Aviso da Autora: Esse livro é a história dos filhos do Casal do livro Just For You, podem ser lidos separadamente, pois são histórias independentes.
…………………………………………………………………………………………………………………….. • Manuella • Olho para o meu namorado entrando animado no meu quarto. Ele está radiante, transbordando felicidade. O brilho em seus olhos é tão intenso que parece iluminar o ambiente. — Eu consegui, princesa! — diz ele, me abraçando e me rodando no ar com entusiasmo. Meu sorriso se mistura com um aperto no peito. Meu coração se divide entre a alegria por ver meu amor realizar o maior sonho da sua vida e a dor de saber que ele partirá em breve, para longe de mim. Seguro sua face com as mãos e deposito um beijo cheio de amor em seus lábios. — Isso quer dizer que você conseguiu o intercâmbio para estudar em Harvard? — pergunto, tentando disfarçar a emoção que ameaça transbordar. — Sim, meu amor — responde ele, antes de me dar um selinho doce e cheio de carinho. — Mas dói tanto deixar você para trás. Eu queria tanto que fosse comigo... Mas sei que você nunca ficaria feliz longe da sua família. Acaricio seu rosto, tentando gravar cada traço dele na memória. Respiro fundo e sorrio com um nó na garganta. — É o seu sonho, Leon. Você sabe que sempre te apoiei e sempre vou te apoiar — digo, com a voz embargada. — Mas morar no exterior nunca foi o meu sonho. Eu gosto daqui, da nossa casa, da nossa família... Leonardo sorri para mim, com aquele olhar apaixonado que sempre derreteu meu coração. — Eu te amo tanto, princesa. Desde que éramos crianças, eu sempre soube que você era a mulher da minha vida. Meus olhos se enchem de lágrimas, mas mantenho o sorriso. — Eu também te amo, Leon. Desde sempre, desde que éramos só duas crianças correndo pelo quintal, sonhando com um futuro que parecia tão distante... Naquele dia, pela última vez antes de sua partida, consumamos o nosso amor. Senti o calor do seu corpo junto ao meu, como se quisesse gravar cada instante dele em mim. Fizemos promessas silenciosas no escuro do meu quarto, mas o silêncio não dizia que seria fácil. Eu sabia, no fundo do coração, que a despedida seria dolorosa, mas também sabia que o sonho de Leon era maior que qualquer outra coisa. Um mês depois Eu encaro o teste de gravidez em minhas mãos. O símbolo positivo brilha como um grito de realidade. Meu corpo inteiro treme, as lágrimas escorrem pelo meu rosto sem que eu consiga segurá-las. Grávida e com o amor da minha vida e pai desse bebê a quilômetros de distância Não sei o que fazer. Não sei como contar isso para ele. Parte de mim quer esconder. Não porque eu tenha vergonha, mas porque não quero ser a razão para ele abandonar tudo. Leon sempre sonhou em estudar em Harvard, e eu sempre soube que esse dia chegaria. Mas agora... Agora há um pedacinho dele crescendo dentro de mim. Depois de horas lutando contra o medo, decido que o certo é contar. Ele merece saber. Peguei o telefone e disquei o número dele com as mãos trêmulas. O toque ecoa no meu ouvido como uma sentença, mas ninguém atende. Quando estou prestes a desligar, uma voz feminina atende do outro lado da linha. — Alô? Engulo seco, sentindo meu coração parar. — Eu gostaria de falar com o Leonardo — digo, com a voz hesitante. — Ele acabou de entrar no banho. Quer deixar algum recado? — responde a mulher, com naturalidade. O mundo ao meu redor desaba. Minha garganta aperta, mas eu me esforço para não chorar. — Não, obrigada. Só... Não diga que eu liguei. Ficarei grata. — Tudo bem. Até mais. E então a chamada é encerrada. Permaneço sentada na cama, segurando o telefone com as mãos trêmulas. Lágrimas escorrem sem parar. A mulher do outro lado parecia tão confortável, tão à vontade... Como se já fosse parte da vida dele. Meu Leon, o menino que prometeu me amar para sempre, agora parece estar em outro mundo, vivendo outra vida. No mesmo dia Respiro fundo e decido que preciso contar aos meus pais. Eles sempre foram meu porto seguro, mas também sei que não será fácil. Meu pai e a mãe de Leon são melhores amigos desde a infância. Nossas famílias estão tão entrelaçadas que essa notícia pode mudar tudo. — Mãe, pai, posso conversar com vocês? — pergunto, entrando na sala de estar. Meu pai, que está lendo o jornal, sorri para mim. — Claro, meu anjinho, o que aconteceu? Minha mãe, sempre atenta, franze o cenho. — Você estava chorando, minha filha? Eu sento no sofá, com as mãos tremendo. Não há um jeito fácil de dizer isso, então vou direto ao ponto. — Eu estou grávida — confesso, sentindo o peso das palavras saírem de mim como um soco. O sorriso do meu pai desaparece instantaneamente. — Você está brincando, não está, Manuela? — ele pergunta, com o tom mais severo que já ouvi. Não consigo responder. Apenas abaixo a cabeça e começo a chorar. Minha mãe se aproxima e me abraça. — Amor, agora não adianta ficar bravo. O bebê já está aqui, e temos que apoiar a nossa filha, mesmo que tenha sido uma irresponsabilidade. Meu pai passa as mãos pelos cabelos, tentando conter a raiva. — Leonardo já sabe? — pergunta meu pai, com o semblante rígido. Faço que não com a cabeça, tentando conter o choro. — Eu liguei, mas... outra mulher atendeu — sussurro, sentindo o nó na garganta apertar ainda mais. — Não quero acabar com o sonho dele. Não quero que ele fique comigo por obrigação, infeliz. Meu pai se levanta num rompante, passando as mãos pelo rosto, exalando frustração. — Filho da puta — ele murmura entre dentes. Mas, antes que eu possa me encolher ainda mais, ele caminha até mim e me abraça com força. — Papai vai te ajudar, meu anjinho. Não chore. Minha mãe, sempre mais prática, acaricia minhas costas enquanto ainda estou no abraço do meu pai. — Nós vamos superar isso juntos, meu amor. Mas você precisa contar aos padrinhos do Leonardo. Eles têm o direito de saber que ele será pai. Concordo com um aceno fraco. Depois do almoço, seguimos até a casa de Pablo e Pérola, os pais de Leonardo, que sempre foram como uma segunda família para mim. No caminho, meu coração está pesado, e cada passo até a porta parece um tormento. Quando entramos, os dois nos recebem com sorrisos calorosos. Pérola me abraça com aquele carinho que sempre me fez sentir em casa. — Que visita boa, minha menina! Você está tão quietinha, o que houve? Respiro fundo, sentindo meu pai apertar minha mão para me dar coragem. — Eu estou grávida — digo, com a voz baixa, quase inaudível. O sorriso de Pérola desaparece por um momento, mas, para minha surpresa, ela logo se recompõe. — Parabéns, princesa da dinda! — ela diz, me puxando para um abraço apertado. — Vou mimar você e esse bebê como ninguém. Pablo, por outro lado, parece surpreso. Ele olha para mim e depois para meu pai, buscando alguma explicação. — Você já contou ao Leonardo? Aposto que ele ficou louco para voltar para casa — diz ele, com expectativa. Respiro fundo, tentando segurar as lágrimas que insistem em cair. — Eu liguei para ele, mas uma mulher atendeu o telefone. Disse que ele estava no banho... e eu não tive coragem de contar. Pérola troca um olhar com meu pai, visivelmente incomodada. — Meu filho já está com outra? E ainda deixa ela atender o telefone? — ela diz, indignada. — Você vai contar para ele, Pablo. Ele tem que assumir as responsabilidades — declara minha madrinha, cruzando os braços. Meu pai balança a cabeça, parecendo ainda mais irritado. — Eu não sei se adianta, Pérola. Ele pode voltar, mas será que será feliz? Será que não acabará preso aqui por obrigação? — Mas ele tem que saber — Pablo diz, com firmeza. — Mesmo que não fiquem juntos, ele precisa assumir o filho. Isso não é negociável. Olho para eles, sentindo o peso das palavras. Minha mãe aperta minha mão. — Minha filha, você quer que o Pablo fale com ele? Suspiro, tentando encontrar forças para responder. — Eu quero que ele saiba, mas... não quero que o obriguem a nada. Ele tem o direito de decidir, mas eu não quero que ele volte por pena ou responsabilidade. Pablo concorda com a cabeça, mas posso ver que ele está dividido. Uma semana depois Quando Pablo retorna de sua viagem, estou ansiosa. Quero acreditar que há uma chance, que Leon vai voltar para mim, para nosso bebê. Mas a expressão de Pablo ao entrar na sala é diferente. Ele parece mais cansado, mais sério. — E então? Ele sabe? O que ele disse? — pergunto, com o coração disparado. Pablo respira fundo antes de responder. — Manuela, meu filho não é mais o mesmo menino que você conheceu. Ele mudou. Ele me decepcionou de uma forma que não consigo explicar. Minha respiração trava, e sinto as lágrimas surgirem. — O que ele disse, padrinho? Por favor, me diga. — Ele não merece saber que Deus lhe deu o presente de ser pai. Ele não merece você nem esse bebê. Você ficará melhor sem ele. Meu mundo desaba. Meu peito dói como se estivesse se partindo ao meio. — Mas... Por quê? Ele disse alguma coisa? Ele sabe do bebê? — insisto, a voz embargada. Pablo balança a cabeça, evitando meu olhar. — Ele não sabe. E não precisa saber. Nós vamos te apoiar, minha menina. Você e seu bebê terão todo o amor e cuidado que merecem. Minha madrinha segura minhas mãos e me puxa para um abraço. — Vai ficar tudo bem, meu amor. Você tem a gente. Mas, naquele momento, sinto que parte de mim morreu. Meu Leon não era mais o Leon que eu amava. Aquele menino doce, que prometeu me amar para sempre, parecia ter desaparecido para sempre.• Manuela •Seis Anos Depois...O dia amanhece com a doçura que só minha pequena Luna sabe trazer. Ela pula em cima de mim, espalhando beijos pelo meu rosto, enquanto sua risada infantil preenche o quarto.— Acorda, mamãe! — ela diz animada, segurando sua boneca de pano com firmeza.Abro os olhos lentamente, sorrindo ao ver aquele rostinho iluminado pelo entusiasmo.— Mamãe já acordou, meu amor. — Retribuo os beijos e a puxo para um abraço apertado. — Está animada para o primeiro dia na escolinha nova?— Sim, mamãe, muito animada! — ela responde, balançando a cabeça com entusiasmo.Enquanto me espreguiço, noto que Luna já está banhada e vestida com seu uniforme azul. Sorrio, admirada.— E quem foi que deu banho nessa princesa sem me chamar? — pergunto, fingindo indignação.— Foi a vovó! — responde Luna, com um sorriso travesso, enquanto abraça sua inseparável boneca, um presente de Pedro, seu padrinho e meu melhor amigo.Agradeço mentalmente à minha mãe, dona Natasha, que sempre me aj
• Leonardo •Sábado...O salão está cheio de luzes e risadas, mas tudo ao meu redor desaparece no momento em que a vejo entrar pela porta. Manuela.Meu coração acelera como se o tempo tivesse voltado para os nossos dias juntos. Ela está ainda mais linda, sua beleza madura agora combinando com aquele sorriso de menina que nunca saiu da minha memória. Mas o sorriso dela, tão vibrante ao entrar, se desfaz quando nossos olhares se encontram. É como se o tempo congelasse por um instante, trazendo uma onda de emoções confusas — nostalgia, saudade, arrependimento.Desvio o olhar, tentando me recompor, mas logo noto algo que faz meu peito apertar ainda mais. Um homem se aproxima dela, a abraçando pela cintura com intimidade. Minha mandíbula trava enquanto observo ele segurar a mão de uma menininha loira, incrivelmente parecida com Manuela. Meu estômago revira. A garota deve ser filha deles. E ele? Talvez namorado. Ou marido. Esse pensamento me enche de ciúme, embora eu não tenha o direito de
• Manuela • Manhã de DomingoA noite foi difícil. As palavras de Leonardo ecoaram em minha mente como um martelo, impedindo qualquer descanso. Luna, minha pequena, parece ter sentido minha tensão, já que quase não dormiu também. Agora, as duas estamos na cozinha cedo, tentando começar o dia com nosso café da manhã.— Bom dia, princesinha do dindo! — a voz alegre de Pedro ecoa enquanto ele entra sem cerimônia, como sempre faz.— Bom dia, Pepe! Veio tomar café, né? — digo com um sorriso, abraçando meu amigo, cuja presença é sempre um alívio.— Bom dia, dindo! — Luna responde distraída, concentrada no cereal à sua frente.Pedro senta-se à mesa e me olha preocupado.— Vim tomar café, mas também ver como você está — diz, aceitando a panqueca que coloco em seu prato. — Cadê seus pais?— Estou bem, amigo. Obrigada por perguntar. — Tento sorrir, embora saiba que ele não se engana facilmente. — Meus pais viajaram cedo. Meu pai disse que quer aproveitar minha mãe. — Faço uma careta, arrancando
ManuelaO número de telefone que Bianca me passou pisca na tela do celular. Respiro fundo, reunindo coragem para ligar para Leonardo. Meu coração bate rápido, e uma sensação de apreensão toma conta de mim. Finalmente, pressiono o botão para iniciar a chamada.Início da Chamada— Alô? — a voz de Leonardo soa firme, mas carregada de tensão.— Leonardo, sou eu, Manuela. — Minha voz sai mais suave do que imaginei. — Só liguei para dizer que, se quiser, pode buscar Luna amanhã na escola para passar a tarde com ela.Há um momento de silêncio, seguido de um suspiro.— Certo. Me manda o horário que ela sai e o endereço da escola por mensagem.— Só queria te pedir para passar o tempo com ela na casa dos seus pais. Isso me deixa mais tranquila — acrescento, hesitante.Leon ri pelo nariz, um som meio debochado.— Você não confia em mim, não é?— Não é isso. — Tento me justificar. — Você nunca cuidou de uma criança. Na casa dos seus pais, eles podem te ajudar com o que precisar.Ele traga a paciê
LeonardoConfesso que a presença de Manuela comigo e Luna não me deixou à vontade. Minha mãe tinha me explicado que Luna poderia estranhar passar o dia comigo sozinha, já que somos praticamente desconhecidos. Ainda assim, a sensação de desconforto era inevitável.Enquanto esperávamos nossos pedidos no restaurante, tento criar um momento mais descontraído.— O que vai querer comer, loirinha? — pergunto, tentando soar animado.— Uma esfirra de carne, outra de frango, e suquinho de laranja. — Ela sorri, e não consigo evitar um sorriso de volta. Esses sabores e o suco de laranja também são os meus favoritos.— Vou querer o mesmo: esfirras de carne e frango e suco de laranja — digo ao garçom antes de olhar para Manuela. — E você?— Quero aquele combo de sanduíche de frango, batatas fritas e suco de laranja — ela responde, e um pensamento rápido me invade: sempre comilona.A conversa inicial é dominada por Manuela, o que me alivia, pois ainda estou tentando me acostumar com a situação.— Co
Leonardo Confesso que é estranho estar aqui, depois de anos, sentado à mesa de jantar com meus pais. Desde que voltei, tenho evitado situações como essa, mas hoje não houve como escapar. Minha mãe insistiu demais, e cedi.Ela olha para mim com aquele olhar que só mães têm, misto de curiosidade e preocupação.— Sobre o que é o caso que você está cuidando aqui na cidade, filho? — pergunta, tentando quebrar o silêncio.— Estou defendendo um homem acusado de assassinato. Ele alega ser inocente e, até agora, os fatos apontam que ele realmente pode ser. — Respondo, tentando parecer neutro, mas sei que meu tom carrega o cansaço de dias complicados.— Esses casos são complicados, mas desafiadores. Bons para testar suas habilidades. — Meu pai comenta, com um tom firme, mas sem grande entusiasmo.Mudando o foco, minha mãe olha para minha irmã:— E você, filha, como estão as aulas na faculdade?Minha irmã sorri, os olhos brilhando de empolgação:— Estão incríveis, mãe! Eu amo o curso, é tudo o
Leonardo Passei a semana inteira perdido em pensamentos. A conversa que tive com meu pai me atingiu como um soco, e as palavras dele não paravam de ecoar na minha mente. Preciso ser melhor. Hoje é domingo, e decidi aproveitar o dia para ver a Luna. Quero levar minha filha à praia, talvez criar uma memória boa entre nós.Chego na casa da Manuela e bato na porta. Ela atende com uma expressão surpresa, vestida em um vestido simples, mas bonito, que combina perfeitamente com o modelo infantil que a Luna também usa. É quase impossível não reparar como ela se esforça para fazer a filha feliz, mesmo que isso a deixe de lado.— Bom dia, Leonardo. — Ela diz, um pouco hesitante, mas cordial.— Bom dia. Eu ia perguntar se podia levar a loirinha na praia, mas parece que vocês já têm planos. — Respondo, percebendo a cesta de piquenique em suas mãos.— Aos domingos, sempre fazemos piquenique. — Ela explica, com um leve sorriso, mas há algo contido no olhar dela, talvez mágoa.Antes que eu pudesse
ManuelaA manhã começou cedo. Depois de arrumar minha menina e eu mesma, tomamos um café rápido antes de sair. Coloquei Luna na cadeirinha, ajustando o cinto com cuidado, e entrei no carro.— Mamãe, o Léo não vai com a gente? — ela pergunta com os olhos brilhando de expectativa.— Vai sim, filha. Estamos indo buscá-lo agora. — respondo, tentando sorrir para acalmar a animação dela.— Achei que ele tinha esquecido nosso combinado! — diz, cheia de entusiasmo.Chegamos à casa dos padrinhos, e lá estava Leonardo, já arrumado, esperando do lado de fora. Ele parecia quase ansioso.— Bom dia, loirinha. Bom dia, Manuela. — cumprimenta, entrando no carro.— Bom dia, Léo! — Luna responde sorridente, a alegria transbordando.No caminho, ela começa a falar sobre como iria “esfregar na cara” da coleguinha que o pai dela estava presente. Leonardo e eu rimos da inocência dela, mas um aperto no peito me lembrou que essa felicidade dela era algo recente.Ao chegarmos à escola, descemos juntos para lev