Dominic despertou com um incômodo no ombro esquerdo. O ferimento ardia levemente, lembrando-o dos últimos acontecimentos. Levantou-se devagar, sentindo o lençol colado à pele pelo suor da noite mal dormida. Passou a mão pelo rosto, tentando dissipar o cansaço e a dor que se misturavam em silêncio. Pegou o celular na escrivaninha ao lado da cama e, ao ver o horário — 9:00 — soltou um suspiro impaciente.Dirigiu-se ao banheiro e girou o registro do chuveiro. A água quente deslizava sobre sua pele como uma tentativa de apagar os rastros da violência da noite anterior. Ficou ali mais tempo do que o habitual, em silêncio, com os olhos fechados, como se esperasse que a água levasse embora o peso em seus ombros — e não apenas o físico.Ao sair, vestindo apenas uma toalha, Dominic encontrou Donavan sentado na poltrona no canto do quarto. Ele segurava um copo de água e uma cartela de remédios. Sem dizer nada de imediato, Donavan se levantou, estendeu o copo e os comprimidos ao amigo e o cumpri
Dominic saiu do carro com passos firmes, o sol da Sicília se escondia atrás de nuvens pesadas, anunciando o mau presságio que ele já sentia no ar. O prédio onde ficava seu escritório era afastado do centro da cidade, discreto por fora, mas fortemente protegido. Era ali que decisões importantes eram tomadas, longe dos olhos curiosos da sociedade.Donavan andava ao lado dele, observando tudo ao redor. Assim que entraram no hall de entrada, Dominic ajeitou os punhos da camisa branca impecável e soltou um suspiro de tédio misturado com tensão. Ele não gostava de reuniões, mas sabia que parte de ser líder da famiglia era ouvir reclamações e controlar egos inflados.— Preciso de alguns minutos, preciso resolver uma ligação urgente. — Donavan falou, afastando-se discretamente.— Tudo bem. Encontre-me lá dentro. — Dominic respondeu seco, já caminhando em direção à sala de reuniões.Ao abrir as portas pesadas de madeira escura, todos os olhares se voltaram
Mesmo com o cansaço do dia arrastando-se por cada músculo de seu corpo, Isabella não conseguia simplesmente se render ao silêncio da noite. Havia algo nela que insistia em sair, respirar, olhar para o mundo lá fora. Era como se o vazio do sofá e a quietude da casa estivessem pressionando demais seu peito. Depois de lavar o rosto e colocar um vestido simples, mas charmoso, ela pegou a bolsa e saiu sem rumo certo, apenas com a ideia de espairecer e talvez tomar um sorvete — sorvete de pistache, seu favorito desde criança. As ruas estavam tranquilas, mas vivas. Algumas famílias passeavam com suas crianças, casais andavam de mãos dadas como se o mundo inteiro se resumissem aos olhares que trocavam. Isabella caminhava devagar, saboreando cada colherada do doce gelado que comprara em uma pequena sorveteria de esquina. Sorriu ao ver um garotinho tentando esconder um brinquedo novo atrás das costas da mãe. Ela não pôde deixar de pensar: "Será que um dia terei isso? Uma famíli
Dominic revirava-se na cama, inquieto. Os minutos pareciam horas, e o sono simplesmente se recusava a vir. A madrugada avançava preguiçosamente, mergulhando a casa em um silêncio quase sufocante. Ao longe, ouvia-se apenas o som sutil das folhas balançando com o vento. Ele se levantou, ainda com o gosto amargo do pesadelo anterior entalado na garganta.Decidiu que revisaria algumas papeladas no escritório, talvez o trabalho o ajudasse a colocar os pensamentos em ordem. Vestiu a parte de baixo de seu pijama, amarrou-o com descuido e caminhou até a escrivaninha onde deixara o celular. Quando a tela acendeu abruptamente, uma sequência de alertas apareceu.Os olhos de Dominic se estreitaram ao ler as notificações. Algo estava errado.Sem pensar duas vezes, pegou a arma que mantinha guardada discretamente na gaveta da cômoda. Seu instinto gritava. Aquele tipo de alerta não era normal.Ao descer as escadas apressado, o coração acelerou ainda mais. Quando chegou à sala, parou no meio do camin
A Sicília sempre foi palco de paixões intensas, promessas perigosas e histórias que desafiam a lógica. No coração dessa ilha banhada por segredos e tradições, Isabella nunca imaginou que sua vida tomaria um rumo tão sombrio e arrebatador. Bastou um olhar. Um encontro. E tudo que ela conhecia desmoronou.Dominic, o homem que carrega o sangue da máfia nas veias, não é alguém que se ama sem consequências. Ele é o tipo de homem que não pede permissão — toma. E ao cruzar o caminho de Isabella, a calma da sua vida foi engolida pelo caos.Ela, com sua doçura e força silenciosa. Ele, com seu passado manchado de sangue e honra. Ambos travados em um destino onde amor e perigo andam lado a lado. Entre flores deixadas pela manhã e jantares interrompidos por tiros, Isabella aprenderá que amar Dominic é dançar na beira do abismo — onde cada passo pode ser o último.Mas talvez... seja exatamente isso que faz o coração bater mais forte.A dor latejava em seus pulsos, amarrados com força demais para p
As luzes da balada piscavam em tons de vermelho e azul, acompanhando o ritmo pulsante da música que ecoava como um coração acelerado. Corpos se moviam ao som da batida, copos tilintavam, risos escapavam por entre a fumaça artificial, e no meio de tudo isso… estava ela.Dominic encostou-se ao balcão com um copo de uísque na mão, o olhar cravado nela como se o resto do mundo simplesmente tivesse deixado de existir.— Você tá obcecado ou apenas entediado? — provocou Donavan ao seu lado, erguendo a sobrancelha ao notar a concentração do amigo. — Porque não é comum te ver tão fixado em alguém.Dominic não respondeu. Apenas ergueu o copo até os lábios, sem tirar os olhos da mulher que dançava no meio da pista. Cabelos soltos, expressão entregue, movimentos sensuais sem serem vulgares. Ela não dançava para chamar atenção, mas por estar sentindo a música… como se naquele instante nada mais importasse.Ele não sabia seu nome ainda, mas já sentia que era dela que viria o caos. A paz nunca o atr
O sol atravessava as cortinas pesadas da sala, insistente como se zombasse da ressaca que tomava conta do ambiente. No sofá, entre almofadas jogadas e garrafas vazias de água, Sofia gemeu alto, apertando as têmporas com as pontas dos dedos.— Ah, minha cabeça... — murmurou, a voz rouca e pastosa. — Por que a tequila parece tão legal na hora e tão maldita no dia seguinte?Com os olhos semiabertos, ela virou o rosto devagar, tentando entender onde estava. Quando reconheceu a sala de Isabella, soltou um suspiro cansado. Seus olhos caíram sobre a amiga, ainda dormindo ali do lado, com a boca entreaberta e a maquiagem completamente borrada, deixando marcas escuras ao redor dos olhos.— Olha só quem virou um panda durante a noite... — disse, soltando um riso fraco.Ela se jogou novamente no sofá, escondendo o rosto no travesseiro, quando de repente a campainha começou a tocar com insistência. Uma, duas, três vezes. Sofia grunhiu.— Não... não, por favor...A campainha tocava como uma marret
Enquanto Isabella permanecia mergulhada num sono profundo, abraçada ao lençol e ainda vestindo a roupa da noite anterior, Sofia se movimentava pela cozinha com passos preguiçosos, mas decididos. O cheiro de arroz recém-cozido e tempero caseiro começava a invadir todos os cômodos, dançando no ar até alcançar as narinas de quem estivesse por perto. Ela cantarolava baixinho, tentando afastar a dorzinha teimosa da cabeça que a ressaca ainda insistia em manter.Preparava-se para acordar Isabella com um prato de comida na mão quando a campainha tocou. O som fez seus olhos se estreitarem, e ela olhou na direção da porta com uma expressão indignada.— As pessoas aqui de Sicília já foram mais educadas — resmungou em voz alta. — Antes, ao menos perguntavam se podiam fazer uma visita. Hoje, simplesmente batem na porta como se morássemos numa república.Mesmo contrariada, seguiu até a porta, limpando as mãos num pano de prato jogado sobre o ombro. Quando espiou pelo olho mágico, o aborrecimento d