O ensaio da peça continuava a ser o ponto central da rotina de Alice. Os dias passavam rapidamente, e ela tentava se concentrar ao máximo em sua performance, buscando a perfeição em cada linha, em cada movimento. No entanto, o fantasma de sua vida pessoal a seguia onde quer que fosse. A cada ensaio, os olhares de Beatrice a seguiam, repletos de malícia, como se soubesse que Alice estava no limite de suas forças. Naquela tarde, enquanto a equipe preparava os últimos detalhes para a cena principal, Alice foi surpreendida por uma mensagem em seu celular. Era Ravi. "Boa sorte no ensaio de hoje. Queria poder estar aí para te ver brilhar." Ela sorriu ao ler a mensagem, sentindo o coração apertar. Era reconfortante saber que ele ainda se importava, mas também a deixava com uma sensação de peso nos ombros, como se ela devesse a ele mais do que estava pronta para dar. "Obrigada. Eu preciso de toda a sorte possível", ela respondeu rapidamente antes de guardar o celular de volta no bolso.
Já fazia alguns dias desde o confronto entre Alice e Beatrice no ensaio da peça e o impacto do ocorrido ainda reverberava dentro dela, como uma sombra pairando sobre seus pensamentos, pois mesmo que tivesse a enfrentado, nada poderia tirar a razão da outra sobre seu relacionamento com Ravi. A própria mãe dele deixou bem claro como as pessoas que o circundavam eram todas cheias de si e orgulhosas. Se mãe dele agiu daquele jeito, ela sequer gostava de imaginar como seria se conhecesse o restante da família e amigos. Para tentar se manter fora de todo esse drama, ela tinha passado os dias que se seguiram se dedicando aos ensaios e aos estudos, mas naquela manhã de sábado, enquanto tomava um café na pequena cozinha da residência universitária, ela recebeu uma mensagem de Ravi: "Bom dia, Alice. Estava pensando... Gostaria de me acompanhar hoje? Tenho um projeto especial em um dos hospitais e acho que você gostaria de conhecer." Ela leu a mensagem duas vezes. "Um projeto especial?" Não
Depois do passeio ao hospital pediátrico, Alice não conseguia tirar da cabeça a imagem de Ravi interagindo com as crianças. Ele parecia tão à vontade naquele ambiente, tão autêntico, que ela começou a questionar ainda mais as barreiras que construíra entre os dois. No entanto, as palavras da mãe dele ainda ecoavam em sua mente, e isso a fazia hesitar.Na volta para casa, ele parou o carro em frente à residência universitária e olhou para ela com um sorriso sereno.— Foi um bom dia, não foi? — perguntou, com um leve tom de esperança na voz.— Foi sim. Eu não sabia que você tinha esse lado — Alice respondeu, devolvendo o sorriso, mas havia uma leve sombra de preocupação em seus olhos.Ravi percebeu e franziu a testa levemente.— Você está bem?Ela hesitou antes de responder.— Estou, só... pensando em tudo. Foi muita coisa para assimilar, sabe?Ravi assentiu em silêncio, como se entendesse o que ela queria dizer sem que ela precisasse entrar em detalhes.— Se quiser, posso te levar para
Após aquela conversa difícil, Alice passou o restante da semana tentando processar o que havia acontecido, sua mente ansiosa tentando lhe convencer de que ela havia errado ao ter se abrido com Ravi. Felizmente, as palavras dele ecoavam em sua mente, especialmente a promessa de estar ao lado dela, enfrentando qualquer desafio juntos. Isso a fez se sentir mais enconrajada a ir adiante e ser menos neurótica quanto às suas inseguranças. Ela e Ravi passaram a semana trocando mensagens e através dela o médico conseguiu convencê-la de que eles deveriam pelo menos voltar fazerem encontros, mas sem pressão. Agora era sexta-feira à noite, e Alice estava deitada em sua cama, revisando suas falas para a peça, quando seu celular vibrou. Era uma mensagem dele: "Oi. Sei que foi uma semana difícil para você. Que tal uma surpresa para relaxar? Me encontre na saída da residência às 21h. Confia em mim." Ela sorriu, imaginando o que ele havia planejado. "Uma surpresa? Ok." respondeu, sentindo uma
As semanas seguintes foram como um sonho para Alice e Ravi. Cada encontro reforçava a conexão entre eles, e as mensagens trocadas ao longo dos dias agora traziam um sentimento de proximidade que a estudante jamais imaginaria. Ela se sentia segura ao lado dele, como se o relacionamento fosse uma extensão natural do que ambos já eram individualmente. O medo das diferenças entre seus mundos ainda existia, mas estava diminuindo, cedendo espaço para um amor que parecia cada vez mais inevitável.Era uma manhã de sábado quando o médico q convidou para dar uma volta na praia. Eles estavam caminhando pela orla, aproveitando o clima agradável, e o silêncio confortável entre eles foi interrompido pela voz suave dele.— Eu estive pensando — começou, segurando a mão dela com firmeza. — Já faz um tempo que estamos saindo, e acho que seria uma boa ideia... oficializar nosso relacionamento.Alice parou, encarando-o surpresa. O coração dela deu um salto ao ouvir aquilo. Oficializar. A palavra ecoou e
Os dias após a conversa dos dois foram passando e Ravi aproveitou para planejar cada detalhe para que a noite que ele desejava que fosse memorável. Falara sério quando disse a Alice que queria oficializar a relação e aquele era o momento exato para admitir o que ambos já sentiam, e ele queria que Alice soubesse que esse passo era tão importante para ele quanto parecia ser para ela. Passara os últimos dias organizando tudo, buscando garantir que a noite fosse íntima e especial, sem distrações, longe de qualquer olhar ou interferência do mundo exterior.Ele a convidou para um jantar, mantendo o mistério sobre o local, dizendo apenas para que ela vestisse algo confortável, mas que representasse o momento. Alice aceitou o convite com curiosidade e um leve nervosismo. Sabia que ele estava tramando algo especial, mas não imaginava o que.Quando chegou ao ponto de encontro que Ravi indicara, ficou surpresa ao ver um pequeno barco ancorado na marina. Ele estava ali, esperando-a, com um sorr
Algumas semanas se passaram desde o pedido de namoro e com isso a noite da tão esperada apresentação chegou, e Alice estava cercada pelo frenesi dos preparativos finais. As luzes do auditório brilhavam intensamente, iluminando o cenário em que ela e seus colegas de classe haviam trabalhado por meses. A peça era o ponto alto do semestre para o curso, e, como protagonista, Alice carregava a responsabilidade e a emoção de encantar o público naquela noite. Nos bastidores, ela conferia seu figurino e as marcações de cena, lutando para acalmar os nervos. Ravi havia prometido assistir à peça, o que a deixava ainda mais animada, pois sabia que aquela seria a primeira vez que ele a veria atuando de verdade. Além disso, aquele era o primeiro evento oficial desde que os dois começaram a namorar, e ela não escondia o sorriso ao ver o anel em seu dedo, lembrança da noite perfeita que passaram juntos. Entretanto, o olhar de Alice não passou despercebido por Beatrice, que, do outro lado do cam
As luzes do auditório já haviam sido apagadas, e o teatro estava em silêncio, exceto por algumas vozes que ecoavam pelos corredores enquanto alunos, professores e convidados se despediam. Alice e Ravi caminharam lado a lado pelo campus, trocando olhares cúmplices e sorrisos carregados de afeto. Eles pararam na entrada da faculdade, onde um jardim bem cuidado era iluminado pela suave luz dos postes. Ele segurou a mão dela com um carinho que a fez sorrir, mas ela percebeu que ele estava um pouco mais quieto do que o habitual. — Você está bem? — ela perguntou, apertando suavemente a mão dele. Ravi assentiu, mas havia algo em seu olhar que revelava uma inquietação. Ele hesitou por um momento, como se estivesse pesando as palavras. — Estou... mas, Alice, eu preciso ser sincero. — Ele desviou o olhar, parecendo incerto. — Eu sei que essa noite é sua e que você merece todo o reconhecimento por essa apresentação maravilhosa, mas... não pude deixar de notar como você e aquele seu a