Theo havia saído de fininho, como se tivesse um segredo do tamanho do mundo a cumprir. Com o jeitinho de quem quer ser levado a sério, o menininho andava pela empresa como se já tivesse herdado a postura dos adultos, passos firmes, olhar decidido e aquele ar de "eu sei o que estou fazendo", mesmo que seus pés pequeninos não fizessem ideia de onde o estavam levando. Cada canto do corredor parecia uma nova aventura para ele, as imensas portas eram misteriosas, as pessoas que lhe sorriam eram gentis e algumas vezes, alguém até parava para apertar suas bochechas.Enquanto o relógio marcava o fim da manhã, Theo finalmente encontrou uma sala que lhe chamou atenção. Na frente da grande porta, ele parecia ainda mais pequenino, estendendo os bracinhos e ficando na ponta dos pés para tentar alcançar a maçaneta. Quando percebeu que não poderia alcançar a maçaneta, mesmo que tentasse de toda forma, decidiu bater, fechando a mãozinha e dando alguns toques impacientes na madeira. “Olaaaaaa”, falav
“Tio, por que você tava com aquela cara?”, a pergunta direta fez o homem segurar o riso, com certeza ninguém nunca foi tão indiscreto com ele.Alexander, sem perder o sorriso, respondeu com simplicidade:“Às vezes, as coisas dos adultos me deixam um pouco chateado, a vida adulta é assim, sabia? Só trabalho e trabalho…”“Não quero ser adulto não, parece chato”, comentou o menininho, entrando na sala sem ser convidado, girando nos calcanhares e fazendo um som de “oooo” enquanto olhava para tudo.Ele fitava os móveis da sala com os olhos brilhando. Caminhando de um lado para o outro, ele apontava para a imensa porta de vidro que dava acesso à sala e inquiria:“Por que essa porta é tão grande? Você nem é tão grande pra passar nela, tio.”“Essa porta”, respondeu Alexander, gesticulando com a mão para abranger o espaço “foi feita para mostrar que aqui acontecem grandes coisas. E porque eu sou o chefe, o chefe sempre tem as coisas maiores.”Alex sempre teve jeito com crianças, então estava s
A tensão ainda pairava no ar depois da reunião. Claire, com o rosto marcado pela preocupação, liderava a busca por Theo. Ela e a equipe corriam pelos corredores da empresa, gritando e perguntando a cada pessoa que passava.“Ai meu Dues, cadê meu filho?”, fala Claire, os olhos marejados de ansiedade.“Ele estava aqui, desviei os olhos só por um segundo e ele havia sumido!” replicou Matteo, enquanto corria em direção a porta, olhando do lado de fora.A reunião havia terminado e, agora, todos pareciam tensos, afinal, havia uma criança perdida naquele enorme prédio. “Vou ligar na recepção e mandar os seguranças procurarem pelo prédio!”, disse uma garota que parecia tão preocupada quanto Claire. “Não se preocupe, senhorita Dawnson, vamos achar seu filho!”O ambiente, antes focado em negócios, transformou-se em um cenário de busca frenética. Funcionários de todos os departamentos se uniram à procura, e vozes se misturavam em um turbilhão de perguntas e alertas. Em um corredor repleto de p
Claire chegou em casa exausta, mas não conseguiu relaxar nem por um segundo. Seu coração ainda batia acelerado depois do que acontecera com Theo. Depois de tanto pânico, do desespero de procurá-lo pela empresa, tudo o que ela conseguia pensar agora era no peso da culpa que esmagava seu peito. Como pôde esconder algo tão importante de Alexander?Ela deitou Theo na cama e ajeitou as cobertas ao redor do corpinho adormecido quando a noite chegou. O garotinho suspirou, encolhendo-se sob o cobertor, os pequenos dedos segurando o lençol como se buscassem conforto. Claire passou a mão pelos cabelos macios do filho e sentiu os olhos marejarem. O que faria agora?Saindo do quarto, ela encontrou Sarah sentada no sofá, mexendo no celular. Sarah havia voltado da reunião que havia ido há pouco tempo, as duas pareciam exausta. A amiga ergueu os olhos assim que viu Claire, franzindo o cenho diante de sua expressão abatida.“Tá com uma cara péssima” comentou Sarah, sem rodeios.Claire soltou um suspi
A noite se estendia com a intensidade típica das festas da alta sociedade, onde luzes cintilavam sobre rostos sérios e sorrisos ensaiados. O salão, amplo e repleto de detalhes sofisticados, vibrava com uma mistura de música pulsante, risos abafados e conversas discretas. Alexander Blake adentrou o ambiente com o olhar fixo, a postura ereta e o semblante carregado – traindo o turbilhão que fervia dentro dele. Ainda impregnado das cobranças de casa e das lembranças indesejadas, ele procurava algo que lhe permitisse esquecer, ainda que por instantes, os conflitos que o atormentavam.Enquanto circulava pela festa, Alexander deparou-se com uma cena que instantaneamente inflamou seus sentimentos. Na pista de dança, sob a luz intermitente que fazia o ambiente vibrar em cores quase surreais, Claire estava dançando com outro homem. Ela usava um vestido que deixava pouco para a imaginação, ajustado perfeitamente ao seu corpo, realçando a sua beleza com uma leveza que fazia seu movimento parecer
“Eu sei quem você é…”, ele sussurrou sob seus lábios. “Me lembro de você daquela noite… Por que não me disse antes?”A loira não falou nada, seu corpo ficou tenso e seus olhos desviaram dos dele como se o ar faltasse em seu peito. “Esperei você ligar, sabia? Eu esperei e…”, ele continuou sussurrando, beijando os lábios dela com carinho mesmo que ela não retribuisse. “Eu não posso!”, Claire sussurrou, se soltando dos braços dele rapidamente. “Não posso… Me desculpe!”Sem dar chance para mais explicações, Claire se afastou dele com um movimento brusco. Ela virou-se e fugiu, se misturando as pessoas da festa, como se quisesse escapar não só do abraço dele, mas também do peso das lembranças que aquele beijo despertara. Seu rosto, parcialmente iluminado pelas luzes da pista, trazia a dor de quem sabe que certos erros não podem ser repetidos.Alexander ficou parado por um longo segundo, com os lábios ainda entreabertos e as mãos ainda agarradas no ar onde estivera o corpo dela. Ele sentiu
Para alguns, a festa estava a todo vapor, a musica era a trilha sonora de uma noite de diversão romance e tudo mais o que quisessem, no entanto, para Claire, com os cabelos levemente desalinhados e os olhos marejados de tensão, ficar mais um segundo naquele ambiente era insustentável. Estava correndo entre as pessoas, se camuflando na multidão e escondendo-se dos olhos que ela sabia que buscavam. Sem hesitar, a jovem correu e, com passos apressados, afastou-se da multidão que ainda murmurava confissões e risadas forçadas.Do outro lado do salão, Alexander procurava entre a multidão, mas os cabelos loiros haviam desaparecido tão rápido que ele não pode acompanhar. Seu coração ainda batia desconpassado e havia apenas uma dúvida martelando em sua mente. “Por que você está fugindo?”“Acabou a festa para mim” murmurou Alex para si mesmo, enquanto se endireitava e caminhava com determinação rumo à saída. Agora tinha certeza de uma coisa: não podia mais ignorar o que se passava em seu coraç
A manhã havia chegado num tom frio e acinzentado, como se o céu refletisse a tensão que pairava no ar. No pequeno apartamento de Claire, a luz suave do amanhecer invadia a sala, revelando móveis simples e um clima de cansaço que se misturava à ansiedade. Claire já estava sentada à mesa com uma xícara de café meio fria nas mãos. Seus olhos, ainda marcados pela inquietação da noite anterior, fixavam o vazio enquanto tentava ordenar os pensamentos.Poucos minutos depois, os sons de passos nos degraus atrairam seus olhos e ela viu sua amiga descer, ainda de pijama e com os cabelos meio bagunçados. " Bom dia, amiga "Sarah falou sentando na cadeira ao lado. " Acho que a gente tem que conversar sobre ontem, né?Claire levantou os olhos lentamente, suspirando levemente e tomando um gole do café morno antes de assentir. " Olha, sei que isso não é de todo da minha conta, Claire, mas eu acho que você deveria contar para o Alexsander sobre o Theo antes que ele descubra sozinho " afirmou Sarah,