Alexander saiu de sua casa com um semblante firme e um olhar decidido. A chuva fina da madrugada havia parado, dando lugar a uma manhã cinzenta e silenciosa. O relógio marcava pouco mais de oito horas quando ele chegou à entrada do prédio da empresa. Cada passo no corredor revestido de mármore ecoava o peso das suas preocupações e das últimas informações que tinha recebido.Ao adentrar o saguão, foi imediatamente abordado por Ruby, sua secretária. Assim como todos os dias, Ruby parecia um pouco nervosa e apressada, bastante apressada. Ela, com seu jeito prático e olhar atento, se aproximou com uma expressão que misturava profissionalismo e leve preocupação." Bom dia, Sr. Alexander " disse, já com um tom de voz natural, mas com uma pitada de urgência perceptível. " O detetive Bicalho já está aguardando-o na sala de reuniões.Alexander assentiu sem perder tempo. Seu olhar já se focava no trajeto para o elevador. " Muito bem, Ruby. Por favor,se certifique que ninguém interrompa minha r
Alexander respirou fundo, o semblante endurecendo. Aquele assunto não parecia ser da sua conta, mas, ao mesmo tempo, sentia uma necessidade incontrolável de saber mais." Entendo. E o que mais o senhor descobriu sobre essa questão? " perguntou Alexander, com a voz controlada, mas carregada de uma tensão interna que mal escondia sua inquietação.Bicalho olhou para os documentos novamente, como se cada linha escrita pudesse revelar segredos adicionais." Pelo que apurei, não há nenhuma solicitação oficial de alteração ou inclusão de dados que remeta ao pai do Theo. Todo o processo foi concluído de forma rápida, quase sem contestação, como se a informação tivesse sido intencionalmente omitida. Alexander olhou fixamente para o detetive, medindo as palavras que escolheria. Ele sentia uma necessidade intensa de descobrir cada detalhe, mas também sabia que, naquele momento, confrontar Claire diretamente não seria prudente." Esse assunto não é da minha conta, tecnicamente… Mas quero que con
A manhã já estava quase no fim naquele dia quando o telefone de Claire tocou com urgência, interrompendo a calma relativa do seu apartamento. Ao atender, a voz da escola de Theo, firme e sem rodeios, anunciou:"Alô, é da casa do Theo?”“Sim, algum problema? Aconteceu algo com meu filho?”“Precisamos que venha aqui imediatamente, senhorita Claire. Recebemos uma reclamação de que o Theo se envolveu numa briga e mordeu um coleguinha.”Claire engoliu em seco e, logo após desligar a ligação, num instante, chamou Sarah."Sarah, é urgente. A escola ligou, pode ir lá comigo? " disse, a voz embargada e com um tremor que ela não conseguia esconder.Sem perder tempo, as duas se arrumaram rapidamente. Poucos minutos depois, estavam no carro, o coração batendo acelerado com a incerteza do que aguardava.Ao chegarem à escola, foram imediatamente recebidas por uma funcionária na portaria. O ambiente no corredor era tenso, com vozes abafadas e olhares de preocupação. Logo, foram encaminhadas para a s
“Senhor…”, Ruby entrou na sala do CEO com passos inseguros enquanto olhava para seu chefe. “Sua mãe ligou.”A palavras ditas com cuidado eram estrategicamente faladas num tom bem baixo, afinal, Ruby jã sabia que a relação de Alexander com a mãe não era das melhores. “Seja lá o que for, diga que nãi estou disponível hoje”, respondeu, sem sequer desviar os olhos da tela de seu notebook. “Senhor, ela foi bem insistente”, Ruby continuou, vendo o homem a sua frente suspirar. “Disse que era urgente e que o senhor precisaria ir para casa, ela fez questão de deixar bem claro que era muito urgente.”Claro, Ruby omitiu o fato de que Cora berrou diversas vezes na ligação que se o filho não aparecesse em casa, ela quem seria demitida, além de chamá-la de inútil algumas vezes. Alex suspirou levemente movendo os ombros e tentando não se irritar mais que o que deveria. Encarou sua secretária por alguns instantes, sabia que a culpa não era dela, assim como sabia que as palavras de Cora não foram s
O caminho de volta para casa foi silencioso, no rádio tocava uma musica infantil e Theo estava brincando com um de seus bonecos em sua cadeirinha, enquanto Sarah dirigia e Claire olhava pela janela. A tristeza de seu filho naquele dia ainda fazia seu coração doer, e memso que o menino estivesse melhor agora, ela sabia que Theo não esqueceria aquilo. Quando chegaram ao apartamento, Claire levou Theo no colo até o banheiro e encheu a banheira com água quente colocando patinhos de borracha na água e fazendo bastante espuma, como o garotinho gostava. Quando ele já estava na água, com os cabelos negros molhados, Theo pegou um dos patinhos, brincando enquanto olhava para a espuma. “Sabe, mama”, começou, apertando o patinho na água. “Aquele moço chique… Ele podia ser meu papai… Thewo gostou dele.”Aquelas palavras, simples e diretas, atingiram Claire com uma força avassaladora. Ela congelou por um instante, sentindo o peso da culpa invadir seu peito. Sem saber o que dizer, apenas olhou pa
Alguns dias se passaram desde que os acontecimentos anteriores abalaram a rotina de Claire. Agora, havia retornado ao seu trabalho no escritório de arquitetura, retomando as atividades com a mesma determinação que sempre a caracterizou. Diferente de antes, quando precisava frequentar a empresa de Alexander, agora a rotina é mais tranquila – ela atua na sua própria firma, sem a constante presença do “homem chique”.No escritório, o ambiente era de uma correria moderada. Claire caminhava pelos corredores, atendendo ligações e supervisionando projetos, quando Logan, se aproximou de sua mesa com um sorriso. Ele sempre foi um homem galante com ela, muito gentil e, bem, era bonito o bastante para atrair olhares e com uma personalidade que a fazia rir. "Ei, Claire,tem um minuto?" perguntou, já com o tom descontraído que usava com frequência, mas com um olhar mais intenso direcionado a loira.Claire olhou para ele, ajeitou alguns papéis e respondeu: " Claro, algum problema?”O rapaz se incl
A noite parecia ter prometido reconciliação, mas para Alexander, o que se desenrolou foi um verdadeiro pesadelo. Sua mãe, Cora, havia organizado um jantar em família para se desculpar com ele – uma desculpa que, para seu desgosto, se revelou uma farsa completa. Ao chegar ao , Alexander esperava ver todos os seus parentes reunidos; no entanto, a única pessoa que apareceu foi Becky."O que está acontecendo aqui?" bradou, assim que adentrou a sala de estar, os olhos faiscando de indignação. "Alex, sua mãe me disse que você queria um jantar comigo para me compensar pelo que aconteceu naquele dia… Achei muito fofo de sua parte e…” "Te compensar? Não acredito nisso! Eu não tenho nada para falar com você, entenda isso de uma vez, Becky!” "Alexander, eu… eu só vim porque a mamãe insistiu, ela disse que você queria muito e…”Mas Alexander não quis ouvir explicações. Estava furioso por ter sido manipulado por Cora, que parecia achar graça em ultrapassar todos os limites.“Não precisa ser tã
O restaurante estava repleto de um burburinho suave, luzes tênues refletindo nas taças e nas mesas elegantemente dispostas. Contudo, naquele canto sofisticado, a atmosfera se tingia de tensão. Alexander Blake, ainda irritado com a última discussão, caminhava de forma decidida em direção à saída. A maioria dos clientes encaravam o homem imponente e fofocavam, afinal, a discussão chamou atenção de todos.Becky, sentada à mesa, tinha uma expressão irritada, afinal, mais uma vez, foi abandonada pelo homem com quem almejava se casar. Poderia dizer que não aguentava mais, porém, com certeza aguentava estava pronta para suportar qualquer coisa para conseguir aquele casamento.A mulher permaneceu ali, paralisada por alguns segundos, encarando o vazio deixado por Alexander. Seus lábios se apertaram e, num impulso de fúria, segurou o celular com força, desbloqueando a tela. Com dedos trêmulos, abriu o aplicativo de mensagens e selecionou a foto que havia tirado da mulher misteriosa com quem Al