Inicio / Romance / Nos braços do Pecador Obsessivo / Capítulo 5 – Sangue no Asfalto
Capítulo 5 – Sangue no Asfalto

O silêncio entre Dominic e Donavan à mesa era denso. O jantar havia esfriado, e a tensão do telefonema ainda pairava no ar. Dominic girava o copo de uísque com lentidão, os olhos fixos em um ponto qualquer da toalha branca.

Foi quando um lampejo cortou sua mente como uma lâmina: Isabella.

— Merda... — murmurou, passando as mãos pelo rosto.

Donavan o observava com o canto dos olhos, e um sorriso debochado surgiu no rosto dele.

— Pior que um tiro... é uma mulher esquecida.

Dominic soltou um riso abafado, mais de frustração que de humor.

— Com tudo isso... eu simplesmente esqueci que ela estaria me esperando. — Ele se levantou num ímpeto, jogando a guardanapo sobre a mesa. — Vamos. Ainda dá tempo de salvar essa noite.

Donavan ergueu-se em seguida.

— Isso se a noite não decidir te matar antes.

Ambos caminharam para fora do restaurante. O ar noturno estava pesado, quase como um presságio. A brisa carregava um cheiro distante de gasolina e pólvora — ou talvez fosse apenas paranoia. O Knight XV os aguardava com os vidros escuros e os faróis discretamente ligados. Dois seguranças à paisana vigiavam os arredores.

Quando Dominic e Donavan estavam a poucos passos do carro, os faróis de um outro veículo se acenderam subitamente na esquina. Um carro preto, janelas escuras. O motor rugiu como um aviso, mas não houve tempo de reação.

— Dominic! — gritou Donavan, ao mesmo tempo em que o carro avançava.

O primeiro disparo foi seco, rasgando o ar.

Os seguranças gritaram comandos, sacaram as armas e tentaram revidar, mas o tiroteio se intensificou em segundos. Dominic puxou Donavan pelo braço, arrastando-o para trás do carro blindado enquanto os estilhaços voavam ao redor.

— Baixa! — Dominic gritou, com os olhos faiscando.

Outro tiro. Outro. Mais dois.

Dominic sentiu uma queimação violenta no ombro esquerdo, mas não parou. Com o corpo já meio caído, empurrou a porta do carro e entrou, seguido por Donavan.

O som dos pneus cantando no asfalto foi abafado pelo disparo final. O Knight XV arrancou em velocidade, atravessando o quarteirão enquanto os seguranças davam cobertura e o carro inimigo recuava.

Dentro do veículo, Donavan olhou rapidamente para o amigo. Dominic apertava o ombro com a mão direita, os dedos encharcados de sangue.

— Você levou um tiro. — disse ele, pálido, mas mantendo o tom firme.

Dominic não respondeu. Apenas encostou a cabeça no vidro, com o maxilar travado, o corpo inteiro vibrando de raiva.

— Para onde? — perguntou o motorista, pela comunicação interna.

— Hospital não. Vá para o galpão da zona portuária. Temos médicos lá. — ordenou Donavan. Depois se virou para Dominic. — Você vai aguentar?

Dominic abriu os olhos devagar, forçando um sorriso torto apesar da dor.

— Isso não vai me matar. Só me atrasar... E eu detesto me atrasar.

Donavan soltou um suspiro, apoiando as mãos nos joelhos.

— Alguém sabia que você estaria aqui hoje. Isso não foi acaso.

— Um recado. — Dominic respondeu, com os dentes cerrados. — Um maldito recado.

O carro seguiu em silêncio por alguns minutos, o som do motor abafado pela tensão. Donavan observava Dominic com um misto de preocupação e respeito. Conhecia homens que desabavam com um tiro. Mas Dominic… Dominic apertava os dentes e pensava em Isabella.

Ela estava esperando por ele.

E agora, mais do que nunca, ele sentia que colocá-la naquele mundo seria perigoso demais.

Ele desviou os olhos para o ombro ferido, o sangue ainda escorrendo por entre os dedos. Um lembrete físico de que ninguém, nem mesmo ele, estava a salvo.

— Você vai vê-la hoje ainda? — perguntou Donavan, quebrando o silêncio.

Dominic hesitou.

— Não sei se devo.

— Vai deixá-la esperando?

— Estou sujo de sangue, Donavan. Literalmente. — Dominic virou o rosto, encarando o reflexo no vidro. — Ela merece flores, vinho… não isso. Não esse mundo.

Donavan o olhou por um instante, depois riu baixo.

— Flores murcham. Mas uma mulher como ela… pode suportar tempestades, se estiver ao lado do homem certo.

Dominic não respondeu. Apenas fechou os olhos. Sabia que mais cedo ou mais tarde, teria que tomar uma decisão: afastá-la ou torná-la parte da sua vida — mesmo que isso significasse colocá-la em perigo.

Mas antes... ele precisava descobrir quem tentou matá-lo.

E fazer com que pagassem.

O Knight XV avançava pelas ruas desertas até chegar ao galpão na zona portuária, onde homens armados já aguardavam. O portão foi aberto com rapidez, e assim que o veículo entrou, Dominic foi retirado com cuidado pelos braços dos seus seguranças. O sangue havia manchado parte da camisa social e escorria até o cós da calça. Seu rosto estava pálido, mas seus olhos ainda ardiam em fúria.

Donavan o segurava firme, mantendo a cabeça do amigo erguida.

— Já estamos aqui. Segura firme, irmão.

Dois médicos da famiglia se aproximaram. Ambos estavam tensos. Um deles sussurrou algo no ouvido de Donavan, que soltou um palavrão baixo.

— Sem anestesia, Dominic. O doutor que você confia está fora da cidade e não vamos arriscar alguém de fora.

Dominic assentiu com um olhar de aço.

— Tira essa maldita bala de uma vez.

Foi deitado numa mesa improvisada, e os instrumentos foram colocados ao lado com rapidez. O cheiro de álcool e metal tomou o ar. Donavan segurava o braço dele, apertando com força para manter Dominic consciente.

O som da pinça entrando na carne fez Dominic arquear as costas, o maxilar travado para conter um grito. O suor escorria por sua testa, e os dedos cravavam o metal da mesa.

— Aguenta. Tá quase. — disse um dos médicos.

Um gemido grave escapou por entre os dentes de Dominic. Em segundos eternos, a bala foi retirada. O médico a ergueu, ainda suja de sangue.

— Consegui.

Dominic arfava, o peito subindo e descendo com força. Mas não disse nada. Estava exausto.

Donavan o ajudou a levantar e o levou até o carro novamente. Dominic tentava alcançar o bolso para pegar o celular, mas Donavan foi mais rápido — tirou o aparelho das mãos dele e guardou no paletó.

— Nada de ligações, nada de Isabella. Você vai pra casa e vai descansar. Depois… você fala com sua futura dama.

— Donavan… — Dominic tentou protestar, mas sua voz saiu fraca.

— Você quer liderar essa famiglia ou morrer antes? — rebateu, sério. — Deixa o orgulho de lado por uma noite. Você é humano, Dominic. Até um rei precisa dormir.

Sem escolha, Dominic recostou-se no banco. Pela primeira vez em muito tempo… fechou os olhos, vencido pelo cansaço e pela dor.

Mas dentro dele, a raiva só crescia. E a vingança… já estava a caminho.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
capítulo anteriorcapítulo siguiente

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP