Antes Daphne Liguei insistentemente para o senhor Haiden, mas ele não atendeu. Percebendo a insistência de Ember em falar com ele, sentia que eu precisava intervir. Liguei para Jeffrey, mas ele me disse que Haiden estava bêbado, e que seria mais sensato eu deixar aquela conversa para depois. Naquela manhã, assim que cheguei na empresa, avistei Ember sentada confortavelmente no sofá da recepção. Havia menos de quarenta e oito horas que o nosso pai havia sido enterrado e eu entendia seu desespero. A única renda que poderia mantê-la de pé estava morta. A verdade era que Ember se orgulhava de ser dona do próprio negócio, ter sua casa própria, seu veículo, mas o que ninguém sabia era que foi o nosso pai que manteve os negócios dela vivos por todos esses anos. Quando os olhos dela se encontraram com os meus, ela desdenhou, dando de ombros. Se levantou e veio em minha direção apressadamente, elevando sua voz exigente. — Exija que o seu chefe venha falar comigo – ela sempre adorou ter a
Haiden Eu havia concordado que Ember não saberia quem eu era ou o tipo de participação que Daphne tinha comigo, mas quebrei minha promessa a ela sem nenhum ressentimento. Eu devia lealdade somente a mim e Daphne aprenderia isso rapidamente. Ember estava sentada de costas para a porta, com os seus cabelos negros soltos e seus enormes brincos à vista. Ela tinha uma mecha de cabelo atrás da orelha, o que dava para ver seu pescoço adornado com uma bijuteria. Lembrei-me então do dia em que fui à sua loja e da maneira rude com que ela me tratou. Consegui imaginar a surpresa no rosto dela ao descobrir quem eu era. Fiz questão da porta ranger, batendo para que assim Ember entendesse que não deveria ficar tão confortável no meu escritório. Ela se levantou assustada e girou o corpo em minha direção. Quando nossos olhos se encontraram, ela estava assustada, nem mesmo parecia a mulher arrogante que eu havia conhecido alguns dias atrás. Ember estreitou os olhos e estava quase me reconhecendo.
Daphne. Eu não conseguia parar em um lugar, enquanto Haiden estava trancado com a megera da minha irmã no seu escritório. Fiquei imaginando as histórias que ela inventaria para tentar convencê-lo. Todo o seu charme jogado em cima dele para conseguir mais uma vez o que ela queria. Eu não duvidava que Ember conseguiria, ela era bonita, todos os homens caiam aos seus pés e a ideia de ver Haiden com ela quase me destruiu. Senti a mão de Evangelina me agarrar, me arrastando para o refeitório. Sentamo-nos em uma mesa enquanto ela me servia um café. Nem mesmo assim minhas pernas paravam, se balançando o tempo todo. — Você mesmo disse que a Ember não faz o tipo do novo CEO – parecia que Evangelina tinha dificuldades em chamá-lo pelo nome – porque está tão nervosa Daphne? Ele é um homem casado. — Que não sabe quem é a esposa dele – passei a mão suada sobre o rosto enquanto o aroma de café invadia minhas narinas – eu não me importo com quem ele esteja casado, eu não quero a Ember se envolve
Daphne Era a noite do meu noivado. Eu estava animada, após esperar oito anos, eu e Vincent finalmente iriamos marcar a data do nosso casamento. Francamente, eu teria me casado com ele imediatamente, assim que o conheci. Ele era o homem mais bonito que eu já coloquei meus olhos, inteligente e destemido, mas Vincent instituiu para fazermos as coisas no tempo certo. Concordei e os anos se passaram, tantos que eu já não suportava mais esperar. Estava parada em frente ao espelho e me admirava, confiante de que essa seria a noite mais importante da minha vida. Eu estava pronta para me comprometer para sempre com o homem que eu amava. Soltei meus cabelos negros e ajeitei minha franja. Dei uma última conferida no vestido marrom que eu vestia. Ele era justo e mostrava minhas pernas, mas Ember, minha irmã mais velha, disse ser a roupa ideal para um momento como aquele. — Você está tão sexy nessa roupa, Daphne – Ember disse quando me encontrou na sala. – O Vincent não vai resistir quando te
Eu não fazia ideia de como eu havia chegado nesse lugar e como eu havia conhecido aquele homem e ido parar em um hotel com ele. Eu precisava sair daqui o mais rápido possível. O vibrar insistente do meu celular me fez parar. Centenas de mensagens e chamadas perdidas. Percebi que todo mundo queria fazer parte da minha vergonha. Ignorei, coloquei o telefone na bolsa e entrei no táxi. Depois de um momento de hesitação, parada em frente à porta de casa, eu ainda tentava puxar na memória o rosto do homem com quem passei a noite, mas minhas memórias não passavam de um borrão. E eu ainda tinha que entrar em casa e encarar meus pais. Quando abri a porta, minha mãe veio correndo em minha direção. — Onde você estava Daphne? – A voz dela parecia tão alta que precisei tampar os ouvidos – estávamos preocupados com você. Eu queria uma aspirina que pudesse acabar com a dor de cabeça que eu sentia, então decidir não prolongar aquela conversa. — Estou bem, mãe – menti, tentando desfazer
A beleza de Haiden quase me fez esquecer a merda de vida que eu tinha, quer dizer, ele parecia ter saído de uma revista, de tão lindo que ele era, até Vincent se colocar na minha frente, impedindo minha passagem e dizer em um sussurro: — Precisamos conversar – ele segurou meu braço e eu me afastei tão depressa que um grito escapuliu dos meus lábios. — Como ousa tocar em mim? Todo mundo parou e olhou para mim. Eu senti meu rosto esquentar quando a atenção do CEO ficou voltada para meu comportamento. Hainden me olhava tão profundamente que eu até achei que ele desnudaria minha alma. — Peço desculpas – gaguejei e abaixei a cabeça, torcendo para não ser tarde demais. Mas Vincent não parecia disposto a desistir. E ele não desistiria, eu sabia disso. Convivi com aquele traidor por oito longos anos. Fechei os olhos com força e desejei que todos esquecessem o que havia acontecido e se dirigissem à sala do novo CEO, mas não foi o que aconteceu. — Por que você está incomodando a fun
Minhas mãos começaram a suar. Franzi a testa e a confusão se instalou em minha mente. Ele queria que eu encontrasse a esposa dele? Ela estava perdida ou estava se escondendo? Que tipo de homem Haiden era para que a esposa não quisesse ficar ao lado dele? Eu tinha muitas perguntas, mas nenhuma capaz de atravessar meus lábios e ganhar vida. — Senhor, eu… – gaguejei, fracassando na minha tentativa – o meu trabalho não é investigar casos, aliás, eu nem sei como fazer isso. Haiden se virou para me olhar e sua expressão era tão sombria que precisei abaixar a cabeça, deixando minha franja cair sobre o meu rosto. — Contratei um detetive particular para esse serviço – ele declarou e eu fiquei ainda mais confusa – mas preciso de uma mente feminina para entender um pouco a maneira como as mulheres pensam. Como um homem bonito como ele não sabe como as mulheres pensam? Haiden deveria ser especialista nesse assunto, já que era bonito e sedutor. Aquilo não fazia o menor sentido para mim.
Meu sangue ferveu quando vi Ember colocando o anel no dedo e sorrindo, como se aquilo fosse um prêmio que ela merecia receber. Avancei em sua direção como cão selvagem e arranquei o anel do dedo dela com tanta brutalidade que seu dedo esfolou, sangrando em seguida. — Mas o que diabos você está fazendo, Daphne? – ela sentia-se profundamente insultada e se fez de vítima. — Saia imediatamente do meu quarto – gritei, apontando o dedo para fora – já não basta você roubar o meu noivo, agora vai roubar meus pertences também? Ela colocou o dedo machucado nos lábios e chupou o sangue. Aquilo era tão nojento e nem mesmo no momento de tensão, Ember parava de me provar o quanto era sedutora. Ela tirou a máscara de moça ofendida e caminhou com determinação em minha direção. — Você ainda guarda o anel que o Vincent deu a você? – ela debochou – precisa superar esse homem, Daphne. — Não foi o Vincent quem me deu esse anel – os olhos de Ember se arregalaram de surpresa com a informação – e m