Capítulo 04

Minhas mãos começaram a suar. Franzi a testa e a confusão se instalou em minha mente. Ele queria que eu encontrasse a esposa dele? Ela estava perdida ou estava se escondendo? Que tipo de homem Haiden era para que a esposa não quisesse ficar ao lado dele? Eu tinha muitas perguntas, mas nenhuma capaz de atravessar meus lábios e ganhar vida.  

— Senhor, eu… – gaguejei, fracassando na minha tentativa – o meu trabalho não é investigar casos, aliás, eu nem sei como fazer isso.  

Haiden se virou para me olhar e sua expressão era tão sombria que precisei abaixar a cabeça, deixando minha franja cair sobre o meu rosto.   

— Contratei um detetive particular para esse serviço – ele declarou e eu fiquei ainda mais confusa – mas preciso de uma mente feminina para entender um pouco a maneira como as mulheres pensam.  

Como um homem bonito como ele não sabe como as mulheres pensam? Haiden deveria ser especialista nesse assunto, já que era bonito e sedutor. Aquilo não fazia o menor sentido para mim.  

— As mulheres não costumam fugir de mim – de repente, o olhar dele ficou perdido, revelando uma parte bem íntima de Haiden, a qual eu não estava pronta para descobrir – mas a minha esposa assinou o nosso acordo e foi embora sem deixar rastros.  

A história pareceu mais confusa agora. Como se percebesse o erro que havia acabado de cometer, Haiden lançou outro olhar fixo em mim, pigarreou e, girando as costas, ordenou que eu saísse.  

— Você receberá instruções em breve do que deverá fazer – eu me irritei por ele não me contar a história completa – certifique-se de manter a boca fechada, senhorita Daphne. Seja discreta.  

Demorei para cumprir as ordens dele e mover os meus pés para sair. As perguntas iam e viam o tempo todo. Por que o novo CEO queria uma assistente para encontrar uma esposa perdida? O que esse fato poderia auxiliar nos negócios da empresa? Haiden parecia bastante determinado em encontrá-la, parecia seu objetivo principal e, se eu falhasse na missão de ajudá-lo, meu emprego estaria em risco.  

Eu não podia perder esse emprego também. Eu já havia perdido minha dignidade e o homem que eu amava, eu não poderia ficar desempregada.  

Eu mal havia atravessado a porta quando uma mão me puxou com tanta velocidade que eu não tive tempo de reagir. Quando percebi, eu estava no depósito com uma mão forte tampando minha boca. Eu conhecia aquele cheiro e foi quando a luz da sala se acendeu que vi que estava certa.  

— Vincent – murmurei cerrando os dentes.  

Eu queria bater nele até que as minhas mãos caíssem de cansaço e eu até insinuei que faria isso, quando ele imediatamente me interrompeu com suas palavras torpes.  

— Acha que planejei fazer isso, Daphne? – O rosto dele ficou vermelho de repente – acha que planejei me apaixonar pela sua irmã?  

Meus lábios se abriram e um sorriso de desespero e deboche atravessou-o tão intensamente que o som saiu mais alto do que eu previa.  

— Você deve me considerar uma estúpida mesmo se acha que vou cair nesse seu jogo de vítima – levantei a mão e bati com força no rosto dele.  

Eu senti um alívio tão instantâneo que poderia bater outras mil vezes em Vincent, que viveria para sempre satisfeita. Ele reclamou e colocou a mão no rosto e olhou para mim como alguém que sentia muita dor.  

— Você fez a sua escolha, agora me deixe fazer a minha – apontei o dedo no rosto dele – quero que fique o mais longe possível de mim. Não fale comigo, não olhe para mim e finja que jamais me conheceu. Eu já perdi oito anos da vida com você, não quero perder nem mais um segundo daqui por diante.  

Eu estava pronta para partir, porque na minha cabeça eu havia terminado de uma vez por todas com Vincent e ninguém me faria retroceder, mas ele agarrou meu braço e me impediu de partir. Certamente, ele pensou que eu choraria e imploraria para que ele voltasse e se casasse comigo. Eu conseguia ver o quanto ele estava surpreso com a minha coragem em chutá-lo para longe.  

— A Ember terminou comigo – meu queixo caiu e eu fiquei paralisada sem reação – ela devolveu o anel e disse que não podia se casar comigo porque eu não era do mesmo nível que ela.   

Vincent soltou um suspiro e seus olhos encheram-se de lágrimas. Realmente parecia doer nele, dizendo aquilo.  

— Acho que devo parabenizar a minha irmã por dar a você o que merece – meu olhar ficou perdido – na verdade, vocês deveriam ficar juntos, já que são bem parecidos, nenhum dos dois vale nada, nem mesmo o meu tempo.  

— O que você está dizendo? – o rosto dele agora era confusão.  

— Estou dizendo que o que aconteceu entre você e a Ember não é problema meu – engrossei a voz, ficando cansada daquela conversa – se me trouxe aqui para chorar no meu ombro, perdeu o seu tempo.  

Eu queria ir embora dali o mais rápido possível, mas Vincent não estava disposto a me deixar ir.  

— Vamos marcar a data do nosso casamento, Daphne – eu franzi a testa espantada – vamos esquecer o que aconteceu e vamos nos casar.  

Eu o empurrei para longe de mim com todas as forças que eu tinha. Então, essa era a maneira que Vincent encontrou de me pedir desculpas? Olhando para ele, eu percebi que tudo o que sentia era repulsa. Imaginar que sonhei em viver o resto da minha vida ao lado daquele homem, eu tinha vontade de me bater.  

— Nem se eu estivesse louca, eu voltaria para você – coloquei minha mão na maçaneta e a girei – fique longe de mim, Vincent, esse é o meu último aviso, ou você sofrerá as consequências.  

Ele protestou o tanto que podia enquanto eu saia do depósito. Caminhei o mais rápido que pude para longe dele até minhas pernas não aguentarem mais. Parei na escada de emergência e desabei nos degraus, colocando para fora toda a dor que eu vinha guardando desde o dia em que Vincent me trocou por Ember.  Doía, como se alguém tivesse partido meu coração no meio.  

Quando finalmente me recuperei, já era hora do almoço. Voltei para minha mesa quando fui cercada pelos meus colegas que queriam saber o que eu faria para o novo CEO.  

— Que tipo de trabalho ele vai te pagar para fazer Daphne? – havia malícia na pergunta de Penélope. mas ignorei sua frustração em ser derrotada por mim.    

Peguei minha bolsa e saí sem dizer a eles nenhuma palavra.  

Dirigi direto para casa. Eu sempre almoçava em casa por ser perto do trabalho. Subi as escadas rapidamente, indo direto para o meu quarto quando percebi minha mãe vindo correndo atrás de mim como se quisesse me impedir de fazer algo.  

— Espere, Daphne – havia urgência na voz dela.  

Mas era tarde demais. Eu abri a porta do meu quarto e encontrei Ember sentada na minha cama, segurando a aliança que eu havia jogado no fundo da minha gaveta.   

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