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5 - Primeiros Passos: Pai e Filha

Manuela

O número de telefone que Bianca me passou pisca na tela do celular. Respiro fundo, reunindo coragem para ligar para Leonardo. Meu coração b**e rápido, e uma sensação de apreensão toma conta de mim. Finalmente, pressiono o botão para iniciar a chamada.

Início da Chamada

— Alô? — a voz de Leonardo soa firme, mas carregada de tensão.

— Leonardo, sou eu, Manuela. — Minha voz sai mais suave do que imaginei. — Só liguei para dizer que, se quiser, pode buscar Luna amanhã na escola para passar a tarde com ela.

Há um momento de silêncio, seguido de um suspiro.

— Certo. Me manda o horário que ela sai e o endereço da escola por mensagem.

— Só queria te pedir para passar o tempo com ela na casa dos seus pais. Isso me deixa mais tranquila — acrescento, hesitante.

Leon ri pelo nariz, um som meio debochado.

— Você não confia em mim, não é?

— Não é isso. — Tento me justificar. — Você nunca cuidou de uma criança. Na casa dos seus pais, eles podem te ajudar com o que precisar.

Ele traga a paciência antes de responder.

— Certo. Mais alguma coisa?

— Sim, Luna tem alergia a cravo, nozes e canela. Por favor, cuidado com isso.

— Tá ok. Até mais.

— Até.

Fim da Chamada

Solto o ar que nem percebi estar prendendo. Coloco o celular na mesa e chamo Luna, que está brincando na sala.

— Filha, conversei com seu pai. Amanhã ele vai te buscar na escola para vocês passarem a tarde juntos na casa da sua vovó Pérola.

Luna me olha com seus grandes olhos curiosos.

— Será que ele vai gostar de mim, mamãe? — pergunta, sua voz carregada de insegurança.

— Claro que vai, meu amor. — Faço carinho em seus cabelos, tentando tranquilizá-la. — E, se você quiser, pode pedir para a titia Bia ou a vovó ligar para mim, e a mamãe vai te buscar.

— Tá bom, mamãe. Mas eu tô nervosa. — Ela ri, tentando disfarçar a ansiedade.

— É normal, meu amor. Que tal tomarmos sorvete de sobremesa, depois você toma banho e assiste um filminho comigo no quarto até dormir? — sugiro, tentando aliviar o clima.

— Pode ser sorvete com caldinha de chocolate? — ela pergunta, com aquele jeitinho irresistível.

— Hoje pode, princesa.

Enquanto preparamos a sobremesa, mando a localização da escola e o horário para Leonardo. De volta à mesa, entrego o sorvete para Luna e sento-me ao lado dela.

— Mamãe, você viu o bilhetinho da festinha de aniversário da Ana? — Luna pergunta entre uma colherada e outra.

— Vi, sim. — Sorrio. — Mamãe vai comprar um presentinho e alugar uma fantasia para você levar.

— Ebaaa!

— Qual fantasia você vai querer usar, princesa? — pergunto, curiosa.

— Alice das maravilhas! — responde animada.

— Alice no País das Maravilhas, meu amor. A mamãe vai procurar para você. — Dou risada, achando graça em seu jeito espontâneo.

Depois do sorvete, dou um banho em minha pequena e coloco o pijama nela. Logo estamos deitadas no meu quarto, assistindo Barbie e as 12 Princesas Bailarinas, seu filme favorito. Enquanto Luna se encanta com a tela, eu fecho os olhos por um instante e rezo baixinho. Que Leonardo não magoe minha filha. Ela não merece.

No Dia Seguinte

Desço do carro na porta da escola de Luna e vejo Leonardo parado, encostado na parede, com as mãos nos bolsos. Sua expressão é difícil de decifrar — algo entre ansiedade e nervosismo. Respiro fundo e me aproximo.

— Boa tarde, Leonardo — digo, simples.

Ele me encara por um momento.

— Achei que eu ia buscar a menina sozinho.

— Só vim trazer a cadeirinha do carro. — Indico o objeto na minha mão. — Não sabia se ia lembrar. E, como a Luna ainda não te conhece, achei melhor fazer as apresentações.

Ele ergue uma sobrancelha, mas responde com um leve aceno.

— Minha mãe insistiu para eu vir com o carro dela justamente por causa da cadeirinha. Não precisava se preocupar.

Antes que eu possa responder, Luna sai correndo pelo portão da escola. Ela vem em minha direção e agarra minhas pernas, com o rostinho iluminado.

— Oi, meu amor. — Beijo seus cabelos loiros.

Ela olha ao redor, parecendo procurar algo.

— Ele não veio?

— Veio sim, princesa. — Aponto para Leonardo, que está ao meu lado. — Esse é o Leonardo. Ele é irmão da titia Bia... e seu pai.

Luna o encara, curiosa e um pouco tímida. Leonardo se abaixa para ficar na altura dela, o olhar suave, mas cauteloso.

— Oi, loirinha. — Sua voz sai mais gentil do que eu esperava. — Posso te dar um abraço?

Luna hesita, mas olha para mim, buscando confirmação. Faço um leve aceno, e ela se aproxima, abraçando-o rapidamente. Ele fecha os olhos por um instante, como se estivesse tentando gravar o momento.

— Mamãe, você também vai? — ela pergunta, assim que se solta dele.

Sinto um aperto no peito, mas nego com a cabeça.

— Vai ser só você, seu pai, sua vovó e a titia Bia.

— Sua mãe pode ir também, loirinha, se quiser. — Leonardo suspira, visivelmente desconfortável, mas cede.

Luna sorri, animada, e me olha com expectativa.

— Tudo bem. — Concordo por fim.

— Já que sua mãe também vai, que tal almoçarmos fora e depois tomarmos um sorvete? — Leonardo sugere, e Luna b**e palmas de felicidade.

Entro no carro com Luna enquanto Leonardo vai no carro da minha madrinha. Antes de seguir, passamos na casa dos pais dele para ele deixar o veículo e avisar sobre a mudança nos planos. Enquanto espero, mando uma mensagem para meu pai, explicando a situação e pedindo à minha secretária que cancele meus compromissos.

Não demora muito, e Leonardo retorna, entrando no banco do carona.

— Tá tudo bem levar ela no Habib's? — ele pergunta, com um tom mais descontraído.

— Tá sim. Ela adora. — Sorrio de leve, surpresa com a tentativa de normalidade.

Enquanto seguimos, observo Leonardo pelo canto do olho. Apesar de tudo, há algo naquele momento que parece certo. Não sei se é esperança ou apenas medo de mais um erro, mas, pela primeira vez, me permito acreditar que talvez, só talvez, tudo isso possa dar certo para Luna. Por ela. Sempre por ela.

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