Haiden Jeffrey ainda falava sobre Daphne e na possibilidade de ser ela a minha esposa secreta. Fiquei aborrecido com a relutância dele, não havia nenhuma chance de uma coincidência assim acontecer, quer dizer, ser a Daphne a mulher que eu procurava e saber quem eu era, por que ela não se revelaria? Eu estava pronto para encerrar o assunto quando um murmurinho se instalou do lado de fora do meu escritório e foi se intensificando até uma das funcionárias invadir minha sala, com o rosto vermelho e lágrimas cobrindo suas bochechas. Eu lembrava do rosto dela no primeiro dia em que cheguei na empresa. Seu crachá revelava seu nome, Penélope. Ela se vestia com roupas justas, revelando seu corpo mais do que deveria. Seus cabelos negros cumpridos realçavam ainda mais seu poder de sedução, mas tinha alguma coisa em Penélope que me incomodava e anulava qualquer interesse que eu poderia ter por ela. — O que está fazendo no meu escritório? – eu me levantei e lancei a ela um olhar reprovador.
Daphne — Nunca mais vou me apaixonar de novo – murmurei para mim mesma, enquanto desviava o caminho indo em direção à praia ao invés de ir para casa. A imagem de Haiden veio direto na minha cabeça e eu fechei os olhos, mesmo dirigindo, por um segundo, na esperança de apagá-lo da mente. No dia seguinte, eu iria até a empresa e pediria demissão sem pestanejar, e ninguém me convenceria de desistir da ideia. Estacionei em frente à praia e desci. Segurava na palma da mão a aliança que valia milhões, mas que eu estava prestes a jogar no mar para esquecer a loucura que fiz naquela noite. Fiquei observando as ondas indo e vindo, molhando os meus pés descalços, enquanto eu ensaiava jogar aquele anel bem longe, mas não tive coragem. — É só uma droga de aliança que vale milhões, passado de gerações, não tem nenhum significado para mim. Levantei minha mão para jogá-la. — Eu não posso – lamentei em um murmurinho – quando Haiden souber que perdi a aliança da família dele, vai me caçar como
Haiden Olhei para ela, metade do seu rosto sendo coberto pelo seu cabelo. Agora, Daphne nem tinha coragem de olhar para mim. Meus olhos se arregalavam em choque. Eu não esperava que ela fizesse isso, era como se Daphne estivesse correndo e se escondendo de um perigo. — Está assumindo a culpa pelo que aconteceu ontem? — O quê? – ela finalmente olhou em meus olhos – é claro que não. A Penélope mereceu aquele tapa. O senhor pode não se importar com os boatos, mas estou cansada dele. — Então por que está pedindo demissão? - ela ficou em silêncio, com os lábios abertos sem dizer nada – você parecia estar satisfeita com o trabalho, o que fez mudar de ideia. — Eu… – ela parou por alguns segundos – eu consegui um emprego melhor com um salário maior. Sendo assim, eu quero minha demissão. Me senti desconfortável com a mentira que Daphne contava. Eu sabia que não havia outro emprego nem outro salário, os motivos dela eram outros, mas eu não consegui decifrar. — Eu estava realmente pensand
Daphne Saí do escritório antes que ele pudesse dizer outra palavra. Meu coração saltou desenfreadamente. Eu não acreditava que havia cedido tão facilmente e aceitado ser sua acompanhante em uma missão fracassada. Eu sentia como se tivesse sido derrotada, enquanto me arrastava para fora do escritório de Haiden. Assim que saí, vi aqueles olhos negros em cima de mim, prontos para me eliminar. Como se eu não tivesse problemas o suficiente, Penélope aparecia para me lembrar o quanto eu odiava trabalhar naquele lugar. Penélope estava toda de preto, como se vivesse um luto. Colocou as mãos na cintura e me olhou dos pés à cabeça. Parecia que ela estava ali há horas, como se soubesse que eu estava com Haiden, ela esperava uma resposta, mas eu não pretendia trocar nenhuma palavra com ela. Eu a olhei sem dizer nenhuma palavra, não acreditando que a presença dela podia ser uma ameaça. Eu a subestimava. Depois do tapa que dei nela, deveria ser óbvio que Penélope não podia se aproximar, que eu
Daphne O clima no trabalho parecia pior agora. Ninguém direcionava a palavra a mim e viviam se escondendo na dispensa para suas rodinhas de fofocas. O assunto principal durante aquele dia era eu e os benefícios que recebi do novo CEO. Estava na hora de não mais me preocupar com essas coisas e focar no meu trabalho ou em uma maneira de forçar Haiden a me tirar dele. Eu estava apenas pensando no tipo de encontro que ele teria e como eu poderia usar isso a meu favor. Talvez eu devesse fazê-lo perceber o erro que estava cometendo ou deixar Haiden continuar sua procura, enquanto eu estragava tudo. Peguei meu celular de dentro da bolsa para tentar me distrair com qualquer outro assunto que não fosse meu chefe, afinal, não havia muito o que fazer na empresa por aqueles dias, ao menos não para mim, já que minha missão era diferente de qualquer coisa que eu já havia feito na vida. Franzi a testa assim que vi uma ligação perdida de Rosália. Suspirei e pensei se eu deveria retornar a ligação.
Daphne Haiden deu um passo adiante. Não era como se ele estivesse preocupado com os ferimentos da Penélope, mas buscando uma maneira de me castigar mais. Eu recuei, agora com o meu corpo tremulo. Estava cansada da sensação de viver na corda bamba, qualquer passo em falso eu poderia cair em um abismo. — O que aconteceu? – A pergunta foi direcionada a mim, mas um maldito nó me impediu de responder. — A Daphne arrancou o anel da minha mão e me feriu com ela – agora ela estava chorando enquanto me empurrava para o olho do furacão. — Anel? – os olhos de Haiden se estreitaram, curiosos e ansiosos pela minha resposta. — Me desculpe, senhor, por me intrometer – vi Evangelina rompendo a multidão e invadindo o lugar, se colocando à minha frente – mas a Penélope estava mexendo na bolsa da Daphne sem a permissão dela. A Daphne só se defendeu. Lancei um olhar curioso para Evangelina. Ela estava empenhada em me defender, mesmo eu sendo rude e grosseira com ela nos últimos dias. Me fez lembrar
Daphne Eu havia terminado de contar todo o meu segredo para Evangelina e eu preferir ficar no trabalho, almoçando solitária na minha mesa, sem ver rostos ou ouvir vozes. Ela não insistiu, pareceu entender o problema que eu havia arrumado e que a solidão era meu melhor companheiro nesse momento difícil. Eu pedi o meu almoço, mas nem mesmo apetite eu tinha. Me dê forças! Todo mundo já tinha ido almoçar, então estava todo silencioso, a não ser o aspirador de pó e a funcionária da limpeza que desfilava alguns metros de mim para lá e para cá. Trinta minutos depois, Haiden apareceu, se virando e fixando seus olhos claros em mim, o tipo de olhar que faria qualquer um se atirar aos seus pés. Os olhos do homem, que tinha sentimentos de raiva por mim, eram óbvios. Desviei o olhar e soltei o ar dos pulmões assim que ele passou e entrou no escritório. Por que ele tinha que aparecer tão cedo? Eu esperava ter mais alguns minutos sozinha para não pensar nele. Descansei atrás da minha mesa com o
Daphne Depois de um dia exausto ao lado do meu chefe, eu caminhava pela calçada em direção à minha antiga casa. O clima estava amargo, tão amargo que eu sentia meus dedos congelarem com o frio do inverno. Eu não tinha nem mesmo um casaco para me proteger. Bati na porta, sentindo uma enorme tristeza ao imaginar que provavelmente aquele seria o último dia em que eu pisaria os pés naquela casa. Rosália estava cometendo um erro, mas eu não a impediria de seguir com o seu plano. Minha mãe instalou a língua no céu da boca ao perceber que era eu. Se afastou em silêncio, deixando a porta aberta. Nenhum calor humano para me confortar nesse frio, nada veio dela além de uma carranca e seu péssimo mau-humor. Entrei vagarosamente, fechando a porta atrás de mim. O ambiente estava escuro, iluminado somente pela TV ligada, que Rosália desligou em seguida antes de acender a luz. Ela estava assistindo ao programa favorito do meu pai e isso fez os meus olhos encherem de lágrimas. Embora parecesse