgia sobre ela. A imprensa elogiava sua performance, e os comentários nas redes sociais iam de elogios ao documentário até especulações sobre sua relação com Ricardo.Apesar de toda a atenção, Valéria tentava se concentrar nas aulas e na rotina do estúdio. O telefone não parava de tocar, e a visibilidade que o documentário trouxe começava a gerar frutos.No início da semana, enquanto Valéria revisava algumas partituras, Lara entrou apressada no estúdio com um sorriso animado.— Val, você não vai acreditar! — disse Lara, segurando um tablet na mão. — Acabamos de receber um e-mail de uma produtora de São Paulo. Eles querem que você faça uma apresentação exclusiva em um evento de gala daqui a um mês!Valéria olhou para a amiga, um pouco surpresa. Embora soubesse que o documentário traria reconhecimento, não esperav
Eles riram juntos e, de repente, o ambiente pareceu mais leve. A tensão que Lara sentia por ter falado demais começou a se dissipar, e o clima entre os dois ficou mais descontraído.— Sorte no trabalho, azar no amor, é assim que dizem, né? — Lara comentou, pegando a taça de vinho de volta.Rafael ergueu uma sobrancelha, curioso. — Azar no amor, hein? Por quê? Alguém por aqui tá com azar?Lara deu de ombros, tentando parecer indiferente. — Ah, quem sabe... Mas e você, Rafael? Como estão as coisas do seu lado?Rafael riu, balançando a cabeça. — Não tenho muito do que reclamar. Mas e você, Lara? Tá feliz?Ela desviou o olhar, pensando por um segundo. — Acho que sim... Quer dizer, tô feliz com o que tá acontecendo com a Val, com o estúdio. Só que... sei lá. Tem horas que sinto que falta algo.Rafael inclinou-se levemente para frente. — Falta algo?Lara hesitou, os olhos encontrando os dele. O clima entre eles estava diferente. As luzes suaves do bar, o som ao fundo, o vinho. Tudo contribu
Felipe desligou o telefone após a ligação com Rafael e não hesitou. Pegou o celular e discou para Heitor, direto e firme.— Heitor, preciso de todos os documentos sobre o Sr. Bittencourt. Tudo que você encontrou até agora. Mande pra mim o mais rápido possível — ordenou, sua voz carregada de determinação.Heitor respondeu rapidamente, sem rodeios. — Claro, Felipe. Vou enviar. Mas isso pode gerar complicações.— Eu sei — respondeu Felipe secamente. — Já passou da hora de encerrar essa história.Sem mais discussões, Felipe encerrou a chamada. O Sr. Bittencourt estava por trás das ameaças, e Felipe sabia que o confronto era inevitável.Decidido, ele foi direto ao estúdio de Valéria. O caminho até lá era familiar, mas a tensão em seu peito era diferente dessa vez. A frustração pulsava em suas veias, misturada com raiva e preocupação. Valéria continuava a se afastar, e ele já estava cansado de ser empurrado para longe.Ao chegar no estúdio, Felipe entrou sem aviso, ignorando os olhares curi
Felipe chegou à mansão do Sr. Bittencourt no fim da tarde. O caminho até lá parecia mais longo do que o habitual, e a raiva misturada com frustração estava prestes a explodir. Ele havia esperado tempo demais para agir, mas agora tinha todas as provas que precisava para confrontar o homem que ameaçava Valéria. Ao passar pelos portões, os seguranças hesitaram por um momento antes de deixá-lo entrar. Felipe já havia estado ali outras vezes, mas nunca com a urgência e o propósito de hoje. Seu rosto não mostrava emoção; ele estava concentrado e frio. O Sr. Bittencourt já o aguardava na sala de estar luxuosa, sentado em uma poltrona com uma expressão de falsa calma. — Felipe — disse ele, sorrindo de forma cínica enquanto se levantava. — Não esperava vê-lo tão cedo. A que devo a honra? Felipe não retribuiu o sorriso. Sem perder tempo com formalidades, ele puxou de sua pasta os documentos e jogou-os sobre a mesa de centro. O barulho ecoou pela sala, e o sorriso do Sr. Bittencourt desapare
Felipe saiu do elevador e parou imediatamente ao ver Valéria sentada no chão, encostada na parede ao lado da porta. A surpresa estampada em seu rosto.— Valéria? O que você está fazendo aqui? — perguntou, confuso, enquanto caminhava em sua direção.Ela se levantou lentamente, nervosa, mas decidida.— A gente precisa conversar, Felipe. Não posso mais fugir disso — disse Valéria, encarando-o diretamente.Felipe passou a mão pelos cabelos, tenso, mas assentiu. Ele olhou para a porta do apartamento por um segundo e depois voltou os olhos para ela.— Por que você não entrou? — perguntou ele, com curiosidade. — Você tem a senha.Valéria suspirou, desviando o olhar antes de responder.— Porque eu não queria invadir o seu espaço, Felipe. Achei que... não tenho mais esse direito.Felipe ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras. Ele destrancou a porta e a empurrou levemente.— Vamos entrar. Precisamos conversar sobre isso — disse ele, com uma intensidade controlada.Valéria entr
Felipe segurava firmemente as mãos de Valéria, sentindo a tensão suavizar um pouco entre eles. Embora soubesse que ainda havia muito a ser resolvido, ele estava determinado a enfrentar tudo ao lado dela. — Eu não vou te deixar lidar com isso sozinha, Valéria — repetiu ele, a voz firme, mas suave. Valéria, ainda processando o peso da decisão, assentiu lentamente. O medo que carregava dentro de si ainda estava presente, mas agora, ao menos, ela sabia que não precisaria enfrentar tudo sem o apoio de Felipe. — Então, o que fazemos agora? — perguntou ela, um pouco hesitante. — Como a gente resolve isso? Felipe soltou as mãos dela e cruzou os braços, pensativo. Sabia que o próximo passo era delicado, mas inevitável. — Eu já comecei a resolver algumas coisas — disse ele, os olhos escuros fixos nos dela. — Mas ainda há muito a ser feito. Você precisa confiar em mim e deixar que eu cuide de algumas partes disso. O coração de Valéria batia acelerado, e ela sabia que Felipe estava certo. Co
O silêncio entre eles era denso, carregado de sentimentos reprimidos. Quando chegaram ao quarto, o ambiente parecia mudar. As luzes suaves e as cortinas balançando levemente com a brisa intensificavam a tensão. Felipe a deitou na cama com cuidado, mas seus movimentos eram deliberados, quase calculados. Valéria sentiu o peso do tempo que passaram afastados, a frustração acumulada, o desejo reprimido. Ele começou a desabotoar a camisa lentamente, os olhos fixos nos dela. Cada gesto dele parecia uma promessa silenciosa. Quando ele se aproximou, ela sentiu a respiração acelerar. Felipe a tocou suavemente, mas logo o toque se intensificou. Havia uma urgência contida nele. — Você achou que podia me afastar assim, Valéria? — A voz dele saiu rouca, cheia de uma emoção crua. — Acha que pode simplesmente voltar? As mãos dele percorriam o corpo dela com intensidade. Havia uma mistura de desejo e uma espécie de punição nos gestos, como se ele estivesse mostrando que ela não escaparia tão faci