A manhã estava quente, com o sol do Rio de Janeiro iluminando cada canto do campus. Alice saiu de sua última aula do dia, ainda com a mente distante, pensando no passeio com Ravi.
Desde aquele encontro na orla, as palavras dele ecoavam em sua cabeça. A sensação de estar sendo vista por alguém que vinha de um mundo tão diferente era intrigante e, ao mesmo tempo, assustadora. Ela sabia que estava começando a sentir algo por ele, mas ainda havia tantas barreiras. No entanto, os sentimentos conflitantes de Alice precisariam ser postos de lado. Como bolsista integral, ela não podia se dar ao luxo de perder tempo sonhando com algo que talvez fosse impossível. Ela estava na universidade para estudar, se formar e seguir seus sonhos, nada mais. Mesmo assim, as lembranças da conversa na praia com Ravi teimavam em voltar, insistindo para que ela considerasse o que ele havia dito. As amigas de Alice, Bianca e Gabriela, logo a encontraram no pátio. Elas estavam animadas, conversando sobre os planos do fim de semana, mas notaram o olhar distraído de Alice. — Terra chamando Alice! — Gabriela brincou, acenando na frente do rosto da amiga. Ela por sua vez piscou, voltando à realidade e forçando um sorriso. — Desculpa, o que vocês estavam falando? — A gente estava discutindo para onde vamos sair amanhã — Bianca respondeu, lançando um olhar curioso para Alice. — Mas o que você tem? Desde aquele passeio com o cara misterioso, você anda meio aérea. Alice mordeu o lábio, sem saber como responder. Era difícil explicar o turbilhão de emoções que estava sentindo desde que Ravi a convidara para o passeio. Ela não tinha contado todos os detalhes para as amigas, principalmente porque não sabia o que aquilo significava para ela mesma. — Não é nada demais — tentou minimizar, desviando o olhar. — Só estou com a cabeça cheia por causa das aulas. Bianca e Gabriela trocaram olhares, claramente não convencidas, mas decidiram deixar o assunto de lado por enquanto. Elas sabiam que Alice tinha um jeito reservado e preferia lidar com seus sentimentos sozinha, pelo menos até estar pronta para compartilhar. Conforme o trio caminhava pelo campus, a sombra familiar de Beatrice Kang apareceu, cortando o caminho delas. Alice imediatamente ficou tensa ao ver a garota parada ali, com os braços cruzados e um olhar que deixava claro que estava à espreita. — Alice — Beatrice chamou, com um tom frio. — Podemos conversar? Sozinhas. Bianca e Gabriela ficaram paradas, olhando para Alice com uma mistura de preocupação e desconfiança. Elas sabiam que Beatrice não era alguém que tinha boas intenções, especialmente quando se tratava de Alice. — Eu vou só... — Alice começou a falar, acenando para as amigas para que seguissem sem ela. — Vamos estar por perto — Bianca sussurrou antes de seguir com Gabriela, deixando-a sós com Beatrice. Ela manteve a postura, tentando não demonstrar qualquer insegurança diante da garota. — O que você quer, Beatrice? — perguntou, sem rodeios. Beatrice deu um pequeno sorriso, um sorriso que não alcançou os olhos. — Eu não vou enrolar — ela começou, sua voz afiada como lâminas. — Quero que fique longe do Ravi. Alice piscou, surpresa pela franqueza. Ela não sabia que Beatrice nutria sentimentos pelo homem, e também não esperava que fosse ser confrontada tão diretamente por simplesmente conversar com ele. — Eu e ele não temos nada — respondeu, tentando manter a calma. — Ah, por favor, garota — Beatrice revirou os olhos. — Eu vi como ele te olhou naquela festa. E não sou burra, sei que vocês saíram juntos depois. Alice apertou os punhos, tentando manter a compostura. — Andou me seguindo!? Isso não é da sua conta. — Ah, mas é, sim — retrucou, seu tom ficando mais ameaçador. — Eu estou avisando, Alice. Pessoas como você... não pertencem ao mundo de pessoas como eu e o Ravi. Você pode pensar que ele está interessado, mas acredite em mim, ele só está brincando com você. Assim que se cansar, vai seguir em frente. E quando isso acontecer, você vai ser a única a sair machucada. Alice sentiu um nó se formar em sua garganta, mas não deixou que Beatrice visse sua fraqueza. Ela sabia que, em parte, as palavras de Beatrice refletiam seus próprios medos. Mas ao mesmo tempo, não queria dar o gostinho de vitória à garota. — Se Ravi se cansa ou não de mim, isso não é problema seu — Alice respondeu com firmeza. — Se ele realmente só estiver brincando, vou descobrir por mim mesma. Não preciso de você me dizendo o que fazer. Beatrice estreitou os olhos, mas antes que pudesse responder, ela se virou e foi embora, com o coração acelerado e a mente em turbilhão. ~×~ Alice caminhou de volta para seu dormitório, sentindo-se pesada. A conversa atordoante ainda ecoava em sua mente, trazendo à tona os mesmos medos que ela já conhecia tão bem. Beatrice sempre fora cruel com ela, mas havia dito algumas verdades que não podia ignorar. E se tudo aquilo realmente não passasse de um jogo para Ravi? E se, no fim, ela fosse a única a sair machucada? Será se estava sendo muito ingênua em botar expectativas em alguém que conhecia há apenas alguns dias? Ela tentou afastar esses pensamentos, mas a insegurança começou a corroer sua confiança. Por mais que quisesse acreditar que Ravi era diferente, que havia algo genuíno na forma como ele a tratava, as diferenças entre eles eram inegáveis. Ela era uma garota pobre, que mal conseguia pagar suas contas e lutava para seguir seu sonho de ser atriz. Ele, por outro lado, era de uma família rica, com um futuro brilhante já traçado. Ao chegar no dormitório, a jovem jogou a mochila no chão e se sentou na cama, suspirando profundamente. Sua mente estava em caos. Ela estranhamente sentia algo por Ravi, mas será que valia a pena arriscar? Será que ela era suficiente para ele? O que ele realmente queria com ela? Essas perguntas a mantinham presa, incapaz de tomar uma decisão clara. De repente, o celular de Alice vibrou na mesa ao lado. Ela pegou o aparelho, vendo que era uma mensagem de Ravi. Ele perguntava como ela estava e se poderiam se ver novamente no fim de semana. Por um momento, Alice pensou em responder. Mas as palavras de Beatrice ecoaram em sua mente, e, ao invés disso, ela bloqueou a tela e colocou o celular de lado. Não sabia o que dizer, nem como responder. O medo a paralisava. -×- Enquanto isso, Ravi estava em seu escritório particular no hospital. Ele tinha passado o dia atendendo pacientes e lidando com a rotina exaustiva da medicina, mas sua mente não parava de voltar para Alice. Ele tinha mandado uma mensagem para ela algumas horas atrás e, estranhamente, ainda não tinha recebido resposta. Algo estava errado. Ele se recostou na cadeira de couro, pensando no que poderia estar acontecendo, pois imaginava que Alice era reservada e que o mundo dela era muito diferente do dele, mas a conexão que havia sentido entre eles não parecia ser algo que pudesse ser facilmente ignorado. Antes que pudesse continuar mergulhado nesses pensamentos, uma batida na porta o trouxe de volta à realidade. — Entra — chamou, ajeitando-se na cadeira. A porta se abriu e sua mãe, Diana Meyer, entrou. Elegante como sempre, vestida com uma blusa de seda impecável e joias discretas, ela exalava a postura refinada de alguém acostumada a uma vida de privilégios. Embora amasse seus filhos e o marido, havia algo na forma que ela olhava para o mundo que sempre incomodava Ravi. Ela era conservadora, com valores rígidos e uma visão de mundo bem definida. E, ultimamente, tinha um objetivo claro: fazer com que Ravi se casasse com Beatrice Kang. — Ravi, querido, você tem um minuto? — a voz dela era doce, mas carregava uma firmeza subjacente. — Claro, mãe — respondeu, embora já soubesse o rumo que a conversa tomaria. Diana se sentou de frente para ele, observando-o com aquele olhar atento que ele conhecia tão bem. — Eu estive conversando com Beatrice hoje mais cedo — ela começou, casualmente, como se o nome de Beatrice fosse parte de uma conversa rotineira. — Ela mencionou que vocês dois têm passado menos tempo juntos ultimamente. Isso é verdade? Ravi suspirou internamente. Não era a primeira vez que sua mãe mencionava a moça, e ele sabia que não seria a última. — Sim, mãe. Eu e ela temos vidas ocupadas, e, para ser honesto, não somos tão próximos assim — respondeu, tentando manter a calma. Diana franziu levemente as sobrancelhas, claramente desapontada. — Você sabe que ela seria uma escolha perfeita para você, Ravi. Ela vem de uma boa família, tem classe, educação... Vocês combinam de tantas formas. Eu realmente não entendo por que você ainda não considera um futuro com ela. O homem se mexeu desconfortavelmente na cadeira. Ele sabia que sua mãe tinha uma visão muito limitada de quem seria "adequado" para ele. Para sua mãe, Beatrice era o ideal que se encaixaria perfeitamente no mundo da alta sociedade que ela tanto valorizava. — Mãe, eu já te disse antes, eu e ela somos conhecidos, nada mais — Ravi respondeu, tentando manter a paciência. — E não estou interessado em um relacionamento com ela. Diana não parecia convencida. — Ravi, você é um homem inteligente. Sabe que o mundo em que vivemos exige certas... alianças. O casamento é uma delas. Beatrice tem sido parte da nossa vida por anos, e as famílias já esperam que vocês fiquem juntos. Além disso, ela seria uma esposa excelente para alguém na sua posição. Você vai assumir o hospital da família em breve. Precisa de alguém ao seu lado que entenda esse mundo. Ele segurou o desejo de revirar os olhos. Aquilo era tudo que ele detestava sobre o mundo em que havia nascido. As expectativas sociais, as aparências, e, principalmente, a falta de liberdade para escolher seu próprio caminho. — Mãe, eu entendo sua preocupação, mas a decisão de com quem eu vou me casar é minha — ele disse, com firmeza. — E com todo o respeito, eu não vou me casar com alguém só porque é o que esperam de mim. Diana olhou para o filho, o rosto tenso. Ela o amava, claro, mas sua visão de mundo era rígida e difícil de mudar. — Ravi, querido, eu só quero o melhor para você. Para nossa família. Sei que você pensa que pode fazer suas próprias escolhas, mas o mundo em que vivemos não é tão simples. Pessoas como nós precisam manter certas tradições, certos valores. Ele sabia que discutir com sua mãe naquele momento seria inútil, pois ela estava convencida de que sabia o que era melhor para ele, e nada que ele dissesse a faria mudar de ideia. — Eu entendo, mãe — Ravi disse, embora claramente não estivesse disposto a ceder. — Mas eu preciso que você confie em mim para tomar minhas próprias decisões. Diana suspirou, parecendo frustrada, mas finalmente se levantou. — Eu espero que você reflita sobre o que eu disse. Beatrice é uma mulher maravilhosa, Ravi. Não desperdice essa oportunidade — ela disse, antes de sair do escritório, deixando Ravi sozinho com seus pensamentos. Assim que a porta se fechou, Ravi passou as mãos pelos cabelos, frustrado. Ele amava sua família, mas a pressão constante para seguir um caminho que não era o dele começava a pesar. E agora, com Alice entrando em sua vida, as coisas estavam ainda mais complicadas. Ele pegou o celular novamente e olhou para a mensagem que havia enviado a ela. Ainda sem resposta. Isso o fez se perguntar o que havia de errado e embora tivesse ficado tentado a mandar outra mensagem, preferiu respeitar o espaço dela, embora soubesse que não desistiria de tentar. Alice era diferente de todas as outras pessoas que ele havia conhecido, e ele não estava disposto a deixá-la ir tão facilmente.Alice passou os dias seguintes tentando se concentrar em seus estudos. A rotina da faculdade, as leituras extensas, os exercícios práticos e os trabalhos em grupo foram sua tábua de salvação. Ela mergulhou no mundo acadêmico como se estivesse fugindo de algo maior, algo que a incomodava mais do que estava disposta a admitir. Durante o dia, rodeada pelos colegas de classe e imersa nas tarefas, conseguia afastar os pensamentos sobre Ravi. Mas, à noite, no silêncio do quarto, o rosto dele surgia em sua mente, acompanhado por uma avalanche de dúvidas.Ravi tinha sido gentil, atencioso, e ela não conseguia esquecer a forma como ele olhava para ela, como se enxergasse mais do que apenas a garota pobre tentando se formar. Mas, ao mesmo tempo, Beatrice tinha plantado uma semente de insegurança em seu coração. Seria ela capaz de lidar com as expectativas que o mundo de Ravi colocaria sobre ela? E, pior ainda, poderia realmente confiar que ele seria imune às pressões de sua mãe, da sociedade e
Nos dias que se seguiram, a rotina de Alice tomou um rumo completamente novo, pois sua vida estava mais agitada do que nunca.Com o fim do semestre se aproximando, Alice e sua turma receberam como missão preparar uma peça de teatro e ela, escolhida como protagonista, sentia o peso da responsabilidade sobre os ombros.Interpretar o papel principal era um sonho se realizando, mas também um desafio assustador. Ainda assim, o teatro sempre foi seu refúgio, o lugar onde suas inseguranças davam lugar a uma versão mais confiante de si mesma. Os ensaios aconteciam todas as tardes, logo após as aulas. O diretor da peça, um professor exigente, mas apaixonado pela arte, costumava pedir mais entrega de todos. Ele queria que cada cena fosse sentida, que cada palavra falada tivesse um propósito, e Alice entendia o que ele pedia. Encarava cada ensaio como uma oportunidade de se aperfeiçoar e, ao mesmo tempo, de se distanciar da realidade. Sua turma estava animada com o progresso, e ela estava se
Na sala de estar da mansão Meyer, o ambiente estava tenso. Ravi estava sentado em uma poltrona de couro, as mãos cruzadas em frente ao corpo, enquanto sua mãe caminhava lentamente de um lado para o outro, o rosto franzido em uma mistura de descontentamento e frustração. Ela finalmente parou e se virou para o filho, os olhos fixos nele. — O que foi aquilo ontem? — ela começou, sua voz carregada de indignação. — Beatrice me ligou, chorando. Disse que você a humilhou na frente de todos, por causa de uma garota... uma bolsista. Ravi manteve a expressão firme. Ele já sabia que teria que lidar com a fúria da mãe, mas ainda assim, ouvir o tom de desaprovação o incomodava. — Mãe, Beatrice causou a cena, não eu — ele respondeu com calma, embora a tensão estivesse clara em sua voz. — Ela mentiu, tentou colocar todo mundo contra Alice. Eu não vou aceitar esse tipo de comportamento. A mãe dele estreitou os olhos ao ouvir o nome da garota, como se isso confirmasse suas piores suspeitas. — Ali
O som agudo do monitor cardíaco enchia a sala. Ravi estava concentrado, avaliando os sinais vitais do paciente. O ambiente era iluminado por luzes brancas e frias, e o ritmo caótico do hospital ecoava em cada corredor. As mãos experientes moviam-se com precisão, ajustando as doses de medicação e verificando as respostas do paciente a cada procedimento. Era uma rotina familiar, mas a responsabilidade que pesava sobre seus ombros jamais diminuía. Todos os dias, ele estava ali, em batalhas silenciosas pela vida de outras pessoas. — Como ele está? — perguntou uma das enfermeiras ao lado, com o semblante cansado, mas profissional. Ravi ajustou os óculos no rosto e olhou para o monitor por alguns segundos. — Estável, mas vamos manter a observação por mais algumas horas. Ele teve uma resposta melhor à última dose de sedativo — respondeu, sentindo-se levemente aliviado. Era o fim de mais uma longa e exaustiva sequência de plantões no hospital. Os últimos dias tinham sido particularmen
O som suave do vento batendo nas janelas foi o primeiro sinal de que Alice não estava em sua cama habitual. Lentamente, seus olhos se abriram, revelando o quarto elegante e minimalista em que havia passado a noite. Por um breve momento, ela ficou imóvel, tentando lembrar de onde estava. Então, tudo voltou em uma onda de lembranças — o encontro, os momentos no apartamento de Ravi, e finalmente a decisão de dormir ali. Ela se espreguiçou e olhou para o relógio ao lado da cama, notando que ainda era cedo. Com um suspiro, levantou-se, ajeitando o cabelo e olhando para si mesma no espelho do quarto de hóspedes. Sentiu um leve rubor em suas bochechas quando pensou no beijo quente que havia compartilhado na noite anterior, e uma parte dela ansiava por mais. Alice vestiu seu vestido da noite anterior e, de pés descalços, foi até o banheiro, onde improvisou para escovar os dentes usando somente os dedos e a pasta. Em seguida, saiu do quarto, atraída por um leve aroma de café que vinha
A porta do apartamento se fechou com um som surdo assim que Ravi entrou de volta. A tensão no ar era palpável. Ele foi até a cozinha, olhando para o ponto vazio onde Alice estivera há apenas alguns segundos. Sua mãe, Diana, estava ao seu lado, os olhos ainda brilhando de indignação. Ela, no entanto, não tinha ideia da tempestade que estava prestes a enfrentar. Ravi estava tentando processar o que havia acabado de acontecer. O coração acelerado e a raiva crescendo em cada fibra do seu ser. Tudo dentro dele gritava que ele deveria ter feito mais, deveria ter impedido que Alice fosse embora daquele jeito, de coração partido, humilhada. Sua mãe, sempre tão controladora, finalmente havia cruzado uma linha da qual ele sabia que não poderia mais permitir que ela voltasse. Ele cerrou os punhos, tentando manter o autocontrole, mas falhando miseravelmente. — Mãe — começou ele, a voz baixa e trêmula, com uma fúria contida que ameaçava explodir a qualquer momento — o que você pensa que está fa
A semana seguiu devagar, e cada dia parecia um arrastar de horas pesadas para Alice. Após sua conversa com Bianca, ela havia decidido finalmente responder uma das mensagens de Ravi, mas ainda não sabia bem o que dizer. As palavras rodavam em sua mente, um emaranhado de sentimentos que ela mal conseguia compreender. Ela se sentia dividida entre o desejo de deixá-lo entrar novamente em sua vida e o medo de que o machucado deixado pela mãe dele se repetisse, mais profundo e mais doloroso. No entanto, havia algo mais que a preocupava. A peça de teatro da universidade estava se aproximando, e ela, como protagonista, tinha ensaios quase todos os dias. Seu desempenho era crucial, e aquela seria sua grande chance de mostrar que tinha talento para atuar. Mas, com o peso emocional que estava carregando, sua concentração se tornava cada vez mais difícil de manter. Naquela tarde, enquanto se preparava para mais um ensaio, sentada no camarim improvisado, Alice olhou para seu reflexo no espelho
O ensaio da peça continuava a ser o ponto central da rotina de Alice. Os dias passavam rapidamente, e ela tentava se concentrar ao máximo em sua performance, buscando a perfeição em cada linha, em cada movimento. No entanto, o fantasma de sua vida pessoal a seguia onde quer que fosse. A cada ensaio, os olhares de Beatrice a seguiam, repletos de malícia, como se soubesse que Alice estava no limite de suas forças. Naquela tarde, enquanto a equipe preparava os últimos detalhes para a cena principal, Alice foi surpreendida por uma mensagem em seu celular. Era Ravi. "Boa sorte no ensaio de hoje. Queria poder estar aí para te ver brilhar." Ela sorriu ao ler a mensagem, sentindo o coração apertar. Era reconfortante saber que ele ainda se importava, mas também a deixava com uma sensação de peso nos ombros, como se ela devesse a ele mais do que estava pronta para dar. "Obrigada. Eu preciso de toda a sorte possível", ela respondeu rapidamente antes de guardar o celular de volta no bolso.