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Capítulo 4 – Lealdade e Sangue

Sentado em sua poltrona de couro, Dominic girava lentamente o copo de uísque entre os dedos. O líquido âmbar dançava sob a luz baixa do escritório. Do outro lado da sala, Donavan observava em silêncio, os olhos sempre atentos, como o escudeiro fiel que era.

— Dominic… — disse Donavan por fim, quebrando o silêncio. — Não é hora pra distrações. Ainda estamos tentando descobrir quem foi o filho da mãe que roubou nossa carga. Temos homens a interrogar, rastros a seguir, e traições pra cortar pela raiz.

Dominic não respondeu de imediato. Levantou-se lentamente, levou o copo aos lábios e tomou o restante do uísque de uma só vez. O gelo tilintou no fundo.

— Não são distrações — disse com voz firme. — Não se trata de "mulheres", Donavan. Trata-se dela… Isabella.

Donavan ergueu uma sobrancelha, franzindo a testa.

— Então é sério…

Dominic caminhou até a janela e olhou para os jardins da mansão.

— Mas não se engane — continuou ele. — Minha prioridade será sempre a famiglia. Eu não me distraio. Estou apenas… considerando possibilidades. O conselho insiste que está na hora de eu me casar. Mas não vou escolher a filha de um conselheiro, como esperam. Quero alguém fora disso. Alguém que não esteja corrompida por esse mundo podre.

Donavan soltou uma risada baixa.

— Engraçado… até alguns meses atrás, você espirrava só de ouvir a palavra “casamento”. Agora tá aí, falando em noiva perfeita?

Dominic lançou-lhe um olhar de canto, quase sorrindo.

— Até os homens de pedra mudam, Donavan.

Finalizaram o segundo copo de uísque em silêncio. A tensão pairava no ar como fumaça densa, mas havia também uma certa cumplicidade entre os dois. Sabiam que a noite estava apenas começando.

Dominic jogou o casaco sobre os ombros, colocou os óculos escuros mesmo sendo quase noite, e saiu. Donavan o acompanhou. Lá fora, o Knight XV os aguardava. A máquina de guerra sobre rodas reluzia sob a luz do luar. Preta, imponente, uma extensão do próprio Dominic.

Entraram no carro e seguiram rumo à boate da noite anterior — o mesmo lugar onde os olhos dele haviam cruzado os de Isabella pela primeira vez. Mas desta vez o objetivo era outro.

O clima no carro era tenso. Donavan revisava mentalmente os detalhes do encontro. Dominic permanecia em silêncio, os olhos fixos à frente, mas a mente trabalhando a mil.

— Você tem certeza que quer ir pessoalmente? — perguntou Donavan, quebrando o silêncio. — Podemos mandar alguém…

— Não — respondeu Dominic, seco. — Isso é entre mim e o Lazaro. Ele pegou o que era meu. E eu não negocio o que me pertence.

— E se ele não quiser devolver?

— Então vai morrer.

A resposta foi crua, sem rodeios. Donavan assentiu. Era assim que Dominic sempre foi. Direto. Implacável.

Chegaram à boate e foram imediatamente conduzidos a uma sala privada no andar de cima. A música pulsava nos andares inferiores, mas ali dentro, o silêncio era mortal.

Lazaro estava à espera. Alto, com cabelos escuros e um sorriso de cobra no rosto. Levantou-se quando Dominic entrou, estendendo a mão. Dominic não correspondeu.

— Lazaro — disse Dominic com a frieza de um rei diante de um súdito traidor.

— Dominic… pensei que enviaria um dos seus cães. Me sinto honrado.

— Não precisa se sentir. Só estou aqui porque quero ouvir da sua boca por que diabos você está com a minha carga.

Lazaro sorriu.

— Não sabia que era sua. Negócios são negócios, não é?

Dominic se aproximou devagar. Donavan ficou ao lado da porta, como uma sombra.

— Você sabia. Não subestime minha inteligência, Lazaro. Eu sei que você comprou meus homens. Sei que alguém de dentro passou informação. E sei que a carga está no seu depósito na costa sul.

— E o que vai fazer, Dominic? Me matar aqui?

— Ainda não decidi. Mas vou deixar algo claro: ou devolve tudo o que é meu — sem pedir um centavo — ou eu vou tomar, e quando tomar, você vai assistir o seu império ruir de dentro pra fora.

Lazaro perdeu o sorriso.

— Isso é uma ameaça?

— É uma promessa.

Dominic se virou e saiu. Donavan o seguiu sem dizer uma palavra. No caminho até o carro, a tensão ainda os cercava. Já dentro do Knight XV, Donavan quebrou o silêncio:

— Você acha que ele vai ceder?

Dominic ligou o carro, a mandíbula travada.

— Não. Mas ele deveria.

E com isso, acelerou rumo à escuridão da noite.

O Knight XV estaciona discretamente na entrada do restaurante. Um local requintado, discreto, à beira do rio, com poucas mesas e atendimento apenas por reserva. Um reduto de paz em meio ao caos da cidade — e um dos poucos lugares onde Dominic se permitia baixar a guarda. Ainda assim, não deixava de manter a pistola no coldre sob o paletó.

Donavan desce logo atrás, observando os arredores com olhos atentos. Os dois caminham até a mesa já reservada, em um canto reservado, longe dos olhares curiosos.

— Dois traidores, Dominic — comenta Donavan, puxando a cadeira. — Um confirmado. O outro… ainda falta descobrir.

— Descobriremos. — Dominic responde com calma, como quem fala de algo inevitável. — E quando descobrirmos, serão os últimos erros que eles vão cometer na vida.

Donavan apenas balança a cabeça, já acostumado com o tom gelado do amigo.

Antes que pudessem continuar a conversa, o celular de Dominic vibra sobre a mesa. Ao ver o número, seu olhar muda. Ele respira fundo antes de atender.

— Conselheiro. — diz, em tom formal.

Do outro lado da linha, a voz do homem é grave e direta:

— Dominic, você já teve tempo demais. O conselho está impaciente. Você sabe que a figura da primeira-dama é importante. Alguém que represente firmeza, fidelidade… elegância. Alguém à altura de um líder.

Dominic permanece em silêncio, o maxilar travado.

— Estou oferecendo a minha filha, Dominic. Criamos ela para esse papel. Ela entende o que significa estar ao seu lado. A união de nossas famílias só fortalece o nome da nossa organização.

Donavan ergue os olhos da taça, prestando atenção em cada palavra da conversa. O garçom se aproxima com as refeições, mas Dominic levanta a mão, sinalizando para que espere.

— Com todo respeito, Conselheiro… — Dominic finalmente responde, com um sorriso enviesado no canto da boca — sua filha pode ser muitas coisas. Mas a mulher que ocupará esse lugar ao meu lado será uma escolha minha. Não do conselho.

Do outro lado, o conselheiro perde o tom diplomático.

— Está recusando a minha filha, Dominic? Sabe o que isso significa?

— Sei exatamente o que significa. E se isso incomoda o conselho, talvez esteja na hora de reverem quem estão tentando controlar. Eu não sou um fantoche, e minha mulher não será uma peça no tabuleiro de ninguém.

A tensão cresce, e Donavan apenas mastiga lentamente seu prato, sem se meter. Conhecia bem aquele tom de voz do amigo. E sabia que, quando Dominic falava daquele jeito, não havia espaço para negociação.

— Você está cometendo um erro — disse o conselheiro, seco.

— Eu nunca erro em assuntos de coração. — Dominic finaliza e desliga, sem dar chance de resposta.

Por alguns segundos, apenas o tilintar dos talheres de Donavan quebra o silêncio.

— E você ainda diz que não está distraído com mulheres… — provoca Donavan, com um leve sorriso.

Dominic se recosta na cadeira, pega o garfo, e enfim começa a comer.

— Eu não estou. Mas essa… — ele olha para a mesa, como se visse o rosto de Isabella ali — essa é uma escolha que eu mesmo vou fazer.

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