Capítulo 03

A beleza de Haiden quase me fez esquecer a merda de vida que eu tinha, quer dizer, ele parecia ter saído de uma revista, de tão lindo que ele era, até Vincent se colocar na minha frente, impedindo minha passagem e dizer em um sussurro:  

— Precisamos conversar – ele segurou meu braço e eu me afastei tão depressa que um grito escapuliu dos meus lábios.  

— Como ousa tocar em mim?  

Todo mundo parou e olhou para mim. Eu senti meu rosto esquentar quando a atenção do CEO ficou voltada para meu comportamento. Hainden me olhava tão profundamente que eu até achei que ele desnudaria minha alma.  

— Peço desculpas – gaguejei e abaixei a cabeça, torcendo para não ser tarde demais.  

Mas Vincent não parecia disposto a desistir. E ele não desistiria, eu sabia disso. Convivi com aquele traidor por oito longos anos. Fechei os olhos com força e desejei que todos esquecessem o que havia acontecido e se dirigissem à sala do novo CEO, mas não foi o que aconteceu.  

— Por que você está incomodando a funcionária? – Haiden direcionou sua palavra a Vincent e eu ri internamente pela bronca que ele iria levar.  

— O Vincent e a Daphne eram noivos até ontem, senhor – Penélope se meteu, revelando meu segredo – ele trocou a Daphne pela irmã mais velha no dia do noivado.  

Penélope riu, achando conveniente contar algo tão pessoal assim para o meu novo chefe, como se fosse uma piada. Coloquei a mão no rosto para que ninguém visse o quanto eu estava constrangida. Se o plano de Penélope era conseguir a vaga de assistente, ela havia acabado de passar bem na minha frente.  

— Vocês não devem tratar assuntos particulares na empresa – disse Haiden.   

Vincent gaguejou, mas eu não tive a oportunidade de ver o rosto dele se contorcendo em vergonha, porque eu estava afundada na minha própria desgraça.   

 — É estritamente proibido que funcionários mantenha relacionamentos no ambiente de trabalho.  

— Mas, senhor, eu e a Daphne…  

Ergui meus olhos imediatamente quando Haiden levantou a mão e ordenou que Vincent se calasse. Como aquele abutre tinha coragem de colocar eu e ele na mesma frase? Depois do que ele me fez, nem mesmo olhar para mim, Vincent tinha o direito.  

— Chega de conversa, eu não tenho tempo para perder – Hainden girou os calcanhares e entrou no escritório.  

Enquanto todo mundo o acompanhava, eu sentia como se os meus pés estivessem grudados no chão. Como se já não bastasse arruinar minha vida amorosa, agora Vincent planejava me deixar também sem um emprego?    

Alisei minha saia com as mãos encharcadas de suor, inspirei o ar com força e enchi o peito de coragem. Não havia como ficar pior, o máximo que podia acontecer dentro daquela sala era eu perder a vaga de assistente.   

Quando entrei no escritório, Haiden estava sentado, olhando para os funcionários com um olhar gélido. Um frio percorreu minha espinha. Penélope exibia seu enorme decote, se ela projetasse os seios mais para fora, poderia perfurar alguém com tanta vulgaridade. Além disso, ela falava demais e eu sabia que ela só fazia essas coisas para tirar vantagem.   

— Apresentem-se – Haiden disse, analisando o rosto de cada um – começando por você.  

Ele apontou para Penélope. Era claro que ele começaria com ela. Penélope era tão apresentável, que me fazia me sentir pequena demais. Me senti desconfortável. Quais as chances eu teria de vencê-la?  

— Sou Penélope – ela abriu a boca para começar o seu discurso, ajeitou sua postura, elaborando a forma mais sensual que encontrava, quando Haiden a interrompeu de repente.  

— Pare – todo o brilho dela desapareceu – eu não quero você como assistente. Provou que não tem profissionalismo quando revelou algo tão pessoal sobre a sua colega de trabalho.  

O silêncio tomou conta do lugar. Todos olhavam para Penélope em choque. Agora, Penélope estava furiosa e incomodada e por dentro eu festejava. Finalmente, alguém estava colocando-a em seu devido lugar. Era certo que ela nunca havia experimentado a rejeição de um homem tão bonito e poderoso como estava experimentando agora.   

— Alguém mais quer se candidatar à vaga de assistente? – Haiden perguntou, mas o silêncio na sala foi geral. Em um momento, todos pareciam animados com a possibilidade de trabalhar com o novo CEO, agora todos pareciam ter medo dele.  

Menos eu. Corajosamente, eu levantei a mão, me candidatando à vaga.   

O olhar nivelado com que Penélope me olhou mostrou o quanto ela estava insatisfeita com aquela situação. Certamente ela me culparia pela sua derrota.  

Haiden lançou seu olhar gélido em minha direção, o que durou poucos segundos. Depois, ele desviou o olhar para o relógio de pulso e ordenou em seguida.  

— Ótimo! – ele enfiou as mãos no bolso da calça – já que a senhorita foi a única a se candidatar, reitero que a reunião está encerrada, saiam todos, menos você Daphne.  

Minhas pernas travaram pela segunda vez naquele dia. Observei meus colegas se retirarem da sala, um por um, deixando um rastro de medo e insegurança dentro de mim. Quando olhei para Haiden, o medo se transformou em confusão. Quando finalmente ficamos sozinhos, ele se aproximou e já não havia mais um olhar gélido, mas um olhar questionador.  

— Responda-me uma coisa, Daphne, nos conhecemos de algum lugar?  

Fiquei confusa com a pergunta dele. Arregalei os olhos e puxei na memória qualquer coisa que me fizesse lembrar de ter visto um homem tão bonito quanto ele, mas não encontrei nada. Se eu tivesse o visto, alguma vez teria me recordado.  

— Não que eu me lembre, senhor – minha voz saiu fraca e tremula.  

Ele continuou em silêncio me observando, depois de um tempo fazendo isso e me afundando no constrangimento, ele virou o rosto e se afastou. Eu pude, enfim, soltar o ar que havia aprisionado em meus pulmões. Por que ele me olhava como se eu fosse uma criminosa, ou como se fosse me devorar a qualquer momento?   

— Sabe o motivo do porquê eliminei a senhorita Penélope? – Ele mudou de assunto e eu percebi que Haiden costumava fazer isso com frequência.  

— Você é casado – respondi tão depressa que Haiden se virou para me olhar em choque – Uma secretária não deve se insinuar para o seu chefe nem mesmo se mostrar tão inconveniente com os colegas de trabalho.  

— Você é uma boa observadora – Haiden elevou a mão e observou a aliança posta em seu dedo – e é por isso que eu precisava de alguém tão inteligente quanto você, senhorita Daphne. Preciso encontrar a minha esposa e você vai me ajudar com isso.  

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